Eu topei a louca proposta de Axl. Ele voltou para LA e eu (como não sou nem um pouquinho burra) escrevi uma carta para ele contando minhas peripécias. Contei tudo, desde o que a Priscila tinha feito a minha família e ate o que eu tinha armado de vingança. Escrevi que ele podia me ligar ou me ignorar. 

Passou um dia. Ele não ligou, nem devia ter lido a carta. Uma semana. Ele definitivamente estava me ignorando. Como eu já tinha feito uma merda toda decidi mudar de vida totalmente. Seguir em frente.

Fui a um salão tirar toda aquela tinta loira da minha cabeça. Meus cachos acobreados estavam de volta. Estava tomando um pouco de sol todos os dias, então toda aquela palidez fantasmagoria agora era substituída por um bronzeado dourado. Eu também estava me alimentando melhor para que minha magreza esquelética pudesse sair.

Arranjei um emprego em uma lanchonete da cidade para poder ocupar meu tempo e poder adquirir dinheiro próprio. Resumindo eu estava retornando a porra comum e sem graça que eu era (isso antes de eu virar BFF da Priscila).

A vagabunda da minha vizinha tinha ido para a casa dos avós passar o resto das ferias então imagine como minha vida estava uma maravilha. Agora eu era uma garota comum, sem problemas, vida perfeita e... Estava pensando demais no Axl (consciência você é uma merda, obrigada por nada). Droga para que mentir, eu estava arrasada. Agora eu era o que? Uma garota comum. O que eu tinha para fazer agora? Nada. A vingança tinha sido perfeita. O plano tinha sido perfeito.

Estava tudo tão bom que ate meu psicólogo decidiu passar a fazer consultas mensais em vez de semanais. Abandonada pelos pais, abandonada pela melhor amiga, abandona pelo vizinho gostoso (que eu fiz por merecer) e ate abandonada pelo psicólogo (Isso só piorava minha síndrome de abandono).

Flash Back On

“- Eu não acredito que o senhor vai me deixar também? – Isso era mais uma de nossas consultas rotineiras. Ele tinha acabado de me jogar a bomba das consultas mensais.

- Mas eu não vejo o porquê de consultamos tão freqüente. Você resolveu sua vida do seu modo, mas resolveu. Bom seu estagio de depressão sumiu desde que seu vizinho chegou. A bipolaridade nada que uns remédios ajudem a controlar. Ate mais educada você esta. – Ele me deu uma olhada de cima e embaixo. Que eu corei ate o ultimo fio de cabelo. – Sem falar que sua aparência melhorou muito. – Eu tinha que admitir que o motivo de eu ter aceitado o psicólogo se devia ao fato dele ser muito gato e gostoso para idade dele.

- Então a minha historia acaba aqui? Eu me vingo, parto coração do meu vizinho e pareço estar curada. – Que merda de situação não?

- Você apenas colheu o que plantou. – Hã? Do que ele estava falando?”

Flash Back Off

Faltava uma semana para inicio das aulas. Nem sinal de Axl, nem sinal de Priscila e muito menos sinal do meu pai. A vida estava perfeita. Eu tinha saído de manha para colocar o lixo para fora e ouvi uma cantoria da casa que pertenceu ao vizinho.

(http://www.youtube.com/watch?v=t6YC-TuSeQc)

- I used to love her,

(Eu costumava amá-la)
but i had to kill her

(Mas tive que matá-la)
I used to love her,

(Eu costumava amá-la)
but i had to kill her

(Mas tive que matá-la)

A voz estava distante e desfocada. Alem de serem sete horas da manha. Quem em sã consciência estava acordado (e bem acordado) e cantando a essa hora da manha (que para mim devia ser considerado madrugada).

- I had to put her, six feet under

(Eu tive que colocá-la, a sete palmos)
and I can still hear her complain

(E eu ainda posso ouvi-la reclamar)

Eu fiquei que nem uma retarda parada na rua tentando ouvir melhor. De onde eu conhecia aquela voz?

- I used to love her, (whoa yeah)

(Eu costumava amá-la, (whoa yeah))
but I had to kill her

(Mas tive que matá-la)

I used to love her, (oooo yeah)

(Eu costumava amá-la, (whoa yeah))
but I had to kill her

(Mas tive que matá-la)

Hmm acho que eu também conhecia aquela musica? Mas aquela voz estava me perturbando sabe?

- I knew I'd miss her,

(Eu soube que sentiria sua falta,)
So I had to keep her

(Assim eu tive que ficar com ela)
She's buried right in my backyard

Ela está enterrada bem no meu quintal dos fundos
(whoa yeah)
(whoa yeah)
(whoo-oo yeah)

Eu ate comecei a cantar (bem baixinho) para ver se eu conseguia me lembrar daquela musica ou de quem era aquela voz. O sono é muito poderoso pode retardar sentidos.

- I used to love her,

(Eu costumava amá-la)
but I had to kill her

(Mas tive que matá-la)

I used to love her, (whoa yeah)

(Eu costumava amá-la, (whoa yeah))
but i had to kill her

(Mas tive que matá-la)

- She bitched so much,

(Ela reclamava demais,)
she drove me nuts

(Ela me deixou louco)
And now we're happier this way, alright

(E agora nós estamos mais felizes desse jeito, certo,)
(whoa yeah)
(whoa)
(whoo-oo yeah)

Se bem que eu tinha reparado que a musica continha certo teor assassino. Quem cantaria uma coisa dessas, alem de mim é claro?

- I used to love her,

(Eu costumava amá-la)
but I had to kill her

(Mas tive que matá-la)

I used to love her, (whoa yeah)

(Eu costumava amá-la, (whoa yeah))
but i had to kill her

(Mas tive que matá-la)

- I had to put her, six feet under

(Eu tive que colocá-la, a sete palmos)
and I can still hear her complain yeah-eeeah

(E eu ainda posso ouvi-la reclamar yeah-eeeah)

Depois deste gritinho acho que eu me lembrei de que era voz e segundo meus cálculos (isso porque eu tiro nota muito boa em matemática) isto ia dar merda. Então o jeito era correr para dentro de casa.

Normal é diferente de Valentina. Paz e sossego são diferentes de Valentina. Levar uma surra e ficar fudida é igual a Valentina.

Vida sem graça com certeza a minha não era, mas o que o Axl estava fazendo aqui? Cadê a Priscila? Por que diabos ele esta cantando aquela musica? Eu liguei uma idéia na outra. Sabe o que deu? Merda.