Poseidon não conseguia dormir.

Olhava para o teto de seu quarto esperando o sono chegar, mas ele não vinha. Era frustrante para ele ficar ali parado a tanto tempo sem conseguir nem cochilar.

Por fim levantou.

Já estava indo em direção as escadas que davam acesso a sala quando a ouviu.

Caminhou até o quarto de Atena para ter certeza do que estava ouvindo, sim era verdade ela estava mesmo chorando. Ele ouvia bem os soluços e ela murmurando palavras sem conexo.

Bateu na porta e imediatamente os soluços pararam. Ele abriu a porta e entrou.

-Tudo bem Atena?

-Sim -ela disse com a voz um pouco tremula- Desculpe se eu te acordei.

Ele balançou a cabeça.

-Não se preocupe com isso eu já estava acordado- Ele caminhou lentamente até a cama- O que aconteceu?

Ela enxugou as lágrimas.

-Na-nada, eu estou bem.

Ele sentou-se ao lado dela.

-Somos amigos lembra? Você pode me contar tudo, Se quiser é claro não quero força-la a dizer nada- Acrescentou rapidamente.

-Não -ela disse ainda enxugando as lágrimas e fungando- Já escondi isso por  tempo demais, não sabia com quem falar mas agora achei uma pessoa- Ela sorriu para ele.

Ele a abraçou.

-Você pode me contar o que quiser.

Ela deitou a cabeça no peito dele, respirou fundo e começou:

-Aconteceu durante a nossa mais recente guerra contra Cronos. Você não estava lá no dia mais deve ter ficado sabendo que eu queria deixar os outros deuses lutarem contra Tifão e voltar para Olimpo assim poderia proteger nossa casa junto dos semideuses.

“Zeus recusou essa ideia e eu concordei afinal, eu precisava ficar e ajuda-los com aquele imenso problema. O problema era que todos os nossos esforços estavam sendo em vão, os  deuses estavam machucados cansados e outros até fora de combate.”

“Eu não podia deixar que isso continuasse, tinha que pensar numa solução muito eficiente que acabasse com aquilo. Não demorou muito para que eu finalmente tivesse uma ideia.”

Ela parou por um momento e se aconchegou mais nos braços de Poseidon, suspirou e continuou:

-Fui falar com meu pai para contar minha ideia. Ele estava meio... Bravo se é que essa é a palavra certa para descrevê-lo naquele momento

“Recebeu-me om impaciência, ouviu meu plano de cara feia já que tive que insistir no assunto. Assim que terminei ele começou a gritar comigo dizendo que o orgulho dele não permitiria aquilo, que não ficaria pedindo socorro como uma garotinha em apuros e que minha ideia era ridícula.”

“Bati o pé em resposta insistindo em meu ponto de vista, aquilo era novo para mim, Zeus sempre aceitou minhas estratégias, ele mesmo dizia que elas eram infalíveis, mas não daquela vez.”

Poseidon acariciava os cabelos dela sem nada dizer apenas escutando e reconfortando-a.

“Ele disse coisas horríveis, gritou como louco e me ameaçou. Eu continuava a lutar por meu ponto de vista, eu sabia que estava certa. E pai cansou de discutir, levantou a mão e me deu um tapa no rosto, tão forte que me fez cair no chão.”

Poseidon arregalou os olhos.

-Ele bateu em você? Zeus por acaso estava louco?- Ouviram o som do trovão- E o idiota ainda tem a cara de pau de reclamar?

Atena acariciou o rosto dele.

-Deixe-me terminar, por favor.

“Ele me segurou pelos cabelos e disse:” Não teime comigo Atena, suma da minha frente e se ocupe em lutar, não me importune mais, não estou com cabeça para suas ideias idiotas!” Eu me levantei devagar e antes de sair virei para ele e disse:

“Você acabou de cometer um erro, saiba que se todos morrermos hoje pelas mãos de Cronos toda a culpa será sua, mas caso conseguirmos sobreviver que acho muito difícil graças a seu orgulho e teimosia, nunca mais poderá contar comigo essa marca em meu rosto pode ser apagada com o tempo, porém eu não vou esquece-la.”

“Tentei soar mais tranquila e confiante possível, mas não consegui conter o choro assim que dei as costas a ele. Logo depois da guerra, meu pai viu que eu estava certa. Implorou por minhas desculpas e disse que estava muito arrependido, que havia descontado a raiva que sentia em mim.”,

-Deixe-me adivinhar-Disse Poseidon com amargura- Você aceitou as desculpas dele.

Atena estava com os olhos cheio de lágrimas.

-Ele é meu pai Poseidon é claro que aceitei s desculpas dele, mas mantive minha promessa não iria mais ajuda-lo em seus problemas com Hera, e nem lhe dar conselhos como faço com todos os deuses só iria interferir caso afetasse todos nós (deuses, semideuses mortais etc.).

Poseidon assentiu.

-E essa tempestade horrível te lembro aquele dia não é?

Ela concordou.

-O tempo estava horrível, quase tão ruim quanto hoje.

Ele a abraçou mais forte.

-Sabe, às vezes tenho vontade de matar Zeus, como ele pode ser tão estupido? Tenho vontade de levantar e ir agora dar uma bela lição naquele infeliz...

-Não é preciso- Disse a deusa rapidamente- Eu e meu pai já resolvamos isso.

Ele bufou.

-Não vou deixar Zeus tocar em você novamente, ele pode até ser seu pai, mas você já é uma mulher, ele não tem o direito de...

Ele parou rapidamente se lembrando de algo.

-Espera um pouco, você disse que tudo se resolveu, mas não me disse como e nem qual era seu plano!

Ela levantou a cabeça para olhar para ele.

-Você!

-O que?- ele perguntou confuso.

-Meu plano era pedir sua ajuda, eu sabia que faltava um deus para ganharmos, você era esse deus.

Ele ficou calado. Portanto ela continuou.

-Como Zeus não concordou, decidi fazer algo diferente. Também sou Deusa dos inventores por isso, dei essa ideia a seu filho no final meu plano funcionou muito bem.

Poseidon riu mas não disse nada.

-O que foi?- Perguntou Atena curiosa

-Naquele mesmo dia eu estava me gabando pela excelente ideia do meu filho e no final era você, eu devia ter desconfiado, meu filho é bom em outras coisas mas ideias como essa...

Ela riu também.

-Desculpe por ter feito você perder seu tempo comigo, mas isso estava guardado a muito  tempo.

-Não se preocupe- Ele deu um beijinho na bochecha dela- Sempre que precisar estarei aqui.

Ele já estava se levantando quando ela o chamou novamente.

-Onde está indo?

-Achei que você iria querer dormir um pouco.

Ela concordou. Ele estava saindo do quarto quando ela o chamou novamente.

-Você não poderia ficar aqui comigo? Não quero ficar sozinha aqui.

Ele voltou para lá e deitou-se ao lado dela imediatamente ela se aconchegou nos braços dele.

-Quando você vai aprender corujinha que estou aqui para o que você precisar?

-Obrigado- Ela murmurou já fechando os olhos e dormindo.

Ele olhou para a deusa em seus braços e pensou:

“Como eu queria poder  beija-la, e dizer a ela que a amo mais do que tudo no mundo”.

“Calma Poseidon- disse a voz de Afrodite na cabeça dele- Tudo tem seu tempo, e o seu e o dela está chegando, mas não é agora”.

“E quando é isso? Já não esperei tempo de mais?!”

“Logo- Disse ela- Seja um pouco mais paciente”.

Ele sabia que não adiantava discutir com Afrodite por isso, fechou os olhos e adormeceu.