Ainda olhava o “intruso” que havia parado de aplaudir meus olhos ainda estavam um tanto arregalados então tratei de piscar com força me levantando rápido... Rápido de mais, fazendo com que o banco em que eu sentava caísse mais eu não liguei pra isso continuei o encarando, entretanto ele decidiu por um fim no silencio que se instalara na sala.

–hãm, desculpa entrar assim – disse parecendo estar constrangido – A Elfa disse que iria lhe avisar mais... Bom, eu não quis lhe atrapalhar você estava tão bem no piano! – afirmou enquanto eu continuava calada, bom era minha vez de quebrar o silencio.

–não tudo bem, eu só estou surpresa... O que te traz aqui Enzo? – perguntei enquanto ele sorria, Era fácil se sentir bem com o moreno mais alguma coisa em seu sorriso mostrava que ele não estava bem, não era o sorriso que ele estava acostumado a dar e muito menos alguém que o conhecia receber... Era um tanto... Triste.

– eu queria conversar. – falou e hesitante deu um passo a frente – então eu me lembrei que você é a única pessoa que eu conheço que não demonstra em nada hipocrisia – falou rindo pelo nariz – mais se não puder... – ele deixou a frase morrer enquanto eu ria um pouco antes de encarar o banco que havia deixado cair e levantá-lo.

–bom, se a conversa for sobre sangues-puros e cargos no ministério sinto dizer que estarei ocupada – ele riu – mais se não... Bom, estarei as suas ordens – falei batendo continência enquanto ele revirava os olhos mais continuava rindo

–você não existe, sabia – sim, era um pergunta retórica

–Ah, claro que existo – mais eu fiz questão de responde La – não esta me vendo – falei me aproximando dele – agora vamos antes que minha mãe apareça – falei enquanto ele me acompanhava para fora, não fomos em direção ao Jardim ele era extenso de mais e nos dois não estávamos com disposição para andamos tudo aquilo.

–então sobre o que quer conversar? – perguntei enquanto nos sentávamos na escada que dava para porta de entrada de minha casa.

–meus pais vão se separar – ele disse sem hesitar, sente minha boca abrindo mais não sais uma palavra, então tratei de fechá-la novamente, ele riu sem emoção alguma no mesmo – depois de mais de 26 anos de casados! – ele já não me olhava mais, procurava alguma coisa no bolso. – se importa? – perguntou enquanto me mostrava o cigarro que acabara de tirar do bolso

–não, claro que não – falei voltando minha atenção para frente – mais por que eles fariam isso?

–traição – disse enquanto colocava o cigarro, ainda apagado, entre seus lábios, eu assente silenciosamente e notei que suas mãos tremiam, pouco, mais tremiam enquanto ele tentava ascender o cigarro – ou séria melhor dizer “traições” todos sabiam! inclusive a minha mãe das traições de meu pai, e mesmo que aquilo fosse revoltante acho que mais para mim do que pra ela, ela parecia aceitar... Até hoje... Creio que os mesmo ainda estavam discutindo. – ele disse agora expelindo a fumaça do cigarro já aceso

–Mais... Se você acha Revoltante deveria estar... Hãm, feliz? Bom, não sei se essa é a palavra certa mais... – deixei a frase morrer enquanto, agora os dois olhando pra frente, sem nos encarar

–eu não sei! Por um lado sim... Mais eu, eu nunca pensei que eles chegariam a esse ponto – ele disse fazendo gestos com as mãos. Ficamos mais um tempo em silencio enquanto ele tragava o cigarro que já chegava ao fim.

–vi seus pais... Na festa e eles, bem, eles não pareciam estar com o casamento em uma situação caótica, como você esta me dizendo agora! – afirmei enquanto ele ria pelo nariz expelindo mais uma vez a fumaça e seu riso continuava sem emoção.

–sorrisos disfarçam e muito! – ele afirmou – ainda mais para pessoas como nos – disse sério enquanto jogava o cigarro no chão e o amassava com o pé

–é você tem razão – falei me lembrando de como minha família se comportava em uma festa – mais você esta reagindo bem – falei meio que sem pensar, ele me encarou eu continuei sustentando seu olhar enquanto falava – não que eu saiba como é passar por isso, entende? Mais eu acho que você esta se saindo bem... – ele suspirou pesadamente

–Obrigado – disse me interrompendo eu ri minimante

–por nada... Eu acho! – falei enquanto deitava minha cabeça em seu ombro, o sente rir e continuamos ali parados e calados. Mais aquilo não durou muito, o barulho de que acabara de aparatar soou alto e de sobressalto nos levantamos ,vi meu pai com uma expressão confusa enquanto nos olhava, ainda estava distante mais já podia nos ver assim como víamos ele.

