Crônicas De Forks II - Incondicional escrita por Débora Falcão


Capítulo 2
Visão




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"A pior tortura de todas não é a física. Existem pessoas muito boas em aguentar a dor. A pior tortura é a dúvida. Uma simples dúvida pode destruir uma vida inteira."

***

"Bella, me fale mais um pouco do seu dom" pedi. Esme e Carlisle haviam ido caçar, Edward estava numa partida de xadrez com Jasper, com cinco tabuleiros conectados, numa regra complicadíssima onde uma jogada num tabuleiro influenciava todos os outros. Só de olhar me doía o cérebro. Seth tentava captar alguma coisa ali, mas desistiu no primeiro movimento de Jasper. Edward, que via as intenções de Jasper em sua mente, antes dele jogar, já estava planejando suas rebatidas. Alice vibrava, querendo passar as decisões de Edward para Jasper, mas era contra as regras, então, ela se limitava a torcer. Emmett e Rosalie estavam em algum lugar do mundo, em mais uma lua de mel. E Jacob estava com Nessie em La Push. Aliás, Nessie estava se tornando uma adolescente de cinco anos muito bonita.

"Agora que tenho controlado, descobri tantas possibilidades... Sou inatingível quando sou atacada a nível psíquico. E posso proteger tantos quantos eu queira com meu escudo. Posso projetar meu escudo para além de mim, esticando-o, ou desprender uma parte dele, formando uma bolha além de mim, controlando-a conforme eu queira."

"É um dom raro, eu li sobre isso."

"É sim" disse Bella. "Eleazar viu isso uma vez, mas não era tão forte como o meu. Ele disse que podia sentir o meu dom antes mesmo de me tornar vampira. Ele já sabia que eu possuía um escudo quando eu era humana. Um dom vampírico latente bastante forte e perceptível já nessa época."

Eu sorri. "Acho que seu destino era realmente se tornar vampira."

Bella riu. "Sabe que quando penso nisso, percebo que eu era como a história do patinho feio? Eu estava deslocada, sempre desajeitada no mundo dos humanos, porque eu tinha que ser uma vampira. Eu tinha que encontrar minha família de cisnes."

"E encontrou."

"É... encontrei" disse Bella completamente feliz. Seus olhos já não eram vermelhos, eram de um dourado límpido. Bella finalmente se encontrara.

Então, senti que o clima havia mudado. Bella parou a conversa e olhou para trás, onde estavam os outros jogando xadrez. Quando segui seus olhos, vi que Alice estava paralisada, olhando o nada. Jasper ao seu lado segurou seus braços e Edward tinha o rosto endurecido. Jasper derramou uma onda de tranquilidade sufocante na sala e perguntou, com voz mansa e cálida.

"O que está vendo, Alice?"

"Uma decisão foi tomada. Volturi. Mas... não é como se eu conseguisse ver."

"Como assim?"

"Eu sei que a decisão foi tomada com relação a nós, mas os Volturi não decidiram o que exatamente fazer conosco. Esta decisão cabe a outra pessoa. Mas o que sabemos é que algo vai acontecer conosco."

"Que tipo de 'algo'?" eu perguntei, já sentindo dores estranhas, lembrando de Jane e o que ela fez comigo em Volterra, na primeira viagem que fiz aos livros. Fazia tanto tempo!

"Nós", disse Alice, seus olhos voltando ao foco. "Eu e Edward."

"Aro nunca se conformou por recusarmos nos juntar a ele." disse Edward por fim.

"Eu não sei..." disse Alice. "Eles tomaram uma outra decisão também. Uma decisão que aparentemente não tem nada a ver conosco. Mas que eu consegui ver. Como eu estou monitorando os Volturi, as decisões que tiverem a ver conosco, essa visão que veio a mim deve ter alguma ligação."

"Que visão?" perguntou Bella.

"Uma mulher. Uma humana, sendo transformada em vampira."

"E ela tem algo a ver com os Volturi?" perguntei.

"Um dos Volturi a transforma. Alec."

"Alec é enviado para transformar uma humana?"

"Sim. Numa cidade no interior da Escócia."

"Ele é enviado da Itália para o interior da Escócia só para transformar uma humana?"

"Sim." disse Alice. "Parece que ela tem dons importantes que Aro deseja ter em sua equipe."

Aquilo parecia o normal. Aro sempre o fazia. Esse era o problema, a razão disso estava intrigando Alice, já que ela tivera essa visão. Se ela os estava monitorando a respeito do que eles decidissem sobre os Cullen, essa visão deveria ter alguma conexão. Mas qual?

"Não sabemos" respondeu Edward à pergunta silenciosa de todos.

***

P.O.V. Audrey

A dor era insuportável. Ter que vivê-la por tanto tempo quase me fez enlouquecer. Gritar era totalmente desnecessário, mas impossível de conter. Eu não sabia o que estava acontecendo, só sabia que algo estava mudando meu corpo, porque minha paralisia já não existia mais.

Uma garota como eu era sempre motivo de chacota. Eu odiava a escola mais que tudo, principalmente aqueles que riam de mim. Quando ela acabou, finalmente me senti livre. Mas, para quê? Eu não podia fazer nada em cima de uma cadeira de rodas.

Uma garota de dezoito anos, desprezada. Minha vida era uma droga. E quando aquele lindo menino se aproximou, com rostinho de anjo, se sentindo mal no meio da rua, eu simplesmente quis ajudá-lo. Jamais imaginei que ele era um demônio. Pior, a irmã dele era o diabo em pessoa, com seu rostinho angelical.

Primeiro, ele me pediu que ligasse para um número, para ser socorrido. Um carro chegou, então, ele estava completamente bem, e me jogaram lá dentro. No fim, conheci a irmã, linda e demoníaca.

Ela me fez sentir dores nos membros que há anos eu não sentia nem cócegas. Ela me fez sentir dores extremas, onde eu gritava e implorava para morrer. Mas o garoto me disse que tudo ia ficar bem. E então, me mordeu.

Ele me mordeu!

E desde então, as dores só pioram. Eu não sabia dizer quanto tempo senti dores sem parar. Eu perdi a noção do tempo. Só sabia que aumentava a cada minuto. Até que comecei a sentir minhas pernas novamente, só para sentir dores horríveis nelas também. Mas algo estava diferente. Eu podia movê-las, o que só serviu para espernear com elas. Elas estavam fortes, como se eu fosse uma garota normal.

E então, as dores foram aumentando, mas foram deixando meus pés, depois minhas pernas, até que eu não sentia mais dores nos meus membros inferiores. Mas eles estavam lá, perfeitos, eu podia sentir.

As dores foram se aproximando do centro, e eu fui sentindo o ponto focal delas todas no meu coração. Até que ele parou de bater.

Mas eu não morri. Eu acordei diferente.

Agora, a dor era apenas uma lembrança. O que ardia era a sensação estranha na minha garganta. Mas eu ignorei por uma simples surpresa.

Eu podia andar. E eu era uma gata.


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Notas finais do capítulo

Não se esqueçam de deixar reviews. São eles que me impulsionam a escrever. Quanto mais reviews, menos HIATUS nas minhas histórias... rsrsrsrs Abraços a todos!!!