Contos Soltos escrita por MissBlackWolfie


Capítulo 6
Profissão: amor!


Notas iniciais do capítulo

Esse é prologo de um livro meu... seria um conto... mas a medida que fui escrevendo percebi que daria pra ser o prologo de um livro meu,....espero que gostem



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Prólogo;

Os passos trôpegos pela calçada ainda meio molhada pela tempestade de poucas horas atras, quase derrubam o rapaz de 21 anos. Seus olhos estão focados em nada especifico, só a ideia fixa de andar, de se afastar, com mais rapidez possível para qualquer lugar.

Nada é visto com clareza, há o caos, assim não exitem registros de outras pessoas a sua volta, ele então esbarra em estranhos, quase os levando ao chão, alguns xigamentos são cuspidos contra ele, mas não se importa, nem os ouve. Em pé estava um jovem homem destruído por dentro, com coração desfalecendo em pedaços, pela maior merda que existe. Um amor perdido.

Ainda as imagens da traição ferviam em sua mente, eram como raios, que caem sem avisos, o faziam ficar tonto. Porém isso não o fez parar e sim foi acumulando junto ao seu ódio, queimando tudo de bom que há dentro dele. Fechava os olhos, tentativa imbecil de fugir, piscando sem parar, queria pensar em outra coisa, talvez achar sua sanidade, que ele tinha bastante certeza estava esvaindo. Nada adiantava naquele ponto, precisava continuar para algum lugar, para poder voltar ser ele, pois o que crescia dentro dele era algo desconhecido.

Sua Amanda entregando o seu corpo a outro homem da mesma maneira que tinha sido dele, cada canto daquela pele morena era dele, bem, assim pensava. ele viu o show todo: ela nua nos braços do homem mais velho desconhecido lançando sorrisos e movimentando com intuito ao ápice do prazer. Aquilo era só dele, não de qualquer babaca.

A vontade de matar os dois na hora foi real, assustadora, por isso saiu do flagrante. A racionalidade o pegou no ultimo segundo. Aquela vadia não valia anos na prisão. Entretanto as imagens o faziam urrar por dentro de ódio. Imaginou matando ambos de mil maneiras, fazendo inveja ao Dexter. Droga, estava se transformando num assassino em potencial.

Como não podia por em pratica seu plano assassino rumou ao bar. Beber o faria esquecer, eliminaria essa sensação dolorosa de ter algo apertando seu peito. A porra era física.

Sentia o mais imbecil dos homens: descobrirá que sua noiva estava tendo um caso, na cama que era partilhada pelos dois todas as noites e ainda era um babaca por estar chorando como um babaca pelas ruas.

Talvez ele não era digno de viver, era um bosta de homem, esses pensamentos apareceram também, junto das lagrimas. Tentou refreia-las, mas as malditas eram ferozes, estavam ali mostrando o quanto ele estava dilacerado. Tentou não chorar, apertou os lábios fortemente um contra outro, tentou respirar fundo, porém elas saíram mesmo assim.

Foi até o bar com a visão nublada pelo choro e lembranças da traição vista a pouco de meia hora. Passou pela porta do bar num rompante, quase levou ao chão um senhor que saia, ele iria soltar um maldição contra o rapaz, entretanto notou a cara devastada do pobre. Deixou para lá com um resmungo.

O Ambiente era escuro, só havia luzes focadas em cima do balcão bar, do tipo que se vê em sala de pôquer, havia umas sete ao longo do grande banqueta de madeira escura e grossa. O restante do lugar nem fora notado pelo rapaz traído, seu foco era sentar e beber, talvez nunca mais sair dali.



Sem menor cerimônia deixou seu corpo pesado de dor e fúria cair no banco. O choro quis continuar, contudo ele não ia permitir, não ali com vários olhos de testemunha, na rua ninguém lembraria dele, mas ali era diferente. Afogaria cada gota fujona num copo de álcool, esse era o plano. Sabia que precisava beber para esquecer e anestesiar essa dor alucinante que literalmente parecia lhe cortar o peito.

–Quero uma dose dupla de whisky puro. – a voz tentou sair firme, mas falhou.



O bartender, que por acaso era dono do bar, estava naquele horário ali atendendo, a crise econômica o fez pegar o horário antes do almoço, sempre com poucos clientes para atender. Por um tempo nem abria aquele horário, porém percebeu que sempre há um homem a beber a qualquer hora. Bem, vendo aquele jovem enfurecido e magoado na sua frente, teve certeza que fazia certo em sempre manter as portas abertas. Aquele ser sofrendo precisava de seus cuidados, das suas bebidas.



