POV Pansy Parkinson

Eu e Blaise estávamos no salão comunal da Sonserina. Já estava quase na hora do jantar e nem sinal do Draco. Ele está um pouco estranho, e já percebi que tem algo haver com a Granger. Ele não tira o olho dela.

– Pan – disse Blaise se sentando ao meu lado no sofá – Eu tô carente – o moreno fez uma careta, olhando para o fogo que crepitava na lareira á nossa frente.

– E eu com isso, Blaise? – como ele é tapado, meu Merlin. Tá pensando o que?

– E aí – disse ele, ainda olhando pro fogo enquanto eu o encarava com uma expressão desconfiada – que você podia me ajudar.

– Zabini! – gritei, pegando uma almofada e jogando na cara dele – Você está louco, homem?

– Ei, você não me entendeu! – disse ele, jogando a almofada de volta na minha barriga enquanto dava um sorriso – Você podia deitar aqui comigo enquanto eu te faço um cafuné, sabe? Como se fôssemos amigos – ele esclareceu.

E aí está o Blaise sarcástico.

– Tá bom – eu me aconcheguei em seu peito enquanto ele me abraçava e fazia um leve carinho nos meus cabelos – Vamos fingir que somos amigos então.

– Claro, mas agora fica quietinha, quero descansar – disse ele, dando um suspiro.

– Ok – assenti, enquanto começava a pensar em certo ruivo de olhos azuis.

Até agora eu estava confusa com o que havia acontecido no corredor hoje mais cedo. Ele me beijou, não, na verdade, ele me agarrou! Nunca que eu iria esperar algo desse tipo vindo dele.

Flashback on:

Nos beijávamos como verdadeiros loucos. As mãos dele passeavam pela minha cintura enquanto ele tentava, de qualquer jeito, encaixar meu corpo no dele. Eu estava colada na parede e não tinha muitas opções pra sair do seu abraço.

Foi quando o ar faltou que começou a confusão de pensamentos. Com certeza aquilo não era aceitável, tanto pra mim quanto pra ele. Ron ficou me olhando e eu não conseguia desviar o olhar daqueles olhos intensos. Ainda estávamos muito próximos, e foi quando eu me abaixei para pegar tudo o que eu havia deixado cair, que ele me acompanhou. Pegou alguns de meus livros enquanto eu catava as penas espalhadas pelo chão. Ele levantou primeiro e me ofereceu a mão pra ajudar a me erguer. Aceitei e, meu Deus. como me arrependo disso. Eu podia simplesmente ter o evitado, podia ter soltado alguma ofensa sobre a família dele, pegado meus livros e ter ido embora, mas não o fiz. Algo me impedia e eu não sabia explicar o que era.

Ele puxou-me e ficamos próximos novamente. Ele abria a boca e nenhuma palavra saia. Encontrava-me na mesma situação.

– Tenho que ir tomar café – foi tudo o que eu consegui dizer, me distanciando dele, mas de repente, ele segurou meu pulso fazendo com que eu voltasse a encará-lo.

– Foi mal, eu não sei se deveria ter feito isso – disse ele, um pouco reservado, enquanto olhava para uma de minhas penas. Ela era preta como meus cabelos e tinha um toque meio alaranjado nas pontas – Posso ficar com ela? – perguntou enquanto a pegava nas mãos com cuidado, como se fosse algo valioso.

– Pode – concordei com a cabeça – Vai ser como uma lembrança de algo que não vai voltar – falei, dando um breve sorriso de lado e o deixando com uma cara de bobo. Ele sorria e revezava o olhar entre mim indo embora e a pena em suas mãos.

Flashback off

Agora eu não conseguia mais pensar em outra coisa, como se meu cérebro resolvesse congelar aqueles momentos em uma foto e colocá-los em uma moldura bem na frente dos meus olhos.

Devia ser mesmo a febre dos ruivinhos, como Draco mencionou.

Acabei pegando no sono enquanto descansava no colo de Blaise. E era em Ron em quem eu pensava, somente nele.

POV Ron Weasley

O salão comunal da Grifinória estava praticamente vazio. Era domingo e todo mundo ficava aproveitando as ultimas horas antes de ir dormir. Estava terminando um dever de Adivinhação quando achei a pena de Pansy entre as minhas coisas.

A peguei e senti o seu cheiro. O cheiro dela. Era um aroma doce que me deixava extasiado. Me fazia lembrar dela e do que aconteceu hoje mais cedo. Não sei dizer se foi certo o que fiz, mas senti algo que nunca havia sentido antes, nem com a Lilá e nem com Hermione. Era um misto de emoções diferentes, algo que eu nunca havia sentido antes . Era bom olhar dentro dos seus olhos, grandes e vivos.

O que será que estava acontecendo comigo? Eu não posso estar apaixonado pela Pansy! Nós somos totalmente opostos.

“Posso ficar com ela?” perguntei, analisando aquela pena. Nunca tinha visto uma parecida antes.

