Do Princípio... escrita por Vany Myuki


Capítulo 67
A lágrima


Notas iniciais do capítulo

Gente! Eu escrevi outro capítulo na pressa (não muito bom, eu admito) mas é que eu esqueci de comentar algo:
Hoje faz 11 meses que Do Princípio foi postada *--------*
Meu xodó tem quase 1 ano de vida :')
Eles crescem tão rápido ^^
Bom, é isso! Quero agradecer todas as minhas amigas e leitoras que tem feito dessa fic o que ela é hj!
Muito obrigada! Devo tudo à vcs!
Desculpem erros...



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P.O.V Lilliandil

O aperto em meu coração era feroz.

Eu sabia que estava fazendo a coisa errada. Tinha perfeita conciência disso.

Mas como ir contra meus sentimentos?!

Caspian amava Suzana, eu pude ver isso em seus olhos. Pude ver o amor que jamais teria...

Meu coração contraiu-se, sentindo-se traído.

Caspian não era meu!

Mas, de alguma forma pertubadora, eu sentia exatamente o contrário. Podia sentir calafrios só de olhá-lo, como se soubesse que aquele homem já pertencera à mim um dia.

Era tudo tão estranho, que chegava a tornar-se confuso, até mesmo quando se tratava de sentimentos.

_Pensando no que, minha querida?_a voz enojada de Mirraz falava a alguns passos de mim. Eu não podia repudiar mais um ser humano do que o repudiava.

Ele tinha consigo o mal.

O mais puro e nítido mal, aquele que não se faz por precisar, mas sim o que se vê satisfação em realizar.

Fechei os olhos com força, minhas minúsculas mãos se fechando em punhos.

Eu jamais havia experimentado a raiva em mim. Mas, desde que cheguei a Nárnia, via-me constantemente inebriada em sua aura.

_Você está bem?_perguntou ele, uma vez que as palavras haviam ficado presas em minha garganta.

Engoli em seco, apenas no intuito de não parecer nervosa.

_Estou melhor do que nunca._a firmeza em minha voz não denunciava em nada minha aflição. Desde quando eu havia tornado-me tão impassível?

_Acredito eu, que você não poderia estar em maior vantagem, uma vez que acabará com seus problemas sem nem sujar suas mãos._falou rindo.

Eu ainda mantinha-me de costas para ele, o que possibilitou-me não ter de fingir meu espantado.

Olhei para minhas mãos. Eram agora, mesmo sem luta física, molhadas por um sangue imaginário. Um sangue escarlante e carregado de culpa.

Um pigarro de Mirraz chamou-me a atenção novamente.

_A senhorita não podia ter tido ideia mais genial! Eu jamais iria me permitir ter tamanha astúcia!_falou admirado, sua voz um córrego de adoração.

No que eu havia me transformado afinal?

Não foi o medo de que Caspian amasse Suzana de uma forma diferente que me fez mudar de atitude, e sim, o amor que senti emanando dela. Era um amor desconhecido por Suzana, mas fácil de ser notado por mim.

Eu lembro-me de sentir ciúmes. Pois o amor dela não era uma mera paixonite ou encanto. Era maior.

Era mais forte e arrebatador. Era um amor puro e sem fronteiras... era, entre tantas palavras, um amor verdadeiro. Um amor para levar para a eternidade.

Algo mudou dentro de mim enquanto eu analisava meus próprios pensamentos, e, quando dei-me conta, senti uma gota escorrer pelo meu olhar.

A surpresa me engolfou.

Num misto de alegria e tristeza deixei que meu indicador recolhesse a lágrima contida em minha face.

Ali, cálida e solitária, cheia de histórias e sentimentos controversos, estava uma lágrima.

Minha primeira lágrima...

Eu já havia sentindo estas lágrimas enquanto estava presa em meu corpo com Suzana, mas, jamais, fui a causante de derrama-las. Esse sentimento era novo para mim, pois, antes de vir para Nárnia, nunca me ocorrera tal, uma vez que minha vida era rodeada de paz e espiritualidade.

Era como aprender a renascer...

Uma cena lampejou em minha cabeça, como uma lembrança, uma lembrança nunca existente:

Era Caspian que me analisava. Seus olhos numa expectativa muda.

_Você é linda!_falou ele, sua voz sedosa atingindo-me fortemente no peito.

Embora eu soubesse que era apenas sua guia, eu senti-me mais do que feliz por seu comentário.

_Se minha aparência for uma distração para você posso alterar minha forma._falei simples, tentando não transmitir meu contentamento.

_Não!_falaram ele e outro garoto. Levei um susto quando percebi que tratavasse do Rei Edmundo.

Mas, naquele instante, nada mais me importou.

Eu não sabia como e nem porquê, mas eu e Caspian estávamos destinados perante a benção do Grande Leão.

Voltei, metaforicamente, para a tenda em que estava.

A lágrima parecia brilhar com intencidade em meu dedo trêmulo.

O que era aquelas imagens?

