O Teatro escrita por GabrielleBriant


Capítulo 33
Os Bastidores do Ato Final




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/18091/chapter/33

XXXIII

OS BASTIDORES DO ATO FINAL

Os corredores de Hogwarts estavam quase vazios. Os archotes presos nas paredes pareciam incapazes de iluminar o que ocorria ao seu redor. Cautelosamente, Linda caminhou. Não queria voltar para a sala da direção; não podia se dar ao luxo de cruzar com Potter no meio do caminho. Ignorava a dor latente em seu braço que a chamava para a batalha.

Egoísmo ou não, o ciúme era o que mais lhe doía naquele momento; mas Severo conseguira cumprir a sua tarefa. Isso queria dizer que eles venceriam, certo?

Lentamente, ela vagou pelos corredores, espiando, vez por outra, os jardins para ver o que acontecia. Desceu por fim as escadas e passou despercebida pelo salão principal – muitos mortos; ninguém prestava muita atenção nela.

Deixou o castelo, e passou a vagar pelos jardins. Até ver, ao longe, os silenciosos Comensais.

- Meu Lorde... – Bellatrix arriscou, mas não disse mais nada.

Tudo estava silencioso demais.

- Pensei que ele viria. Aparentemente... me enganei. – O Lorde das Trevas disse, baixo, num tom de... seria decepção?

Por um segundo, Linda se sentiu confusa; até perceber que ele estava falando de Harry Potter. Ela deu um meio-sorriso. Não sabia qual era o plano de Dumbledore, mas tinha certeza de que não envolvia entregar o garoto para a morte certa.

Ou assim ela pensava, até uma voz masculina soar trás do Lorde:

- Não se enganou.

Petrificada, Linda olhou para Harry Potter enquanto a roda de Comensais passava a abrigá-lo, entre sussurros e comemorações.

O meio-gigante, amarrado longe do garoto, gritou para que ele não fizesse aquilo e, se Linda não tivesse mordido fortemente o lábio inferior, teria também gritado.

O Lorde das Trevas se aproximou de Potter e colocou a varinha contra o seu peito.

- Harry Potter – disse ele, suavemente. – O Menino-Que-Sobreviveu... Avada Kedavra.

O corpo de Harry Potter caiu inerte no chão. E, surpreendentemente, também o de Voldemort. Ele parecia estar tendo algum tipo de convulsão.

- Milorde... – implorou Bella, assustada. – Milorde...

Os Comensais começaram a se reunir em volta do corpo do Lorde. Bellatrix, sua amante, era a mais desesperada. Rodolphus, por sua vez, sequer se aproximava, envergonhado pela atitude da esposa.

- Agora já chega – ele disse fracamente.

Bella estendeu uma mão a ele.

- Milorde, me deixe...

- Não preciso de sua ajuda – respondeu rispidamente. – O garoto... está morto?

Ninguém se moveu.

- Você. – Ele apontou para Narcissa. – Examine-o. Me diga se está morto.

Narcissa tirou a sua máscara e encaminhou-se para Potter. Ajoelhou-se ao lado do corpo inerte e, poucos segundos depois, ergueu a cabeça.

- Está morto.

Não funcionara.

Linda ofegou, sentindo a morte do garoto que ela sequer conhecera. O que acontecera? O garoto não fora bravo suficiente para seguir os planos que Severo lhe mostrara em sua lembrança? Ou o brilhante plano de Dumbledore simplesmente falhara?

De qualquer forma, aquele não era o momento para lamentar. Ela tinha que voltar para o castelo, encontrar duas pessoas e levá-las à Casa do Grito.

Passou como um raio pelo salão principal, ainda esperando não atrair a atenção de ninguém. Caminhou pelos corredores, procurando pessoas que ninguém fosse sentir falta; pessoas que não pudessem ser procuradas. E, quando ela encontrou os irmãos Carrow vagando pelo corredor do segundo andar, sentiu que a sua sorte começara a mudar.

- Aleto! Amico!

Amico apenas bufou e rolou os olhos. Foi Aleto quem se aproximou.

- Linda Marie! O que você está fazendo aqui? Vestida dessa maneira?

Como Aleto não era a mulher mais conservadora do mundo, Linda supôs que ela não se referia ao fato de ela estar andando pelo castelo de camisola; mas por não estar com máscara e capa negra, ajudando o Lorde.

