Sociedade Carmim escrita por Nynna Days


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo da Jordan. Conhecendo mais os outros personagens.



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Capítulo 2

“Hey, Jordan”, eu escutei assim que saí da primeira aula.

Quando eu virei para ver quem estava me gritando, vi a alegre Christina vindo em minha direção balançando, nada mais , nada menos que meu caderno. Ela tinha um grande sorriso no rosto e parecia impecável enquanto atravessava o corredor. Alguns garotos pararam para observá-la, como uma Deusa. Não vi nenhum sinal de Nara ou Ethan.

“Esqueceu seu caderno”, ela disse estendendo-o na minha direção. Quando fu para tentar alcançá-lo, ela o tirou do meu alcance. “Sabe, eu estava pensando: Não tivemos um bom começo, o que você da gente ir no shopping depois da aula?”

“Não posso”, respondi pegando meu caderno e ajeitando meus óculos. “Minha madrinha vem me buscar.”, não era que não gostasse de Christina. Era apenas que eu não me sentia confortável fazendo amizades. Logo, eu sabia que iria me mudar e teria que me distanciar.

“Tudo bem , então”, isso não fez com que o sorriso de Christina se apagasse. “Talvez outro dia. Te vejo por aí.”, ela saiu saltitando em direção a sua próxima aula. Eu suspirei aliviada que fosse na direção oposta a que eu ia.

Recomecei meu caminho, recebendo vários olhares confusos. Talvez os Ramirez não fossem tão sociáveis quanto pareciam ser. Na verdade, Ethan e Nara não pareciam tão sociáveis assim. Christina que estava fazendo um esforço para tentar ser minha amiga. Talvez eu devesse dar mais crédito a ela.

Assim que pisei na segunda aula, suspirei aliviada por não ter nenhum professor ainda. Meu alívio durou apenas até o momento em que vi que Ethan estava na minha aula. E que a única cadeira vaga, era ao lado dele. Arrastei meus pés até lá, sem nenhuma segunda intenção. Ele nem sequer levantou o olhar para mim, enquanto eu me sentava ao seu lado.

Enquanto o professor não chegava, pude analisar bem o irmão Ramirez e ver suas diferenças com Christina. Os olhos pareciam um pouco mais brilhantes, um tom de verde esmeralda, da cor que elas nunca eram. Os cabelos lisos e loiros batiam em seu rosto em uma franja lateral. Os lábios cheios, nariz reto e o maxilar forte, eram um bom acréscimo a sua beleza. A pele pálida também ajudava, sem lhe dar o aspecto doente. Ele era bonito, isso era a coisa mais óbvia. O uniforme vestia seu corpo com perfeição invejável. Uma perfeição que poucas pessoas conseguiam.

Ajeitei meu óculos e olhei para meu caderno, um pouco mais nervosa que o normal. Minha bochechas coraram, quando ele me encarou e me pegou no fraga o estudando. Por um segundo, vi confusão no seu olhar, no segundo seguinte, vi desprezo. Nossa, o que eu tinha feito? Não pude nem perguntar, porque o professor entrou na sala já iniciando a aula com uma matéria que eu sabia de olhos fechados.

Assim que a aula acabou, Ethan se levantou e nem me deu um segundo olhar. A assim foi o restante das aulas, até o intervalo. No intervalo, foi meio tenso. Christina (ela tinha um estranho jeito de aparecer do nada), me chamou para comer com Nara e Ethan, mas eu recusei. Resolvi que seria uma boa ideia conhecer mais a escola.

Comecei pelo pátio, onde um grupo de líderes de torcidas gritavam e pulavam de um lado para o outro. Sem que eu percebesse, comecei a pensar nos Ramirez, de novo. Ethan poderia dar um ótimo jogador de futebol, com seu corpo e tudo. Christina daria uma perfeita líder de torcida. Parecia que, quando ela andava, meio que dançava junto, com elegância. Nara, ainda era um mistério para mim.

