Do Princípio... escrita por Vany Myuki


Capítulo 66
Belo como um pássaro...


Notas iniciais do capítulo

Demorei, eu sei..., mas acabou! Afinal prestei meu último vestibular semana passada. Agora só esperar o resultado ;D
Bom, capítulo grande, um pouco confuso (tudo bem, talvez bemmm confuso), mas está aí :D
Desculpem caso não se agradem.
Perdoem erros...



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P.O.V Nath

_E então, onde ela está?_perguntei ansiosa.

Kevin fez uma careta e, no mesmo instante, percebi que as notícias não seriam das mais agradáveis.

_Não está comigo._desabafou. E, por mais que eu não quisesse acreditar, a verdade estava estampada em sua face.

_Como assim? Você disse que me ajudaria._protestei sentindo-me impotente. Eu necessitava da espada mais do que nunca!

Kevin olhou-me compreensivo.

_Mas eu vou lhe ajudar, só que a espada realmente não está comigo. Ou você acha mesmo que Ramandu a deixaria em qualquer lugar?_a afirmação era, definitivamente, verdadeira.

Ramandu, com toda sua perspicaz, jamais deixaria um objeto de grande valia nas mãos de qualquer um, principalmente nas mãos de Kevin.

_E agora?_perguntei transtornada, a desesperança tomando conta de mim.

_Calma, eu não estou com ela, mas eu sei onde ela está.

Arregalei os olhos ao sorriso presunçoso de Kevin.

_Então, o que estamos esperando?_falei consumida pelo entusiasmo.

_Sossega Guardiã. Eu sei onde está, mas você sabe o quanto Ramandu pode ser maquiavélico._disse com um olhar sério_Sabe-se lá quantas armadilhas protegem a espada, não podemos nos arriscar sem um plano.

Kevin estava certo, porém o tempo era curto.

_Não podemos esperar mais. Além disso, o que é que possa estar protegendo a espada não vai me impedir!_falei com a mão emoldurando a arma reluzente em minha cintura.

Kevin, mesmo que discordasse prontamente, deu de ombros observando minhas mãos alisar a espada cortante.

_Então eu espero que esteja pronta._falou recolhendo suas armas.

Não falei nada, deixando em aberto para ele complementar sua frase inacabada.

Kevin levantou o rosto, após estar devidamente equipado e pronto, e com um sorriso falou:

_Estou pronto para morrer com você.

Revirei os olhos enquanto a risada de Kevin ecoava em toda caverna.

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P.O.V Suzana

_General, você se importaria de ir na frente?_perguntei o encarando.

Glozelle deixou que um vinco se apoderasse de sua testa já enrugada.

_Seria mais sensato se eu ficasse, caso precise..._disse um General desconfiado.

Eu sabia que Glozelle confiava tanto em mim quanto eu nele, ou seja, ambos tínhamos medo de sermos enganados, porém eu queria e precisava ficar sozinha com Vic. Havia perguntas demais rodeando minha cabeça, e apenas ela poderia me dar a devida explicação.

_Eu só quero conversar com minha prima. É importante._embora o General ainda mantivesse a estabilidade em sua decisão, pude notar que ele solidarizou-se com minhas palavras e, sem dizer nada mais, seguiu por entre os arbustos.

Encarei Victoria um pouco assustada.

Não era sua aparência que me fazia recuar, e sim sua fragilidade perante a tal transformação.

_Me conte._não necessitei dizer nada mais, meus olhos falavam por si.

Minha prima entendera o recado e entrelaçou nossos dedos, seus olhos sem vida a me encarar.

_Eu sei que parece o fim, mas não é._ela sorriu, o que apenas fez com que o nó em minha garganta se agravasse._É mágico e puro, é como reviver!_se seus olhos não estivessem tão mortos eu poderia jurar que vira um lampejo de felicidade nos mesmos.

_Mas como? Quem fez isso?_eu sabia que aquilo não era normal. Se é que havia algo normal ocorrendo em Nárnia.

_É um milagre, e eu devo isso à Aslam, ele que possibilitou-me renascer._sua voz estava firme, passiva, cheia de orgulho e de admiração.

