- PETER! – me lembrei de tudo.

- eu! – ele disse sem entender nada.

- Era com você!! – eu quase chorava de alegria. – Eu sabia que eu tinha vivido algo quando eu estava em coma! Meu deus! Era com você!

Tudo vinha meio... devagar em minha mente. Até que eu lembrei das noites, dos sorrisos, das lágrimas, e dos acontecimentos.

- Liza... é, eu não to entendendo. – eu murchei. Ele não iria lembrar? Meu deus... não pode ser.

- Peter! Meu deus! – eu só dizia aquilo, caramba!

- Sério, eu não sei do que você tá falando.

- Depois de tantas coisas! – eu chorava. – O internato! Annie e Cody, nosso enrolamento! Ahn... o fim de ano na sua casa!

- Olha... Liza eu não estou entendendo nada disso que você está falando. – Peter dizia confuso – você quer ir lá para casa? Não podemos dormir aqui.

Pensei um pouco... eu confiava nele, e se não fosse de se confiar, logo eu veria.

- Sim, pode ser. – eu disse atordoada.

Saímos da casa, e pegamos um táxi. Até a casa que eu achava que nunca mais iria ver.

A casa de Peter. Linda, e perfeita.

Ele foi abrindo a porta. Ainda com uma cara desconfiada.

Entrei, e tudo estava do jeito que eu me lembrava. Eu não estava louca! Meu deus... Segui ele até a cozinha, ele pegou duas xícaras, e esquentou o chá na chaleira... eu não sabia que ele gostava de chá.

Enquanto ele esquentava o chá, começou o barulho da chuva, aquilo ia me acalmando aos poucos. Eu precisava de tempo para pensar. Aquilo não era imaginação minha.

- Olha... eu, não quero te incomodar Liza, mas eu não sei do que você tava falando, realmente. – ele dizia sério

- Mas é tudo verdade! Aconteceu quando nós estávamos em coma! – eu disse indignada.

- Liza! Isso é irreal! Não viaja! – ele estava sendo grosso!

- Por que eu mentiria?! Ou brincaria com uma coisa dessas Peter! – eu disse me pondo de pé.

- Liza! É sério! Isso não é brincadeira. – ele dizia passando a mão na testa – olha, faz algumas semanas que eu... que nós saímos de coma! Isso não é certo! Isso é completamente confuso! – ele já dizia em tom alto.

- Você não acredita em mim?! – eu disse braba.

- desculpe mas... não. – ele disse e olhou fixamente em meus olhos, e os mesmos, expressavam dor de dizer aquilo.

- Você... acha que sou louca? – eu disse quase chorando. Ele não respondeu – VOCÊ ACHA! E NÃO VAI FAZER NADA A RESPEITO! – ele continuava em silêncio – EU ME ARREPENDO DE TUDO! ARGH POR QUE EU FUI SAIR DE CASA E ENCONTRAR VOCÊ! MERDA! – eu dizia furiosa já, eu estava nervosa... eu não sabia o que fazer – OLHA, EU... NUNCA MAIS QUERO TE VER! – FODA-SE O CHÁ!, se quer saber!

Eu disse chorando e saí correndo porta afora, na chuva fria, eu me abraçava. Chorando, a chuva já era forte, um temporal. Eu tremia de frio. Mas saí correndo.

- Liza! Volta! – escutei Peter gritando... mas não parei.

(...)

Cheguei em casa, de táxi. Eu não podia ir andando. Abri a porta com calma, e lá estava minha mãe.

- Liza! Minha filha! – ela disse preocupada – onde você estava?!

- Olha... mãe, eu sei que você tá preocupada. Sei que quer saber onde eu estava, mas tudo do que eu preciso agora, é um banho, dormir, e esfriar a cabeça. – eu disse olhando para baixo – não preciso de argumentos, conselhos, muito menos chingões. Então, Boa noite. – eu disse em um tom sério.

Ela ficou em silêncio, não sabendo que medida tomar. Subi as escadas em silêncio. Tomei meu banho, tranquei a porta do quarto e desabei na cama.

Nada daquilo era para acontecer!

Skies are crying
I am watching
Catching teardrops in my hands
Only silence, has it's ending
Like we never had a chance
Do you have to make me feel like 
There's nothing left of me?

