– Eu não acho que seja uma boa ideia Potter.

– Eu não acho que você possa opinar, Malfoy.

– Ela é inteligente, se por acaso ela sonhar que existe um homem nesta casa...

– Eu já disse que ela não vai notar! Só quero manter um olho nela e Rony está enlouquecendo a todos.

– Se algo a perturbar, eu...

– Você gosta dela, não é? – Perguntou o moreno.

Draco fulminou Harry com o olhar. Mesmo pela lareira, era assustador. Entretanto o loiro não disse nada. Não havia como contestar.

– Onde ela está? – Quis saber Potter.

– No banho... Olhe aqui cicatriz, ela... ela toma muitos banhos, ela se sente suja. Eu... eu admito que as hipóteses do que aconteceu com Hermione me perturbam o tempo todo. Precisamos resolver isso também. Não sei você, mas eu vou fazer justiça.

Harry quis sorrir e chorar ao mesmo tempo. Realmente Malfoy havia mudado, era evidente, mas... o que acontecera com a amiga... era lamentável.

– Resolvemos isso depois. Um passo de cada vez.

Draco assentiu e se despediu secamente.

No banheiro do quarto azul anil, pertencente a castanha, o barulho do chuveiro cessou. Hermione matutava sobre o dia perturbador que tivera. Ela ainda não acreditava que havia falado tudo aquilo em voz alta para Draco. Sem falar em Gina. “Ah, mas aquela Gina me contou coisas mirabolantes! Onde já se viu? Draco me chamar de sangue-ruim?! Eu amar alguém além do meu anjo?! Absurdo!” “E se ele não me amar de volta?”

Enquanto se vestia, Hermione pensava em quão irritada ela havia ficado com a tal ruiva. A princípio a castanha ficou receosa, mas depois, tudo o que pensou foi uma possível relação entre Gina e Draco. “Será que ela já foi alguma coisa de Draco em Hogwarts?” “Ah não... Ele foi rude com ela” “Mas eu li que após relacionamentos as pessoas se odeiam” “Oh, espere, onde li isso?!”

“Estou muito bem mãe. Um pouco atarefado com assuntos do ministério, mas muito bem. Petrus me ajuda bastante. Não se preocupe comigo. Afetivamente, Draco.”

Narcisa leu o bilhete com uma ruga de preocupação estampada no rosto. Algo não se encaixava, não estava certo.

– Hermione, você está atrasada... O jantar está à mesa. – Falou o loiro batendo de leve na porta. Ele se perguntava se Hermione estava tão desconfortável quanto ele mesmo. “Mas ela falou tudo o que queria. Ela foi corajosa pra ser sincera. O meu problema é que sou um belo de um covarde...”

A castanha ouviu calada o aviso de Draco. Quis dizer que estava sem fome, mas não era verdade. De alguma forma ela sentia-se mal em pensar mais do que devia em Draco... ignorando a fome ela respondeu tardiamente:

– Estou sem fome...

Draco ouviu a resposta demorada da garota e estranhou. “Ela sempre come feito louca no jantar. Como assim está sem fome?”

– Tem certeza? – Indagou o rapaz.

– Sim, tenho. – Respondeu Hermione.

– Hermione, você está mentindo. – Declarou Draco preocupado. Ele sabia que a castanha estava mentindo. Era o príncipe da Sonserina, obviamente sabia quando mentiam para ele. Não o agradava saber que a garota ocultava a verdade dele...

– Não, não estou. – Relutou a garota se jogando na cama. “Vá embora, vá embora, anjo...”

– Posso entrar? – Perguntou Malfoy não obtendo resposta da moça. Aguardou um pouco e disse:

– Estou entrando, okay?

Draco encontrou Hermione agarrada com uma almofada de costas para a porta, no centro da cama. “Graças a Merlin ela está vestida” – Exultou o jovem mentalmente, ao perceber que Hermione estava com um vestido branco. Ele se aproximou da cama e disse:

– Hermione... o que houve? Eu sei que você estava mentindo. Deve estar morrendo de fome.

– Eu não quero jantar. – Disse a garota.

– Porque? – Quis saber o loiro levantando hipóteses.

– Não sei.

– Não sabe? – Perguntou Draco com um tom divertido.

Hermione nada falou.

– Esse seu comportamento não tem nada a ver com...

– Não! – Exclamou Hermione pulando da cama. A conversa estava se encaminhando justamente para onde ela menos queria. “Não fale nela, não fale que não me ama...”

– Vamos ver... Não gostou de Gina, certo? – Perguntou o loiro, optando pelo primeiro nome da ruiva para ver se quebrava um pouco a tensão aparente.

– Eu devia? – Quis saber a castanha apertando a almofada com mais força.

– Ela era sua amiga, mas não sei se devia... eu...

