A Tocadora de Almas escrita por dastysama


Capítulo 11
Capítulo 11 - A Adrenalina de Viver


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora de novo HSUAHSUAHSUAH
Mas ta ai um novo capítulo xD



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Era sábado. O grande dia de ir ao parque chegara com grande ansiedade. Sarah não parava de falar no parque toda hora até que finalmente chegasse, ela estava toda animada, principalmente por saber que ia se salvar.

- Hellena, esse é o melhor Natal de todos os tempos! – exclamou ela enquanto colocava um cachecol rosa em volta do pescoço – Ganhei todos os presentes que eu queria, vou a um parque, vou conseguir me curar e principalmente, conheci você e o Bill.

Para Hellena não era um dos melhores, os Natais sempre foram grandiosos na sua família, tinha grandes festas onde perambulavam por ela dezenas de parentes. No salão da sua casa tinha uma árvore enorme onde todos os presentes ficavam ali, além de ter uma mesa de ceia gigante com todos os pratos típicos de Natal. A parte mais chata é que ela tinha que dançar com todos aqueles primos delas totalmente chatos, mas a parte mais legal é que aquele era o dia que ela mais passava tempo com o pai.

- A próxima é você – disse Sarah.

- O que? – Hellena perguntou sem entender nada, estava tão inundada em seus pensamentos.

- Você será a próxima a encontrar a cura, eu sei disso.

- Como pode saber?

- Por que eu sonhei, e minha avó me disse que algumas coisas que sonhamos são o que podem acontecer no futuro.

- Eu li que sonhos são coisas que queremos, mas não acontece na realidade.

- Claro que não... Bem, também, mas no seu caso vai acontecer. Eu sonhei com seu anjo – disse Sarah sorrindo com os olhos brilhando – Ele vai conseguir uma cura para você.

- Acho que ele está demorando um pouquinho então.

- Não vai demorar muito, eu sei.

Hellena não conseguia entender como Sarah podia ser tão confiante, em nenhum momento ela duvidou que não sarasse. Devia ser legal ver o mundo aos olhos dela, pensou Hellena, tudo tão bonito como se no final você pudesse ter certeza de que seria feliz para sempre.

- Vocês duas já estão prontas? – perguntou a enfermeira Margret, ela que iria acompanhar Hellena.

- Sim, podemos ir, Margret! – exclamou Sarah saltitando até a porta.

As três caminharam até o saguão onde encontraram com Bill, ele também estava radiante, não estava usando o pijama costumeiro e sim suas roupas normais, além da maquiagem nos olhos que amava tanto. Pelo visto ele não via a hora de poder sair um pouco do hospital e ver como anda o mundo lá fora. Os quatro entraram no elevador, e apertaram o botão para o térreo. Hellena de repente percebeu que fazia séculos que não apertava o térreo daquele hospital, por que sempre que ia ao elevador, era para subir para o andar de exames.

A melhor coisa foi poder ver o Hall de entrada novamente, ele ainda parecia o mesmo de quando ela veio, mas fazia tanto tempo que nem se lembrava direito. Mas seus olhos brilharam de verdade quando viu tudo lá fora, os carros passando, o céu em sua cabeça, a neve que se acumulara em alguns cantos. Mas mesmo o barulho dos carros era reconfortante naquele momento. Hellena não sabia como, mas era como renascer de novo, ou acordar depois de muito tempo dormindo, tudo parecia tão novo.

- Ah! – exclamou Sarah olhando o carro de Bill, um Audi Q7 prateado, estacionado imponente entre os outros carros – Eu quero sentar no banco da frente!

- Sarah, lugar de criança é no banco de trás – disse Margret a repreendendo.

- Margret, ainda estamos em clima de Natal, todos são crianças, então podemos sentar na frente! – mal acabou de falar e ela abriu a porta do carro e se sentou no banco ao lado do motorista.

- Então coloque pelo menos o cinto, Sarah – disse Margret ajudando Hellena a se sentar no banco de trás.

