POV Ron Weasley

Adivinhe qual será nossa detenção por “bater” no McLaggen? Limpar os vestiários. Isso quer dizer que teremos que dar uma de elfos domésticos e arrumar tudo. E o pior: Sem magia.

“Suas varinhas serão confiscadas antes de realizarem suas tarefas. Estejam em frente dos vestiários todos os dias ás 18h00min, durante uma semana.” – Falou Mcgonagall para nós três.

- Uma semana inteira? – Blaise parecia surpreso.

- Algum problema, senhor Zabini? – perguntou Mcgonagall mantendo o olhar do pergaminho em que escrevia, ignorando Blaise que se encontrava sentado da forma mais relaxada possível na cadeira de frente para a própria bruxa.

- Claro que tem problema – Blaise já ia discutir quando Draco deu uma cotovelada no braço dele.

- Cala a boca Blaise – disse dando um tapão na orelha dele.

- Certo, estamos entendidos. Alguma dúvida? – Mcgonagall ainda não nos olhava, apenas continuava a escrever naquele pedaço de pergaminho.

- Eu tenho uma – disse Blaise

- Sim, senhor Zabini. O que seria? – ela ainda nos ignorava

- Será que a senhora poderia olhar para mim enquanto fala comigo? – disse ele e eu e Draco abafamos risadas.

- Certo – disse Mcgonagall olhando para ele. Parecia farta de tudo aquilo – Qual a sua dúvida?

- Quanto à senhora calça? – perguntou Blaise na maior naturalidade e eu e Draco tivemos um ataque de risos. Eu chegava a me dobrar de rir enquanto Draco passou de branco-pálido para vermelho-tomate em fração de segundos.

- Que deselegante essa sua atitude senhor Zabini. Você acaba de aumentar sua detenção para duas semanas.

- Que ótimo – disse ele ficando indignado.

- Muito bem. Os senhores já podem se retirar. A detenção de vocês começa na segunda.

- Ainda bem. Podemos aproveitar esses últimos dias de liberdade e depois passamos o final de semana em Hogsmeade – sussurrei para os dois enquanto saíamos da sala de Mcgonagall.

- Certo que sim! Vamos fazer uma curtida na Casa dos Gritos – Blaise deu a ideia.

- Tá todo mundo convidado? – Draco tinha um sorriso maroto nos lábios.

- Mas é claro – sorri já imaginando o que viria depois. Acho que to andando demais com esses sonserinos. To até parecendo um. Dona Molly Weasley que não saiba de nada, se não eu vou acabar acordando no St. Mungus.

POV Harry Potter

Já se passou mais de uma semana e a Luna ainda não fala comigo. Eu fui um completo idiota com ela. Não acredito que fui capaz de fazer aquilo.

Agora eu a avistava de longe. Ela vinha das estufas com a Cho. Eu precisava falar com ela.

- Luna! – gritei indo na sua direção. Cheguei bem perto, mas ela continuou andando e eu me senti invisível. Era como se eu tivesse cobrido com a capa da invisibilidade e ela não me enxergasse.

- Luna? – tentei mais uma vez, mas ela nem olhou pra mim.

Ela estava magoada comigo. Isso era fato, mas nem me deixar explicar ela deixava. Eu me senti um lixo. Como eu sou estúpido.

Segui pro Salão Comunal da Grifinória. Tudo o que eu queria era me jogar no sofá e morrer ali mesmo. Passei pelo buraco do retrato e deixei que meu corpo afundasse naquele sofá vermelho e aconchegante. O salão estava praticamente vazio, a não ser por três quartanistas que estavam fazendo alguns deveres em uma mesa distante de mim.  Apenas fechei os olhos e desejei que um Avada Kedavra me atingisse.

- Harry? – Era a voz de Hermione. Ela desceu as escadas do dormitório e veio em minha direção. Sentou ao meu lado e ficou me olhando – O que aconteceu?

- Eu sou um monstro Hermione – disse a olhando – Sou um idiota de um testa-rachada que só sabe estragar tudo.

- Harry – disse ela passando seus braços pelo meu pescoço, me puxando para um abraço apertado. Afagou meus cabelos enquanto eu a prendia em meus braços. E então, eu chorei. Uma lágrima escapou de meus olhos e eu a limpei o mais rápido que eu pude.

- Você não precisa ser forte o tempo todo, Harry – disse Hermione quando nos separamos. Passou de leve sua mão em meu rosto e eu fechei meus olhos.

- Eu sempre precisei Hermione – falei baixinho enquanto um sorriso triste estava estampado em minha boca – Primeiro meus pais, depois o Sirius. É difícil ir perdendo quem você gosta sem ao menos poder fazer algo para impedir.

- Sei que deve ser difícil pra você, mas você não precisa passar por tudo isso sozinho. Eu to aqui Harry, e sempre vou estar. Pelo menos essa sabe-tudo mandona e rata de biblioteca serve para alguma coisa – disse ela sorrindo, arrancando um fraco sorriso meu.

- Você não é rata de biblioteca Mione. Talvez uma gata de biblioteca, aí tudo bem – falei rindo enquanto ela abria a boca surpresa e me dava um tapa na cara.