- Estou procurando Severo – ela mentiu rapidamente. – Escutem-me, está tudo perdido! Não há sinal do garoto e as perdas do nosso lado são grandes demais. O Lorde estava caído, fraco... ele vai morrer.

Os irmãos se entreolharam, talvez se perguntando se deveriam acreditar em Linda ou não. Como esperado, Amico era o mais relutante. E foi Aleto quem disse:

- O que você pretende fazer?

- Eu não posso mais ficar aqui – deu um meio-sorriso. – Eu estou grávida! Não posso ir para Azkaban! Vou sair do castelo.

- Mas você será procurada!

- Eu sei! Não vou desaparatar ou usar a rede de flu, porque eles mantém arquivos sobre isso no Ministério da Magia. Vou passar alguns dias escondida na Casa do Grito. Ninguém vai me procurar lá! Depois, quando pararem de cercar a escola, eu desaparatarei!

- É um bom plano – Amico reconheceu. – Como você sairá do castelo?

- Por uma passagem secreta.

- Nós vamos jun-

Mas, antes que ele terminasse aquela frase, a voz fria do Lorde ressoou por todo castelo.

"Harry Potter está morto." Linda congelou ao perceber o olhar confuso dos irmãos recair sobre ela. "Foi abatido em plena fuga, tentando se salvar enquanto vocês ofereciam a vida por ele. Trazemos aqui o seu cadáver como prova de que seu herói deixou de existir.

"A batalha está ganha. Vocês perderam metade dos seus combatentes. Os meus Comensais de Morte são mais numerosos que vocês, e o Menino-Que-Sobreviveu está liquidado. A guerra deve cessar. Quem continuar a resistir, homem, mulher ou criança, será exterminado, bem como todos os membros de sua família. Saiam do castelo agora, ajoelhem-se diante de mim, e serão poupados. Seus pais e filhos, seus irmãos e irmãs viverão e serão perdoados, e vocês se unirão a mim no novo mundo que construiremos juntos."

Aleto olhou-a com o olhos cerrados.

- Você ia dizendo?

Linda não conseguiu sequer erguer a sua varinha; Aleto imediatamente a desarmara, ao mesmo passo que um raio vermelho deixava a varinha de Amico e a atingia no peito, jogando-a para trás. As costas de Linda bateram violentamente contra um pedestal que se partiu. Enquanto ela caía, sentiu uma das pedras caírem sobre a sua testa e, então, a escuridão.

XxXxXxX

Quando Linda abriu os olhos novamente, a luz do sol já entrava pelas janelas daquele corredor do segundo andar. O castelo não estava silencioso... haviam murmúrios e lamentações.

A sua cabeça doía terrivelmente – ela levou a sua mão à testa e percebeu que havia sangue ressecado ali e em parte do seu cabelo. Olhou para si. A camisola branca estava coberta por pedrinhas – provavelmente vindas do pedestal no qual os Carrow a jogaram – e tinha poucos rasgões no tecido fino. Sentou-se. A mão imediatamente foi ao cordão de ouro e puxou-o. Viu que ali ainda estava a mala diminuída e o pequeno frasco de poção.

Lentamente, segurando-se na parede, levantou-se. Estava zonza.

Cautelosamente seguiu o som das vozes que levavam ao salão principal da escola. Certamente os Carrow já haviam informado ao Lorde da tentativa de fuga ocorrida na madrugada; seria difícil chegar à Casa do Grito sem varinha e sem ser notada.

Ao chegar ao salão principal, no entanto, olhou com confusão para a cena: era uma festa. Uma festa aparentemente promovida por aqueles que estavam contra o Lorde das Trevas.

Mordendo o Lábio inferior, ela vasculhou o salão até encontrar, para a sua surpresa, Harry Potter.

Ainda sem conseguir andar direto, Linda atravessou a multidão até chegar ao garoto. Ele conversava com Gina Weasley.

- Você sobreviveu... – tentou sorrir com a constatação do que ela mesma se negava a acreditar. Olhou rapidamente ao redor e imaginou que, como os mortos estavam sendo velados e Harry sabia do verdadeiro papel de Severo na guerra, alguém já teria recuperado o corpo do seu marido. – Onde ele está?

Harry baixou levemente os seus olhos.

- Ele se foi... eu sinto muito.

Linda respirou fundo, buscando paciência, e tentando fugir da dor alucinante em sua cabeça causada pelo feitiço de Amico, que levava lágrimas aos seus olhos.

