Cuidado Com O Que Você Deseja escrita por Katie Anderson


Capítulo 11
Capítulo 11




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Capítulo 11

   Fiquei um tempo sozinha no quarto, pensando na roubada em que eu tinha me metido. Deixei Jeff bem trancado na bolsa, pra ele na ter como escapar. Mas ele sempre consegue um jeito de escapar.

   – E aí, garota? Soube que você vai fazer uma festa de imoralidades. Eu pensei que você era mais comportada!

   – Meu Deus! Será que tem alguém que não saiba que eu vou fazer uma festa na piscina?

   – Agora que você falou, até o povo do Japão deve ter ouvido. Não que eles se importem com isso. Só se preocupam com o arroz deles.

   – Jeff! E eu não vou fazer uma festa de imoralidades! De verdade, como você ficou sabendo?

   Se ele disser tenho os meus contatos, eu irei definitivamente matar Ann!

   – Eu estava na sua bolsa quando você falou com Katie. E não teve alguém que não escutou a sua conversa com sua irmã.

   – Foi tão alto assim?

   – Foi. Não se preocupe, acho que o seu pai ainda não sabe. Quando ele volta de viagem mesmo?

   – Nesse s-sábado. – Me ouvi dizendo. Não. Isso não podia estar acontecendo. Como eu iria dar uma festa na piscina com meu pai em casa? Eu tinha que encontrar uma maneira de manter ele ocupado durante a manhã.

   – Bem, você vai ter que tirá-lo da casa. Será que ele gosta de futebol? – Perguntou, esperançoso.

   – Você não vai sair com ele! Eu preciso de você aqui!

   – E por que eu ficaria?

   – Bem, vai ter garotas na festa.

   – Sim, crianças. Da sua idade. O que você acha que eu sou? Um pedófilo?

   De repente, uma curiosidade surgiu na minha cabeça.

   – Jeff, quantos anos você tem?

   – Haha. Como se isso fosse da sua conta.

   – Sério. Agora fiquei curiosa.

   Ele hesitou um pouco, então disse:

   – Tem certeza de que é capaz de suportar a verdade? – O tom de voz dele era meio intimidador.

   – Sim.

   – Acredite, eu tenho mais do que você pensa.

   – Você nem sabe em quanto estou pensando. – Ou será que ele sabia?

   – Não é difícil de adivinhar. Vejamos, algumas centenas ou talvez milênios? Bem mais do que isso.

   Eu percebi que ele estava tentando me assustar, mas isso apenas aumentava a minha curiosidade.

   – Vai, conta! – Tentei não parecer muito empolgada.

   – Já ouviu falar que a curiosidade matou o gato?

   – Já, e não fuja do assunto. Agora diga; quantos anos você tem?

   – Ok, você venceu. Na verdade, eu tenho...

   Mas antes que ele pudesse terminar a frase, ouvi a porta do meu quarto ser aberta.

   – Cath? – Chamou a minha mãe.

   – Sim? – Respondi. – O que foi?

   – Tem um amigo seu que quer falar com você. Mando ele subir?

   O tal "amigo" não era bem quem eu esperava. Eu estava esperando alguém como... sei lá, Danny, Fred. Pessoas que sabem onde eu moro. Minha situação ficou ainda pior quando eu vi Will passando pela porta e entrando no meu quarto.

   – Olá, Catherine. Acho que precisamos terminar a nossa conversa.

   – Jeff, agora preciso que você saia. – Minha intenção com certeza não era falar tão alto.

   – Meu nome é Will, não Jeff. Aliás, quem é Jeff? – Perguntou Will, confuso.

   Agora lascou. Will simplesmente não pode saber sobre Jeff. Ele vai achar que eu sou louca. Se bem que, acho que ele já acha.

   – Calma, vamos primeiro falar sobre outras coisas. – Por favor, por favor, por favor, por favor, não mencione Jeff novamente e nem note o palmtop em cima da minha cama. – Como por exemplo, como você sabe onde eu moro?

   Ele foi e se sentou na minha cama.

