Já se passara um pouco mais de duas semanas que chegamos a Hogwarts. E eu não precisava dizer que esse tempo, foi péssimo. Quer dizer, o tempo que eu passava perto de Malfoy. Ou seja, todo o tempo. Nas horas que eu tinha de fazer a ronda junto com Malfoy fazíamos a mesma coisa: Nos ignorávamos.  Era melhor dessa forma. E como ele havia prometido,ninguém, a não ser Gina e Luna, ficou sabendo do que acontecera no primeiro dia de aula. Fiquei feliz por isso. Agora estou no meu quarto jantando, pois Malfoy janta lá no Salão Comunal, e não quero ficar mais do que o necessário perto dele. Agora eu terminei de jantar e vou indo. Tchau diário.

Desci as escadas e ele como todos os dias, já estava lá em baixo me esperando para sair. Fui até o banheiro, lavei as mãos, e sai. Ele veio atrás.  Aff, porque não podíamos nos separar ? Tínhamos que fazer praticamente tudo juntos.Todas as aulas,e as rondas. O que mais me incomodava fazer, era as rondas, pois ficávamos sozinhos, e durante as aulas, geralmente tinha outros alunos e o professor. Mais aqui não. Ficávamos totalmente sozinhos. E nunca encontramos ninguém. As vezes eu sentia falta do meu par de monitor ser Ron. Com ele, eu brincava, ria e conversava bastante. Aqui não. Nós ficávamos em um silencio desconfortável.            Descemos até o primeiro andar, olhamos todas as salas, olhamos o segundo andar todinho. O terceiro. O quarto. O quinto. Com uma pequena surpresa. Em uma sala, que geralmente não tinha aula, encontramos Harry e Gina se agarrando, encostados na parede. Quando eu ia os chamar, Malfoy pegou na minha mão e me puxou. No momento em que ele encostou em mim, eu havia congelado. Então ele me puxou para sairmos da sala. Ele fechou a porta silenciosamente, sentou no chão e começou a rir. Não agüentei e comecei a rir também. Não sei quanto tempo se passou, até eu me recompor e o chamar.

- Malfoy,vamos lá. Temos que mandar eles para a Torre da Grifinória.

- Olha Granger... Eu não conheço seus amigos, mais conheço bem esse momento, e tenho certeza de que não irão gostar de ser interrompidos.

-Aff Malfoy. Fale o que quiser. Eu vou lá e falar com eles. – Disse isso e abri a porta silenciosamente. Fui até o lado deles e pigarreei. Gina deu um grito, empurrou Harry que caiu no chão. Malfoy entrou na sala gargalhando, e não agüentei. Comecei a rir novamente. Malfoy tinha razão. Harry e Gina não gostaram de ser interrompidos. Então perguntei:

- Heey pessoas. Porque vocês estão aqui ?

- Para discutirmos quem será o novo Ministro da Magia Hermione. Não percebeu o que estávamos fazendo ? – Harry perguntou com ironia.

- Heey Harry. Cala a boca.

- Hm… Sinto muito interromper, mais vocês terão que ir para a Torre da Grifinória agora mesmo.

-Aff, fazer o que né ? – Harry disse , tentando se controlar. – Mais, e você ? Veio aqui discutir com o Malfoy é ?

O QUE ELE PENSA QUE ESTÁ FALANDO ? Eu ainda mato ele. Retardado.

Malfoy que ainda estava rindo, parou na hora. Eu olhei para Harry, e falei:

- Não seu idiota. Eu vim fazer a ronda com esta fuinha loira. E infelizmente tenho que fazer junto com ele. Agora vão para a Torre da Grifinória agora.

Eles saíram, e foram para a Torre. Eu e Malfoy continuamos a andar.

- Seus amigos em Granger...  Eles gostam de ... Hm... Discutir bastante né? E você Granger ? Discute bastante ? – Ele perguntou, quando correu e parou na minha frente.

-Aff Malfoy. Não enche. – Disse levantando uma sobrancelha. Ele riu.

-Então... Você é uma santinha ?

-Já disse Malfoy. Não enche. – Disse, o empurrando e voltando a andar .

-Heey, não vai me responder não é ? Ok, tiro minhas próprias conclusões. – Quando ele falou isso, todo o meu corpo congelou. O que ele quis dizer com isso ? Me virei e perguntei :

- Como assim Malfoy?

- Bom... Quer dizer que eu ficarei pensando na resposta que eu quiser. Já que você não respondeu nada. O que eu tenho em mente, será o que eu penso de você.

