Wish You Were Here escrita por Jules


Capítulo 22
Wait And Bleed


Notas iniciais do capítulo

Esse demorou mais saiu! Desculpe pela demora,leitores!Mas estou fazendo o meu possível para postar a tempo nas férias! Bem, eu sei que grande parte de vocês estão viajando e muitas vezes não tem acesso aos computadores, mas consta aqui que tenho 43 leitores, sendo que não vejo reviews sequer da metade de vocês!
Então vamos postar! OK? xD
Espero que gostem desse capítulo, tentei deixá-lo bem emocionante ;)
Beijoooooooos



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–Mandy... Precisamos conversar.

Foi a primeira coisa que ouvi, assim que pisei dentro de casa. Meus olhos se viraram para o lado, prontos para encontrar a imagem do ator, que naquele momento tinha uma expressão magoada e arrependida no rosto. Mordi o lábio olhando para ele e assenti, enquanto caminhava para a mesa de bilhar, me sentando sobre ela.

–Estou ouvindo.

Falei. Sim, eu estava cansada de brigar, estava cansada de desperdiçar minha energia em conflitos, eu queria parar de fugir, se tinha uma hora para botar as cartas na mesa, era aquela. Logan mudou de posição um pouco surpreso, provavelmente pensando que teria de lutar um pouco mais para eu finalmente aceitar ouvi-lo, mas pareceu satisfeito com o que aconteceu. O ator olhou para os dedos entrelaçados, como uma criança e em seguida para mim, respirando fundo, como se estivesse escolhendo cada uma das palavras e que apenas uma, tivesse a força de fazer tudo piorar... Ele parecia amedrontado.

Abriu a boca algumas vezes, mas nada saiu, talvez não soubesse por onde começar, mas logo em seguida pude ouvir:

–Olha, Mandy, eu quero deixar claro, que eu sei que fui um completo idiota. Eu... Eu não confiei em você, quando eu deveria... Eu fiz tanta burrada, que eu tenho certeza que vai ser difícil me perdoar, mas eu espero que você me perdoe... Porque caso contrario eu juro que isso vai me derrubar. –Falou enquanto me olhava de forma quase... Piedosa. Assenti lentamente sem expressão alguma no rosto, Logan suspirou. –Tudo bem, vamos começar... Eu... Eu sinto muito por não ter acreditado que ia sair com Zoe hoje... Eu... Fiquei com medo de você ter ido se encontrar com ele. Mas... Só porque eu te amo! Sério... Se você parar pra pensar, tudo o que eu faço reflete nisso... No medo de te perder. Eu... Eu tive medo mais cedo de você me deixar... De... De me abandonar como Holly fez... Só que esse é o problema, você não é a Holly. Você nem de longe é como ela. Mandy, você não se compara, é a melhor pessoa que já conheci em toda a minha vida e a que me faz feliz, a que eu amo... Pode soar clichê, mas eu juro que estou sendo sincero em todas as palavras. A gente briga, sim, mas eu posso te jurar uma coisa. Não serei mais burro. Não lhe compararei com alguém que não merece, Holly... Holly é uma vagabunda mentirosa, você... Não é como ela, eu não deveria ter feito o que fiz. Eu sei que ficou chocada com o que viu no meu quarto... Aliás, eu devolvi tudo... Pode olhar se quiser! Hoje mesmo fui até Holly e a entreguei... Coisa que na verdade eu deveria ter feito há muito tempo, mas como disse... Sou burro. Me desculpe. Me desculpe por ter sido tão babaca e estar prestes a perder a melhor coisa que me aconteceu. Eu quero estar com você... Mandy, eu preciso de você... Por favor...

