MARIE CLAIRE // ------------ ♥
- O que estás fazendo, Marie? - Jeff, o irmão da garota perguntou, entrando brutamente no quarto.
Marie escondeu rapidamente seu diário do travesseiro sem que seu irmão percebesse.
- Nada, Jeff. O que está fazendo acordado ás onze da noite?
- Não estou com sono – Ele choramingou. – Sabe como é. Papai me disse que vai viajar de novo.
- Eu estarei aqui com você. Pode trazer seus amigos pra cá amanhã, se quiser. Podemos pedir pizza, e eles podem dormir aqui. É sexta-feira.
- Você se importa se eu trouxer o Liam?
- Por que me importaria?
- Soube que vocês ficaram.
- B-boatos, Jeff. Não acredite.
- Tudo bem. Vou tentar dormir, até amanhã, Marie.
Ele acenou desanimado e saiu do quarto fechando a porta. Marie esperou um tempo para ver se o garoto ia voltar, e pegou seu diário de volta debaixo do travesseiro. Não havia o que escrever. E pra que? Ela simplesmente não entendia o propósito de diários; eram tão inúteis. Ora, ela estava a fim de desabafar com alguém... E achou que o diário ajudaria. Mas o diário não é uma pessoa. Ele não vai dar opiniões e conselhos, ou abraça - lá e dizer que tudo ficará bem.

Londres, 17 de outubro de 2011.
Oi. Não sei muito bem o que escrever. Então será bem pouco. Papai, pra variar, viajou novamente. Eu queria tanto que mamãe estivesse aqui comigo. Eu disse a Jeff que o fato de eu e Liam termos anh, como eles dizem? “Ficado” foram boatos. Odeio mentir para meu irmão. E além do mais, Liam virá pra cá amanhã. Eu não vou agüentar vê-lo. O que aconteceu foi o seguinte: Jeff me puxou para uma festa. É. Ele disse que era só para acompanhá-lo, não precisaria nem entrar, se quisesse. Eu: não entrei. O problema foi que começou uma chuva, e eu estava sem casaco. Entrei na casa, e ignorei os olhares das garotas: “Nossa, que lixo.” Ou “Como você tem coragem de sair de casa?” Fui procurar Jeff, e não o encontrei; de fora a casa parecia uma comum, mas por dentro era como uma mansão. Sentei-me no sofá exausta de procurá-lo, e um garoto se sentou do meu lado. Depois de muitas trocas de olhares, ele começou a falar comigo. Conversamos. Trocamos números de telefone. Compartilhamos gostos e risadas. Descobri que se chamava Liam, e estudava na minha escola, e era amigo de Jeff. Uns tempos depois, Liam ia à minha casa falar com Jeff, e sempre riamos junto, ás vezes com meu irmão. Liam um dia destes, me convidou pra ir ao cinema. Ele gaguejou um pouco. Eu implorei para assistir uma comédia romântica que não me recordo o nome agora, e ele concordou desde que ele pudesse comer um Doritos sem ser interrompido. No cinema, Liam tocou na minha mão sem querer, e eu sorri. Ele segurou minha mão, e ficamos nos fitando por dois segundos; meu mundo tinha parado ali, e quando eu voltei a mim, Liam estava me beijando no mesmo momento em que os protagonistas se casavam. Saímos do cinema quase namorando, não sei. Liam me levou em casa, e eu perguntei se ele queria entrar pra comer algo. Foi aí que ele me puxou pro meu quarto, e anh, aconteceu. Eu era virgem. Liam se despediu de mim com um beijo, e no dia seguinte, quando cheguei à escola, me deparei com Liam beijando Hanna Adams. Eu só pude sair correndo. Depois, Liam veio para perto de mim com um “Oi, amor” e tentou me beijar. Eu desviei, (a sala estava vazia) e ele tentou enxugar minhas lágrimas. Eu o empurrei.
- Você estava beijando Hanna Adams!
Ele passou a mão pelo cabelo e seu sorriso desapareceu.
- É que ela é minha namorada...
- S-sua namorada?
- É. Desculpe! Eu ia te contar que tinha uma, e... Mas não resisti a você.
- V-você estava traindo a Hanna comigo?! E vice-versa?
Ele olhou para o chão sem argumentos. Naquele dia eu não assisti a aula, fui somente pra casa, mentindo sobre uma dor de cabeça.

A mão de Marie cansara de tanto escrever. Ela escondeu o diário em baixo da cama, e esfregou os olhos. O dia seguinte seria cansativo.