- Você o viu antes de-?

- Eu vi acontecer.

Ela assentiu lentamente. A dor em sua cabeça aumentou.

- Onde... onde ele está agora?

O garoto engoliu seco antes de responder:

- Na Casa do Grito.

Linda assentiu brevemente, perguntando-se porque, se ele sabia o que Severo tinha feito na guerra, o garoto permitira que o seu corpo continuasse jogado sozinho na Casa do Grito. Sentiu-se raivosa e, por isso, não disse mais nenhuma palavra; limitou-se a se virar, ignorar a dor de cabeça e seguir lentamente, equilibrando-se, para onde estava o seu marido.

Ela já descia as escadas do salão de entrada e vislumbrava os jardins quando sentiu a mão de Harry pousar no ombro dela, parando-a.

- Espere! Eu posso te levar lá. Eu posso ajudar.

Impaciente, Linda não se virou para encarar Harry. Apenas parou a sua caminhada por um momento, virou levemente o seu rosto e deixou um breve e amargo sorriso tomar conta dos seus lábios.

- Muito obrigada, Sr. Potter, mas acho que você já fez demais por hoje... no mais, eu tenho que fazer isso sozinha...

Quando piscou, uma lágrima deixou os seus olhos – ela se amaldiçoou por isso. Retomou a sua caminhada tão rapidamente quando a sua tontura deixava. Adentrou o salgueiro lutador e sentiu-se melhor por estar longe, finalmente, dos olhos curiosos de Potter e dos que estavam nos jardins.

Linda equilibrou-se pelas galerias escuras até chegar à pequena sala onde, como ela esperava, estava o seu marido aparentemente morto.

Linda parou de respirar.

Ele estava, realmente, com aparência de morto.

Mordendo o lábio e com os olhos queimando – dessa vez não era pela dor – ela se ajoelhou.

Severo estava pálido. Os seus olhos negros abertos, vítreos. A sua garganta estava dilacerada e ainda escorria dela um pouco de sangue, apesar da maioria estar seco. Assustada, Linda afastou duas ou três moscas que se alimentavam da ferida dele e pegou com as suas mãos trêmulas o pequeno frasco que trazia em sua corrente como se fosse um pingente. Ela derramou a substância negra sobre a ferida aberta e olhou esperançosamente por um tempo.

Mas nada acontecia.

A respiração de Linda começou a lhe faltar e ficou mais trêmula. Nada. Nenhum sinal. Ela se levantou e a tontura lhe fez cambalear. Sentiu o mais honesto desespero quando decidiu que procuraria Minerva; ela ajudaria; ela ajudaria a salvá-lo, se ainda houvesse alguma esperança.

Tão rapidamente quanto conseguia, ela se encaminhou para o buraco na porta, mas...

- Linda...

E o alívio.

Finalmente deixou-se cair em prantos quando se virava e via o seu marido. O sangramento parara. Ele estava pálido, mas os seus olhos não eram mais sem vida; ao contrário, olhavam-na brilhantes. Ela novamente se ajoelhou perto dele, acariciando o seu rosto agora quente.

- Você... você quase me matou de susto!

Severo a olhou com os olhos cerrados e passou levemente a mão no sangue seco que impregnava a testa e cabelos de Linda.

- O que houve? Você está bem?

- Severo, você foi dado como morto e pergunta se eu estou bem por causa de um mero corte?

Ele deu um meio-sorriso.

- A guerra?

- Terminou. Potter está vivo – ela sorriu. – Você venceu.

Severo suspirou, beijou rapidamente os lábios de Linda.

- Venha. Vamos sair daqui.

Ouvindo isso, Linda se levantou e ergueu a mão para Severo. Ele a aceitou, pegou a sua varinha, e ergueu-se.

Um barulho, no entanto, chamou a atenção dos dois. Vinha da janela esquerda, a que dava, em Hogsmeade pra os fundos da Casa do Grito. Protetoramente, Severo colocou-se na frente de Linda e empunhou a sua varinha, esperando que o invasor entrasse.

Era Aleto e Amico Carrow.

Severo agiu rápido, aproveitando a distração dos dois, desarmando-os e prendendo-os com cordas que se conjuraram do ar.

- Severo – Aleto ofegou. – Traidor! Não estava morto!

- O que vocês fazem aqui?

