Bem Vindo Ao Mundo Real. escrita por LuluuhTeen, Luisa Druzik


Capítulo 7
Capítulo VI: Decisão.


Notas iniciais do capítulo

Gente desculpe a demora, mas é que eu perdi TUDO (sim, de novo) Já é a terceira vez que a história vai pro brejo. De hoje em diante eu vou escrever e postar. Mais lá em baixo.



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Resolvi montar um plano, melhor até do que o último, eu precisava encontrá-lo. E se não me permitissem vê-lo daqui, eu veria ele de lá.

Continuei escrevendo até que percebi ter escrito de mais. Mas não era a única coisa que estava errada, a tinta... Não, isso não pode estar acontecendo.

– 12! 12! Me ajude!

– O que houve 3?

– Olhe isso. - Eu continuei escrevendo coisas simples, como reencontros de pai e filho ou mortes de um político doente. Mas a tinta sumia, simplesmente.

– Têm certeza que está escrevendo corretamente? Não têm algum erro?

– Olhe para mim! Acha mesmo que não sei escrever com uma pena?

– Vou chamá-lo.

– Não. Não será necessário, talvez eu deva dar um tempo a eles.

– Eles quem?

– Ao livro, a pena, a tinta, as pessoas, a eles!

– Sim, entendo. Quer ver como andam suas façanhas?

– Ora, ora. Está me dizendo que contruiram um observatório.

– Sim, muito melhor que um bolinha de cristal, aposto.

Eu simplesmente sorri e o acompanhei. Estávamos indo em direção a uma sala, passando por um corredor longo e branco e vários números que apontavam para nós e sussurravam algo. Um deles me parou e se curvou, e sorri e o cumprimentei. Uma senhora muito gorda correu até mim e bateu palmas depois de me dar um abraço muito forte, que se eu ainda estivesse viva, teria me matado.

– Por que estão todos assim? Eu sou lembrada por aqui?

– Lembrada? Você é idolatrada! Diria que algumas pessoas a apreciam até mais que o próprio Deus.

– Pessoas? - Ele sorriu malicioso.

– Ou números. Mas eu prefiro pessoas, ainda somos seres humanos.

– Eu não me orgulho de ser um ser humano.

– Queria ser o que? Um animal? - Ele parou e ficou me olhando com cara de deboche. Devolvi uma expressão indignada, não acredito que ele disse isso. Bati com minha mão em sua face esquerda que virou com a surpresa e o impacto. Apontei a ele meu dedo indicador direito do modo como as mães faziam quando iam dar uma bronca em seus filhos.

– Sim. Eu queria ser um animal. - Ele acariciou a face mas não disse nada. Resolvi continuar. - Animais têm um objetivo na vida. O da nossa raça, você poderia me dizer? Qual é o objetivo do homem?

– Um bom futuro?

– Para quem?

– Para as próximas gerações. Preparar um futuro digno de nossos decendentes.

– Exato. Mas, se isso é o que todas as gerações fazem, quem vai aproveitar o futuro que nossos antepassados lutaram tanto para deixar para nós?

– O ser humano luta para descobrir a imortalidade, só que não admite que é isso que quer.

– Não, não é isso que ele quer. É isso que ele se acostumou a querer. O ser humano não quer viver eternamente, ele quer que o próximo viva eternamente. Ele fica a vida inteira tentando ser o orgulho dos que já morreram e sentir orgulho por aqueles que ainda vão vir.

– Onde você quer chegar?

– Você já escutou a história do homem avarento? - Ele balançou negativamente a cabeça. Sorri quando me lembrei da vez que o Sr. 1.204 me contou essa história, ele resolveu ser idoso para adquirir respeito e reconhecimento, me encantei com ele desde que o conheci. Então, ele me confidenciou que gostaria de viver novamente, aprender novas histórias para me fazer feliz outra vez. Era um homem tão bondoso que fiz o que ele desejava, lhe dei uma vida de contador de histórias, ele ganhava dinheiro o suficiente para viajar pelo mundo, era auto-didáta e aprendeu muitas linguas, dessa forma conheceu muitas histórias, e ainda estava por aí, caminhando e publicando livros de crônicas.