Mas, duas coisas eu tinha percebido em pouco tempo. Um: Ela não gostava de mim. E Dois: Ela gostava de Ethan. Era quase palpável no ar o jeito como ela o olhava. Como um cego vendo a luz pela primeira vez. Mas, Ethan não parecia dar muita atenção. Na verdade, ele parecia estar concentrado demais em me odiar para perceber o amor, bem ao seu lado.

Idiota.

Olha a estranha passando.

Não sei o porque dos Ramirez andarem com ela.

Como ela conseguiu sentar do lado de Ethan sem desmaiar? Ele é um gato.

É um milagre, Nara não tê-la matado ainda.

Revirei os olhos com os pensamentos das líderes de torcida e continuei meu caminho. Uma brisa bateu em meu rosto e quase fez meus óculos caírem , mas eu os peguei a tempo. Fiquei pensando o porque de Christina querer tanto ser minha amiga. Eu não tinha nada de especial. Claro, além dessa habilidade de ler pensamentos. Mas, se eu pensasse em comentar isso com ela, ela se afastaria rapidamente e espalharia para a escola inteira que me chamaria de maluca. Eu não era louca para cometer um erro duas vezes.

O sinal bateu e eu suspirei pronta para enfrentar o final daquela tortura. Meus pés se arrastavam na grama, deixando um rastro de tristeza enquanto me deixava ser guiada para a minha sala de aula. Ás vezes eu me perguntava o porquê dos meus pais terem me abandonado. Será que algum deles lia pensamentos também? Iria me ajudar muito saber.

Um vento bateu em minhas costas, um pouco mais forte que o normal. Levantei o olhar e percebi que o pátio estava quase vazio. Além de mim, só havia mais duas pessoas indo para a porta de entrada. Nem percebi que tinha me afastado tanto. O vento bateu novamente em mim, mas foi como se ele sussurrasse alguma coisa em meu ouvidos. Forcei um pouco minha mente para entender as palavras confusas.

Princesa Jordana.

Venha para nós, Jordana.

Você nos pertence.

Olhei para trás, assustada, mas encontrei um grande nada. O vento bateu novamente em mim, mas foi como se alguém tocasse em meu ombro. Sem mais nenhuma palavra, eu corri para dentro da escola. Meu coração batendo como se fosse sair para fora. Encostei minhas costas na porta e respirei fundo.

Acho que finalmente estava ficando maluca.

“Está tudo bem?”

Me sobressaltei com a voz de Ethan. Olhei para o lado e o vi em pé, olhando além de mim. Para o lado de fora. E o seu olhar não o dos melhores. Não que eu conhecesse os melhores. Eu estava tão confusa que comecei a falar sem parar. Ethan começou andar na minha direção, seu olhar sempre frio e observador.

“Eu estava lá fora e o vento...”, eu parei. Ele me acharia louca.

“O vento, o que?”, ele insistiu.

Algo em seu olhar me fez continuar falando. Talvez fosse a impressão que ele soubesse do que estava acontecendo. Soltei o ar e olhei na mesma direção que ele, tremendo quando o vento bateu na porta e ameaçou abrí-la.

“Eu jurava que o vento estava sussurrando.”, eu completei, deixando de fora que o vento estava sussurrando meu nome. E que eu pertencia a eles. Mas, a eles quem?

Ethan arrastou seu olhar até mim.

“Você está bem?”, ele perguntou.

Eu assenti.

“Então, eu penso que seja melhor nós irmos para a sala de aula.”, ele continuou. “Logo perceberão nossa falta.”, sem mais nenhuma palavra, ele se virou e começou a andar. Mas parou e olhou no fundo dos meus olhos. Era quase como se ele lesse a minha alma. “Acho que é melhor você esquecer isso.”, percebi seus olhos verdes se dilatando e um novo vento tocou meu rosto.