You can take everything I have
You can break everything I am
Like I'm made of glass
Like I'm made of paper
Go on and try to tear me down
I will be rising from the ground
Like a skyscraper

Merda!  E tudo vinha na minha mente.

“- putz, perai já volto. – levanto da cama..

- ãhn.. Liza perai, eu acho melhor você não sair assim.

- o que? Como assim? – digo olhando para ele de pé.

- é que...

Me olho e estou só de calcinha e sutiã”

Eu me lembrava de momentos bons... era tudo perfeito demais. Acho que... foram apenas... sonhos.

“Meu corpo inteiro formigava, agoniava, pulava, eu estava feliz demais.

Ele segurava minha cintura com calma, e eu seus ombros.

Ele me olhava profundamente nos olhos, e eu nos dele.

Eu estava apaixonada pelo cara mais foda do mundo.”

Foi pra isso tudo que eu existo? Perder em tudo! E... agora tudo vem à tona, só para me deixar mais pra baixo! OBRIGADA VIDA! Eu realmente precisava de um tapa na cara!

Merda.

(...)

P.O.V – Peter

O que eu posso fazer?! Eu não me recordava de nada do que ela dizia! Eu conhecia, aqueles olhos sinceros, mas... ao mesmo tempo não conhecia!

Eu gritei pra ela voltar... ela não deu bola. Eu acho que... eu deveria ter corrido atrás dela. Eu sou um completo troxa! Parabéns Peter! Perdeu a garota! Quem é o vilão agora?

Eu vasculhava cada parte da minha mente, mas nada eu encontrava.

Chega! O que eu posso fazer?! Pensa, pensa...

Bom... como diz o velho ditado...

Antes tarde, do que nunca.

(...)

P.O.V – Liza

Eu não conseguia dormir, por mais que eu quisesse...

Leite quente? Já tomei, nada. Contar carneirinhos? Já tentei, sempre me perco nos 40 e poucos. E além disso? Barulho da chuva? Só piorando as coisas! VÉI QUE VIDA!.... ainda sofrer por amor... é foda véi... foda no sentido ruim.

Eu olhava para os lados do meu quarto, e nada eu pensava em fazer. Eu só ficava olhando as luzinhas do rádio-relógio piscando... mostrando que eram 3:26 da manhã.

Enquanto meu quarto estava no completo silêncio, escutei, uma pedra, bater na minha janela.

Me levantei, e olhei janela afora. Não via nada.

Voltei a deitar deve ter sido a árvore.

(...)

P.O.V – Peter

Joguei uma pedra na janela na casa dela... como eu sabia onde era a casa dela? ... eu também não sei, instinto talvez... ou Google maps, da pessoa que se chama “Felix Button”. 1 a zero para Peter!

Me escondi atrás da árvore. E a vi, olhando janela afora... eu só queria ter a certeza que era dela aquele quarto.

Quando ela saiu da janela. Me aproximei mais da casa. E pulei as grades. Por sorte, eu sabia fazer parkur, é... pelo menos o meu tempo livre valeu para alguma coisa.

Comecei a escalar pelo parapeito da janela do 1º piso. Eu era cuidadoso, por que sabia que havia empregada pela noite... incrível né?

Procurei por um lugar onde me apoiar, e fui subindo. Escorregava ás vezes por estar molhado pela chuva. Mas sempre recuperava o equilíbrio. Fui subindo e cheguei, ao parapeito da janela do quarto dela.

Olhei para  dentro e a vi, deitada na cama, olhando para o teto... basicamente sem sono. Dei duas batidas fracas na janela, e ela logo me olhou.

Ela não expressava nada, apenas ficava séria. Ela veio em direção a janela, e á abriu.

- O que você quer? – ela disse com a voz um pouco rouca.

- Eu quero... – O que eu queria? Segui-la e ter um final feliz oras! Mas.. o que eu ia falar? – eu... posso conversar com você?

- Claro, fala. – ela dizia séria.

Ah Peter seu mangolão!

- Sabe? – eu disse obtendo coragem – não é sempre, que... um rapaz, vem correndo na chuva atrás de uma moça indefesa que se encontra num quarto iluminado apenas com um abajur.

- onde você quer chegar com isso? – ela disse erguendo a sobrancelha.

- Onde eu quero chegar? – eu entrei no quarto sem permissão, e ela foi andando de costas, me olhando assustada. – eu quero pular toda a história, e ir direto para “e eles viveram felizes para sempre”...

Continua...