   – Naquela noite, lembra? Que eu meio que esbarrei em você e...

   – Meio que esbarrou? Você me derrubou!

   – Ok, desculpe. Mas prestei atenção onde você estava, e tenho boa memória. Então, como você conseguiu entrar em casa naquela noite?

   Não pude deixar de notar que ele era bonito mesmo. Principalmente na minha cama, deitado daquele jeito. Sua pele bronzeada, aqueles lindos olhos verdes intimidadores, aquele cabelo preto como a noite, mas bagunçado de um jeito bem sexy, e quando ele falava, sua voz fazia reverberar na minha coluna. Ele parecia um Ian Somerhalder mais novo. Bem mais novo. Ou talvez um Robbie Amell. Tanto faz.

   – Bem, aquele tipo de coisa que todo mundo faz. Fui até a casa da minha vizinha e escalei uma árvore. Então, por que você estava correndo naquela hora?

   – Escalou uma árvore? Você é louca! Que tipo de pessoas escalam árvores às três da madrugada?

   – Tipo de pessoas como eu. Você não respondeu a minha pergunta.

   – Ah, sim. Pensei que você soubesse, depois de você ter me visto no campo aquele dia. O técnico exige muito. Até corridas no meio da madrugada.

   – Ah, que sorte eu tenho de ser uma pessoa do tipo que não curte esportes.

   – Não é por isso. Adoro o que faço. Só acho que o técnico poderia pegar mais leve com a gente. Mas não vim até aqui para falar de futebol.

   Não gosto quando os garotos pensam em motivos para determinadas ocasiões. Nunca vi sair coisa boa dos pensamentos masculinos.

   – O motivo da sua vinda seria... – Comecei a dizer, mas ele me interrompeu.

   – O mesmo que eu tentei te dizer na sala de música. Tem alguma coisa diferente em você. Quem é Jeff?

   – Diferente, como? – Tentei desviar o assunto.

   – Diferente das outras garotas, quero dizer. Você é a única que não suspira quando me vê.

   – Talvez seja pela sua modéstia. – Observei, seca.

   – Ai, droga, não foi isso o que eu quis dizer. Olha, me desculpa, eu não sou bom com as palavras.

   – Tudo bem, estou acostumada com esse tipo de coisa. Sabe, pessoas que não são boas com as palavras. – Tentei mostrar um sorriso. Ele fez o mesmo. Ele tinha um sorriso lindo.

   – De verdade Cath, quem é Jeff? Ele deve ter alguma coisa a ver com o assunto.

   – Will, eu não posso te contar. Se eu fizesse isso, você vai achar que eu sou louca.

   – Você não tem nada a perder, então. Eu já acho isso. – Ele riu.

   – Não, tipo, louca de verdade. Que merece ser internada num hospício. – Disse, séria.

   – Cath, não pode ser tão ruim assim.

   – Olha, eu vou... tentar te contar, mas é bom que você escute e só manifeste as suas opiniões no fim.

   – Sim. Agora, conte, você está me deixando ainda mais curioso.

   Suspirei. Mas não pelo motivo que Will disse que eu suspiraria. Porque eu não queria contar pra ele. Mas ele não me deixou outra escolha a não ser contar.

   – Will – Comecei devagar. – Você já estudou história antiga, certo?

   – Sim, no ano passado. Mas com o que isso tem a ver?

   – Então sabe que há muito tempo atrás, as pessoas usavam as suas crenças para determinar certos fatores que ocorriam naquela época. Por exemplo, os gregos usavam a teoria dos diversos deuses gregos para explicar alguns fenômenos da natureza. E que cada povo tinha uma teoria diferente. Mas a maioria delas tinha uma coisa em comum. A magia.

   – Magia? Mas...

   – Aguarde, estou chegando lá. – Nossa, eu seria uma ótima professora. Acho que, a partir de agora, vou cobrar pelas minhas aulas. Brincadeira.

   – Mas é difícil com você...

   – Will, você disse que esperaria até o final.