Tudo o que eu consegui fazer por um momento, foi abrir a boca em uma verdadeira cara de planta e ficar completamente atônita com cada palavra que pulou para fora da boca de Logan. Fiquei um tempo ali, piscando completamente surpresa pelo que havia ouvido... EU com certeza nunca havia o visto daquela forma antes... Completamente vulnerável e provavelmente sincero. Logan não parecia um ator que mexia com falas e atuações... Ele parecia uma criança assustada, amedrontada, tropeçando nas próprias palavras... Coisa que me levou a conclusão de que ele estava dizendo a verdade. Me emocionei. Pronto, falei. Eu achei o comportamento completamente fofo e inesperado, nunca pensei que fosse ver um cara como ele se humilhar para alguém daquela forma. Porém... Eu merecia? Senti um nó em meu estômago e de repente todas as coisas que havia dito à repórter se repetindo em minha mente vezes consecutivas. Senti um arrepio irritante, oh céus! Meus olhos começaram a arder, eu... Eu tinha que contar para ele... Afinal... Ele me amava, ele ia me perdoar. Isso.

Com um só impulso me joguei em seus braços e o apertei forte contra o meu corpo com toda a minha vontade. Logan soltou um suspiro completamente aliviado, me apertando com tanta intensidade que pensei que nunca mais conseguiria sair dali. Senti meus olhos lacrimejarem. Que tipo de pessoa horrível eu era? Só agora havia percebido a gravidade do que havia feito. Oh céus! Eu havia acabado com a vida de Logan. Em todos os sentidos. Profissional e pessoal! Eu não merecia aquilo tudo! Solucei.

–Como sabe que sou tão boa assim?

Perguntei em um tom angustiado, Logan um pouco surpreso com minha reação, afastou seu peito de onde meu rosto estava encostado, sem me tirar dos seus braços, e logo seus olhos se arregalaram em surpresa ao ver que eu estava chorando. Com um pingo de desespero e afobação, o garoto tirou meu cabelo que grudava no rosto devido as lagrimas, o colocando atrás da minha orelha, e enxugou meu rosto com os dedos gelados. Suspirei.

–Anjo! Não chore!

Pediu ele um pouco confuso. Balancei a cabeça negativamente. Aquela era a hora! Ele tinha que entender. Balancei a cabeça negativamente e fechei os olhos fazendo mais lágrimas caírem, respirei fundo tentando pensar em palavras para sair da minha boca. Mordi o lábio.

–Eu... Eu fiz algo muito ruim.

Falei. Logan franziu a testa agora um pouco preocupado, mas ainda me abraçando como antes, como se de alguma forma quisesse me ajudar... Droga! Péssima hora para ser fofo, não?

–O que aconteceu, Mandy?

Perguntou Logan mais uma vez. Suspirei.

–Eu... Logo após a nossa briga... Quando estava com raiva de você... –Solucei. –Eu encontrei uma repórter. –Solucei mais uma vez. –E... Disse... Coisas, para ela.

Logan agora me olhava sério e completamente descrente. Seus olhos me perfuravam em um tom nervoso e com um pingo de decepção, funguei, ele estava decepcionado comigo? Já esperava! Solucei mais uma vez tentando conseguir força para me explicar.

–Tipo o que, Mandy?

Perguntou em um tom seco, funguei.

–Eu... Disse coisas sobre você e Holly... E sobre ter a traído... Eu... –Soluço. –Falei que ela te traiu e que você não havia superado... Contei que estávamos juntos... E que você estava me usando... Falei algo sobre um aborto também... –Soluço. –Logan eu sinto tanto...

Ok, dessa vez a coisa ficou feia. O ator me soltou, olhando-me completamente descrente e em um tom de repugnância, como se eu tivesse a doença mais contagiosa desse mundo. Com os olhos surpresos, levou lentamente as mãos a cabeça e olhou para o teto ainda completamente atônito, cobrindo o seu rosto, que pelas orelhas, podia ver que estava ficando completamente vermelho. Estremeci. Logan não fez nada por um momento, apenas ficou parado, trêmulo, com os olhos fechados e s mãos cobrindo os lábios, senti a surpresa tomar conta de mim, logo em seguida o medo. Funguei.

–L... Logan?

Gaguejei. Rapidamente os olhos do ator pararam em mim e por cerca de dois segundos, me fuzilaram com tamanha raiva que nunca havia visto antes e antes que eu pudesse sequer reagir, caminhou rapidamente até onde eu estava, me prendendo com força contra a mesa de bilhar.