– Então eu irei te contar. - Avistei um banco e me sentei, ele se sentou ao meu lado. E eu suspirei longamente antes de começar a história, que em rimas eu memorizei e passava para quem me perguntasse da mesma forma. - Dinheiro só tem valor

Se o usamos sabiamente

Que adianta, tendo dinheiro,

Viver miseravelmente?

A pessoa com mania

De só guardar e guardar

É tão pobre quanto a outra,

Que não têm o que gastar.

Na verdade, o avarento,

De rico, vira mendigo,

Como na história do Esopo,

Que exemplifica o que digo.

Um infeliz avarento

O seu tesouro escondia,

Não possuía seu ouro,

O ouro é que o possuía.

Cavou um buraco fundo

E enterrou todo o dinheiro

E, com ele, guardou junto

O seu coração inteiro.

Pensava na fortuna,

Dia e noite, noite e dia,

Comendo, bebendo, andando

A mente pra lá fugia.

E tanto foi ao lugar,

Onde escondia o tesouro,

Que um coveiro percebeu,

Cavou e levou o ouro.

Noutro dia, o avarento

Achou a cova vazia

E entre lágrimas, suspiros,

gritava, arfava, gemia.

Um passante quis saber

O motivo de tal choro.

O avarento respondeu:

– Levaram o meu tesouro.

– Ué! - Tornou o passante.

– Pois não há nenhuma guerra!

Por que escondê-lo longe,

Embaixo de tanta terra?

Não era melhor guardá-lo

Com você, no próprio quarto,

Usando a todo o momento,

Deste dinheiro tão farto?

– A todo momento? Oh deuses!

Gritou o nosso pão-duro.

– Nunca toquei no tesouro,

Estava aqui, bem seguro!

O passante disse então:

– Se o ouro a nada servia,

Guarde uma pedra na cova!

Será de igual serventia!

Tudo que disse foi em vão,

Pois o avarento voltou a chorar.

Não tinha nada além de pão,

e uma história para adiante passar.

Que triste. - Ele disse quase num sussurro.

– O que?

– Triste, é uma história triste. Ele perdeu tudo que tinha e vem um homem frio como este e fala essas palavras que não o ajudaram em nada.

– Então, você acha que o avarento está certo? Ele deveria chorar por essa perda?

– Claro que devia!

– Discordo. Ele deveria agradecer aos deuses dele que o roubaram. Aquilo estava acabando com a sua lucidez, ele não vivia mais. Dava lençóis de seda ao ouro e dormia em caixas de papelão. Era escravo do dinheiro, e hoje em dia, não é muito diferente. - Ele tentou falar, mas eu estava no pique. - Estamos tão obcecados com deixar, guardar, poupar, que não nos lembramos de que devemos viver também. - Ele abaixou a cabeça como se tivesse se sentindo culpado, e deveria. - Sabe, a próxima geração que se dane! Se a gente se matar não vai haver uma próxima geração mesmo! E se nós não vivermos um pouco, vamos nos tornar velhos rabugentos sem histórias divertidas e encorajadoras para contar. Outra coisa é perguntar a uma criança o que ela quer ser quando crescer. Não te responderam mais explorador, aventureiro, bailarina, detetive, e essas coisas. Sabe por que?

– Gostaria.

– Por que elas simplesmente esqueceram.

– Como se esquece que isso existe? São profissões! Não podem ser esquecidas!

– Eu lhe disse que elas esqueceram das profissões? Não, estou dizendo que elas esqueceram de viver. Estão pensando no futuro, principalmente, no futuro da sua conta bancária. Os pais desencoragem os filhos dizendo-lhes: "Explorador! Puf! Sabe quais são as chances de isso acontecer? Seja advogado! Você ganha mais!" "Bailarina? Minha filha, isso não existe! Faça medicina, você ajuda as pessoas e ganha bastante dinheiro!"