Meu coração, apesar do que meus olhos viam, acalmou-se ao saber que Aslam estava envolvido, pois, apesar de tudo, Aslam sabia o que fazer e quando fazer. Prova da sabedoria do Grande Leão estava refletida em minha própria história, uma história cheia de reviravoltas mas com um propósito em seu fim.

Sorri, os olhos molhados.

_Eu entendo. É majestoso esse sentimento que Aslam nos proporciona ao seu modo.

Vic sorriu, estava satisfeita consigo mesma.

_Mas dei-me mais detalhes._implorei curiosa.

Vic iluminou-se de entusiasmo.

_Aslam aparecera quando eu menos esperava. Ele sabia o que fazer._seus olhos vagavam sem rumo, como se lembrasse do momento em questão._Obriguei-me a não temer sua presença e a ouvir com interesse sua proposta.

Eu sabia que meus olhos estavam brilhando. Era como ouvir um milagre.

Vic voltou, metaforicamente falando, e seus olhos estavam animados, eufóricos até.

_Melhor do que contar, é mostrar..._disse alegre.

A confusão inundou-me novamente.

_Como?_perguntei indagadora.

Victoria afastou-se, e, como se desenhasse círculos no ar, formou um pequeno redemoinho.
Me afastei instintivamente enquanto os ventos se propagavam em nossa volta de forma desconexa.

_Venha, não tenha medo._falou-me ela, sua mão estendida em minha direção.

Sem temer nada, agarrei com força os dedos brancos e flácidos de Vic, deixando que ela me levasse até o desconhecido.


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P.O.V Christian

_Está demorando._falou-me Edmundo, enquanto se acomodava em uma rocha ao meu lado.

Concordei com um aceno.

_Nunca vi batalha tão complicada. Gostaria que terminasse logo, sendo qual fosse o resultado._falei pensativo.

Edmundo suspirou, ele compreendia o que eu falava. Era um dos motivos para acha-lo o mais interessante entre tantos outros ali presentes.
Alguns minutos se passaram em total silencio, o que apenas chamara minha atenção, uma vez que Edmundo era muito conversador e descontraído.

_O que está lhe incomodando?_perguntei, os olhos cerrados em sua direção.

_Natália._não necessitava maiores explicações, uma vez que eu havia notado o interesse de Edmundo na Guardiã.

_O que foi, ela não corresponde da mesma forma?_perguntei sem delongas.

A forma com que Edmundo sorriu mostrava que era totalmente o oposto de minha pergunta.

Sorri contente, finalmente alguém estava se dando bem no amor.

_Felicidades aos pombinhos._falei em um sussurro, não querendo que ninguém ao nosso redor escutasse.

Edmundo deu-me um soco de brincadeira no ombro, o que quase me fez cair para trás. O garoto até que estava mais forte em comparação a quando o conheci.

_Não é isso._falou encarando a floresta a nossa frente.

Não falei nada, deixando que ele prosseguisse:

_Percebi que Natália é com quem quero ficar, sei que é ela. E o que me consola é saber que ela deseja-me tão fervorosamente quanto eu à ela._disse com um sorriso de lado.

Edmundo, assim como um piscar de olhos, desmanchou o sorriso presente anteriormente:

_Estou apenas preocupado com ela. Eu não devia tê-la permitido partir._falou desconfortável, o peso recaindo sobre seus ombros.

Arregalei os olhos.

Desde quando a Guardiã havia partido?!

_Como assim Natália partiu?_perguntei preocupado, até o momento eu, e acredito que boa parte dos narnianos, não havia notado sua ausência.

Edmundo fez uma careta desgostosa.

_Ela não foi embora, apenas fora atrás de ajuda._defendeu-lhe rapidamente.

Suspirei aliviado.

Depois da partida de Suzana tudo havia ficado nublado aos meus olhos. Era como se a luz estivesse evaporado junto com sua imagem e delicadeza.

_Fique tranquilo, ela voltará. Tenho a impressão que nada detém aquela Guardiã._afaguei seu ombro compadecido.

Edmundo era mais jovem do que eu, mas sabia que o mesmo buraco que estava aberto em meu coração encontrava-se intacto no seu também.

_E, mudando de assunto, o que você achou da prima de Suzana?_perguntou encarando-me profundamente.

Ergui o semblante. O que ele queria dizer com isso?