“Pode. Vai ser como uma lembrança de algo que não vai voltar” disse ela, me deixando sozinho no corredor enquanto seguia seu caminho, sorrindo. Olhou-me antes de modificar seu curso e eu fiquei a observando enquanto ela ia embora.

Levantei-me da cadeira e fui em direção à janela. A abri e pude sentir uma leve brisa contra meu rosto. A lua estava cheia e me fazia lembrar aqueles olhos.

Céus, tudo me faz lembrar dela. Eu estava ficando seriamente apavorado.

Lembrei, então, que amanhã teria aula de Herbologia com a Sonserina. Algo tinha de estar completamente errado, pois eu mal podia esperar pra ficar perto dela mais uma vez.

Achei melhor guardar minhas coisas e ir jantar, afinal, saco vazio não para em pé. Minha mãe vive dizendo isso desde que meu pai contou a ela sobre essa expressão trouxa.

POV Hermione Granger

Eu não vejo o Draco desde o café da manhã. Estou aqui no dormitório, me arrumando pra ir jantar. Espero que ele esteja por lá. Gina também está aqui e fica falando do Zabini.

– HERMIONE! – disse ela estalando os dedos na frente do meu rosto como se tivesse me libertando de uma hipnose – Você está me escutando?

– Estou Gina, estou sim – menti, tentando fazer uma cara convincente.

– Não tá nada. Deve estar pensando no teu loiro – disse ela, sentando em minha frente – Mas me diz uma coisa... Você não notou que o Zabini não parava de me olhar hoje, na hora do café? – disse ela, ficando animada.

Hoje à tarde, eu e Gina colocamos o papo em dia. Falei tudo pra ela em relação ao Draco e com o acontecimento do corredor com o Ron. Ela diz pra mim esquecer de vez o irmão dela, que ele não presta mesmo, e que eu devo me jogar nos braços do Malfoy.

– Não reparei amiga – disse sorrindo e voltando a prestar atenção na nossa conversa – Mas me conta mais, o que ele ficava fazendo?

– Ah Mione, ele estava praticamente me engolindo com os olhos – confessou e nós caímos na gargalhada.

Nossos risos foram abafados por leves batidinhas no vidro da janela. Lá fora, uma coruja preta, de olhos arregalados e amarelos esperava eu abrir pra ela entrar. Foi o que fiz, levantei da cama e Gina foi atrás de mim. Abri e a deixei entrar. Ela trazia um pequeno pedaço de pergaminho preso em seu bico. Pousou na cabeceira da minha cama e esperou eu retirar o bilhete da sua boca. O abri e Gina estava ao meu lado. Era um pergaminho de Draco.

Granger, não nos vimos muito bem hoje,
E acho que devo admitir que estou com saudade.
Você vai descer daqui a pouco para jantar?
Se for, nos encontramos por lá.

D.M

Terminei de ler e Gina me olhava curiosa. Decidi não falar nada e dei o pergaminho pra que ela mesma lesse. Enquanto ela prestava atenção nas palavras de Draco, fui ao banheiro me trocar.

– Miooone, ele está com saudades – disse Gina com uma voz de apaixonada –
Posso te ajudar a fazer a maquiagem? Você disse que mais tarde eu podia brincar de boneca com você – disse ela com um olhar pidão

– Tá bom Gina, mas vê se não exagera hein – coloquei o dedo na cara dela, tentando parecer autoritária. Ela, então, me puxou pelo dedo estendido e foi me guiando pelo quarto até a penteadeira. Espalhou suas maquiagens pela mesa e eu fiquei chocada. Aonde ela guardava aquilo tudo? Era uma verdadeira coleção.

Passa isso, passa aquilo e eu já estava ficando cansada de ficar parada enquanto Gina colocava um montão de coisas na minha cara. Ela terminou e quando fui olhar no espelho, ela o tinha cobrido com um pano.

– Espere aí – ela me puxou de volta pra cadeira – Se vou te arrumar, vou fazer um serviço completo. Vamos arrumar esse cabelo.

Oh Merlin, por que eu concordei? Agora vou ficar mais meia hora esperando pra Gina terminar de arrumar meu cabelo.

Puxão de cabelo pra cá, puxão de cabelo pra lá e Gina ainda não tinha acabado. Eu já estava ficando com dor de tantos puxões.

– Gina, anda logo. Eu vou ficar careca desse jeito – disse um pouco impaciente.

– Acabei – falou ela, se dirigindo pra frente do espelho, pronta pra tirar o pano de cima dele – Pronta?

– Não sei, acho que sim – disse temerosa.

Será que eu estava bonita? Ou a Gina endoidou de vez e decidiu colocar uma sombra azul escuro nos olhos e um batom vermelho em minha boca? Eu não sabia se queria me olhar, até que Gina puxou o pano da frente do espelho e eu pude ver meu reflexo.

É, eu não sabia o que dizer.