   – Sim, mas como você ainda está no primeiro ano? Se, na sua idade, eu soubesse metade do que você sabe, eu seria um gênio.

   – É exatamente nesse ponto que eu queria chegar. Gênios.

   Peguei o palmtop da cama. Ainda estava em dúvida, mas uma parte de mim sabia que eu podia confiar em Will.

   – Isso não é exatamente o que você pensa.

   – Isso não é um palmtop? Então é o quê? – Perguntou confuso.

   – Isso é um palmtop. Só não do jeito que você está pensando. Ele faz mais do que qualquer palmtop que você já tenha visto. Ele... Bem, é melhor eu te mostrar.

   – Mostrar o quê?

   – Isso. – Olhei rapidamente, e vi Jeff acenando com cabeça. Como se estivesse dizendo: vá em frente. Ele parece estar preparado.

   Então mostrei a ele.

   E ele gritou.

   E isso me assustou.

   Aí ele ficou todo tipo: ai droga, não devia ter gritado.

   – Ah, meu Deus, eu não queria fazer isso, foi mal, foi o susto de uma imagem falando comigo e...

   – Não se preocupe. Você não é o único que se assusta com isso. Olha, é meio estranho, mas você não deve contar pra ninguém.

   – Fala sério, Cath. Quem iria acreditar em mim?

   – Foi isso que eu disse pra ela. E repeti, e depois disse de novo, e repeti de novo... – Disse Jeff, assumindo sua forma humana e falando pela primeira vez.

   – Aaaah! – Gritamos, eu e Will ao mesmo tempo. Aquele cara sabe mesmo como assustar as pessoas.

   – Ok, eu já pedi, mais de uma vez, que você não me assustasse desse jeito!

   – Ah, você é Will, não é? Prazer em finalmente te conhecer. – Disse Jeff.

   – Com ele você é super simpático, agora, comigo, você foi um total idiota! – Não era o melhor momento para dizer isso, mas acho que deixei escapar.

   – Você é diferente, Catherine. Qual é mesmo o nome do outro? Chad?

   – JEFF!

   – Calma, eu não estou entendendo nada. Esse é Jeff? – Will estava realmente confuso.

   – É, e agora ele vai sair, não é mesmo, Jeff querido?

   – Bem, ah, sim. Vou deixar vocês conversarem.

   Então a fumaça voltou e Jeff foi para dentro do palmtop.

   Não tenho certeza do porquê, mas não me sentia à vontade para conversar sobre isso no meu quarto, então levei Will até o jardim, onde tinha umas cadeiras e ficava bem longe da janela do meu quarto, fora do alcance dos ouvidos de Jeff.

   – Então, antes de eu... falar sobre aquilo, você queria me dizer alguma coisa.

   – Olha, Cath, agora é bem mais difícil, né? Tipo, você pode desejar e...

   – Nunca fiz nada do tipo com você, se é o que está insinuando. Tenho direito a cinco pedidos, e não estou gastando eles sem pensar.

   – Quantos já foram? – Havia incerteza em sua voz.

   – Dois. Meu Deus, Will! Esse não é você! Não se preocupe, nunca faria nada assim com você! E isso começou depois de nos conhecermos, devo acrescentar.

   – Depois? – Ele parecia meio... aliviado.

   – Sim, depois. – Não acrescentei que foi na mesma noite, não queria deixá-lo mais assustado. Então, decidi mudar de assunto. – Então, o que você queria me dizer mais cedo?

   – Bem, eu queria dizer que foi muito legal você ter me convidado pra sua festa. Mesmo depois de eu ter dito aquilo sobre Fred. E que... – Ele hesitou. Esperei, pensando que ele iria continuar. Mas ele não continou.

   – Will, está tudo bem?

   – Sim, quer dizer, não. Eu não consigo mais. Eu sei que... – Ele murmurou alguma coisa. – Mas eu não aguento mais.

   – O que foi? Ainda não entendi. – Eu estava me sentindo uma perfeita idiota. Não! Eu era uma perfeita idiota.

   Então ele se inclinou sobre mim e me beijou.



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