Danny P.O.V on.

 Chegamos na porta do apartamento de Jessy e Katie. Antes que Katie descesse eu travei a porta.

- O que está fazendo? – Katie me olhou sem entender.

- Você já vai entender. – pisquei pra ela que não se moveu. Dei partida no carro e eu pude perceber que a fisionomia de Katie mudou.

- O que você está aprontando? – Katie falou séria.

- Vou te levar em um lugar que é lindo. Não tem como não gostar. – falei com medo da reação de Katie.

- Pode dar meia volta e me levar pra casa. – Katie falou rude.

- Não começa Katie. Nem o maior mau-humor do mundo vai me fazer mudar de idéia. – cortei ela antes que começasse com a mesma ladainha.

- Eu não quero saber. – Katie bufou.

- Tudo tem que ser do seu jeito, isso me cansa. Você nunca respeita a minha opinião. – Katie me olho com raiva.

- E você é egoísta, eu estou fazendo isso por você, custa confiar em mim? – falei também irritado.

- Não se cansa de me chamar de egoísta? – Katie sorriu irônica.

- Não quer vir, desça do carro. – apontei pra rua.

- Muito digno da sua parte. Você sabe muito bem que eu não ando sozinha, de jeito e de forma nenhuma.  – Katie revirou os olhos e ficou olhando pra janela emburrada. Silêncio...quase 40 minutos e nada.

- Eu sempre soube que não ia dar certo. – Katie se virou pra mim com a cara fechada.

- Tudo isso por que você está sendo contrariada? – fiz cara de pouco caso.

- Você sabe que não é por isso. Eu morro de medo de sair de casa e olha só o que você está fazendo? Você não quer saber como eu estou me sentindo, simplesmente quer fazer as coisas do seu jeito. – Katie falou alterada.

- Como é? Katie por favor para de falar, você vai acabar piorando as coisas. – me virei com raiva pra ela que bufou de novo. Tudo que eu estava fazendo era por ela e ela vem me dizer que eu não quero saber como ela está se sentindo?

- Me leva pra casa e tudo se revolve, é simples e indolor. – Katie encostou a cabeça no encosto do banco. Parei o carro no encostamento, eu já estava cansado daquilo.

- Você confia em mim? Por que se você não confia, estamos indo rápido demais. – olhei pra baixo.

- Responde Katie. – me virei pra ela que ficou olhando pra frente e não disse nada.

- Anda Katie responde? Você quer que eu te leve pra casa e te deixe lá como sempre, que não te procure mais? - soltei o cinto e baguncei o cabelo.

- Eu não quero que você termine comigo. – Katie falou baixo. Katie era tão bipolar, uma hora diz “eu sempre soube que não ia dar certo” na outra “eu não quero que você termine comigo”, eu realmente não entendo essa garota.

- Eu também não quero, mais as vezes fica difícil...você sempre tende a complicar. – falei mais calmo.

- Não quero te decepcionar, mais eu tenho medo. É maior do que minhas forças. – Katie fechou os olhos.

- Eu não vou deixar que nada te aconteça, eu te juro. – peguei na mão dela que estava fria.

- Então, quer continuar ou prefere que eu te leve pra casa? – suspirei e olhei pra Katie. Katie fez uma cara de quem estivesse pensando.

- Vamos logo ao tal lugar. – Katie falou sem emoção e eu sorri pra ela.

- Não precisa se preocupar, eu sempre vou cuidar de você. – abracei ela e sussurrei em seu ouvido.

Coloquei o cinto de segurança e continuei o trajeto, não faltava muito.

- Coloca isso. – apontei pra uma gravata que estava no descanso de copo, eu já havia levado pra isso.

- Mais por que? – Katie arqueou uma sobrancelha.

- Por que estamos chegando e eu quero te fazer surpresa. – falei sem desviar a atenção da estrada.

- Eu não gosto de surpresas. -  Katie retrucou.