Como elas haviam se materializado em minha imaginação...?

Mesmo culpada por me sentir com sede de vingança, eu sorri sozinha, a lembrança, de um passado inexistente, presa em minha memória.

P.O.V Suzana

_General?_chamei entre as árvores.

Em segundos Glozelle já estava ali, a arma em punho, pronto para atacar qualquer inimigo.

Sorri agradecida.

Apesar de não confiar cegamente nele, eu sabia que tratavasse de um homem bom. De alguma forma minha intuição denunciava isso.

_Está tudo bem. Está pronto?_perguntei indireitando-me e tomando a dianteira.

_Sim, sim..._falou automático.

O silêncio entre ambos, conforme andavámos pela clareira, parecia se estabelecer inconvenientemente.

_E você General, quando decidiu que deveria parar de seguir as ordens de Mirraz?_perguntei normalmente, apenas para quebrar o silêncio constrangedor.

Ele hesitou antes de responder.

_Quando percebi que haviam pessoas com quem me preocupava._falou em um tom carinhoso.

Sorri para mim mesma.

Era estranho conhecer a parte sentimental de Glozelle, uma vez que ele nunca havia deixado essa transparecer.

_Sua família?_arrisquei.

A demora na obtenção de resposta prolongou-se novamente.

_Digamos que sim._a voz do General estava melancólica, como se arrependida de falar de sua família.

_Você tem família, não é mesmo?_perguntei preocupada, o medo, de ter tocado num assunto delicado, assolando-me.

O general suspirou pesadamente.

_É...complicado._declarou um pouco emocionado.

Senti-me impotente. Sem saber como agir.

Parei abruptamente encarando Glozelle.

Os olhos do General estavam vermelhos, as lágrimas pendendo lentamente.

_Pode desabafar._falei sentido-me mal por seu desconforto.

Glozelle, durão do jeito que era, tentou não olhar diretamente para mim, o medo de chorar na frente de alguém o impedindo.

_Nada..., não é nada..._suas falas entrecortadas o denunciavam cruelmente.

Um rugido alto e desemfreado ecoou por entre as copas das árvores.

Glozelle, esqueceu por um momento seu estado encarando-me com assombro.

_O que foi isso?-perguntou, a voz um nisco.

Sorri aliviada.

_Aslam!_corri até a direção do Leão.

Aslam, com toda sua soberania, estava a nos encarar, um sorriso sincero pairando em sua face.

Não me importei com nada, nem mesmo o quão criança e infantil pareceria, me jogando no pescoço do Grande Leão e abraçando-o agradecida.

Eu não estava sozinha! Jamais estive, graças a Aslam!
A juba de Aslam era fofa e sua presença reconfortante.

Sorri em meio ao abraço.

_Que bom que está bem minha filha, vejo que muito melhor de quando lhe vi._falou feliz.

Concordei com a cabeça, o sorriso alargando minhas bochechas rosadas.

_Aslam eu..._uma voz doce e inocente soou, porém parou instantâneamente ao me ver.

Senti meus muscúlos congelarem.

Meu coração estava descompassado, era chegado o grande momento.

E, com lágrimas nos olhos, corri até minha pequena Lúcia.

A distância entre nós era significativa, o que apenas fez-me apurar o passo em sua direção.

Lúcia, as lágrimas sinceras, chorava de alegria.

Só senti-me perfeitamente em paz quando senti os braços de Lúcia a envolver meu pescoço enquanto era levantada por mim.

Rodopiei com minha pequena Rainha por alguns segundos, sua risada causando um alívio em meu peito.

Lúcia, apesar de não ser tão pequena, se encaixava perfeitamente em meus braços protetores, como se feita sob medida.

Ela rompeu o abraço, mais não parou de envolver meu pescoço enquanto eu ainda lhe segurava no alto.

_Eu senti tanta, mais tanta sua falta!_falei entre soluços alternados.

Lúcia tentou sorrir em meio ao choro, mas o que saiu foi uma careta engraçada.

Eu gargalhei com aquilo, trazendo-a mais uma vez para um abraço que falava por si.

_Eu te amo Sú, por favor não me abandona mais..._ela falou chorando em meu ombro.

Eu ouvi aquilo com o coração nas mãos.

Imaginar o quanto minhas idas e vindas haviam feito mal para Lúcia fez-me sentir-me responsável por tudo. Eu a apertei mais, tentando acalmá-la.

_Vai ficar tudo bem agora._falei incerta, sem querer prometer algo que não tinha certeza.

Lúcia me olhou, seus olhos marejados.

E, do nada, pulou do meu colo, correndo em direção ao Leão e abraçando-o fortemente.

Aslam não pareceu espantado, pelo o contrário, ele parecia satisfeito.

Em segundos Lúcia já agarrava minha cintura novamente, o medo de que eu fosse embora visível em seus pequenos olhos.

Circundei meus braços à sua volta, deixando claro que não iria a lugar nenhum, não mais!


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Notas finais do capítulo

Beijo grande!



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