–seu pai não ficara... – foi minha vez de interrompê-lo

–não, ele não vai fazer nada, não precisa ficar com medo – eu disse me divertindo quando sua expressão passou de alivio para indignação enquanto eu terminava a frase

–não estou com medo – falou, ainda sussurramos

–estava sim! Só faltou se borrar todo – riu baixo ele ainda tinha a expressão de indignação no rosto

–Boa noite – papai nos cumprimentou assim que chegou a escada

–Boa noite Sr – Enzo disse educadamente enquanto eu ia até o Sr Greengrass e depositava um beijo em sua bochecha

–boa noite papai – ele pareceu estar surpreso

–Ora, vejo que esta de bom Humor – ele disse rindo enquanto olhava para Enzo, eu ri enquanto me lembrava de meu dia um tanto agitado, entretanto, a imagem de certo loiro foi a que mais “marcou” em minha mente por assim dizer.

–é, pode se dizer que sim – falei sorrindo pra ele que mesmo confuso retribuiu o gesto

–viu sua mãe? – perguntou enquanto subia os degraus das escadas

–hãm... Sinceramente? Não – ele riu silenciosamente

–comprei a jóia que ela queria! Queria entregá-la logo – eu sorri

–ela deve esta no quarto-ele assentiu e hesitou antes de entrar – não demore muito ai fora, certo, pequena Asty? – eu reprimi um gemido de desgosto

–certo – disse tentando não bufar, ele só fez aquilo pra me irritar, eu tinha certeza disso! Olhei novamente para Enzo que parecia estar absorto a conversa que eu acabara de ter com meu pai

–Hey, que aconteceu? – perguntei subindo um degrau já que ele estava um acima do que eu estava.

–nada – disse saindo do seu “transe” – já esta tarde – disse derrepente olhando pro céu que começara a escurecer, estávamos no Crepúsculo – um tanto sombrio não é – aquilo não parecia ser um pergunta, eu assente ele se virou pra mim – foi bom falar com você – eu revirei os olhos

–qual é não ajudei você em nada – eu disse me sentindo mal por um momento

–falar com você sempre me ajuda – eu sorri e fui abraçada pra minha total surpresa, não eu não estava reclamando, eu gostava do Davis, ele era muito legal alem de ser um ótimo amigo. Por isso retribui o abraço

–desculpa – disse se afastando

–tudo bem, eu acho que você estava precisando disso – ele sorriu agora mais abertamente

–bom,pelo menos eu não chorei – disse,rimos juntos – séria patético – afirmou

–não séria patético. – afirmei enquanto ele me encarava passando as mão pelos cabelos negros e lisos – talvez um tanto desnecessário – ele riu novamente – mais patético não!

–espero ver você de novo e rápido – ele disse e num gesto antigo mais muito “sangue-puro” delicadamente beijou as costas de minha mão

–Oh, que cavalheiro – falei divertidamente

–claro, também abro portas para as damas entrarem assim como em carros e mando flores - eu ri alto quanto ele terminou sua frase

–cuidado irei me apaixonar por você

–estou me esforçando pra isso – eu tentei levar aquilo na “esportiva” mais seu tom era sério – mais agora eu preciso mesmo ir – eu sorri assentindo enquanto ele se afastava e quanto chegou a um ponto distante de onde eu estava virou-se e sorriu torto antes de acenar e aparatar.

Sentei mais uma vez em um dos degraus enquanto repassava tudo que havia me acontecido naquele dia e cheguei a conclusão de que daqui pra frente as coisas não será mais “Normais” ou “monótonas” do jeito que era... Eu só não sabia se aquilo seria bom ou ruim.

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Pisquei os olhos com força enquanto despertava não estava em meus planos acordar naquele instante mais o raio de sol que entrara pela minha janela e se colocara em “meu rosto” parecia não ligar pra isso, muito a menos a pessoa que cantarolava sem parar enquanto abria as cortinas de meu quarto sem dó nem pena.