– Você gosta dela? Ou gostava? – Perguntou Hermione o cortando na metade da frase.

– Eu ia falar justamente sobre isso...

– Você gosta dela?! – Exclamou a moça largando a almofada.

Draco riu.

– Não. Se você me deixasse concluir minhas sentenças, saberia que não suporto, e nunca suportei aquela... garota dos Weasel.

Hermione quase chorou de alívio. “Ele não gosta dela. Nem um pouco!”

– Você está sorrindo ao ouvir que não gosto de alguém? – Perguntou o rapaz em tom de escárnio

A garota que nem percebera o sorriso que lhe assaltara a face, escondeu o rosto com as mãos e respirou fundo. Apesar da boa notícia, ela sentia algo incomodando-lhe um pouco.

– O que foi mon petit? – Perguntou Draco percebendo que mesmo aparentando estar mais leve, algo incomodava a garota.

– Não é nada...

– Você pode me contar o que quiser. Qualquer coisa. Não tenha vergonha, ou medo. Pode falar tudo o que precisar falar. – Encorajou o loiro.

– É que eu...”óh céus, não devo falar isso. O anjo não vai ficar feliz...” “Como vou falar se nem sei o que é direito?!”

Draco fez um gesto para que a garota continuasse.

– Eu estou com fome. – Falou Hermione sorrindo. Não era um sorriso genuino, mas ainda assim, era um belo sorriso.

– Okay. Vamos jantar. – O rapaz sabia que a bruxa tinha coisas a falar, mas preferiu não forçar mais. “Quando ela estiver pronta, falará.”

“Depois eu falo...” – Pensou a castanha se encaminhando para a sala de jantar no encalço do jovem Malfoy.

– Você nunca come a carne. – Disse Draco observando o prato da castanha. – É vegetariana?

– Lactovegetariana. – Respondeu Hermione automaticamente.

– Porquê? – Quis saber o jovem intrigado. Ele não lembrava de Hermione ser lactovegetariana na época de Hogwarts.

– Não sei... Falou Hermione confusa.

– Não tem problema.

E mais uma vez o silêncio voltou a imperar entre os dois jovens. Era sempre assim. Quando nenhum dos dois tinha algo a falar, ou coragem para tal ato, ficavam ambos calados, em um silêncio confortável, ouvindo a respiração um do outro.

– Posso entrar? – Perguntou batendo na porta.

– Pode. – Falou Hermione fechando o livro que estava lendo. O eleito da noite fora um clássico trouxa: O conto de Inverno, de William Shakespeare.

– Eu só queria saber se... – Começou o loiro meio sem jeito. Era ridículo para ele se sentir constrangido diante uma mulher. A fama de bad-boy de Draco Malfoy estaria arruinada se fosse depender de Hermione Granger. A moça desconcertava o rapaz de um jeito sobre-humano. E nem fazia ideia disso... – Você... É que... Eu, bem... – Tentou o rapaz.

– Você já está com sono? Podemos ir dormir agora se você quiser, eu já acabei esse livro. Tenho a impressão de já ter lido esse também... – Falou Hermione colocando a obra numa bolsinha de contas, que ela descobrira conter um verdadeira acervo literário. Sem contar no monte de coisas que ela nem sabia o que eram. 

Draco entalou-se com a própria saliva ao ouvir a sentença da garota. Seu temor era real: Hermione achava que eles iriam dormir juntos toda noite.

– Draco? Você está bem? – Perguntou a moça se precipitando para o moço.

– Estou ... estou... – Disse o loiro entre um pequeno acesso de tosse e outro. – Eu já volto, ok? – E saiu do quarto batendo a porta.

Hermione franziu o cenho para a porta recém fechada e dedicou-se a arrumar a cama que ela havia bagunçado.

          – Potter não mande o Weasley hoje.

– E por quê não?

– É complicado. Apenas não o mande hoje.

– Acontece Malfoy, que ele já pegou a capa e já está a caminho. Ele foi de vassoura, como você recomendou.

– Mas que droga! – Exclamou Draco saindo da lareira.

Mal limpou umas cinzas de sua camisa, o rapaz ouviu um grito agudo vindo do andar de cima.

          – Pansy volte aqui!

– Você não manda em mim Joseph!

– Volta aqui, deixa de ser idiota, pra onde você vai?

– Não lhe interessa! – Berrou a morena aparatando bem na frente dos olhos abismados do trouxa.

             – Draco? Draco?! – Perguntou Hermione a beira da histeria dentro do quarto. Ela olhava fixamente para a janela que se abrira sozinha.

      – Draquinho! – Chamou uma voz na base da escada que o loiro subia correndo. O rapaz parou de súbito e virou-se para ver a garota morena acenando para ele.

“Ferrou” – Pensou o bruxo. Antes de continuar correndo ele gritou:

– Espera aí Pansy!