_Eu apenas acho que ela é desprovida de tudo que encontra-se em Suzana, principalmente a audácia e coragem._falei sincero, deixando com que a imagem da garota invadisse minha mente por alguns segundos.

_Bom, acho que você deveria reavaliar sua posição sobre o caráter dela, pois quem somos nós para julgar?!_e, falando isso, Edmundo levantou-se e caminhou para longe, deixando-me a vagar descontrolavelmente por meus pensamentos.


*****************************************

P.O.V Suzana

A corrente de ar, que antes envolvia meu corpo e o de Victoria, desaparecera completamente.

Olhei ao nosso redor.

Não era, visivelmente, a mesma floresta de segundos atrás, porém ainda se tratava de uma floresta comum.

_Mas o que...?_calei-me ao ver a imagem de Victoria.

Não era a mesma Victoria que estava ao meu lado segurando minha mão, e sim a Victoria da qual eu me lembrava: olhos marcantes, cabelos sedosos, luz e vida irradiando-a por toda a parte.

Observei a cena calada, prestando atenção na segunda figura que acompanhava a de Victoria.

Era Aslam!

O Grande Leão, com sua força e convicção desafiadoras, caminhava lado a lado com Victoria, balbuciando algo.

Concentrei-me no diálogo que ambos estavam tendo:

_O que você quer dizer com "abandonar a dor e viver da mesma?"_perguntou Victoria para o Grande Leão.

Aslam parou e se pôs na frente da garota, sentando-se em sua próprias patas.

_Toda sua vida você esteve rodeada de mimos e carícias, deixou que a verdadeira superficialidade lhe emoldurasse e a transformasse na mulher que é hoje._ Victoria, que segurava minha mão, apertou mais firme, como se necessitasse de apoio.

Encarei a cena à nossa frente novamente:

_Como assim?_perguntou Victoria para Aslam.

O Grande Leão sorriu fraco, porém seus olhos estavam tristes.

_A beleza não é tudo. E você deixou que essa ganância pela imagem perfeita extrapolasse seu próprio caráter e por isso hoje é consumida pela dor de ser mal amada.

A verdade nas palavras do Leão me feriram, pois, de certa forma, fora isso que ocorreu com Victoria. Ela se deixara associar a coisas fúteis da vida.

Mais uma vez a mão de Vic transmitiu força ao apertar a minha.

_Como posso me retratar perante à você Aslam?_perguntou Vic, os olhos derramando lágrimas abundantes.

Aslam suspirou cansado, a decepção transmitida em seus olhos sábios.

_Não creio que aceitará minha proposta, filha.
Victoria caiu sobre os joelhos, os soluços reprimidos a se soltarem por sua garganta.

_Eu faço qualquer coisa._implorou, a dor inundando seu olhar.

Olhei para Victoria ao meu lado. Ela não chorava, porém era como se lágrimas invisíveis corressem pelo seu rosto.

Voltei os olhos para as duas figuras.

_Promete aceitar e se conformar, assumindo toda e qualquer responsabilidade?_perguntou Aslam, a cabeça levemente inclinada.

Vic, acenou, um vestígio de sorriso apoderando-se de seu rosto.

_Eu prometo! Não quero mais essa vida!

Aslam olhou para o céu e assoprou a face de Vic, fazendo com que os cabelos da mesma brincassem conforme o ritmo do vento.

_Eu espero que a bondade e a paz emoldurem seu caráter daqui por diante.

No mesmo segundo a imagem toda desaparecera e, como num piscar de olhos, já estávamos de volta à floresta onde nos encontramos minutos antes.

_O...que...que...?_não consegui formular nada mais inteligente para falar.

_Tenho um dom agora!_falou brincalhona, porém voltando ao assunto principal em seguida_Aslam apenas me salvou. Me salvou de uma luta interna comigo mesma._desabafou Vic.

_Entendo._falei ainda tonta com tanta informação.

_Suzana..._Vic levantou me queixo, de forma que eu a encarasse diretamente_Eu estou morta eternamente, agora sou um anjo de Aslam, um anjo enviado para ajudar e padecer aqui enfrentando meu próprio castigo._declarou conformada.

_E você está feliz com isso?_perguntei um pouco indignada.

Victoria sorriu e fez uma careta em seguida.