- Você não gosta de muita coisa. – falei sem me estressar, já tínhamos indo tão longe, não era agora que eu ia me irritar com o pouco caso dela e desistir. Eu sempre soube que namorar Katie seria difícil, e eu estava disposto a enfrentar esses desafios.

Parei em frente a uma praia, estava quase que deserta afinal era dia da semana e  não estava muito quente. Eu sempre venho pra cá, quando preciso pensar ou ficar sozinho.

- Pode tirar. – Katie respirou fundo e tirou a venda, no caso a minha gravata dos olhos.

- Não vai me fazer ir até lá né. – Katie me olhou com cara de dor.

- Sim, vou. – sorri pra ela que tinha a respiração descompassada.

- Por favor Danny, não insiste. Eu já vim até aqui. – Katie colocou as duas mãos na cabeça.

- Você confia em mim? – segurei o rosto dela com uma das mãos e Katie desviou o olhar. Katie não respondeu e eu bufei desanimado.

- Acredito. – Katie praticamente sussurrou.

- Como é? Eu não ouvi. – esbocei um sorriso fraco.

- Eu confio em você Danny. Se eu não confiasse em você eu nem teria vindo aqui. – Katie sorriu sem mostrar os dentes.

Antes que ela mudasse de idéia, pulei do carro e corri pro outro lado pra descer com ela. Katie desceu do carro desconfiada, a respiração ainda estava descompassada.

- Não Danny, eu não consigo. – Katie ia voltar mais eu entrei na frente da porta e abracei ela.

- Não tem nada demais Katie, são só fantasmas que a sua cabeça inventou. – beijei o pé do ouvido dela. Eu podia sentir o coração dela batendo forte, ela estava gelada, pálida.

Puxei ela pela mão que olhava pro chão e não pra frente.

- A quanto tempo você não vem a praia? – sussurrei no ouvido dela, enquanto abraçava ela.

- A muito tempo. – Katie suspirou cansada.

- Vamos tira o sapato, não faz sentido ficar de sapato na areia. – fui tirando os meus e fiquei esperando Katie fazer o mesmo.

- Não importa quantas tempestades a gente cause, você sempre consegue né? – Katie riu fraco.

- Pra te vencer só sendo muito persistente. – puxei ela pela mão e começamos a andar pela praia. Não tinha por do sol, por que o dia estava nublado, não tinha uma cesta com comidas no porta-malas, mais isso não importa. Afinal isso não é um filme romântico, e se for ver bem, eu e a Katie não somos um casal típico pra esse tipo de filme.

- Foi tão difícil assim? – falei no pé do ouvido dela. Eu estava sentado na areia com Katie no meio das pernas, encostada no meu peito.

- Desculpa Danny pela forma como eu te tratei hoje. – Katie falou calma.

- Eu te desculpo Katie, eu entendo o seu lado. – olhei pra ela que sorriu fraco.

- É difícil acreditar que depois de tanto tempo, eu estou aqui...com você. – Katie fechou os olhos.

- Eu ainda tenho medo. – Katie confessou. Isso me doía, por que eu me sentia inútil, sem poder fazer nada pra tirar esse medo dela.

- Eu sei, mais com tempo isso vai mudar. – fiz carinho na cabeça dela, Katie se virou pra mim e me beijou. Foi diferente, estava mais apaixonado, ela estava mais entregue.

A volta foi completamente diferente. Não brigamos, não ficamos sem nos comunicar, a paz havia reinado novamente.

-Quando eu era criança, eu dizia pra minha mãe que queria ser surfista, morar na praia. – Katie falou divertida e eu ri.

- Eu sempre quis ser músico. – falei pensativo.

- Eu nunca cantei pra você. Como pode um músico nunca ter cantado pra namorada. – olhei pra Katie que franziu a testa.

- Não precisa se preocupar com isso, eu não ligo. – Katie gesticulou com os braços.

- Mais eu faço questão. – falei sério e Katie sorriu boba.

P.O.V off.