_ Maki, não! – gritou.

_ Não se preocupe, Sorah! Eu estou aqui... – ela o tocava no ombro.

_ Ahhhh! Não faz isso! – ele pôs a mão no peito. – Eu sei que você quer a minha alma, mas não pensei que fosse tanto... Que susto!

_ Desculpa... É que para mim... Isso já virou rotina.

_ Você revive a sua morte todos os dias? – ele parecia aterrorizado.

_ Todos os dias... Sem direito a sábados, domingos ou feriados – riu sem graça – apesar de que nem sei que dia é hoje.

Sorah manteve-se quieto e pensativo por um tempo, revivia em sua mente o que havia visto, durante aquele momento em que estivera preso antes de voltar a falar.

_ Maki... O que está pretendendo fazer comigo?

_ Você está aqui para me ajudar a descobrir quem me matou – suspirou agastada por ter que repetir a mesma coisa várias vezes.

_ Você caiu de costa...

_ E daí? O que quer saber? Como é ter os ossos quebrados? Ou sentir o sangue escorrendo? Como é perder a respiração?

_ Não! Eu quero saber o que você sentiu ao ver o rosto de quem te matou.

_ Como assim? O que eu senti? – disse receosa.

_ Não me diga que morreu antes de ver quem te jogou lá pra baixo?

_ Eu... – engoliu em seco. – Não me lembro...

_ Quem você viu?

_ Eu não quero dizer... Eu não sei!

_ Eu sei que você viu... Eu sei! – ele disse agressivo quase zangado.

_ Me deixe em paz!

A fúria tomou conta dela explodindo todos os vidros das janelas, um por um.

_ Você viu meu pai, não foi? Responda-me! – Ele não fugia ou se desviava dos estilhaços e gritou mais alto que pode. - Foi ele não foi?

Os estilhaços voltavam para a janela, como num DVD que estava sendo voltado e novamente estavam intactas. 

_ SIM! – urrou qual uma fera ferida – foi ele quem eu vi, debruçado na janela. Mas... eu nunca quis acreditar. Seu rosto estava pálido, preocupado, ele gritava por mim... Não pode ter sido ele – olhou bem dentro dos olhos de Sorah e perguntou – você acredita que ele seria capaz disso?