Recomeço - Para Keiko Maxwell escrita por Amigo Secreto


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Um agradadecimento a Beta pelo esforço, trabalho árduo e pela correria.



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2 Semanas depois...

Silêncio.

Apenas o silêncio o rondava e preenchia o ambiente. O local estava repleto de caixas vazias empilhadas esperando apenas serem preenchidas. Olhou novamente o local onde havia passado os últimos 4 anos de sua vida.

Aquele apartamento fora testemunha de vários acontecimentos em sua vida. E agora estava prestes a abandoná-lo. Olhou para o sofá vermelho a sua frente e novamente pôde visualizar a silhueta de Duo deitado nele, sonolento. Mesmo sendo apenas fruto de sua memória, o ex namorado continuava lindo. Aos seus olhos ele sempre fora lindo. Quase podia enxergar o seu sorriso e os gestos contidos de suas mãos ao se espreguiçar. Olhava para a franja que lhe caía sobre o rosto. De repente a imagem no sofá se desfez, surgindo desta vez caminhando pelo apartamento como um fantasma. O semblante de seu rosto não pode deixar se alegrar diante da cena que estava lembrando.    Andando de um lado para o outro, Duo reclamava e reclamava, indignado, sobre como o pacote de seus salgadinhos preferidos estavam vindo mais vazio que o normal.

Observou a forma expansiva e gesticulada com que falava e a lembrança daqueles lábios suaves movendo-se era encantador. A risada alta dele ecoou pelas paredes, reverberando em seus ouvidos a alegria de outrora.

Riu da ridiculariedade da indignação do ex namorado e por suas lembranças trazerem justamente aquela cena em especial, dentre tantas e tantas outras.

Iria sentir saudades. Sabia disto. Mesmo que a decisão da separação tivesse sido em conjunto, não tinha como não sofrer pela ausência do outro. Já estava habituado com a presença de Duo habitando não somente sua casa, mas também a sua vida.

Todos vão embora um dia, não importa quem seja. No final sempre uma porta seria fechada por alguém. Sempre há uma pessoa para partir. Duo partira antes e agora  era ele, Heero, que estava partindo. E a única coisa que pretendia levar seria os bons momentos, os risos; até mesmo as brigas sem propósitos transformavam-se em boas lembranças e que agora traziam pequenos sorrisos ao seu rosto.

- Todos partem em um momento... – falou baixo para si próprio as palavras que rondavam sua mente.

Mas apesar de toda a energia agradável gerada pelas boas lembranças, no fundo seu coração sentia dor.

A dor da perda de toda uma vida. A ausência da presença constante do namorado, que passara a compartilhar todos os momentos de sua vida desde a primeira vez que se viram. Agora ele não estaria mais ali consigo. Não iria fazer parte deste seu novo momento, de sua nova vida.  Somente naquele momento que havia realmente parado para pensar naquilo, e o choque da nova realidade o fez se sentar no sofá vermelho, apoiando a cabeça  em suas mãos. Estaria sozinho.

E a escuridão da solidão vazia pesou sobre suas costas curvadas.

Pela primeira vez sentiu algo que pudesse supor que fosse medo. Medo de ter que começar de novo. Receio em ter que aprender a confiar em outras pessoas. Ele estava partindo, indo embora dali – e não era somente de Duo que estava se afastando. Estava voltando para o seu país de origem, o Japão; estaria se despedindo da cidade em que havia crescido, do seu mundo já construído e principalmente estaria abandonando seus únicos amigos. Abandono. Um lamento saiu em forma de murmúrio quase inaudível. Porque se sentia assim? Porque se sentia como se estivesse abandonando-os?

Quatre, Duo e Wufei sempre foram seus únicos amigos, eternos responsáveis por si mesmo. Sempre soubera disto, mas ter esta consciência nunca o impediu de se sentir o líder, de também se sentir, ainda que à sua maneira, responsável por todos.

Levantou a cabeça e mais uma vez olhou ao redor. E a certeza, mesmo que levemente incerta, o obrigou a se levantar. Tudo daria certo para eles. Precisava acreditar naquilo.

- Estas coisas não irão se arrumar sozinhas. – murmurou.

Determinando-se a começar a por ordem no caos de sua vida, começou a por cada grupos de coisas em suas determinadas caixas. Primeiro enrolando-as em suave papel de embrulho e depois lacrando-as uma a uma. A cada ação, a cada repetição daquele ato, a impressão de que estava fazendo o que era certo crescia. Iria sentir falta daquilo tudo, das suas coisas, do seu apartamento, dos móveis, das lembranças, dos amigos, de Duo, de sua vida. Mas havia chegado a hora de seguir em frente, de iniciar mais uma etapa. E começou a encarar toda aquela situação como uma nova fase de seu vídeo game preferido.

Havia feito sua escolha. Agora teria que arcar e responder por ela. E mesmo que pudesse voltar atrás desta, ele não queria. Apesar de ter a única certeza que momentos como aquele de solidão e melancolia ainda iriam atingi-lo algumas vezes, o futuro e o novo lhe pareciam tão mais excitantes.

De alguma forma estaria voltando para sua casa natal. Iria viver em Tókio, cidade onde deveria ter sido criado se sua mãe não o tivesse levado para viver em Nova York. Estaria assumindo um lugar de responsabilidade ao lado de seu pai no controle do estúdio de animação e o melhor de tudo: com a promessa de desenvolvimento do seu próprio projeto de animes. E aquilo era realmente empolgante. Mesmo já tido a oportunidade de mostrar o seu talento, sendo o filho de um famoso ilustrador, com apenas 21 anos ele não teria a oportunidade que estava tendo naquele momento. E não seria idiota em recusar. Nunca fora um tolo em toda a sua vida.

E quanto mais guardava coisas e lacrava caixas, mais seus pensamentos iam se diluindo, até que no final da noite sua mente estava vazia assim como apartamento.


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