Clube Do Imaginário escrita por ShoutOut


Capítulo 3
3 – Uma bronca. Lição de injustiça grátis.


Notas iniciais do capítulo

Olha, desculpe a demora gente é que resolvi fazer uma narração por garoto e não tenho muita prática. Espero que gostem! De verdade!



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 3 – Uma bronca.  Lição de injustiça grátis. E um clube sem sentido

1ª relato de Garrett Castello

É como o Hansel e metade da população mundial fala ou já falou: “Se quer fazer algo bem feito, faça você mesmo.”

Ninguém do clube sabe direito como descrever aquele dia, então sobrou para mim, Garrett Castello.  Ser considerado um “gênio do mal” pelas pessoas, às vezes cansa (Nossa! falei como uma garotinha ou um idoso agora).

Bem, vamos ver a possibilidades:

Estávamos sendo atacados por um bando de alienígenas querendo estudar nossos corpos? Talvez, se eles fossem de um planeta mais avançado que o nosso e pudesse usar disfarces de seres humanos.

Estávamos na mira de uma mulher que tinha idade para ser nossa mãe, mas era gostosa, admito, e uns dez homens que queria acabar com o nosso coro por causa de uma briga que éramos vítimas? Bem mais provável. Destino certo eu diria.

Só que, vamos começar de antes da briga para você entender a merda enorme que aquilo foi.

Eu só andava com o time de basquete por não ter nada melhor para fazer, e eu nem parecia um jogador do time, estatura mediana (sou até baixinho em comparação a caras da minha idade, 17 anos) [Eu sei que sou o garoto mais baixo do clube Max, não precisa me lembrar!], meio magrelo demais [Ah, Ramona, Olívia Palito versão masculina já é demais!], branco, de olhos castanho-escuro [tá Ramone, são cor de lama, feliz?] e cabelo loiro-acastanhado um pouco grande, e eles me faziam pensar o quanto os seres humanos são bipolares e potencialmente idiotas quando querem.

Certo, pessoas politicamente corretas, eu sei que existe um distúrbio de bipolaridade que algumas pessoas têm, mas esses casos são o extremo da bipolaridade humana.

Todo ser humano é bipolar. Fato consumado, não venha reclamar.

- Ei Garrett, já tem as táticas para o próximo jogo? – Harley me perguntou abaixando o capuz da minha jaqueta bagunçando meu cabelo. Era uma mania que ela tinha. – E quando você vai tirar essa franja da cabeça? Sério, é meio estranho.

- Primeiro, sim tenho algumas, ainda tenho que falar com o treinador pra ter certeza se vão entrar, mas já tenho sim. Segundo, sabe que eu tenho preguiça de ficar cortando e assim é prático.

- Você é que pensa. –falou Max logo ao lado a irmã, como sempre, os dois pareciam unha e carne, era estranho.  – Fico imaginando como convive com tanto cabelo.

- É, meu trabalho por aqui é pensar de um jeito estranho. –ironizei um pouco os fazendo dar um meio-sorriso. Os dois não eram muito de rir.

Os dois eram meus amigos há algum tempo. Harley porque tínhamos gostos parecidos em relação a livros e animes e Max porque éramos viciados nos mesmo jogos.

Não vou dizer que éramos melhores amigos, por que não éramos.

Bem, os gêmeos Rue eram muito fechados com os outros e deixavam transparecer o mínimo de coisa sobre suas vidas pessoais (eu e o Hans ficamos imaginando como Max conseguiu fazer isso com as namoradas só sei que ele fez). Eu gostava de conversar com eles e tudo mais, ponto.

Acho que não poderíamos nos chamar de amigos, é algo forte demais para isso. “Pessoas que conviviam bem” seria uma definição melhor. Estávamos bem daquele jeito, pelo menos eu acho, ninguém se metia na vida de ninguém e tudo mais.

Era algo bom para ambos os lados.

Fomos até a cantina como um dia normal de aula, tínhamos privilégios por causa do time então não conhecíamos e termo “fila” na escola.