Quando Bill ligou o carro animadamente, Sarah não conseguiu parar de sorrir, sua vontade era apertar todos os botões que havia no painel. Mas se contentou em ligar o rádio e deixar quase no último volume, Bill não se importou, estava tão feliz e animado por finalmente sair daquele local.

- Vai demorar a chegar? – perguntou Sarah olhando para a janela tentando ver algo de diferente.

- Calma, deve demorar mais uns minutos – disse Bill rindo da impaciência dela.

- Está demorando muito, não estou agüentando mais... Qual vai ser o primeiro brinquedo que nós vamos?

- Carrossel seria uma ótima – disse Margret – Hellena não pode passar por emoções fortes.

- Carrossel? – exclamou Sarah olhando brava para Margret – Que coisa mais sem graça! Não vou a um faz três meses, já cansei, nós vamos à maior montanha-russa que tiver! Você agüenta, não é Hellena?

- Vou fazer um esforço – disse ela sorrindo.

Na verdade hoje Hellena não ligava se tinha uma doença terrível, não importava que seu chapéu saísse voando caso fossem a uma montanha-russa, não ligava se ia passar mal depois, pois sempre passava mal. Ela queria aproveitar o agora, fazia tanto tempo que não ia a um parque, na verdade se lembrava bem da última vez, só que tentava se esquecer de alguma forma. Hoje ela ia apagar aquelas lembranças.

- Já chegamos? – exclamou Sarah ao ver Bill parando o carro.

- Não, ainda não. Já volto, é rapidinho.

Bill saiu do carro enquanto todas se indagavam qual era a causa de ele ter saído. Ele andou até o final da rua, e entrou em uma loja que ficava na esquina, toda feita de madeira, quando Bill entrou, ele sentiu o cheiro reconfortante de uísque em algum lugar. Havia uma mulher arrumando a vitrine quando o viu.

- Posso ajudá-lo?

- Sim, você pegar aquela boina para mim – disse Bill apontando para uma boina preta, com um coração de strass bordado.

A mulher foi até o manequim e pegou a boina, ela estava em perfeito estado, com detalhes em cetim. Bill pagou, e saiu daquela loja com a boina escondida atrás de sua costa. Se dirigiu até o carro e abriu a porta do passageiro, então rapidamente tirou o chapéu azul da cabeça de Hellena.

- Hei! O que você está fazendo? – ela exclamou ajeitando a peruca.

- Isso é para você – disse ele entregando a boina para ela – Feliz Natal atrasado!

Hellena o encarou, pasmada e depois olhou para a boina que ele estendeu em sua direção. Ela não tinha certeza se aceitava ou se a deixava de lado, mas então decidiu que recusar seria acabar com o sorriso dele e pela primeira vez ela não queria isso. Sua mão pegou a boina e por um segundo tocou de leve a mão dele, fazendo-a ficar sem-graça e desviando do seu olhar insistente.

- Obrigada – disse ela quase em um sussurro.

Mas Bill levantou o seu queixo para que ela levanta-se seu rosto e o encarasse, ele arrumou a peruca dela e depois colocou a boina em cima. Dessa vez ela não conseguiu tirar os olhos dele enquanto Bill a arrumava.

- Pronto! – disse ele sorrindo mais ainda – Agora podemos ir.

- Não, ainda não – disse Hellena saindo do carro, ela pegou o chapéu azul e jogou em uma lata de lixo que havia por perto, depois voltou para o carro sorrindo – Agora sim podemos ir.

- Sarah, se você abrir o porta-luvas também descobrirá que o Bill Noel não se esqueceu de você – disse Bill entrando novamente no carro e ligando a ignição.

Ela arregalou os olhos e tratou de abrir o porta-luvas o mais rápido que podia, então encontrou seu presente. Era o novo CD do Tokio Hotel autografado, além de um pôster enorme da banda inteira.