– Isso não é verdade! - Disse um número, foi aí que percebi que estavamos cercados por números de todos os tipos, mas principalmente adolescentes e crianças. - Quando estava vivo, encoragei meus filhos a serem o que quisessem ser. E esse foi meu maior erro, um deles decidiu que queria ser um super-herói, e eu nunca me perdoei.

– O que houve? - O homem era de meia-idade, tinha uma expressão cansada e estava começando a chorar.

– Ele se jogou, do terceiro andar. Estava acontecendo um assalto na loja do outro lado da rua. Ele decidiu que iria impedir os bandidos e se jogou, como se fosse voar. Não me perdoei, e me matei. Então, estou aqui, te contando o que houve, e falando sobre isso pela primeira vez depois que ocorreu.

– Você foi um bom pai, falando que ele poderia ser o qeu quisesse.

–- Mas ele não podia, eu menti para o meu filho, e por culpa disso ele morreu.

– Não, você não mentiu, só esqueceu de falar para ele que super-heróis adquirem poderes de outras formas.

– Outras formas? Como dar uma aranha radiotiva? Um anel super-poderoso? Uma varinha mágica?

– Não, dar o poder da decisão, da escolha, da autoridade, e principalmente, o poder de se importar. Não só com os outros, mas também um pouco por si. E o pior, é que têm gente, que luta a vida toda para dar um bom futuro para os filhos, os seus filhos. E os de quem não conseguiu? Aquelas crianças que trabalham com 6 anos? O futuro delas não importa para você, somente o futura da sua família é importante. Pelo menos, isso é para a maioria.

– O que está acontecendo aqui? - Então eu percebi. Tinha um exército de almas me cercando, e entre elas o meu Senhor.

– Di, bem, eu estava conversando com 12. Não sei como foi acontecer isso. - Falei apontando o dedo para a multidão.

– Sobre o que falavam?

– Sobre a sociedade, mesquinha e ignorante.

– Está chamando meus filhos de mesquinhas e ignorantes? - Ele aumentou o tom de voz, nem por isso me importei, aumentei o meu também e fiquei de pé para poder encará-lo

– Sim, estou.

– Criança, não acho que deva tentar discutir comigo. Não se pode ir contra o que digo. - Ele abaixou o tom para uma voz zombeteira.

– Por que? Você já se enganou, certo? E você não fica o dia todo tentando consertar o que eles fazem lá embaixo. Quem você acha que mantém seu mundo em paz?

– Paz? Você chama aqui de paz? Está uma droga! Enchentes, desastres, vulcões. Tudo! Você não fez nada de bom!

– Não fiz? Deixe eu te explicar uma coisa simples. Eu cheguei hoje de uma viajem de 50 vidas, em busca de você sabe o que e eu quero voltar ao mundo. Por que dessa vez sei que vou encontrá-lo.

– Você... Não, não e não. Te proíbo de re-nascer.

– Já tomei minha decisão. Eu vou em busca do que é proíbido, e se voltarem a me procurar e perturbar, eu enlouqueço.

– Você não pode fazer isso...

– Duvida? Pois bem, vou ver como andam minhas escritas, e partirei. Ninguém irá me impedir.


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Notas finais do capítulo

A fábula existe mesmo, se chama "O avarento que perdeu seu tesouro". Ela se tornou de meu conhecimento numa aula de filosofia. O último trecho é de minha autoria.
Tudo que disse foi em vão,
Pois o avarento voltou a chorar.
Não tinha nada além de pão,
e uma história para adiante passar.
E os pensamentos ditos sobre a fábula também.
Olha, eu sei que ficou um pouco confuso e com pouca narração, mas eu entrei no pique das falas e acabou que ficou um capítulo inteiro só de diálogos.
Gente, meu computador pegou vírus pela 3ª vez, e então, eu perdi tudo, agora em diante, eu vou escrever e publicar, sem demora, mas quero 15 reviews nesse cap, ok? Beijos, e queria agradecer a @foiprabeleleu por me ajudar sempre, pras fofas da @Trechos_PJ e @camp_meiosangue que nem me falaram que liam! E pra @aJUDDAa que com sua história me deu um animo legal pra acreditar que essa história ainda vira livro.



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