Bem, se é que dá para chamar aquele lugar de cantina.

Antigamente aquilo, como já tinham me dito, era um celeiro, [tá Hansel, vou dizer] e para quem não sabe, um celeiro é o lugar onde ficam alguns animas e feno em fazendas.

O lugar tinha dois andares, com duas cantinas, uma em cada andar. Era todo revestido em madeira, bem rústico, que ainda lembrava um celeiro, muito. Só que agora, era um celeiro para humanos.

Não sei por que, toda vida que eu pisava lá tinha o triplo de cuidado onde metia o meu pé e não conseguia comer de jeito nenhum. Acho que imaginava fezes de cavalo,  ou de seres humanos e muito feno em todo lugar.

O negócio só começou a piorar quando Eric, capitão do time de basquete [ai eu concordo Max, ele era um dos poucos no time que realmente tinha cérebro] resolveu ir com parte dos times de hóquei e basquete para o “Canto dos esquisitões”.

O canto na verdade era uma sala de jogos, ou coisa parecida - vai saber!- abandonada que ficava logo atrás da quadra de esportes.

Tinha mais ou menos oito metros de largura por quatro de comprimento, e mais ou menos metade era lotada de entulho. As paredes que um dia foram em tons pastéis agora apresentavam um tom acinzentado que me lembrava vômito, paredes enorme de vômito.

O lugar era mal iluminado e fedia a poeira, mas sempre tinha alguém lá. Geralmente os esquisitões como: Hansel Dedrick, o gordinho [Você pesa mais de cem quilos! Tem sorte por ser bem alto e forte! Ai parece que você não tem gordura] mais odiado pelo time de basquete, e Ramona [é o seu nome garota!] Brücke, a única garota skatista da escola que se tinha notícia.

Olha, vários garotos andavam de skate, até eu andava, mas ela era a única garota da escola que pegava um skate e saia andando e dando saltos na frente de todo mundo. Era que nem a Harley, a única garota que dirigia bem a mais de 100 km/h (acho que nenhum dos garotos que já dirigiam conseguia fazer isso)

Pensando bem, agora, percebo que Tessa, Harley e Ramona (a chamo assim só para irritá-la) tinham características únicas. Talvez fosse até destino que se metessem naquela confusão juntas.

Quando chegamos vimos, como já era de se esperar, Hansel e Ramone (vou ser bonzinho agora) estavam sentados no canto, ele com um violão nas mãos e ela bagunçando o cabelo dele. Do lado esquerdo em relação a eles estava um garoto que era da minha sala, Rudy Hetfield. Ele era bem alto, tinha corpo forte (mais forte de alguns garotos dos times de basquete e de hóquei), pele um pouco morena, e cabelo tão preto quanto a noite.

Seu olhar estava baixo, num caderno, ele parecia está tão concentrado que não olhou para os recém chegados.

Do outro lado estava Tessa Harbor, ela já era conhecida por ser a escritora da escola. Os professores amavam a garotinha, boas notas e boas redações a tornaram a filhinha que eles nunca tiveram.

Eu até entendia ela nesse aspecto, éramos quase que irmão por causa dessa coisa dos professores.

Lindo, os alunos com as maiores médias da escola se meteram na mesma confusão.

Eric começou a provocá-los. Eu, Harley e Max tentamos impedir a história, mas não deu. O garoto que antes estava escrevendo começou a olhar tudo com um olhar estilo serial killer que dava medo. Eu sabia que seus olhos eram azuis, só que geralmente eles eram neutros, mas naquela hora parecia que eu estava olhando nos olhos de um leão.

Eu não queria me meter numa briga contra aquele cara.

A bomba foi quando Harley tentou empurrar Eric e ele acabou a empurrando com força demais, derrubando a garota contra o entulho, o que lhe deu um belo corte na cabeça de presente.

Max não se controlou, afinal era a irmãzinha dele que estava no chão sangrando. Tá, eu sei, Harley é dura na queda até demais, mas naquela hora ela era uma donzela indefesa.

