Eu sou filha de Pierre Legrand com Brigitte Legrand, minha mãe assumiu o sobrenome de meu pai, e até hoje, eu não sei qual era o verdadeiro nome dela. Há dezessete anos, eles geraram uma menina de cabelos lisos, muito lisos e ruivos, em um tom de cobre, chamada Angelinne Gemma Lebrev, e essa aqui vos fala. Sete anos mais tarde, nascia o caçula da família, Aaron Legrand. Eu sempre fui quieta, calada. Meus pais tinham muito orgulho de mim, mas eu nem tanto deles. Minha mãe era uma pirua completa, se sentia com dezessete anos, quando na verdade tinha trinta e nove. Meu pai, um cego apaixonado pela minha mãe, dava apoio pra todas as besteiras que ela queria fazer e comprar. Uma coisa eu não podia negar: eles eram apaixonados, um pelo outro.
Meu irmão nunca fez nada que me incomodasse, na verdade. Quando ele era pequeno, tentou colar chiclete no meu cabelo, mas não conseguiu passar da porta, afinal, esse é o bom de morar em uma casa onde cada um tem seu quarto e portas com chaves. Ele estava próximo de entrar no ensino fundamental, e desde pequeno prometi que iria ajudá-lo com tarefas e trabalhos.
Ano passado, realmente fiquei conhecida em meu colégio, e justo no meu último ano. Eu tinha uma queda por Jean Carlo Lebrev, e ao contrário do que todos pensam, ele não é nenhum jogador do time da escola. Ele era apenas um garoto normal, que gostava de mim também. Começamos a namorar em julho. Mas após no baile de inverno, flagrar ele no armário dos materiais de limpeza, aos beijos com uma patricinha qualquer, eu realmente decidi que não era a hora. Eu sou tímida, quieta, prefiro ficar no meu canto, mas se você me cutucar, eu posso virar uma fera. E então, sem um pingo de lágrimas nos olhos, eu voltei pra pista de dança, e simplesmente beijei o primeiro garoto bonito que passou. Nem sei quem era ele, até hoje, na verdade. Eu era mais esperta que Jean Carlo, enquanto ele fez as escondidas, eu fiz na frente de todos, e primeiro. E quem levou a fama de corno? Definitivamente não fui eu.

Mas chega de falar no passado.

Ontem eu simplesmente acordei com um berro da minha mãe:

– Angel - minha mãe me chama assim, desde os três anos, e eu definitivamente achava fofo e nunca iria pedi-la pra parar - acorda! Tem uma carta pra você, e parece de seu interesse.

Demorei mais uns dez minutos pra levantar. A cama era minha grande tentação. Quando percebi, meu IPod estava ao lado do meu travesseiro, com ruídos saindo do fone. See this heart? Won't settle down like a child running scared from a clown. I'm terrified of what you'll do, my stomach screams just when I look at you. Reconheci na hora, dormi ouvindo música, e estava tocando Catch Me. Isso deveria significar alguma coisa.