Era um novo dia, e eu estava disposta a ficar feliz! UHU! Onde estava a Liza que tanto eu conhecia? Estava de volta!

- Bom dia filhota! – meu pai dizia, fazendo as panquecas com um avental um tanto... feminino – como foi a noite de sono?

- Revigorante! – eu disse sentando na cadeira do balcão – não pensava que dormir fazia tão bem!

- Pois é! Sua mãe e eu estamos super felizes ao te ver bem! – Ele dizia sorrindo. – O que me diz de dar uma volta no parque hoje? Eu, você e sua mãe?

- Só se as panquecas estiverem boas!

- Ótimo!

(...)

Entramos no carro, e no caminho do parque, fomos cantando musicas engraçadas. Ou até inventadas, como a que eu tinha na cabeça...

Ponte ponte, ponte ponte, ponte ponte!

Era muito louco!

No parque, conversamos, e brincamos de pega-pega, a minha mãe parou na metade. Não tinha mais fôlego.

Depois de correr mais que o desejado, eu e meu pai nos deitamos na grama gelada.

Eu me sentia muito melhor! Eu respirava o ar puro, como se fosse o meu perfume preferido... não como... uma louca.

- Vou buscar algodão-doce, já volto minhas “mulheres” – meu pai disse sorrindo, e se levantou e logo foi andando.

- Liza, me conta... como anda os namorados?

- Mãe!

 - O que? Você nunca falou disso comigo, eu... estou curiosa! – Ela sorriu engraçado.

- Não sei, acho que por enquanto nada – eu fiz beiço. Véi... para pra pensar... Liza seis meses em coma... e os namorados?! DAFUQUE?!

- Sua chatinha, sempre escolhendo demais.

- Ah, como se eu não fosse igual a você. – eu disse.

- Ah... tá bom, você venceu! – ela levantou as mãos.

- Ahá!

(...)

Depois de passarmos um longo tempo comendo algodão-doce, fomos indo para casa.

No meio do caminho, vi uma loja drásticamente foda.

- Mãe! Mãe mãe mãe – eu disse rapidinho, um logo atrás do outro, daqui a pouco, não se passava de miados estranhos. Eita! Pensamentos inconvenientes!

- O que foi?! – ela disse olhando para os bancos de trás.

- Para o carro! Para ! – ela parou e estacionou – quero ir naquela loja!

- Mas filha!

- Mãe! – eu disse numa voz de monstro malvado.

- Tá bom, - ela disse se rendendo. – Felix, se quiser vai indo amor, eu e Liza vamos de táxi.

- Tá bom, espero vocês em casa. – meu pai disse, deu um selinho na minha mãe super babado... Argh! E sentou no banco do motorista e foi.

- Que loja filha? – ela perguntou segurando minha mão.

- Aquela! – eu disse, tentando largar minha mão da dela, mas tinha super-bonder naquilo!

Entramos na loja, e tinha coisas de tirar os cabelos. Camisas e mais camisas de banda, de super-heróis, de jogos, Dio Mio!

Tinha muita coisa, eu chegava a ficar meio louca. Mais que o normal se quer saber!

Enquanto eu olhava as camisetas, me deparei com uma... do Guns and Roses, ela me parecia familiar, mas não me recordava de onde...

- Mãe, quero essa aqui, e mais esta. – peguei a do Guns, e mais uma que achei muito foda.

- Claro, mas esta aqui é modelo masculino – ela dizia mostrando a camisa. Fiz careta de “Ah sério” – tá bom... vai querer mais alguma coisa?

- Não, tá ótimo! – eu disse.

(...)

Compramos as coisas e fomos para casa.

Fui direto para meu quarto enquanto minha mãe gritava

“Vou aquecendo a janta! Você e seu pai que não se enrolem muito, se não...”

Mau dei bola, tirei as camisetas, e guardei uma. Estendi a do Guns sobre a cama, e ficava para lá e para cá tentando recuperar algum dos meus pensamentos, na minha memória, algo do gênero, mas nada me surgia na cabeça! Merda, Merda Merda!

Aí eu pensei nas letras “P.J.A.O”. Elas vieram exatamente assim, em maiúsculo.

Então, diríamos, que seriam, nomes próprios, ou até mesmo nomes de países.

 - Pensa Liza, pensa!

Eu precisava de mais coisas! Eu não poderia ser like a boss, só com aquilo.... AHHH DEUS!

Portugal... Jamaica... Ásia... Oceania...? merda!

Não... e se for nome próprio... tem milhões de nomes pelo mundo, não iria ter o raciocínio de saber os nomes.

E a camisa... sendo algo familiar, deve ser uma coisa normal. Bobagem minha, viajei!

Ahh... eu precisava de tempo, e era o que eu tinha de sobra... mais também precisava de coisas que me lembrassem o que havia ocorrido! O que não tinha nem de sobra! Estava completamente na seca.

- Liza! Quantas vezes eu terei que lhe chamar?! – escutei minha mãe gritando da cozinha.

- Tô indo! – respondi. E pensei “Pensar é mais difícil de barriga vazia...”

(...)

Comi de jantar lasanha... que para questionar, tava muito boa!

Voltei para meu quarto, e fui direto para meu computador.

Procurar com nomes que começavam com a letra “A”. Eu precisava saber o que significava!

Provas provas! Dio Mio! Onde eu iria encontrar aquilo! Que droga.

Me deitei na cama, e fechei os olhos.

Coloquei para escutar “Behind Blue Eyes”

E senti, que alguma coisa começou a se formar na minha cabeça.

- Consegue me ouvir? – eu penso que eu esteja falando comigo mesma.

- Sim – pensei.

- Ótimo, pensei que eu estivesse falando sozinho... com o meu cérebro.

- E não está... ou não estou? – pensei confusa.

- Não. Você não estava falando sozinha. Não está!  - eu escutava uma voz masculina na minha cabeça.

- Quem é você? – comecei a ficar nervosa, e quis acordar. Do que quer que fosse aquilo...

- Ouça, calma! Mantenha a calma....

Abri os olhos... aquilo não poderia ser verdade.

- Estou escutando – eu disse voltando a me concentrar. – Você, quem quer que seja...

- Ótimo, bem... meu nome é “P....” – o nome dele voou da frase como vento.

- Pedro?

- Sim.

- Não o conheço... certo?

- Certo. Olha, eu acho, que moramos na mesma cidade... então... vá para a praça principal da cidade, amanhã ás 17h.

- Mas eu não lhe conheço! E não estamos falando no celular! Se você perceber estamos falando através do pensamento. Isso não é uma coisa normal!

- uma coisa, que a nossa vida não é... normal.

(...)

Pronto! Já não bastava eu não levar uma vida “não-normal” , não bastava eu ter me metido em um acidente, e entrado em coma! Eu tinha que conversar com uma pessoa através de pensamento?!

Velho, eu acho que pirei... ou os médicos me deixaram cair de cabeça no chão enquanto me tiravam da maca.

Minha cabeça começou a doer de novo, como no hospital. Me contorci de dor na cama, aquilo era mais do que horrível... era uma coisa sem descrição!

Quando aquilo parou, pensei, que viriam letras em minha cabeça.

Mas eu apenas dormi.

E sonhei que, um rapaz falava comigo... um rapaz em que eu não podia ver seu rosto.

- Preste atenção em tudo, e em todos... nada deve continuar sua vida, sem você dar uma pequena olhada...