E o Max tinha que dar um jeito naquilo.

Ele deu um soco no Eric merecido, só que ele não imaginou que Eric fosse rebater.

Aquele branquelo era uma cobra de tão enganador quando queria.

Quando eu vi, Rudy segurou a mão de Eric no ar. Eu estava só alguns centímetros de distância, quase conseguia ouvir o som dos ossos da mão de Eric virando poeira com o aperto de aço do menino.

Então ele começou a bater no Eric, ai os outros avançaram recebendo socos de um Hansel irado de raiva.

Meti-me no meio da briga do lado dos injustiçados. Isso mesmo, do lado de Hansel, Tessa, Ramone e a Harley machucada.

Dois motivos:

Tinham três garotas na história e Eric tinha empurrado uma dela e eu sou contra a bater em garotas. Estava vendo Rudy, na sua mais nova versão serial killer adolescente (chamaremos ele assim por enquanto) dar uma surra nos garotos do time com facilidade, ou seja, eu prezo minha vida, e naquele momento viver significava ficar do lado daquele cara.

Peguei um pouco de entulho que conseguia carregar e praticamente pratiquei tiro ao alvo com aquilo e alguns caras que segundos atrás se diziam meus amigos. O moreno sabia lutar, muito bem na verdade, que nem o Hansel, escutei um track quando Eric caiu o chão gritando de dor.

Harley antes tinha tentado nos ajudar, mas Max gritou com ela:

- VOCÊ NÃO PODE DAR UM JEITO EM TUDO!

Ela ficou com os olhos arregalados pela raiva que Max demonstrava, mas acabou indo na direção das outras garotas rapidamente.

Quando a diretora chegou gritando com os treinadores de ambos os times me senti salvo e em perigo ao mesmo tempo.

E estava para piorar.

Quando ela nos mandou ir para sala dela tive tempo de dar uma olhada no estrago que a briga tinha causado.

Tinha sangue no chão e em cima de alguns entulhos. O lugar antes já era bagunçando, mas naquela hora parecia piada, parecia que um furacão bêbado tinha passado ali (Nossa! Comparação horrível!)

Eu não estava muito machucado, talvez porque Rudy tinha sido um ótimo aliado de briga (isso é melhor atacar pelo eufemismo), ou eu era muito sortudo, vai saber. Decidir fazer uma ação de caridade e pegar as coisas que os outros tinham deixado para trás como o violão do Hansel.

Peguei o violão com a minha mão que não tinha sangue e não doía muito e equilibrei os dois cadernos contra o meu peito dolorido usando o braço esquerdo que estava um pouco roxo.

Acredite, naquela hora, andar se tornou algo realmente doloroso. Consegui aguentar firme até sentar na diretoria com o violão no meu colo e praticamente jogando os cadernos na cadeira ao meu lado.

- Ei, obrigada. –falou Tessa pegando seu caderno que só naquela hora eu percebi, era todo vermelho, como o cabelo dela. – Salvou minha vida.

- Quando levei uma surra ou quando peguei seu caderno? –eu tinha mania de falar essas coisas.

- Nas duas horas. –ela respondeu indo para o lado de Ramone.

Ramone olhava tudo com olhos de águia, e aquilo me fez sentir o perigo no ar.

Só para constar, sabe aqueles escritórios que aparecem em filmes sobre a Máfia Italiana onde o chefe da máfia fica atrás de uma mesa gigante toda em mogno e logo atrás dele tem duas estantes que cobrem a parede inteira separadas por uma chaminé com livros de capas antigas e o piso é de uma cerâmica tão trabalhada que dá pena de pisar.

A diretoria era igualzinha, só tirava que não tinha chaminé, era um lugar maior que tinha uma parede só com uma fileira de cadeira para os alunos e tinha não só uma mesa antiga e sim três.

A diretora, Miranda Swan? Fala sério, isso é mesmo nome de diretora? Parece nome de apresentadora de televisão de programa ruim.

 A mulher era pior do que Adolf Hitler.

Ditadora que era uma beleza!