–Como pode ter feito isso comigo?! EU... Eu não... Ah droga! –Gritou enquanto me olhava de forma possuída, como se pensasse qual tortura seria boa o bastante para usar comigo... Parecia não ter achado uma por hora. –Eu não acredito! Eu falo tudo isso o que acabei de dizer para você e você me faz uma coisa dessas?! MANDY VOCÊ ENLOUQUECEU?!

Estremeci enquanto ele se afastava de mim andando de um lado para o outro, se possível, comecei a chorar mais. Eu não esperava aquela reação, não mesmo. Os passos de Logan eram pesados, ele tinha os dentes trincados, o punho cerrado e eu podia ver uma veia ressaltada em seu pescoço.

–Me... Me desculpe!

Solucei completamente desolada. O garoto balançou a cabeça negativamente e apontou para mim como se fosse a pior coisa no mundo... E eu sabia que era.

–VOCÊ ME TRAIU! COMO PÔDE?! EU CONFIEI EM VOCÊ!

Fechei os olhos ouvindo suas palavras me atingirem como socos e me perfurarem como facas. Sentia meu coração batendo tão pesado e minha respiração tão alta, que tinha medo de cuspir os pulmões. Olhei para ele com dificuldade, devido aos litros que saíam dos meus olhos.

–Logan...

Falei quase como um sussurro, mas meus olhos se arregalaram quando vi um vaso voando em direção a parede e logo em seguida um barulho terrível de vidro se quebrando, Logan tinha a respiração alta e parecia fora de si. Literalmente.

–Eu disse que você não era como Holly, Mandy. –Falou enquanto olhava-me nos olhos de forma fria e furiosa. Arfei. –Eu disse que você não era igual a ela... Que você era melhor... Mas me enganei, vocês não são iguais, mesmo. Mandy, VOCÊ É MUITO PIOR!

Meu Deus. Quanta agua poderia sair de um ser humano? Pois eu estava começando a secar, eu não conseguia impedir os soluços violentos, muito menos a vontade enorme de me matar. Eu sabia que Logan estava certo, mas doía muito ouvi-lo falando daquela forma. Eu não podia perde-lo! Senti o desespero tomando conta de mim e imaginei Logan correndo até Holly. Meus olhos se arregalaram, eu não poderia deixar aquilo acontecer! Com todas as minhas forças, corri até Logan, tocando o seu braço tentando pará-lo, meus olhos estavam inchados, eu sentia que o mundo estava caindo.

–Lo! Por favor! Não diga isso! Eu te amo!

Exclamei, Logan humedeceu os lábios com sua língua e me olhou descrente... E foi quando aconteceu: Uma lágrima. Sim, eu tenho certeza. Uma lágrima caiu dos olhos do ator, escorrendo por sua bochecha, que simplesmente com sua imagem, conseguiu partir meu ser em milhões de pedaços. Senti meu coração falhar algumas batidas e balançando a cabeça em indignação, Logan me empurrou, com tanta força que me fez tropeçar em meus próprios pés e cair contra a parede. Arregalei os olho sentindo meu corpo arder.

–VOCÊ NÃO ME ENGANA MAIS! CHEGA DE MENTIRAS!

Falou ele, agora tão alto que soava ainda mais dramático com as outras lagrimas que estavam descendo por seu rosto. Ele havia acabado de me agredir? Agora eu sentia o medo me atingir... Assim como a culpa... Eu estava o fazendo chorar! Que pessoa horrível eu era! Me encolhi contra a parede com medo de ser agredida mais uma vez e comecei a soluçar com mais intensidade. Logan parou me observando por um momento, mas seus olhos não pareceram preocupados, muito menos piedosos em relação a mim... Eles pareciam mais frios, mais raivosos, mais cínicos do que nunca. Senti meu corpo congelar, quando o ator lentamente ergueu as duas mãos, batendo palmas.

–Muito boa atuação, Mandy! –Falou enquanto enxugava algumas lágrimas que saíram do seus olhos. –Você me enganou direitinho. Conseguiu me fazer acreditar que realmente me amava. Me enganou. Meus parabéns! QUE A CERIMÔNIA COMECE! GOSTARIA DE AGRADECER A ALGUÉM?

