Cuidado Com O Que Você Deseja 2 escrita por Katie Anderson


Capítulo 2
Capítulo 3




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Capítulo 3

  

   – Calma, deixa eu ver se eu entendi. Você o QUE??? – Disse Melanie completamente indignada, assim que eu contei da UKA pra ela.

   Eu deveria ter ido pra minha casa, mas eu tinha medo que Jeff escutasse nossa conversa, e bem, a casa de Melanie é bem mais legal do que a minha. Ela tem uma super jacuzzi que é muuuuuuuuuuito relaxante. E TUDO o que eu realmente precisava naquele momento era relaxar.

   – Eu fui aceita num internato de nerdzinhos no Reino Unido. – Disse, pela milésima vez.

   – Ah, mas isso é TÃO LEGAL! UK! – Ela hesitou um pouco. – Você vai?

   Essa maldita pergunta está me perturbando há dias.

   – Eu não sei. Sinceramente, eu não faço ideia. – Respondi.

   Momento de silêncio.

   – Olha, eu sei que é uma oportunidade incrível, muito improvável de acontecer novamente, mas... Outro país. Sair de Manhattan pra ir pra Londres...

   – Ok, você não me disse que era Londres! Carambaaa!

   – MELANIE!

   – Ok, ok! Vou escutar!

   – Que bom. Tipo, ir embora seria deixar você, Katie, Fred... – Will, acrescentei em pensamento. – Eu sei que minha mão piraria total se eu contasse pra ela, e...

   – Calma. Você não contou paras os seus pais? Pra quem você contou, então?

   – Hm, você e... – Quase. Por MUITO pouco eu não disse Jeff.

   Tecnicamente, eu nem contei pra Jeff. Ele achou a carta de admissão no meu quarto, enquanto mexia nas minhas coisas.

   – Will? – Perguntou Melanie.

   – É, ele. Pra você e para Will. Sabe, são as pessoas que têm mais influência sobre mim, aí eu pensei que poderiam me ajudar a tomar uma decisão.

   Nem tudo isso era mentira. Essa parte da influência era completamente verdade. Claro, Jeff também, mas, eu não podia falar dele pra ela. Eu vou falar, mas na hora certa, não agora. E isso só me fez eu lembrar que eu tenho que contar pra Will.

   – Você acha que eu devo aceitar? – Perguntei.

   – Eu não sei. Bem, isso é com você. O que você acha mais importante, sua educação ou estar com seus amigos? Porque, bem, se você não está disposta a deixar seus amigos, eu não acho que seja uma ótima ideia ir. E eu não estou dizendo isso só porque você é a minha companheira de skate, e se você fosse embora ia ser um completo tédio por aqui. – Ela sorriu.

   – Haha, engraçadinha.

   Conversamos por mais um tempo, e quando já estava anoitecendo eu achei eu já estava na hora de ir pra casa. Deixei Nick me levar pra casa no carro dele, ele fez 16 anos agora, e está aproveitando cada oportunidade pra dirigir. É, pelo menos ele dirige melhor do que Will.

– Então? Como foi seu dia hoje? – Perguntou Jeff, sarcasticamente.

   – Olha, até que foi bom, sabe. Aprendi a domar a criança. – Disse.

   – Seu telefone tocou um milhão de vezes. – Disse, com naturalidade. Mas não tão natural assim. Como se fosse uma coisa excepcionalmente estranha, meu telefone tocar. – E seu toque é bem irritante. Eu mudei, ok?

   – Você mexeu no meu telefone? – Comecei a avançar na direção dele.

   – Ah, e Will está louco querendo falar com você.

   – Você ATENDEU meu telefone? – Jeff era um gênio morto.

   – Ah, minha filha, a culpa não é minha, você que deixou seu celular em casa. – Olha, se você nunca lutou com um ser sobrenatural e imortal, tudo o que eu tenho a dizer é: sorte sua. Jeff estava vivo há centenas de anos. Sabia muito mais de luta do que eu. Há, mas eu era boa, adoraaava praticar kick-boxing com Luke. Eu sempre ganhava mesmo.

   Jeff era incrivelmente rápido. Agia como se soubesse cada movimento que eu pensava em fazer, talvez fosse por causa do negócio de ler mentes dele. Mas não deu pra continuar, porque eu comecei ouvir aquela música Not Afraid, de Eminem. Sério. Foi esse o toque que Jeff escolheu? Hm, até que aquela música era legal. É, Eminem é demais. Só não ganha de Usher.