–Vamos Tori acorde – eu bufei enquanto pegava um dos vários travesseiros em minha cama e o afundava em meu rosto e “Tori” que tipo de apelido seria esse?

–não enche Dafne – falei com a voz rouca afundando mais ainda, se possível, o travesseiro em meu rosto, porém ele não ficou La por muito tempo, pois aquela loira dos infernos havia o puxado enquanto me encarava com a cabeça tombada para o lado

–por que ainda esta deitada? Se me lembro bem você costumava acordar mais do que sedo nesse dia! – ela disse parecendo realmente confusa eu me sentei na cama franzindo a sobrancelha

–já é natal e aqueles parentes chatos vão vir ficar aqui em nossa casa? – perguntei enquanto ela revirava os olhos – por que se for eu precisava mesmo acordar sedo e me preparar para o período de pegadinhas – falei colocando os braços atrás da cabeça enquanto sorria imaginando como seria maravilhoso para minha manhã ver aquelas piruás correndo e gritando por que seus cabelos bem tratados estavam azuis.

–feliz aniversário Astoria – ela disse enquanto ria eu a encarei seria – não acredito que se esqueceu do dia de seu aniversário – aquilo não foi uma pergunta, e eu não pude deixar de revirar os olhos para com o modo que ela falou, como se o fato de eu ter esquecido o dia de meu aniversário fosse um crime assim como lançar uma maldição imperdoável

– Eu não esqueci – afirmei- eu apenas me lembrei agora – falei rindo descontraidamente enquanto ela bufava

–você é inacreditável!

–Oh, estou levando isso como um elogio ok? – ela não respondeu – Ah qual é Daff? É o meu aniversário! E daí? Mamãe com certeza deve estar cuidando de tudo e a noite eu vou estar mais do que apresentável certo?

–pelo menos você sabe que terá uma festa e não esta protestando – eu ri enquanto cruzava os braços – mais para sua sorte sua festa não será hoje

–como?

–mamãe disse que será amanhã à noite – ela disse se sentando na cama enquanto olhava para as janelas

–bom, com certeza é para minha sorte! Um dia inteiro para me acostumar com a idéia de que vou ter que ficar sorrindo pára um bando de velhos caquéticos e mulheres arrogantes de nariz em pé – eu disse sem fazer questão de esconder o nojo que estava carregado em minha voz

–devia parar com isso! – afirmou – esse é o nosso mundo e você não pode fazer nada contra isso só aprenda a conviver com esse fato... Eu mesmo estou acostumada. É tão difícil tentar ser como eu?

–não me olhe como se eu não tivesse tentando, certo? Pois você sabe que eu tentei ser a filha que nossa mãe queria, a filha “perfeita” eu tentei e muito, mais eu não consigo! E se quer saber Dafne tenho orgulho disso... E a diferença entre nós duas é que você não se acostumou! Você gosta desse mundo. – ela ficou calada e não conseguiu sustentar meu olhar que era cortante.

–eu vou deixar você sozinha – disse se levantando – não demore a descer mamãe não ficara contente e eu creio que você não quer sermão a essa hora da manhã – eu não responde apenas assente enquanto ela fechava a porta me deixando sozinha

–maravilha-murmurei voltando a deitar minha cabeça no travesseiro mais como o sono não vinha decide me levantar.

Eu hoje completava 20 anos minha mãe faria uma festa desnecessária como sempre apenas para manter as aparências, o que não era novidade, meu pai estaria ao seu lado; afinal ele parecia ser incapaz de ficar contra ela, minha irmã estaria aproveitando a ocasião para usar um dos seus milhares e belíssimos vestidos a maioria das vezes importado enquanto todos aqueles hipócritas e falsos moralistas elogiavam e “babavam o ovo” de meus pais... E eu? Ah, eu também estaria La, olhando todos aqueles idiotas com pena enquanto disfarçava sorrisos e sentindo espartilho ficar mais apertado em cada passo que eu dava. Mais o que, mas eu podia esperar? Aquele era o “meu” mundo e como Dafne havia dito há alguns segundos atrás eu teria que aprender a conviver com esse fato,eu só não poderia garantir que conseguiria.