Anos administrando o bar em questão, herança de família passada desde seu avô. Sabia ler bem as pessoas que ali sentavam em seu estabelecimento. Seus olhos negros já tinham visto de tudo sobre o ser humano. Como tudo era motivo para derramar pela boca abaixo alguns copos de bebida. Seja na felicidade e na tristeza, o rapaz hoje na sua frente era pela ultima opção. Pela devastação no rosto daquele jovem sabia que seria uma bebedeira daquelas.

Sem delongas pegou a garrafa de malte, abriu sua rolha com os olhos presos no rapaz devastado, apostava que tinha perdido o emprego ou mulher. Para chorar assim na frente de um estranho o cara tinha que estar muito mal, como era jovem sabia que poderia ser mulher, a inexperiência amorosa sempre faz chorar.



Lembrou-se da desilusão dele, a muito anos atrás, coisa de décadas. O rosto da mulher surgiu como mágica em sua mente. Rapidamente sacudiu para longe aquela lembrança. Não era dia para aquilo, precisava trabalhar.

Pegou um copo embaixo da bancada, colocou na frente do rapaz, fez o liquido amarronzado fazer uma dose desejada por ele, dupla.



–Obrigado. – com as mãos tremulas de nervoso o rapaz buscou a carteira no bolso. Porém o dono foi logo impedindo com um gesto de palma no ar, classico "pare".



–Sei que não será essa dose única. – os olhos do menino. Sim, para o senhor ele era só um menino. Marejaram, tentando manter minimamente a dignidade ele fungou e desviou olhar. O dono continuou. – Pague tudo no final.



–Ah sim. – respondeu num sussurro pegando o copo e virou tudo de uma vez. Parecia até um copo de água bebido num dia quente. Nada poderia incomodar mais que sua dor, nem o ardor daquela bebida, achava que se lhe dessem fogo real ali naquele copo, não sentiria as queimaduras.

A segunda dose foi colocada pelo Dono, que silenciosamente ficou montando teorias sobre aquele garoto. questionava: Será que esse rapaz esta nesse estado por uma menina ou por um menino. Afinal notava de que uns anos para cá todas combinações de gêneros eram possíveis.

Mal terminou de servir o liquido, os dedos logo agarraram o vidro, que foi direto para boca, foi engolido em menos de um segundo. Ardendo e queimando como brasa incandescente pela garganta o rapaz pediu mais outra dose batendo o copo vazio na bancada. Ele precisava demais, muito mais, aquilo nem vez cosquinha em sua dor.



Compreendendo o gesto o senhor encheu o copo, pela terceira vez, em seguida colocou a garrafa ao lado. Dando a seguinte informação somente com olhar; “fique com toda ela”. O rapaz assentiu mudamente abraçando o gargalo e trazendo ao seu peito. Era sua companheira agora.



Mais um copo descendo pela goela abaixo, não doeu tanto dessa vez. Contudo a sua mente magoada ainda trazia as malditas imagens de Amanda se entregando aquele velho, sim ele era velho. Logico que o julgamento dele seria prejudicando a imagem daquele bastardo.



Para sua tristeza conseguia ouvir os gemidos dela e os pedidos por mais saindo da boca carnuda tantas vezes beijada por ele. Aquilo ardeu mais que qualquer bebida do mundo, do que corte. Precisava beber mais, mais uma dose foi com rapidez.

Mais um gole, aquilo precisava de ter fim. Não dizem que álcool esteriliza tudo, era esperança daquele jovem.

Meia garrafa depois, a fera ferida dentro dele se acalmava, estava acuada pelo carinho etílico. Permitiu até que sua mente começasse a divagar no passado, recordando o quanto achava delicioso o corpo da sua Amanda quente se fundindo junto a ele, quanto a boca dela era talentosa, quanto ela sabia o fazer sentir um tesão indescritível. Entretanto em meio aquele delírio, recordou, veio um raio do que viu mais cedo, ela mostrando seus talentos aquele imbecil. A fera acordou, quis gritar de ódio para si mesmo, era um idiota completo, corno. Bebeu mais um copo duplo.



Mentalmente se recriminou da forma mais punitiva que sabia, nunca mais ia chegar perto dela. Ao terminar de sentenciar extirpar a sua Amanda do coração a dor voltou, mais um copo foi bebido.