- Não é da-

- Eles pretendem se esconder aqui – Linda disse, repetindo os seus próprios planos. Voltou para a frente do marido, tocando-lhe o ombro – Eles pretendem ficar aqui alguns dias, e, depois fugir. Eles foram as pessoas que eu quis atrair para a casa... quando eu pensei que perderíamos a guerra.

Severo assentiu.

- Eu pensei que você traria estudantes.

- Preferi manter a discrição.

- Ótimo. Os aurores cuidarão deles. A partir de agora, eu sou apenas um professor; lidar com criminosos não é mais minha tarefa. Vamos embora.

Dizendo isso, Severo segurou o braço de Linda e tentou se encaminhar para a saída da casa. Mas ela não se moveu.

- Linda?

- Severo... eu não quero voltar.

- O que?

- A minha família me verá como uma traidora. Nossos amigos nos odiarão. Os antigos Comensais jamais pararão de nos perseguir e... e eu acho que eu não quero que o nosso filho cresça nesse mundo! Eu não quero voltar!

Severo a olhou confuso.

- Linda, forjar a nossa morte não vai ajudar em nada a nossa ficha criminal.

- Mortos não têm ficha criminal! Nós teríamos paz.

- Eu não quero-

- Por mim, Severo! Há algum tempo eu disse que você me devia os muitos anos que eu fiquei ao seu lado, não disse? Pois bem. Estou cobrando essa dívida – Ela mordeu o lábio. – Severo, pense! Nós nunca teremos paz... Eu vou ter medo de viver sozinha naquela casa! Você me deve isso!

Ele hesitou.

- Se nós formos pegos, ninguém vai se importar se eu sou um herói de guerra.

Linda sorriu, tirando rapidamente a sua corrente e colocando no chão a pequena mala que trouxera consigo.

- Então nós não deixaremos isso acontecer, certo? – Suspirou. – Eu perdi a minha varinha.

Severo respirou fundo, antes de dizer o feitiço:

- Engorgio.

A mala voltou ao seu tamanho normal. Enquanto Linda a abria e pegava o Polissuco, Severo usava a maldição Império contra os Carrow. Linda deu um dos frascos de poção ao marido e colocou um fio do seu cabelo na sua, enquanto Severo fazia o mesmo.

- Beba. – Ele ordenou, estendendo o seu frasco a Amico. Pegou, em seguida, o frasco das mãos de Linda e entregou-o a Aleto, repetindo o comando.

Enquanto a poção fazia efeito e os irmãos Carrow tornavam-se cópias perfeitas de Linda e Severo, o casal despia completamente as suas roupas.

- Dispam-se – ordenou quando estavam quase transformados. Foi estranho para Linda ver a imagem do seu corpo em outra pessoa, mas procurou não pensar naquilo no momento. Severo estendeu as roupas que eles antes usavam para os irmãos. – Vistam isso. Rápido.

Rapidamente, os dois vestiram e logo se tornavam réplicas perfeitas de Severo e Linda. O casal vestiu as roupas que os Carrow deixaram no chão.

- Amico, deite-se ali.

Severo apontara para o local onde ele próprio estava deitado antes. Enquanto Linda guardava os frascos da poção e pegava o veneno que seria consumido por Amico.

Decidiu não olhar quando Severo apontou a varinha para o comensal e disse:

- Sectusempra.

A garganta dele abriu-se num corte profundo e o sangue espirrou no casal.

Linda deu um gemido em desagrado. Fechou o malão e Severo reduziu-o novamente. Enquanto Linda colocava-o como pingente mais uma vez em seu pescoço, ele ordenou a Aleto.

- Deite-se abraçada ao seu irmão.

Ela tinha um olhar distante e obedeceu. Linda entregou a ela o veneno.

- Beba-o – Severo disse.

Não demorou para a respiração de Aleto ficar ruidosa e dolorosa. Severo olhou para Linda sem remorso algum; com o rosto de quem cumprira a sua função.

- Vamos.

Ele a abraçou, e juntos aparataram numa grande sala que Linda não conhecia. Era um lugar empoeirado, com janelas lacradas com tábuas de madeira e alguns poucos móveis cobertos por lençóis. Tinha cheiro de mofo, naturalmente. Mas Linda conseguiu distinguir outro cheiro: maresia.

- Onde-?

- Ilha de Man. – Severo a olhou, sorrindo. – Alvo nos deixou essa casa... e você sempre quis viver perto do mar.

