O Filho dos Mares escrita por Lieh


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Minha primeira fanfic do universo Percy Jackson, e espero terminá-la o mais breve possível #rsrsrs, apesar de eu ser uma ficwrinter problemática...
Espero que gostem!



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O monstruoso navio singrava as águas brilhantes do oceano em algum lugar próximo ao canal do Panamá. A noite estava tempestuosa, rajadas de ventos balançavam os mastros do “Queen Anne’s Revenge*”, uma sombra fantasmagórica e sinistra, assim como o seu capitão.

Velas negras decoravam a embarcação, uma delas, a maior, exibia uma caveira de olhos vermelhos cor de sangue, ornamentada com raios de fogo a sua volta, enquanto esqueletos decoravam a proa do navio denotando a ameaça que aquela embarcação era.

Não só a tempestade agitava o “Queen Anne’s Revenge” naquela noite. O mar também estava trabalhando furiosamente contra o navio, fazendo-o balançar descontroladamente para todos os lados. A tripulação tentava de todas as maneiras controlarem a embarcação, mas os esforços só estavam indo de mal a pior.

Na cabine do capitão, o ocupante estava sentado numa mesa de carvalho, nela espalhada vários mapas para todos os lados. Seu nome: Edward Teach ou Barba Negra, o temido pirata, filho de Ares, o deus da guerra. Possuía uma enorme cabeleira oleosa negra, assim como sua barba. As vestes eram antiquadas como se ainda vivesse no século XVIII: botas de couro, calças pretas presa com um grande cinto em onde ficava em um lado a pistola e no outro uma bela espada, a Espada de Tritão, roubada do próprio, e um casaco de pregas de mangas longas. Era robusto de um olhar feroz, fazendo jus ao termo intimidador.

Não havia nada no mundo que abalasse aquele pirata, pois não era à toa que era temido por todos os marinheiros que cruzasse seu caminho, porém naquela noite era diferente. Barba Negra estava preocupado, não com a agitação das águas, aquilo era um problema menor em comparação com o fato de seus dias estarem contados. Nada poderia ser pior do que ter como inimigo o Deus do Mar.

Poseidon deixou claro na última conversa nada agradável que tiveram que sabia sobre os planos do pirata em se aliar a um antigo inimigo dos deuses do Olimpo, o titã Cronos. Na verdade, Poseidon já foi muito condescende com o “Queen Anne’s Revenge” deixando-o intacto por anos para evitar um conflito com Ares, mas aconteceu que Barba Negra já saiu dos limites da paciência do Deus do Mar há muito tempo, com a imprudência do capitão, as guerras constantes com outros navios e as maldições lançadas por aí a esmo, em que uma delas ironicamente caiu sobre a tripulação do “Queen Anne’s Revenge”, sem mencionar a visita de um traidor dos deuses que só piorou a situação do pirata quando o tema daquela conversa chegou aos ouvidos de Poseidon.

Barba Negra levantou-se cambaleante pelos movimentos bruscos do navio e pelo excesso de rum no sangue. Ainda segurando uma garrafa quase vazia da bebida, fitou uma pequena janela do fundo da cabine que mostrava de forma lateral a proa, em que um tripulante tentava puxar um dos mastros que balançava furiosamente ao vento. Parecia que Zeus também estava zangado com ele. Tomou um enorme gole de rum, a bebida escorrendo pela barba imunda, soltando um grande arroto.

Por mais que tentasse, a conversa que teve com o Deus do Mar num bar em Tortuga o atormentava.

Barba Negra estava sentado numa mesa de bar tomando seu precioso rum. A música estava alta e animada, bêbados cantavam desafinadamente, outros bêbados gritavam e quebravam mesas e garrafas, ou ainda estavam aos beijos com as prostituas locais. Era uma típica festa de piratas, ladrões e mercenários. O bar era escuro, iluminado fracamente por luzes vermelhas e pela lua alta daquela noite quente de verão. Toda a tripulação do “Queen Anne’s Revenge” ocupava o bar, todos alegres pela vitória daquele dia contra Long John Silver, com quem tiveram um pequeno confronto em altar mar, a quem Barba Negra odiava com todas as forças.