   – Uhu, seu namoradinho está ligando. Você não vai atender? – Jeff é muito irritante. Ele tem sorte que eu sou uma pessoa muito bondosa, se não daria uma de Chad e travaria a tela do palmtop e o deixaria implorando e pedindo um zilhão de desculpas. Não que eu já tenha feito isso. J

   – Você é impossível. – Atendi ao telefone, mais nervosa do que nunca. Calma Cath, era só Will. Você já falou com ele muitas vezes. – Oi, Will?

   – Oi Cath! Hm, por onde você andou o dia intero?

   – No trabalho. O que foi? – Estranho.

   – É, você vai estar ocupada na sexta à tarde?

   – Will, se você quer me chamar pra sair, chame. Sem rodeios, por favor. – Awn, eu estava sendo tão chata com ele!

   – Ok. Às três? – Perguntou.

   – Claro. – Conversamos mais um pouco e enfim desliguei.

   Will não é assim. Ele tá tão... Danny. Meio inseguro. Sem ofensas, Melanie. Acho que talvez seja... É, eu não tenho a menor ideia do que possa ser. Mas, como sempre, Jeff interrompeu meus pensamentos.

   – E então? – Perguntou.

   – Minha vida pessoal não é da sua conta. Então, faça-me um favor e pare de se meter no que não é seu.

   – Nervosinha. Odeio quando você volta estressada do trabalho, sempre desconta em mim, isso é muito... – Ele não pode terminar a frase, pois, de repente, um travesseiro voador foi direto com toda na cara dele.

   Eu adoro provocar Jeff. É perigosamente divertido.

   Tivemos uma guerra de travesseiro, até minha mãe começar a reclamar do barulho e ameaçar ir até meu quarto. Aí eu achei que já estava na hora de parar.

Tem de ter algo de errado com Will. Ele nunca foi tão assim. Dependente. Bem, o que quer que seja, é melhor que pare logo, pois já está começando a me irritar.

   Como eu havia dito, fui ao encontro na sexta-feira.

   Pra ser sincera, não foi nada que eu já tenha ido antes. Will é meio esquisito. Mas eu digo isso de um jeito extremamente bom. Ele só escolhe uns lugares diferentes para encontros. Encontros que eu só havia visto em filme ou livros.

   Tipo, o de hoje foi no Central Park, novamente. Na verdade, eu devia estar trabalhando, mas Becky me devia um favor, por eu ter praticamente salvo a vida dela, então achei que seria uma hora perfeita pra cobrar.

   Voltando ao Central Park. Will me levou lá novamente (mas hoje sem a venda) e paramos para fazer um piquenique. Um piquenique! Não me lembro da última vez que eu fiz um! Deve ter sido com meus pais e Annie. Ou seja, há MUITO tempo atrás. Nossa, Will faz coisas que eu jamais pensaria em fazer novamente, se não fosse por ele.

   Hey, mas isso é Nova York, né? Onde tudo é possível. Bem, tudo é possível se você tiver um gênio morando no seu quarto, coisa que não acontece com todo mundo.

   Mas, sim, fomos até lá e tivemos um piquenique. Um piquenique maravilhoso, devo acrescentar. A gente se sentou numa toalha xadrez, exatamente como nos filmes de romances (não que eu assista a muitos, gosto mais dos de ação), e ele levou uma cesta! Uma cesta! Meu namorado podia ser mais romântico?

   Tivemos uma longa conversa enquanto comíamos. Sabe, como amigos. Sobre coisas que não falávamos há muito tempo. Tipo, como o professor de história do primeiro ano é insuportável, ou como a professora que química avançada tem umas manias estranhas, odeio pessoas metódicas.

   Claro que a gente agia como namorados em alguns momentos, fazendo umas coisas que eu prefiro não falar, para não acabar com o clima da narração.

   Mas, sim, pegamos nossas coisas e voltamos para o carro. Ainda tinha sol, então Will nos levou para um lugar que eu não sei onde fica.

   Eu sei. Isso explica muito, né?

   Mas era simplesmente perfeito. Pense no lugar ao ar livre mais lindo que você já viu. Eu garanto que esse é mais. A grama era bem verde, a água do lago na nossa frente era incrivelmente azul, os pássaros cantavam, as flores eram fascinantemente coloridas.

   – Will, onde estamos? – Perguntei.