Caso ela dissesse uma coisa era melhor não contestar porque ela não sabia o que era perder, sei lá, sempre tinhas seus julgamentos e ela os via só com a sua visão de mais ninguém. Ela regia aquele colégio com mãos de titânio, nem era de ferro. E Fazia questão de não expulsar nenhum dos alunos ruins, dizendo que tinha total capacidade de controlá-los (lê-se: adestrá-los ou fazer lavagem cerebral neles).

  Acho que era algum distúrbio de superioridade que ela tinha só porque tinha Phd em psicologia juvenil.

No colégio, ela era juiz e carrasco ao mesmo tempo.

Oh mulher para todo mundo odiar! Mas porque ela tinha que ser uma mulher de uns quarenta anos ou mais toda bonitona?! Por quê?!

Olhos castanhos num tom que me lembrava olhos de uma cobra, algo assim, só que mesmo lembrando uma cobra, era meio que bonito [tá, sexy, eu sei Hansel, só queria manter na inocência isso aqui]. Corpo bem conservado para uma senhora com três filhos com belas curvas (é melhor eu não detalhar), poucas rugas, olhar forte, cabelos sempre na escova pintados num tom de loiro dourado que nunca desbotava e ainda tinha aquele terninho.

Aquele terninho todo colado no corpo junto com o sapato de salto fino era... Nem sei o que falar!

Eu acho que vocês estão confusos agora porque a Ramona (voltei a irritá-la) disse que ela era gorda, feia, carrancuda e tudo mais. A verdade que aquilo se deveu ao fato de nós a odiarmos, mas falando a verdade, era uma senhora e tanto.

[Ramona, eu não sei se ela fez plástica, mas sejamos sinceros, se ela fez mesmo, não é nem um pouco evidente.]

Eric estava recebendo primeiros socorros logo da diretoria que lhe lançava um olhar que era um misto de preocupação, raiva e nojo que me fazia ter uma vontade enorme de lhe lançar o meu melhor sorriso sarcástico.

Uns dois garotos, um de cada time, eu acho, que ainda conseguiam se manter em pé sem ter alguma dor muito aguda  se mantinham a distância segura do futuro pessoal do clube do imaginário.

Aquilo me fez querer soltar uma bela risada diabólica. Não sabia que medo de terceiros em relação a mim me deixavam com uma sensação estranha de superioridade.

Acho que é a mesma sensação que ditadores simplesmente amam.

Um kit de primeiros socorros estava nas mãos do Max que estava sendo cuidado pela irmã. Harley foi até mim e me ajudou um pouco. Foi quase na mesma hora que escutei Rudy tirando uma manga de seu casaco e passar na cara.  Hansel só mordia o lábio por causa dos arranhões e de alguns hematomas que estavam aparecendo em sua pele.

- Toma, vai ajudar. – estendi o frasco de álcool para Rudy que só naquela hora eu tinha percebido, estava sentado do meu lado, com o seu caderno em seu colo.

- Valeu. –saiu quase como um sussurro.

Harley olhou para ele sorridente, coisa que eu mal via, sério, aquele sorriso era... Verdadeiro. Não que a Harley fosse falsa, só que era o sorriso mais bonito que eu tinha visto ela dar.

- Obrigada, se novo, desconhecido. – saiu quase como um sussurro.

- Rudy. –ele disse simplesmente lançando um olhar sério para o vazio.

Não queria olhar nos olhos deles, sabia que ele tinha embebedado a manga do casaco com álcool e estava tirando o sangue do rosto, mas o olhar dele sério já assustava, imagina com sangue no meio.

Obrigado, mas eu não queria ter uma dose de filme de terror na realidade naquela hora.

- Agora parou de doer? –perguntou a diretora moldando a voz de uma maneira que me fez querer perguntar se ela tinha feito doutorado em falsidade.

Eric assentiu com a cabeça, soltando um gemido que era obviamente falso.

Ele estava com a cara um pouco roxa, fazendo um dos seus olhos ficar fechado e o outro tinha assumido um tom de castanho amedrontado e merecido.