- Harry! – ela sorria – O que houve com você? Bateu a cabeça em algum lugar?

- Claro que não. Mas agora, falando sério. O que eu tenho que fazer Mione? Eu fui um idiota com a Luna.

- Você foi mesmo – ela disse sincera.

- Obrigado Hermione, isso ajudou muito – gargalhei.

- Acho que você tem que descobrir isso sozinho Harry. Luna é uma pessoa especial demais. Não é do tipo de que aceite presentes como desculpa. Faça algo simples. Ela vai te desculpar.

- Acho bom mesmo - disse deitando minha cabeça em seu colo enquanto ela mexia em meus cabelos – as coisas já estão complicadas o bastante para que isso dê errado também.

- O que vai dar errado? – disse Ron do outro lado do sofá, também deitando a cabeça no colo de Hermione.

- Espero que nada Ron – sorri.

- Sabem de uma coisa? Eu pareço mãe de vocês dois – disse Hermione fazendo cafuné em nossas cabeças.

- E quem sou eu pra reclamar? Enquanto eu ganhar cafuné de graça eu to no lucro – Ron falou e todos rimos.

Sentia falta disso. De nós três. Tudo tem mudado tanto que eu nem sei mais quem eu sou e o que tenho que fazer, mas de uma coisa eu sei, eu preciso dar um jeito de me desculpar com a Luna. O que eu faço?

POV Luna Lovegood

Foi difícil ignorar o Harry daquele jeito. Cho parece orgulhosa de mim, por ter me mostrado superior. Mas por que eu me sentia tão mal? Eu não gostava do Harry, ele era apenas um amigo. Apenas não, ele era o meu melhor amigo. Achei um absurdo ele fazer aquilo comigo na frente de todo mundo. Uma coisa era só nós dois. Outra era ele me agarrar no meio do almoço, com todos vendo.

Agora eu andava pelo pátio com a Cho. Conversávamos sobre o Simas, e do poder que ele tem pra explodir tudo que tem a sua frente.

- Mas como ele consegue? Por acaso nasceu dentro de um forno? – eu disse com aquele ar de curiosidade.

- Ninguém nasce dentro de fornos, Luna – Cho disse entre ataques de riso.

- Luna! – era o Harry. Ele estava um pouco longe, seguido por Ron e Hermione. O que eu faço, fico aqui e finjo que ele não existe ou saio correndo e me enterro no primeiro buraco que eu achar? Ele ia chegando cada vez mais perto de onde eu estava. Decidi me virar e ir embora – Luna Lovegood! Você vai me ouvir agora! – ele disse atraindo a atenção de todos para nós dois enquanto eu me virava novamente. Ele subiu em um banco que havia no meio do pátio e respirou fundo – Eu sei que eu fui um idiota Luna, eu nunca quis te magoar. Você não tem ideia do quanto eu estou me odiando por te fazer sofrer. Nem eu me aguento mais. Você sabe melhor do que ninguém do que é se sentir sozinho. Sentir que seus amigos estão te abandonando e que não dá pra fazer nada pra mudar. Eu já perdi muita gente Luna, por favor não me faça perder você também – Ele disse e pude escutar um “Own” de todos que estavam escutando a nossa volta – Por favor Luna, não me odeie.

E naquele momento eu já não estava mais dentro de mim. Aquele era o Harry que eu havia conhecido. Eu o olhava e percebia o quanto ele estava nervoso de ter dito tudo aquilo na frente de todo mundo.

- Harry Potter, você é um bobo – disse e ele me olhou confuso – Eu nunca vou ser capaz de te odiar.

E então, mais um Own veio de geral que nos assistia. Harry desceu do banco e vinha em minha direção. Me abraçou forte e me girou no ar.

- Harry, para com isso – disse com vergonha e tentando conter um sorriso – Tá todo mundo olhando.

- Pouco me importa os outros Luna. Pouco me importa o que estão achando de tudo isso. Eu só quero ter certeza de que tá tudo bem entre a gente, e que você não me acha mais um monstro por tudo o que fiz.

Eu sorri e ele me abraçou mais uma vez. Ron aplaudia e Hermione assoviava. Cho nos olhava tentando conter as lágrimas de emoção, enquanto Fred e Jorge tentavam separar as pessoas de nós.

- Circulando galera. O show acabou – Fred disse fazendo um sinal com as mãos para afastar todos para longe.

- Obrigado por escolher a companhia de teatro Weasley. Voltem sempre – Jorge fazia reverências para todos os lados.

- Vamos todos para Hogsmeade nesse fim de semana? – Ron perguntou passando seu braço em volta dos ombros de Hermione.

- Hey, eu tenho namorado – disse Hermione tentando fugir dos braços do ruivo.

- O Malfoy vai ter que te dividir comigo então – disse ele abraçando a Mione, a qual retribuiu o abraço.

- Malfoy? Mas que droga é essa? – Harry parecia confuso.

- É, eu não te contei né? – Hermione estava ficando cada vez mais corada.

- Não, você não contou – disse Harry de boca aberta – Que história é essa? Você e o Malfoy?