Levei as mãos ao rosto o cobrindo com toda a minha vontade, em parte porque era completamente doloroso olhar para Logan e em parte porque tinha vergonha de dar as caras. Logan soluçou também, coisa que achei terrivelmente arrasador. O garoto grunhiu alguma coisa e antes que nossa incrível cena de drama pudesse continuar, pude ouvir passos apressados vindo em nossa direção. Olhei em volta confusa, só então vendo Carmen, chegando para me acudir. A espanhola arregalou os olhos surpresa com a cena, olhando para Logan e em seguida para mim. A mulher levou a mão aos lábios completamente confusa e impressionada com a cena.

–O que está acontecendo aqui, mi madre?

Logan respirou fundo, soltando um longo suspiro sem desgrudar seus olhos maldosos de mim. Limpou o rosto com as costas da mão e pela última vez me olhou em desaprovação, só então parando para olhar para Carmen.

–Nada, Carmen. Com licença.

Falou enquanto subias as escadas completamente apressado. Senti o choro entalar em minha garganta com a cena do ator se retirando e logo em seguida, vendo a espanhola correndo até mim completamente desesperada. Abracei-a forte, começando a chorar mais uma vez e tentando conter mais e mais os soluços... Mas não era tão fácil quanto parece. Parei por um momento com medo de ter um ataque cardíaco.

–Mi hija. O que aconteceu?

Perguntou em tom alarmado, suspirei tentando não engasgar enquanto balançava a cabeça negativamente. Eu queria conversar com Carmen, realmente queria... Mas estava muito difícil. A espanhola ajudou-me a levantar e em passos lentos, caminhamos ambas até a cozinha, onde nada além dos meus soluços poderia ser ouvido. Eu estava começando a me acalmar. Depois de um tempo, tentando não me lembrar da cara do ator e quão horríveis haviam sido as suas palavras, havia conseguido controlar os meus soluços desesperados. Carmen me ergueu um copo d’água enquanto se apoiava na bancada e me via engoli-lo de uma vez só. Suspirei. Eu realmente precisava disso.

–Obrigada.

Agradeci enquanto me apoiava na bancada para lava-lo, mas a espanhola o tirou da minha mão antes que eu pudesse fazê-lo.

–Não, não. Esse é meu trabalho. –Falou. –Já o seu é me contar o que está acontecendo.

Respirei fundo... Eu não sabia como falar, sequer como pensar no que havia acontecido sem cuspir um oceano pelos olhos... Fora que Carmen era o que havia me restado. Tinha medo de contar para ela da minha burrada, e como os outros, minha “mãe estrangeira” se revoltar comigo. Já era suficientemente horrível perder minha melhor amiga, meu namorado, provavelmente meus pais americanos e estar longe dos meus país. Deus! Eu queria tanto ter escolhido um programa de intercambio de apenas seis meses! Assenti para Carmen enquanto respirava fundo.

–Eu fiz uma burrada... Muito grande, com Logan.

Contei. A espanhola me olhou curiosa por um momento, mas logo um suspiro derrotado saiu de sua boca.

–Sabe, não precisa contar se não quiser, Mandy. Mas deixe-me falar uma coisa. –Falou Carmen enquanto arrumava algumas coisas sobre a bancada. –Logan é um bom garoto. Tem um ótimo coração. Eu nunca, em todos os anos que trabalho aqui, o vi agir daquela forma com alguém. Ninguém, nem mesmo Luke quando é irritante... E olha que ele pode ser irritante. Seja o que for que você tenha feito, foi feio e ele está bem magoado... Então para os dois não ficarem nessa situação, contorne isso.

Olhei para Carmen um pouco descrente. Pedir desculpas era o que eu mais havia feito naquela tarde para ele... Eu não sabia mais o que fazer. Não mesmo. Minha situação parecia ser contorno. Suspirei.

–Eu... O que me resta, Carmen? O que posso fazer?

Perguntei com um pingo de esperança. A mulher deu de ombros, coisa que fez meu corpo murchar em todos os aspectos.