Naquela hora eu estava adorando e tem medo de Rudy ao mesmo tempo.

- Vocês três. –ela apontou para os garotos medrosos em pé e para Eric. – Me contem o que aconteceu.

Foi naquela hora que tivemos nossa formação em injustiça generalizada e mentira.

Eric e os outros meninos contaram uma mentira tão irritante que nem lembro as palavras que eles usaram e nem quero lembrar. Prefiro manter minha mente inocente o suficiente para conseguir criar meus filhos para serem melhor do que aqueles caras.

Rudy cerrava os punhos ao meu lado de uma maneira que eu jurava que ele poderia quebrar a própria mão. Hansel era controlado por Ramone que abraçava seus ombros com carinho. Max só ostentava um olhar zangado nos dois garotos dos times, provavelmente planejando como os mataria.

Todavia, o mais interessante de tudo aquilo eram os olhares de Hansel e Harley. Por serem acostumados a estarem ali, talvez, tinham um olhar que me fazia visualizá-los não como alunos encrencados, mas como prisioneiros de guerra. Algo como em filmes sobre a época medieval ou sobre a Grécia antiga.

Hansel demonstrava sua raiva, querendo interromper o relato dos garotos e os esmurrá-los até a morte. Harley se permanecia calada, sem demonstrar emoções, escutando tudo com uma cara séria. Só que seus olhares me lembram um leão e uma leoa prontos para atacar uma presa. Estavam atentos a tudo, tentavam ao máximo captar tudo que acontecia ali e parecia está formulado planos na cabeça, algo assim.

- Então resumindo foram eles que começaram? –perguntou a Diretora olhando para Rudy com um olhar acusador pior do que juiz da época da Caça às bruxas.

Quando Eric iria falar alguma coisa, Max deu um soco na parede chamando a atenção de todos.

- Esse filho da puta bateu na minha irmã, ela é só uma garota, o que você queria que eu fizesse? E ele foi lá querendo briga, não temos culpa se o povo dos times apanhou. – Max estava com muita raiva. – Eric é um covarde, todos eles são.

- Olha o palavreado garoto! – a diretora gritou com raiva. – E caso você não saiba, sua irmã já é conhecida por entrar em brigas até mesmo com os garotos, então é até justo que ela leve só um empurrão de alguém. E pelo o que eu saiba, o caso foi feitiço que virou contra o feiticeiro, não agressão.

- Que piada! –gritou Rudy soltando uma risada maléfica. – Vai levar em consideração só o fato que nós começamos a pancadaria? Você não devia ser diretora de escola.

- Quem é você para me dizer o que fazer garoto? –perguntou a diretora lançando um olhar de cobra para cima de Rudy. – Eu sou até boazinha com você, então não abuse.

- Foi legítima defesa. –usei o termo jurídico. – Harley estava tentando evitar que eles viessem nos dar uma surra por pura diversão.

A diretora respirou fundo e dispensou os outros três garotos, só deixando nos sete na sala.

- Sabem que a culpa é de vocês. –falou a diretora com voz de quem não quer ser interrompida. – Rudy, Harley, Hansel, essa foi a gota d’água, por quanto tempo acham que posso aguentar alunos como vocês por aqui? E você garota, levando seu irmão junto, como pode?

- Espera, a culpa não é nossa! –gritou Ramone com raiva.

- Vocês começaram, então pronto! Estou com uns seis garotos seriamente feridos na enfermaria e tenho que mostrar alguma punição a alguém para os pais. –ela parecia pensativa, como se estivesse fazendo algo como uma conta de cabeça.

- Então puna só nós quatro. –falou Max bufando de raiva. – Garrett, e as duas garotas não têm nada haver.

- Garrett entrou na briga e as duas também estavam lá e, aliás, para o que planejo para vocês, irei precisar deles, como pessoas que posso confiar. 

- Ninguém pode confiar em você, Senhora Swan. – Rudy falou sem medo algum usando um tom sarcástico nas duas últimas palavras, deixando Miranda com o rosto vermelho de raiva.