_Não é tão ruim quanto parece, pelo menos me sinto em paz. E, se esse é o preço pela eternidade no País de Aslam, ficarei feliz em pagar o mesmo.

Pisquei, encaixando as peças desse enorme quebra-cabeça.

_Mas a sua imagem, ela..._não consegui terminar, na verdade não sabia como.

Vic mordeu o lábio.

_Sou bela aos olhos de todos, a imagem perfeita._o sorriso que fornecera estava encharcado de sarcasmo_Mas, para aqueles que já passaram para o outro lado da vida, sou a imagem de meus próprios feitos na terra.

_Mas, de que forma isso fará você pagar por seus próprios pecados?_perguntei aturdida.

Vic suspirou pesadamente.

_Não sei lhe explicar as verdadeiras intenções de Aslam, mas parece que estas estão dando certo. Pois aqui,_ela colocou a mão sobre o lado esquerdo do peito_sinto-me despedaçada, embora sinta-me leve e em perfeita paz.

Peguei a mão de Victoria entre meus dedos. Sorri ao toque anormal.

_Parece uma pluma._falei baixo enquanto erguia meu olhar até os olhos de Vic._Fique calma, Aslam fará coisas excepcionais na sua vida. Esse não é o fim! Acredite, apenas tenha fé._a convicção em minha voz era absurda, nem eu mesma sabia que possuía tamanha certeza.

_Não estou com medo, afinal olha de quem eu sou prima._disse Vic, arrancando uma gargalhada minha.

Eu estava com uma vontade estúpida de fazer-lhe uma pergunta, mas tinha medo da resposta que teria.

Logo que Vic percebera meus olhos repletos de dúvidas ela falou-me:

_Desembucha.

Tomei coragem e fiz a pergunta que estava me afligindo mortalmente:

_Por que estou vendo sua imagem do modo errado? Eu não entendo...

Para minha surpresa, Vic estava reprimindo uma risada.

_Você é especial Suzana. Você têm os verdadeiros olhos.

_E o que isso significa?

Victoria assumiu uma postura ereta. Digna de um anjo celestial.

_Morte._as palavras saíram abafadas, distintas e concretas.

Soltei as mãos de Vic, não por medo, mas por surpresa.

_Como assim?_perguntei, meus olhos fechados com força.

_Todos aqueles que já acolheram a morte, ou que apenas adentraram na escuridão da mesma. Possuem a capacidade de enxergar não só à mim, mas também tudo o que está ao seu redor._Vic abriu os braços, encarando a vida existente em todos os lados.

Deixei que meus pensamentos seguissem sua linha e, como uma luz de verão, um pássaro branco pousou em uma árvore.

As penas, celestiais, brilhavam gloriosamente.

_É...perfeito!_exclamei maravilhada.

_Realmente, embora viva nas sombras aqui._falou ela, a voz angustiada.

Olhei para Victoria, a mesma mantinha-se concentrada no passáro.

_Ele não é assim, não é mesmo?_conclui.

Vic sorriu, aparentemente feliz por meu raciocínio rápido.

_Não, ele não passa de um pássaro negro. Afugentado por outros animais..._havia um ressentimento incomum na voz dela.

_É como compara-lo à você, só que em uma situação inversa._balbuciei pensativa, enquanto tudo ainda tentava-se fazer real para mim.

_Isso mesmo. Queria eu ter sido como esse pássaro._ela esticou o braço.

E, com um bater de asas frenético, a ave já estava repousando em sua mão, contrastando sua beleza com a imagem perturbadora de Victoria.

_Isso é...estranho. Talvez o mais estranho de tudo que já me ocorreu nesses últimos dias._sorri relembrando.

Vic e eu observamos o pássaro voar, alcançando o céu azul intenso.

A vontade de ter asas, para acompanha-lo em sua liberdade, consumia-me.

_Não tenha receio, um dia seremos tão livres quanto ele._falou-me a voz de Vic quase inaudivelmente.

Eu estava tão concentrada em admirar o belo pássaro que demorei para dar-me conta que estava sozinha, Victoria havia desaparecido, deixando, não muito longe, uma pena branca a flutuar.


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Notas finais do capítulo

É isso aí pessoal.
Sei que não ficou bom, mas o negócio, agora, é tentar melhorar, assim como era antes! ;)
Mil beijos!



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