–Isso você vai descobrir. –Falou. –Agora coma isso.

Olhei para o prato com sanduíchinhos que a espanhola havia preparado para mim. Uma fofa, mas eu estava sem um pingo de fome... Na verdade eu não tinha vontade de nada. Sequer tinha vontade de viver. Suspirei empurrando o prato lentamente de volta para ela.

–Obrigada, mas não estou com fome.

Falei de forma, tentando não soar como uma desfeita. Carmen balançou a cabeça negativamente me erguendo o prato mais uma vez.

–Está louca? Você não come há dias! Vai morrer assim! Anda, não estou oferecendo.

Falou enquanto involuntariamente, devido à surpresa do tom usado pela moça, peguei o prato. Carmen estava certa. Há quanto tempo eu não comia bem? Acho que desde que minha vida havia virado uma verdadeira novela Mexicana. Suspirei. Eu tinha que comer, mesmo que isso implicasse um inicio de bulimia e horas vomitando no banheiro. Abri um sorriso agradecida por Carmen ser tão mãe comigo...

–Obrigada.

Falei com um sorrisinho.

–Tudo bem. Agora tenho que fazer o jantar.

Avisou Carmen, o que significava “saia da cozinha”, considerando que a espanhola tinha aversão de cabelo caído na comida. Não permitia a presença de uma pessoa sequer. Assenti enquanto agradecia mais uma vez pelos sanduíches e caminhava em direção as escadas, prestes para subir para meu santuário, e ficar lá até apodrecer e virar um restinho de nada.

Enquanto estava perdida nos enorme degraus, pude ver um furacão moreno descendo as escadas, no sentido oposto ao meu. Logan agarrou a chave do seu carro com tanta força, sobre o balcão, que tive medo de ter a quebrado, e em passos apressados e pesados, saiu pela porta. Senti meu coração murchar. Oh céus. Quando havíamos brigado feio da última vez, ele havia ido até a casa de Zoe e havia descontado suas frustrações sobre minha amiga... Eu não me surpreenderia se naquele momento, Logan estivesse ido exatamente ao encontro da pessoa que mais odiava naquele momento: Holly.

***

–Mãe, é... É você?

Sentia meu coração doendo mais uma vez enquanto segurava o telefone forte contra meu ouvido. Soltei um suspiro mais uma vez, que agora veio seguida de um alto soluço. Sim, eu estava ligando para a minha mãe no Brasil. Problema? Acontece que eu sentia muito a sua falta e consequentemente dos seus conselhos maravilhosos que sempre me ajudaram a passar por situações difíceis como essa. Eu precisava ouvir sua voz, nem que fosse só isso.

Mandy? Sim! Está tudo bem, filha?

Perguntou em seu tom preocupado. Eu queria tanto abraça-la naquele momento... Ser confortada por ela. Mas a verdade era que eu estava sozinha... E esse tipo de pensamento era aterrorizante.

–Não! Mamãe, eu errei! Eu disse que conseguiria viver um ano sem vocês, mas eu estava enganada! Eu não consigo! Eu quero voltar para casa!

Solucei mais enquanto chorava desesperada minhas palavras. Senti uma certa preocupação vindo do outro lado da linha, eu não a culpava, quem escutava meu tom naquele momento, poderia dizer que eu estava prestes a morrer. Mamãe limpou a garganta.

Por que filha? O intercâmbio não está sendo bom?

Até o meu sexto mês, sim. Pensei.

–Não é isso! Eu... Eu não quero mais ficar aqui. As coisas estão complicadas...

Funguei.

Espere... Você está machucada?

Perguntou minha mãe quase em pânico, balancei a cabeça negativamente, mesmo sabendo que ela não conseguia ver o meu gesto.

–Não...

Um momento de silêncio, talvez de alivio.

Sua família está de maltratando?

Perguntou, balancei a cabeça mais uma vez.

–Não...

Você foi assaltada? Agredida?

Suspirei já me sentindo um pouco irritada com o interrogatório. Franzi a testa.

–Não mamãe!