-E o que você vai pensar Malfoy ?

-Desde quando você se interessa pelo que eu penso Granger ?

Me senti corando. Argh. Idiota.

-Desde que é sobre mim. O que você vai pensar Malfoy ?

- Hm...Nada... Então não vai me responder ?

-Poderia até responder Malfoy. Se fosse adiantar alguma coisa. Você falou ai agora que vai achar o que quiser de mim. Certo ? – Ele assentiu, e então eu continuei – O problema Malfoy, é que se eu responder uma coisa, você ainda vai pensar que eu sou uma cachorra vagabunda, que eu sei que você pensa que eu sou. Vai achar, que eu sou santa que nem a Gina que nós encontramos aqui agora.

-Por que você acha isso ? – Ele perguntou de maneira ofendida. Eu ri e falei:

- Como eu já disse, você é um Malfoy. – Voltei a andar.

-Heey, Granger. Espera ai.

Suspirei e falei :

-Que é agora Malfoy ?

- É uma duvida. E..porque você diz que eu sou um Malfoy como se isso encerrasse o assunto ?

Não agüentei e comecei a rir. Rir muito. Me recompus e respondi.

-Sei lá Malfoy... Talvez seja pelo fato de que a sua família pensa o que quer. Faz o que quer. É natural de um Malfoy, perceber, ouvir, e ver apenas o que eles querem, só por ter dinheiro. Então, eu acho que não importa o que eu diga, você vai continuar achando a mesma coisa. Vai achar o que quiser.

-Como pode saber ? Você não me conhece Granger.

- Malfoy, estou falando do que eu aprendi em sete anos convivendo com você. Estou falando o que você me mostrou. Se eu não conheço o seu ‘’ outro lado ‘’ é porque você nunca me deixou o ver. Sempre o escondeu. Se você liga para alguém, e se demonstra alguma coisa a não ser desprezo, eu nunca vi.

Ele olhou diretamente em meus olhos e sussurrou:

- Mentira.

- Mentira... Qual das partes que eu falei que é mentira Malfoy ?

- A parte que eu sou um desalmado  sem sentimentos. Ah, e que você nunca me viu os demonstrando.

Eu ri sinicamente e perguntei:

-Ah é ? E quando foi que eu vi você demonstrando alguma coisa Malfoy ?

Ele chegou perto de mim, e falou em meu ouvido, com uma voz rouca.

-Para ser exato, no mesmo dia que eu te dei aquele anel, que você estava usando outro dia.

Me afastei um pouco e falei:

- Estava falando de algum sentimento de verdade Malfoy. Não algo para enganar alguém.

- Quem disse que aquilo não foi real? Quem disse que fui aquilo para enganá-la?

- Ninguém Malfoy.

-Depois sou eu que penso o que quero?

- É mesmo Malfoy... Só imaginei que fosse um truque quando ouvi você conversando com Roberts  e falando que já ganhara a aposta, e que já terminara comigo. Que você conseguira pegar a Sangue-Ruim. O que você queria que eu pensasse Malfoy ?

Uma lagrima escorreu pelo rosto de Malfoy. Por que ele estava chorando ? Ele abaixou a cabeça, e limpou o rosto. Levantou a cabeça, olhou nos meus olhos , colocou a mão delicadamente em meu rosto e falou :

- Hermione,tudo começou com uma aposta. Sim, foi uma aposta, mais depois, eu percebi quem você era de verdade. Eu percebi o porque de todos gostarem de você. Também havia percebido que eu te amava.

Ele limpou uma lágrima que escorria pelo meu rosto.Eu estava inconsciente dela. Como ele pode dizer isso ? Pelas Barbas de Merlin. Eu já não sofri o bastante por causa desse loiro ?

- Se me amasse não teria me deixado. – Disse friamente.

-Fiz aquilo para o seu bem. Foi melhor para você.

-Quem bem Malfoy ? Pois você me deixando, só me trouxe muitas noites em claro, chorando, e me perguntando como eu me deixei ser enganada por você.

Ele ia falar algo. Mais não podia ouvir mais nada. Me virei e corri para o meu dormitório. Falei a senha e entrei. Fechei a porta na cara de Malfoy, que correra atrás de mim. Fui para o meu quarto e tranquei a porta. Malfoy ficou me chamando e batendo na porta durante meia hora. Acho que ele percebeu que não queria falar com ele, pois desistiu. Como eu ousou falar aquilo comigo ? ARGH. Me deitei, e chorei até adormecer.