- Ahhhhhhhhhhhhhh! – gritou ela – Não acredito! Seu novo CD! Seu novo CD!

Ela o abriu e colocou no rádio para poder ouvir, logo Bill acompanhava a música cantando junto e Sarah tentava acompanhá-lo e decorar pelo menos o refrão. Só deu tempo para ouvir a primeira música por que logo se podia ver um outdoor enorme anunciando o parque de diversões, com brilhos e luzes de néon.

- Chegamos! – disse Sarah saindo do carro e parando para admirar toda aquela diversão – Vamos rápido! Temos que chegar aos brinquedos antes de todo mundo!

- Acalme-se Sarah – disse Margret dando o braço para que Hellena pudesse andar melhor e não se cansar.

- Não precisa me segurar! – disse Hellena se esquivando da enfermeira e andando em direção a Sarah e Bill que estavam as esperando.

Bill pegou as entradas, e todos foram em direção a fila imensa, mas mal o parque abriu, a fila foi se dissipando e conseguiram entrar. O lugar era enorme, havia uma grande variedade de brinquedos que giravam, viravam e rodavam com brilhos e músicas psicolodélicas que faria qualquer um pensar que estava em outro mundo. Eram tantas novidades que você não sabia nem para onde ir.

- Ah eu quero ir naquele! E naquele também! Naquele outro! Meu Deus aquele é demais também! – disse Sarah apontando para cada um com os olhos fascinados.

- Vamos aos mais próximos – disse Bill – Temos que tentar ir a todos!

O brinquedo mais próximo era uma montanha-russa de um preto reluzente, que girava prontamente pelos trilhos em giros que acabariam com o coração de qualquer pessoa. Sarah ao ver aquilo seus olhos brilharam tanto quanto a placa de Neon que anunciava o nome do brinquedo.

- Aquele! – gritou ela apontando para a montanha-russa.

- De jeito nenhum – disse Margret – Hellena não pode ir nisso Sarah, ela não pode ficar com hematomas e isso vai deixar vários... Hellena?

- Vão ficar ai parados, ou não vamos entrar no brinquedo? – disse ela já na fila olhando para todos atônitos.

- Hellena... – falou Margret tentando achar as palavras certas.

- Não me importo com os hematomas já tenho tantos, que mais alguns não vão fazer diferença.

Então ela sorriu, até Sarah que já tinha visto vários sorrisos ficou abobada. Bill também saiu de onde estava e acompanhou Hellena na fila, ele queria aproveitar que ela estava de bom humor, na verdade ele esperava que ela sempre fosse assim. Tendo aquele sorriso esfuziante.

Como chegaram muito cedo, não demorou a fila andar, logo já estavam de cara com o carrinho, Sarah foi com Bill na frente, enquanto Margret foi com Hellena, ainda tentando convencê-la a não ir. Mas ela não ouvia, a adrenalina corria por suas veias, aquelas veias debilitadas lutando para evitar a perda de plaquetas. Só que isso não importava mais, não importava se seu corpo não agüentasse esse tranco, sua alma agüentaria o que fosse. Hoje ela aguentaria, amanhã talvez não, mas hoje ela estaria forte o bastante.

Parques lhe traziam más recordações, por isso deixara de gostar desse tipo de coisa. Só que ela não podia viver de passado, nem de futuro, nenhum iria melhorar seu presente, ambos eram carregados de espinhos e ela teria que aprender a caminhar sobre eles não importando o que acontecesse.

O carrinho começou a se movimentar e virou para a direita lentamente, de repente ele foi subindo mais lentamente ainda, deixando um frio na barriga de todos, mas nenhum deles (tirando Margret que temia ser despedida) estava com medo, já haviam passado tanta coisa que aquilo não era nada comparado aos trilhos tortuosos da vida.

- Bill! – gritou Hellena quando o carrinho parou no topo, ele se virou sorrindo – Muito obrigada!

Então o carrinho desceu.


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