Então por que esse drama todo? –Falou minha mãe surpreendendo-me completamente. –Mandy, se você não está ferida, nem passando aperto, por que quer desistir? Não foi assim que te criamos, foi? Para desistir das coisas?

Bufei. Sim, de fato, eu fui criada para lutar contra os apertos. Mas aquele não era um aperto! Era um nó asfixiante impossível de se desmanchar!

–Não, mas mãe. Eu não quero mais ficar aqui. As coisas estão feias...

Então me diga o que aconteceu, Mandy.

Insistiu. Com um último suspiro cedi. Eu não esconderia nada da minha mãe, pois ela sim eu sabia que não me abandonaria, mesmo que eu me sentisse incrivelmente envergonhada com cada uma das minhas palavras. Contei tudo o que havia acontecido, desde Logan com Zoe, até a escola que havia passado, até a nossa briga de hoje. Tudo. Por um momento, só eu fiquei falando, e assim que acabei, um silêncio de abriu entre nós. Senti meu corpo pesar. Será que ela me odiava também? Foi aí que ouvi um suspiro.

Oh filha. O que você foi fazer ?

Eu sei, mamãe...

Funguei. Minha mãe fez mais um momento de silêncio do outro lado.

Olha. Eu não quero que você volte. As coisas podem parecer feias agora, mas tudo vai ficar bem, Mandy. Você precisa se redimir dos seus erros... Se Logan é tudo isso o que está me contando, ele vai te perdoar... Só precisa de tempo. Não quero que desista nas primeiras dificuldades, pois a vida é assim, tem altos e baixos. Quero que me prometa uma coisa, minha filha. Toda vez que alguém te colocar para baixo, levante a cabeça e tente resolver, tente se levantar. Ok?

Eu me sentia mais leve, devo admitir. Talvez desabafar com alguém, fosse algo que eu realmente estivesse precisando. As palavras da minha mãe, conseguiram me deixar mais leve... Mais decidida a correr atrás do que eu queria. Ela estava certa. Uma hora tudo ia ficar melhor... Tinha que ficar melhor, e uma coisa que eu havia aprendido ao longo da vida, era que ela nunca errava. Nunca. Suspirei. Seria difícil, mas tinha certeza que se dissesse não a minha mãe, iria a decepcionar também... E essa era a última coisa que eu queria.

–Ok, mamãe... Eu prometo...

Pude ouvir um suspiro aliviado saindo de minha mãe, pude imagina-la abrindo um sorrisinho e seus olhos brilhando... Eu sentia tanta a sua falta... Na verdade sentia a falta de todos... De Ana, de João Pedro, do meu pai... Mamãe... Mordi o lábio.

Você vai ficar bem, não é filha? Vai fazer o que gosta, vai cantar, vai voltar para a casa com u inglês perfeito...

Abri um sorriso ao ouvir tudo o que ela estava me dizendo. Eu sabia que ela só desejava o meu bem. Assenti.

–Sim, mamãe. Não se preocupe... –Falei quase em um sussurro. –Eu sinto tanto a sua falta.

Nós também, querida. Fique com Deus, ok?

–Amém... –Respondi com um sorrisinho no rosto. –Mande um beijo para todos. Te amo.

Ouvi uma risadinha contente do outro lado da linha e em seguida a voz da minha mãe mais uma vez.

–Eu também te amo. Pode deixar. Beijos, juízo.

Assenti pensando em como eu amaria ter pelo menos um pouco desse tal “juízo”.

–Beijos mamãe.

Assim desliguei o telefone. Oh céus, agora não tinha jeito mesmo. Mesmo estando no Brasil, eu me sentia mais próxima da minha família, e isso era bom, porém eu não havia conseguido fugir e esquecer tudo, como era o meu plano inicial. Infelizmente, meus pais haviam me educado para ser forte e independente, e isso implicava em algumas coisas para o meu futuro, como talvez em minha sanidade. Mas seja como for, tinha algo que eu seria obrigada a fazer: Chocar-me de frente com todos os meus problemas.



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Notas finais do capítulo

Vocês já sabem!
Beijos