O Dono do bar avaliava de longe se precisaria intervir caso aquele jovem iria precisar de outra garrafa. Não, ele iria cair na primeira, era muito novo, era primeira desilusão amorosa. Sempre bebem rapido, não sabem lidar com a dor, só sabem querem q acabe logo, então quanto mais veloz menos dor. Suspirou, afinal sabe o quanto a primeira dói, depois da terceira desilusão se torna só um incomodo, quase melancólico demais.

O rapaz olhou para garrafa, o nivel do liquido abaixou consideravelmente em pouco tempo, então analisou por um segundo a sua dor. A maldita fez um gemido de dor escapar por seus labios, estava claro de estar longe de passar. Maldição praguejou baixo. Sabia que aquela quantidade ali da garrafa não seria suficiente, precisaria de mais.

Esticou os olhos a busca do dono do bar, para realizar o pedido, porém ouviu um comentário ao seu lado. Nem tinha notado que havia alguém ali, muito menos do seu lado.



–Acha que quantas mais você vai precisar beber para esquecer?



Aquilo irritou o rapaz de maneira insana. Sim, ele estava transferindo sua ira para um desconhecido, que ele nem sonhava em quem era. Os punhos se fecharam, os dedos se apertaram em forma de soco, logo o pensamento surgiu nos lábios do rapaz:



–Não será você a pagar por elas. – os olhos enfurecidos agora buscaram a encarar a figura petulante. Viu um homem com seus possíveis 25 anos, vestindo roupas negras e olhos cinzas bem expressivos mirados no próprio copo de liquido vermelho.



–Graças aos céus que não sou eu. – ele debochou bebericando seu copo.



“Ele esta debochando de mim?” – ponderou o rapaz em sua mente de maneira raivosa. Era tudo que seu ódio queria, algum idiota pra projetar toda sua insanidade.

Percebendo a energia negativa sendo direcionado a ele, o homem de negro, sabia que não queria briga agora. Afinal estava ali também para beber para tentar acalmar seus próprios dramas. Hoje não era dia de briga.



–Não quero brigar. – comentou com as mãos pra cima num sinal de paz. Aprenderá com tempo que com homens enfurecidos por chifres, você precisa ser cauteloso.



–então cale a boca. – vociferou o rapaz virando pra frente, pedindo outra garrafa, pois a sexta dose dupla já estava no seu estomago.



O homem encarou o rapaz embebedando-se e destruído ao seu lado, rapidamente o reconheceu. Havia sido um trabalho de anos atrás, recordou da sua linda Amanda. Pela cara destruída do cidadão deduziu o obvio: ele sofria de amor. Ele conhecia todo processo, já passará por ele na sua totalidade. Virou seu drink também, não queria lembrar-se de coisas de muito, muito, muito anos atrás.



–Nunca mais vou amar novamente. – o rapaz choramingou tentando controlar o pranto que as doses não seguraram, na verdade as liberou.

O homem de negro riu, sempre o ódio se tornava pranto com a dor de ser traído misturado com álcool. Alguns caras demoravam mais para fragilidade aparecerem, mas essa nova geração mostrava os sentimentos muito facilmente. A máxima de que homens não choram de algumas décadas atrás não existe. Avaliou que isso era bom, bem queria acreditar nisso.

Quantas vezes o homem de negro havia ouvido aquela frase? De quantas bocas aquilo saiu de várias maneiras? Sorriu internamente, pois sabia que seus lábios curvassem os cantos pra cima, o rapaz... Calma que nome esta chegando em sua mente, afinal são muitos os contemplados pelo seu trabalho. Ah sim, ele lembrou o nome dele: Augusto.

Bem, Augusto iria soca-lo com vontade, afinal ele esta doido pra descarregar essa magoa, homens gostam de violência para isso. Podem hoje mostrar seus sentimentos, entretanto entende-los, isso nunca foi algo masculino. Homens preferem socar coisas, melhor ainda for gente.

Naquele dia não queria apanhar. Não que não soubesse lutar, obvio que sim, mas aquele pobre não merecia uma surra. Então ele deixaria ser surrado, hoje ele não estava no humor para isso, sempre se sujava muito quando deixava levar uns socos.

–Nunca mais vou me apaixonar. Nunca mais nenhuma mulher terá meu coração. – a cada frase dita, o pobre Augusto virava direto da garrafa mais e mais doses de whisky, nem usava mais o copo.