.-.

Acreditar em sua própria mentira é o primeiro passo para o estabelecimento de uma nova verdade.

Saber que lidavam com a morte ajudou os dois a viver daquela forma... mentindo para todos e eventualmente para si mesmos. Eles sabiam que não precisariam mais fazer aquilo... Severo e Linda Marie – as personagens – estavam mortos. Aquele havia sido o ato final das suas vidas e, finalmente, os atores podiam deixar o palco e começar a viver.

Aleto acabara de dar o seu suspiro final quando Potter, Minerva e Shacklebolt invadiram a sala da Casa do Grito. Estavam tão estupefatos que sequer se perguntaram por que a garganta do suposto Severo ainda sangrava, se ele deveria estar morto há tanto tempo? Eles se perderam no luto e na vontade de homenagear o homem se tanto se sacrificara pela guerra e a mulher que estivera o tempo inteiro do seu lado.

A teoria que Severo e Linda viram no livro fora confirmada – apesar da sua autora jamais saber disso –, e a poção Polissuco manteve os corpos dos irmãos Carrow transformados por tempo suficiente. No dia seguinte à morte dos irmãos, Marco Malfoy organizou um belo funeral. O seu desejo era que ambos fossem enterrados no jazigo da família, mas Minerva opôs-se, dizendo que Severo fora diretor da escola e, como tal, deveria passar a eternidade lá. E a sua esposa ao seu lado.

Dessa forma, No dia três de março houve uma grande homenagem ao herói de guerra na própria escola. O corpo de Linda era certamente o mais admirado, pois Cécile Boyer-Malfoy encontrara na tarefa de arrumar o cadáver da filha para a cerimônia uma forma de expor o seu luto. Os cabelos loiros de Linda estavam cacheados e ela trajava um vestido branco que quase se misturava com a pele pálida. Os únicos contrastes eram a rosa vermelha em suas mãos e o belíssimo colar de safiras que Cécile sempre almejara para a filha. O cadáver mais cultuado e lamentado, no entanto, foi o de Severo – ele quase parecia vivo, com as suas naturais vestes negras que providencialmente cobriam o seu pescoço. Quando Harry foi prestar as suas homenagens, colocou ao lado do corpo do ex-professor um frasco de vidro com suas as lembranças. O garoto jamais revelou o que vira na penseira na fatídica madrugada. Ele achou que seria desrespeitoso revelar os segredos do falecido mestre.

Depois das palavras de Minerva, os corpos foram cremados, encerrando para sempre o teatro de Linda e Severo. Narcissa Malfoy, que sabia os segredos da trama, jamais disse uma palavra sequer; nem mesmo para o seu marido.

Enquanto os cadáveres eram cremados, os verdadeiros Severo e Linda freqüentavam uma clínica de ginecologia e obstetrícia em Ilha de Man e verificavam que estava tudo bem com o feto, que agora contava com três semanas. Eles ainda não sabiam, mas em oito meses ela daria a luz a um menino grande e saudável, que, por ser tão parecido com o pai de Linda, se chamaria Mark.

Depois do funeral, Minerva foi à sala da direção, pedir perdão ao quadro de Severo; mas este não estava lá. Ela chegou à conclusão de que, por ele ter abandonado a escola no momento em que ela mais precisava do seu diretor, a magia que lhe daria um quadro se quebrou. Ela não achou isso certo, e confeccionou o quadro de Severo, mantendo a suposta desonra em segredo. Naquele ano, Severo foi condecorado com a Ordem de Merlin.

Com o tempo, as pessoas esqueceram... Ninguém achava que aquele casal que vivia em Ilha de Man era famoso – para os locais, aquele eram apenas Severo Prince e Marie Boyer-Prince. Ele um professor universitário, ela uma dona de casa.

As cinzas de Aleto e Amico ainda podem ser encontradas na sala de direção de Hogwarts, e os irmãos ainda estão na lista dos mais procurados do Ministério da Magia. Nos cemitérios da escola, o túmulo de Severo foi por muito tempo o mais freqüentados. O seu rosto estampa livros de história da magia e o seu nome é cultuado como o grande mártir, fundamental para a vitória de Harry Potter sobre o Lorde Voldemort.

Severo e Linda apenas acompanham as notícias.

Foi um espetáculo bem-sucedido.

XxXxXxX

fim

XxXxXxX


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Teatro" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.