- É comprovado cientificamente que pessoas com índoles erradas quando são forçadas a conviver juntar acabam aprendendo com os erros umas das outras.

- Sabe. –comecei fazendo voz sarcástica. – Isso tem outro nome, cadeia.

Eu sei, ficaria melhor em inglês, mas vai saber se aquela mulher iria entender!

- Compare com o que quiser Garrett. –ela disse com desdém. – Será a última chance de vocês três, terão que formar um clube.

- Como o clube do bolinha por acaso? –Hansel falou erguendo a sobrancelha. – Acho que tenho uma blusa parecida com a dele lá em casa. Só teremos que deixar a Ramone com o cabelo maior e mais gorda pra ela virar a luluzinha.

- Não, algo sério, que trabalhe o cérebro de vocês em algo que, obviamente, seja autorizado por mim. –ela disse com um tom de superioridade que me deu raiva. – Terão que ficar pelo menos três horas por dia sendo monitorados numa sala por uma câmera onde farão esse clube, nem que os tranque lá dentro. Espero melhoras de vocês em alguns meses, caso contrário, não só Harley, Hansel e Rudy serão expulsos, todos os outros também.

Algumas objeções foram soltadas, mas só um grito de Miranda cessou tudo.

- Estejam amanhã às quatorze horas na sala 13 do terceiro andar.

- A sala abandonada? –perguntei entediado.

Clube com gente maluca, lá vou eu!

- Será ajeitada para vocês, e terá uma câmera lá. Ligarei para seus pais avisando sobre tudo.

- Você pode tentar. – Rudy soltou com uma risada. – Se conseguir me avisa.

Aquilo me deixou desconfiado.

Ramone, Tessa, Hansel e Max pareceram se preocupar com isso. Eu não. Se eu tivesse notas boas, meus pais diziam que eu podia fazer o que quiser. E outra, era capaz e meu pai ficar era feliz!

- Big Brother! –gritou Tessa fazendo Hansel soltar uma risada sarcástica. – Entramos no Big Brother escolar!

Miranda se levantou ainda com a pose de superioridade e disse:

- Pense do jeito que quiser Harbor! Os garotos vão já para a enfermaria cuidar direito desses ferimentos e as garotas para as salas, amanhã nos vemos.

Tessa e Ramone começaram a resmungar alguma coisa, mas quando todos estavam fora da sala, num lugar distante o suficiente para que ninguém conseguisse nos escutar Tessa soltou:

- Estava pensando, o que acham de clube Queremos Matar a Diretora?

- Adorei o nome, amiga! –falou Hansel fazendo voz de drag queen fazendo todos rirem.  – Só que eu acho que ela não vai autorizar. – ele ajeitou a voz por fim.

- Porque você vive fazendo isso? –perguntou Ramone revirando os olhos. – Vai virar drag é?

- Tá me estranhando? –perguntou Hansel fazendo cara de malvado.

Foi a vez de Max revirar os olhos. Os dois já tinham brigado uma vez, podia ser que eles não se entendessem logo de primeira.

Pela primeira vez me senti entre amigos, algo que eu podia está presente, como uma sociedade secreta, algo que só estava na minha imaginação há uns tempos atrás. Era estranho e maravilhoso ao mesmo tempo.

- Estou matando a diretora várias vezes na minha mente, é tão bom. – Harley disse ajudando Max a andar. – Eu podia fazer um livro com isso!

- Imagino. – Rudy falou com as mãos nos bolsos tirando o resto do casaco das costas e jogando no lixo.

- Imaginação é que não falta aqui para matar aquela mulher, vamos combinar! –falou Max como se estivesse contando um segredo de estado. Rimos de novo.

Amigos por causa da injustiça, coisa estranha não é?


Últimas palavras deste relato:

 Amigos é algo que você pode conquistar só por causa de um fato que sofreram juntos, mas quando você os consegue, é algo fantástico e estranho ao mesmo tempo. Custa a acreditar. E no final, eles parecem parte de você.



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