   – Na casa onde eu costumava passar os verões com minha família. Fica a apenas alguns quilômetros de Manhattan. Mas, bem, você conhece minha irmã, ela não aguenta mais de dez segundos longe do telefone, e o propósito desse lugar era nos afastarmos das coisas matérias por um tempo. Sabe, curtir a natureza, fazer coisas assim. – Disse ele.

   – Ah. Bem, isso é... Interessante. Então, o que vamos fazer? – Perguntei.

   – Bem, está meio óbvio, né? – Respondeu ele. – Coloque seu colete salva-vidas, vamos dar uma volta nesse barco.

Se Will não tivesse dito nada sobre o barco, eu nem o teria notado.

   Eu comecei a ficar meio nervosa. Acontece que eu não gosto muito de barcos. Meu problema não é com água, eu nado super bem. Mas barcos costumam me dar arrepios. Não sei porque, acho que eu sou esquisita desse jeito.

   Mas eu não ia perder a oportunidade de uma tarde perfeita com Will por causa do meu medo insano de barcos.

   Eu devia ter pedido. Pois o que aconteceu não foi nem um pouco perfeito.

   Começou maravilhoso. Eu disse a ele que estava meio nervosa, e ele me abraçou e prometeu que tomaria cuidado. Então começamos a remar e nos aproximar mais do fundo. Tivemos outra conversa, sobre coisas completamente estranhas como onicotrofia (que, por sinal, significa nutrição e crescimento das unhas. Eu jurava que era o estudo dos ornitorrincos). Assunto não faltava. Mas, então, eu achei que já estava na hora e disse:

   – Will, eu quero te dizer uma coisa. – Então contei a ele sobre a UKA.

   Ele apenas ficou calado, assentindo enquanto eu falava. Por fim, ele disse:

   – Bem, eu sabia que você era inteligente, mas não tanto assim. UKA? Uau. – Mas tinha algo errado em seu tom de voz. Preocupação, talvez?

   – É, uau. E então, o que você acha? – Perguntei.

   Sério, se ele disser que “a escolha é minha” eu vou matá-lo ali mesmo. Já estava cansada disso. Caramba, será que ninguém percebe que, se eu estou contando algo que eu tenho que decidir, é por que eu quero uma opinião? Se eu conseguisse escolher sozinha, eu não falava nada!

   – Bem, eu não sei o que dizer. É uma coisa eu você precisa ver sozinha, eu não posso decidir por você. – Disse ele, com cautela. Acho que estava tomando cuidado pra escolher as palavras certas, para eu não me revoltar com ele.

   – Will, se eu soubesse o que fazer, não teria contado pra você.

   – Pra quem mais você contou?

   – Pra Melanie e Jeff.

   – Ah, sim, claro! Seu precioso Jeff! – Foi irônico.

   Hã?? Como assim?

   – O que você quer dizer com isso? – Perguntei, desconfiada.

   – Quero dizer que ele sempre vem antes. Não acredito que você contou isso pra ele! Ele é um gênio, não tem como te ajudar nisso!

   – Pera. O que, exatamente, você está insinuando?

   – Eu não estou insinuando NADA! – Disse ele.

   – O que você acha que eu não faço por você, Will? Eu devia estar no trabalho. Mas estou aqui com você.

   – Olha, se não queria vir, bastava ter dito.

   – E ver você ficar todo emotivo? Não, obrigada.

   – Agora, o que VOCÊ está insinuando, Catherine Stewart? – Perguntou. Quando ele pronuncia meu nome assim, ele está com raiva.

   – Estou dizendo, William Henderson, que você tem andado muito chato esses últimos dias. E olha que eu que sou a garota nesse relacionamento!

   – Então talvez seja ótimo que você aceite essa proposta e vá morar em Londres!

   – Hm, eu te contei porque você tem certa influência sobre minhas decisões!

   – Beleza! E o seu querido Jeff? Ele também tem certa influência?

   – Cala boca, Will! Por favor, não vamos entrar no assunto Jeff novamente!

   Will teve um desentendimento com Jeff há uns dias atrás, agora eles dois meio que se odeiam. Mas acho que Will odeia mais Jeff do que Jeff odeia Will. Jeff, porém, toma o cuidado de não demonstrar esse sentimento quando eu estou por perto. Coisa que Will certamente não faz.

   – Não me mande calar a boca, Catherine St...

   Mas ele não conseguiu terminar a frase. Pois, nesse exato momento, o barco virou.



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