“Do que você está falando?”, eu perguntei.

Ele me olhou confuso e deu um passo na minha direção. Suas pupilas se dilataram de novo e seus olhos verdes ganharam um tom meio azulado. Eu dei um passo para trás quando ele tentou me segurar pelos ombros.

“O que, diabos, você está tentando fazer?”, eu perguntei. “Se quer me beijar , é só falar. Não precisa disso tudo.”, eu revirei meus olhos.

“Mas...”, Ethan parecia confuso. Seus olhos voltaram ao normal e ele me encarou com o antigo ódio. “Vamos embora!”, ele disse. Eu comecei a protestar, mas ele me segurou pelo ante-braço e me puxar pelo corredor.

“Me solte”, eu disse, não querendo chamar muita atenção. “O que você está pensando?”, eu perguntei. Algo que eu não fazia a muito tempo. Me soltei do seu aperto e dei um passo para trás. Meus olhos, certamente estavam arregalados. “Não chegue perto de mim.”

“Jordan, volte aqui.”, ele disse enquanto eu começava a me afastar.

Corri em direção ao banheiro e fiquei ali, até que meu relógio marcou sete horas e meu celular apitou. Uma nova mensagem de Megan: Já Estou Aqui, Jô. Eu suspirei e abri a porta do banheiro, dando um susto em duas garotas que se olhavam no espelho e fofocavam sobre Ethan.

Elas me olhavam de cima a baixo e seus pensamentos não eram nada bons sobre mim. Elas tinham visto a cena do intervalo.

O que ele tinha visto NELA? , uma pensou enquanto eu ajeitava meu óculos.

Quem ela pensava que era para fugir dele? Todos esses anos, eu querendo que ele dissesse uma palavra a mim e ela surgi do nada e ele a agarra. Será que ele era um daqueles tarados por Nerd?

Minha vontade foi de responder, mas segui porta a fora e mergulhei no mar de estudantes que se dirigiam ao estacionamento para pegar seus carros e irem embora. Olhei em volta , mas nenhum sinal do Mercedes preto de Megan. Revirei os olhos e cruzei meus braços, parado no meio do estacionamento.

Uma buzina chamou minha atenção. Mas, era de uma BMW azul. O vidro do passageiro abaixou e uma Christina alegre e sorridente me cumprimentou. Seu cabelo loiro e longo estava preso em um rabo de cavalo e seus olhos verdes claros brilhantes.

“Quer uma carona?”, ela gritou.

Eu balancei a cabeça, negando. Nesse momento , vi a Mercedes entrando no estacionamento e minha madrinha dirigindo feito uma louca na minha direção. Apontei para o carro e Christina seguiu meu olhar. Ela olhou de volta para mim e sorriu.

“Até amanhã.”, ela gritou e fechou a janela.

Na mesma hora, Megan abaixou sua janela e me deu um sorriso de desculpas. Revirei meus olhos e entrei no carro. Minha mente estava a mil por hora para me preocupar com Megan e seus atrasos. Ela começou o interrogatório de sempre, perguntando sobre as minhas aulas e sobre minhas amizades.

“Vejo que esse ano não será como os outros, Jô”, ela disse, se referindo a Christina.

“Talvez sim, talvez não.”, eu respondi distante. “Apenas leio mentes, Meg. Não vejo o futuro.”, voltei a olhar para janela , quando Megan se remexeu um pouco em seu banco. Desconfortável.

“Claro que não, querida.”, ela respondeu e se pôs a olhar a estrada.

A poucos metros da escola tinha um bosque. Ele era aberto e parecia bem bonito, mas eu tremor percorreu minha espinha quando pensei em ir lá. Com certeza era o meu instinto de sobrevivência gritando mais alto.

O mesmo instinto que me alertou que eu não conseguia ler os pensamentos de Ethan.


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Notas finais do capítulo

Comentem , hem .



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