- Ih, vai dar problema – eu disse revirando os olhos.

- Claro, vamos pra Hogsmeade no final de semana – Hermione tentava fugir do assunto.

- Beleza – Ron tentou ajuda-la – Podemos passar a tarde lá e depois fazemos algo juntos à noite.

- Vocês pensam que eu sou idiota? – Harry perguntava rindo – Hermione, quero saber direitinho quais são as intenções dele antes de eu aprovar.

- Pode ter certeza, são as melhores – Hermione se soltou de Ron e abraçou Harry.

- Luna, me abraça. Não quero ficar sozinho – Ron me puxou e me abraçou forte. Mas que garoto maluco. Tudo o que eu fiz foi rir da atitude dele enquanto era quase esmagada com o abraço do próprio ruivo.

- Você está bem, Ron? – perguntei um pouco assustada.

- Finge que não. Só me abraça – ele disse e todos voltamos a rir.

E então eu retribui o seu abraço. Ron era um bom amigo. Talvez um pouquinho carente, mas era uma ótima pessoa. Eu não podia me sentir mais feliz. Tinha meus amigos de volta. Tem coisa melhor?

POV Gina Weasley

Depois de tudo o que aconteceu hoje à tarde, eu até me sentia melhor. Harry e Luna voltaram a ser amigos e aquilo me deixava aliviada. Eu não gostava do Harry com algo a mais, mas também não queria o ver sofrer.

Já é noite e está todo mundo dormindo, menos eu. De repente perdi o sono e não conseguia voltar a dormir. Decidi descer para o salão comunal e ler um pouco.

Levantei da cama, calcei minhas pantufas e desci a escada. Me sentei no sofá e comecei a ler. Não era um assunto muito interessante, mas era o que tinha pra fazer. A lareira estava acesa e deixava o salão mais confortável.

De repente, ouso um barulho de porta se fechando e passos. Descendo as escadas, avisto Neville ainda de olhos pequenos.

- Gina? – ele se assustou a me ver ali sentada, sozinha. E então, ele desajeitado com é, acabou por escorregar no degrau e cair escada abaixo.

- Neville! – me assustei ao vê-lo caído, todo torto e dando gemidos baixos de dor ao pé da escada – Você está bem? – perguntei me aproximando dele.

- Estou – disse tentando se levantar – Não, não estou – disse ele colocando a mão nas costas – Eu sou um desastrado!

- Calma – disse sorrindo – Eu vou te ajudar – estendi a mão para ele. Ele a segurou e eu o puxei.

- Ouch – disse ele meio curvado – Obrigado.

- Vem, senta aqui comigo – disse o levando até o sofá. Neville era uma boa companhia. Meu amiguinho noturno.

- O que faz acordada à uma hora dessas? – ele perguntou colocando uma almofada de baixo do braço.

- Perdi o sono – disse simplesmente – E você?

- Dino ronca muito alto – ele disse e eu ri.

E então começamos uma conversa muito animada. Lembramos de muitas coisas, inclusive quando ele me convidou pro baile do quarto ano.

- Eu me lembro – eu disse sorrindo – Você era o único que sabia dançar direito – disse rindo da cara que ele fazia.

- Sabia? Eu ainda sei – ele disse se levantando. Espreguiçou-se e estalou as costas. – Me concede esta dança, senhorita? – ele disse se curvando e estendendo a mão.

- Mas é claro, nobre cavalheiro – eu disse me pondo de pé, fazendo uma reverência com um longo vestido imaginário. Peguei a sua mão e começamos a dançar, mesmo sem música. Riamos tanto que eu fiquei até sem ar uma hora.

Depois de danças, giros, pulos e muitas gargalhadas, caímos acabados no sofá. Ele me olhava de um jeito divertido.

- Tenho que confessar, até que você dança bem – eu disse e ele riu.

- Mas é claro que danço. A senhorita que ficou pisando no meu pé, não é mesmo? – ele sorria.

- Eu não pisei no seu pé – disse indignada.

- Vamos fingir que não – ele fez uma cara engraçada e eu, por falta de opções, peguei uma almofada e taquei na cara dele.

- Hey – ele disse jogando a almofada em mim – Vai querer começar uma guerra é? – Ele já ia se preparando pra batalha.

- Não Neville, não – eu disse rindo e ele começou a jogar várias almofadas em mim – Você vai ver só – disse tentando revidar. Acertei duas na cara dele, uma na barriga e três nas costas.

Acabou que nós dois caímos no chão, exaustos. Ao nosso redor, várias almofadas jogadas, penas espalhadas, enfim, uma bagunça total.

- Preciso voltar para o dormitório. Você me deixou cansada o suficiente pra voltar a sentir sono – eu falei me levantando – Boa noite Neville.

- Boa noite Gina – ele disse se erguendo também. Então, eu fui até ele e dei um beijo na sua bochecha. Ele sorriu e começou a arrumar a bagunça que nós dois fizemos. Neville era um ótimo amigo. Me arrependo de não ter notado isso antes. Cheguei ao dormitório me arrastando de tão cansada. Deitei em minha cama e acabei adormecendo com um sorriso no rosto. Tudo estava bem.