A disputa entre os dois piratas era de anos, seja por um navio, seja por uma donzela, seja pelo porto de alguma cidade. Entretanto daquela vez era algo mais sério. A disputa era por um precioso mapa, tão antigo quanto os deuses, que indicava o caminho para um grande tesouro perdido e escondido em alguma ilha do Caribe. Era um tesouro incomum, que não dava só riqueza para o possuidor, mas também uma espécie de poder sobre os sete mares... A única parte ruim da lenda desse tesouro era o chamado sacrifício de um semideus para o possuidor conseguir o poder que tanto deseja, além de descobrir com quem está o mapa. Barba Negra expulsou esses pensamentos sombrios da mente. Pensaria nesses problemas depois, naquele instante só queria beber seu precioso rum e encontrar um corpo quente de uma donzela para relaxar.

Lembrou-se da visita de um jovem semideus naquele mesmo dia, logo que desembarcou no porto de Tortuga e sorriu. O rapaz conseguiu uma audiência privada com o pirata, algo sobre aliar-se a um poderoso titã, ajudando-o a chegar ao poder no Monte Olimpo, e em troca teria total liberdade e autonomia sobre o mar, sem nenhum Poseidon para ditar regras. Ele, Barba Negra, seria o senhor supremo dos mares, tudo o que ele almejava há anos. Obviamente que suspeitou da oferta, afinal era só um moleque que dizia aquilo, mas no final das contas o rapaz o convenceu após o pirata ter ouvido a promessa feita a ele pelo próprio Senhor Titã, em sonho.

Ficou em transe por alguns minutos que pareceram horas e deve ter adormecido, pois quando acordou estava esparramado numa cadeira de um dos quartos de estalagem daquele bar. Sonhou que estava debruçado sobre um enorme abismo que irradiava fogo e quentura, em algum lugar obscuro. Tinha certeza que estava no Mundo Inferior debruçado sobre a entrada do Tártaro, onde lá uma voz fria e demoníaca conversava calmamente com ele repetindo tudo o que o rapaz havia dito ao pirata, minutos antes. Acordou num salto, com o coração quase saindo pela boca. Eram poucas coisas que deixavam Barba Negra assustado, e pode ter certeza uma delas era o Tártaro. No fim aceitou a oferta do mensageiro do Senhor Titã, juntamente com um juramento de sangue efetuado entre ele e o rapaz, garantindo a lealdade do pirata com o titã e a promessa do mesmo.

A felicidade de Barba Negra foi perturbada fracamente, pois não pensou o que o seu pai, Ares iria fazer se soubesse da aliança, porque logicamente, ele era um olimpiano, inimigo do titã. Logo deixou esse pensamento de lado, pois não devia nenhuma satisfação ao pai. Conversou com ele poucas vezes e nessas poucas vezes, Ares quase o esfolou vivo pela língua afiada do pirata. Não devia nada a ele, nada pessoal. E continuou com sua alegria.

Mas não durou muito.

Um belo homem, vestido de forma cordial e elegante, com uma blusa de linho branco de pregas e mangas longas, calças escuras e botas de couro, sentou—se na cadeira em frente ao pirata. Tinhas cabelos escuros e rebeldes e olhos verde-mar. Era realmente atraente, pois algumas mulheres se insinuaram para ele quando entrou, mas ele as dispensou educadamente. Barba Negra não precisou pensar muito para descobrir quem ele era, por mais que ele não seja rápido no quesito inteligência.

            - Edward Teach.

            - Poseidon.

Os dois se encararam. O deus com um olhar mortal, enquanto o pirata pousava a garrafa de rum calmamente sobre a mesa, tentando disfarçar o nervosismo. Não gostaria de demonstrar fraqueza diante do Deus do Mar.

- Você sabe muito bem o motivo de eu ter vindo aqui, Edward – Poseidon olhou em volta franzindo o nariz, murmurando – Esse lugar é repugnante – cravou o olhar novamente em Barba Negra – Não tenho muito tempo, meu caro pirata, portanto vou direto ao assunto. Já suportei demais todas as suas trapalhadas, brigas e confusões, Edward, no entanto uma traição é imperdoável. Não interessa como eu soube. Você abusou da minha bondade com você e com o seu barquinho...

- Senhor, sejamos racionais – começou Barba Negra – a oferta a mim oferecida era boa demais, não havia como recusar. Aliás, minhas condições são precárias. Estou sem o mapa que tanto desejo, até fui atrás de Silver para saber se ele foi o último portador do objeto, mas o canalha não quis revelar nada, por isso o ataquei deixando o “Hatred Of The Sultan*” caindo aos pedaços, mas não fique zangado, aquele velho gagá perna de pau conserta aquela velharia mais rápido que terminar uma garrafa de rum, e com as promessas do titã conseguirei o meu objetivo, a não ser que o senhor esteja propenso a me ajudar a encontrar o mapa, daí poderei repensar a minha decisão.