Sabia que não deveria falar nada, nunca deve, porém se compadeceu da dor daquele pobre. Respirou fundo e falou obvio:

–Não diga isso. – aconselhou o homem com vasta experiência no assunto. Numa pequena analise e lembrança do caso dele sabia que era o tipo de boa pessoa, com sentimentos bons. Iria se entregar a dor de um coração partido por muito tempo, mas não seria para sempre, não era do tipo rancoroso.

Tudo bem que ele já virá uma boa pessoa, forte como uma fortaleza escolher a morte por causa de amor usurpado. Mais uma vez aquilo não era dia de lembrar daquilo também. Pensava queria ser positivo hoje.

–Por que amamos estranho? – Augusto com a segunda garrafa sendo aberta pelas suas mãos um pouco descoordenada pela grande quantidade de álcool perguntou ao homem de negro ao seu lado.

Encarou o rapaz, os olhos estavam meio pesados já, talvez não fosse acostumado a tantas doses de destilados, viu que poderia falar as suas teorias reais sobre o amor. Afinal ele não se lembraria de nada amanhã, no máximo uma lembrança sem sentido. Pobre Augusto teria a dor ainda da ausência de Amanda para lidar.

Aquele homem ali queria filosofar, estava de bom humor, gostava de fazer isso, porém não tinha normalmente quem lhe escutar. Ali estava seu ouvinte, com cara de querendo resposta.

Respirou fundo, e pensou: Lá vamos nós.

Virou para Augusto e começou sua linha de raciocino:

–Não é o amor entre duas pessoas algo irracional? Que nos leva ao limite do ilógico, imoral, indecente quando esta no seu auge.

O rapaz ficou pensando sobre aquilo. Vendo o silencio de Augusto não sendo de pavor ou de reprovação continuou a expor seus pensamentos poucos comum, mas de grande conhecimento devido a grande experiência como observador.

–É como uma droga, eu diria que a mais perigosa, pois é muito bem aceita e incentivada o uso indiscriminado pela sociedade que nos rodeia. – pediu entre gestos que o dono do bar colocasse mais liquido vermelho em seu copo, foi atendido prontamente. O senhor observava a fala do homem de negro com interesse. Adorava ouvir os filósofos de bar, logico que havia muita baboseira, mas as vezes havia coisas interessantes. Agora era uma:

–A todo momento somos bombardeados com propagandas, filmes, livros, todos contando como as pessoas só podem ser completas se tiverem a sua metade. Alguém você precisa ter, mão importa quem. - Homem de negro sorria levemente, porque achava aquilo tão obvio que chegava ser patético para ele. - Sempre casal é feliz e eternamente apaixonado. Tudo para incentivar a experimentar a viagem pela loucura do amor.

Houve um silencio de quase meio minuto, o homem quis dar espaço para Augusto refletir. Por fim ouviu:

–Amar é uma Merda. – ponderou Augusto virando mais uma dose e pensando que seu novo amigo estranho tinha razão.

Parecendo não ouvir o comentário do rapaz bêbado. O homem de negro continuou a soltar seus pensamentos:

–Ah o amor! – suspirou com conhecimento total de causa. É a matéria prima do seu trabalho. Conhecia como poucos. Ou não? Continuou a falar: - Tem sintomas perigosos no corpo e alma. A leveza lhe cobre num topor inebriante, a sensação de que o corpo esta todo preparado para amar é constante e agradável. Acaba te deixando sempre a espera por mais da pessoa amada, a dependência é necessária.

–Eu não sei se vou conseguir viver sem Amanda. – resmungou Augusto agarrado como uma criança ao seu ursinho a garrafa de malte, com os olhos perdidos no rosto do homem de negro.

–O foco do seu mundo, do seu cotidiano é o outro, você precisa cada vez mais, o tempo passado junto nunca é suficiente. A certeza que aquilo nunca irá passar é concreta como o conhecimento da gravidade. – o Estranho não iria parar tão cedo, por isso evitava começar expor o que pensava, pois não conseguia frear. -Você passa ser o viciado em busca desse prazer de sempre estar junto, de sempre estar com quem se ama, de sentir o bem que isso tudo lhe causa. Seus sentidos não lhe ajudam também, enfim seu pensamento é no sorriso, nos beijos, nos tocar sôfregos dos corpos. A lembrança é quase física, esta memorizado, por isso sempre desejado a repetição da dose, de preferência mais forte.

A medida que falava o dono do bar notou uma empolgação do homem de negro, ele sabia o que estava falando. Mesmo aparentando ter 20 poucos anos, ele parecia ser um ancião. A fala era de alguém que viveu aquilo por muito tempo. Mal sabe aquele senhor que era uma verdade o seu pensamento.