Barba Negra sabia que estava sendo mais do que arrogante com o deus, mesmo assim ele iria tentar tirar vantagem daquela situação difícil. Afinal ele era um pirata. Só mais tarde foi perceber o quão estúpido ele foi, em dizer aquilo, porque nem que ele, Barba Negra virasse padre, que Poseidon iria ajudá-lo a encontrar um mapa que levava a um tesouro, que dava poder supremo sobre o mar.

Por um momento deteve a esperança que Poseidon iria aceitar o acordo, porém a expressão de puro ódio no rosto do deus deixou aflorar o medo no pirata, fazendo a mão que estava apoiada próxima à garrafa tremer, engolindo em seco.

- Sem acordos ou chantagens, Edward – cuspiu Poseidon entre dentes – Minha paciência com você acabou. Agora você e o seu barquinho irão sentir a fúria do Deus do Mar toda vez que você e sua embarcação estiverem a bordo.

O deus agarrou o punho do pirata, que estava apoiado na mesa perto da garrafa, abrindo a mão áspera dele à força.

- Ao contrário de você, eu cumpro minhas palavras, pirata, e você vai ter um encontro com um dos meus bichinhos. Seu tempo acabou. – Poseidon deu tapa na palma da mão de Barba Negra com força. Levantou-se com um estrondo, dirigindo-se a porta do bar. Antes de sair completamente para os becos movimentados de Tortuga, disparou: - Espero que você desfrute da companhia dele quando encontrá-lo.

E desapareceu.

Grudado na cadeira, de olhos arregalados, Barba Negra levantou a mão que recebeu o tapa, temendo o que veria. Fechou os olhos, depois os abriu e encarou.

Gelou.

Na palma da mão se formava uma horrível mancha escura, estendendo-se até a metade dos dedos.

- O Kraken – sussurrou numa voz de túmulo.

Barba Negra voltou à realidade com uma sacudida brusca do navio, quase derrubando os candelabros do teto. Encarou a mão com a mancha, seu decreto de morte. O Kraken perseguiria aquele que carregasse a Mancha Negra.         

Poseidon o condenou a uma morte terrível.

O pirata não tinha mais escolha. Sua única chance de verdade era em se unir ao Senhor Titã e derrotar o Olimpo.

As coisas só começaram a melhorar quando chegou uma Mensagem de Íris do moleque do tal de um Acampamento Meio-Sangue. O pivete pedia para ele, Barba Negra, seqüestrar um semideus que estava chegando ao acampamento nos próximos dias ao lado de um jovem sátiro, mantendo-o prisioneiro no navio, aportando o “Queen Anne’s Revenge” na costa leste, na Califórnia e esperasse a ordem final, em que levaria este semideus até o Tártaro, pois o Senhor Titã desejava conhecê-lo. Óbvio que Barba Negra não gostou nenhum um pouquinho de receber ordens, porém mudou de idéia quando o moleque mencionou que o reconheceria pelo nome do garoto e por uma mancha pequenina no punho dele em forma de um tridente, deixando escapar que o pirata deveria seqüestrar “o filho de Poseidon e levá-lo sem problemas até a Califórnia e aguardar”.

Barba Negra aceitou o dever a ele incumbido, contudo possuía outros planos para o filho de Poseidon.

A porta da cabine se abriu violentamente, e uma bela mulher vestida propriamente como uma pirata exclamou:

- Capitão, estamos esperando suas ordens!

            Barba Negra se virou e a fitou sarcasticamente.

            - Vamos mudar de rota, Mary, e navegar sempre no raso. Iremos seguir para o norte até Virgínia, no EUA. De lá iremos para Nova Iorque, onde mais um tripulante será adicionado a nossa humilde embarcação. Estamos procurando um garoto chamado Perseu Jackson.

N/A: “Queen Anne’s Revenge” é “O Vingança da Rainha Anna” em português e esse navio, de acordo com as minhas pesquisas, realmente pertenceu um pirata que atendia pelo nome de Barba Negra, ou Blackbeard, em inglês. “Hatred Of The Sultan”, ou “O Ódio do Sultão” é um nome de navio pirata que eu inventei, porém Long John Silver é um pirata que pertence ao escritor Robert Louis Stevenson, no seu livro “A Ilha do Tesouro”.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?



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