–É inevitável não ansiar o outro amado, não fazer tudo para estar junto, até os limites de outros amores é esquecidos, como próprio. Por tudo isso lhe digo meu jovem: o Amor é uma droga poderosa. A ausência desse sentimento é devastadora, já vi muitos morrerem por isso literalmente, matarem ou morrerem por esse sentimento. Mas isso é coisa do passado, as coisas mais tragicas, ainda acontecem, não tanto quanto antes, posso lhe afirmar. Hoje Acontece são feridas profundas, marcas nas almas eternas. Algo abominável!

–Dói pra caramba. – Augusto vez um careta de dor mostrando que é real a magoa ser física. – Sempre é assim?

O homem o encarou com pena, sabia que em breve aquele rapaz seria de novo lista de seu trabalho ou de algum amigo. Mas isso não impediu de continuar falar, na verdade falava também para ele mesmo;

–O que mais me surpreende é mesmo sabendo que irá doer, que se ferir por amor é quase inevitável, ainda sim esse sentimento é desejado com todo fervor, almejado tanto e quanto o paraíso depois do fechar dos olhos da morte.

“Pode se amar várias vezes, afinal de quantas maneiras pode se destruir um pouco o que há dentro de você? Porque cada amor real perdido é um pedaço seu que vai junto, você se perde em parte. Acho que por isso dói tanto.”

–Por isso que num quero mais amar cara. – O bêbado apertou o ombro do homem de negro em camaradagem. Sentiu simpatia por Augusto o homem de negro e alertou;

–Mas não se engane, quando se sente novamente o amor, você pode ter a racionalidade de não querer aquilo, afinal você tem a lembrança de quanto aquilo pode te magoar. Todavia quando se é tocado por esse sentimento avassalador será inevitável usar a lógica para evitar, você só irá perceber quando estiver afogado nessa emoção, impossível sair sem se molhar, sem magoa. Estará de porre, como qualquer porre é inebriante. Mais uma vez virá a leveza, nos trará risos fáceis, escapam sem serem pensados, que doem os músculos da bochecha, será tão intenso que contagiaremos quem esta a nossa volta a ter vontade de experimentar aquilo, afinal é tão lindo, parece tão bom de sentir.

–é gostoso amar. – os comentários de augusto eram ambíguos, pois estava perturbado pelo etílico e pelas teorias do homem estranho.

–Entretanto humanos nunca pensam: como tudo na vida terá um fim, como a existência de cada um chega ao fim num dia, o amor também acaba. Se você tiver sorte ele se transforma num sentimento diferente, mais sorte se não for outro talvez um pouco destrutivo como ódio. Mas vamos continuar acreditar que tudo pode ser menos cinza, menos feio.

O estranho sorriu com a sua ironia. E continuou:

–Mesmo assim quando se finda esse sentimento tão poderoso. Mais uma vez sofremos, como uma morte acontecesse dentro do mundo que é carregado por cada um, a dor se torna física, doe literalmente o coração. Há um luto entre as memórias e o presente.

“Como toda bebedeira, virá o mal estar agonizante, a sensação da morte bem próxima. Um coração partido consegue mais ou menos isso num é verdade? Todavia passa essa péssima sensação, como na ressaca, vem sempre a negativa. Nunca mais vou beber, nunca mais vou amar.”

O homem de preto olhou para seu copo e deduziu o obvio:

–E sempre, sempre seremos tentados novamente amar e a beber. Nos esbaldaremos deliciosamente, tomaremos tudo como sedentos por tudo somos nesse mundo de consumo, até a ultima gota. Ficaremos com os mesmos sintomas, que até tentaremos frear o amor novamente ao lembrar das experiências anteriores, tentaremos ser cuidadosos para não termos ressacas de amor e nem alcoólica. Nos iludiremos com a frase para nós mesmo : “sei me cuidar.”

Sem perceber o tom de voz do estranho tomou uma raiva, pois ele sentia isso dele mesmo e dos outros visto por ele durante anos.

–Mentira! Porque é uma droga insana o amor, inevitável não se afogar quando volta, derruba qualquer barreira antiga construída no momento de coração vazio e magoado volta ser afogado pelo maldito amor. É um vicio sem fim.





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Notas finais do capítulo

já notaram que esse homem de negro entende muito da intensidade do amor... e ai concorda com algo dito por ele?obrigada sempre por comentarem...



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