– Miranda

- Eu gostaria de saber por que você está tão animado. – Falei, enquanto Justin socava suas roupas de qualquer jeito na mala.

- Nós vamos viajar, vamos passar esse final de semana fora. – Sorriu. – Anda, arruma suas coisas. – Puxou minha mão, levantando-me da cama.

- Para onde vamos? – Perguntei, curiosa.

- Surpresa.

- Ah, Justin... Odeio quando você faz suspense. – Fiz um bico.

- Você não vai se arrepender, eu prometo.

- Não é isso. É que... Levando em conta seu histórico de surpresas, eu vou ficar encantada. E isso só me faz ficar mais curiosa. – Expliquei.

- “Levando em conta” – imitou minha voz. – Você não cansa de bancar a inteligente não?

- Faz parte de quem eu sou. – Dei língua para ele.

- Você gosta é de humilhar, tenho uma capacidade intelectual tão primitiva. – Falou, fazendo uma careta. – Há, consegui falar bonito!

Soltei uma gargalhada, sendo acompanhada por ele.

- Anda, arruma. – Pediu, fechando sua mala. Enorme, por sinal.

- Não vai me contar mesmo? – Fiz o biquinho de novo, piscando os olhos.

- Não. – Sorriu e me deu um selinho.

- Tá. – Fui até minha mala batendo o pé, Justin ria da minha cara. Arrumei minhas coisas em muito pouco tempo.

Kenny apareceu no quarto, pegou a mala do Justin e a minha, depois saiu, sem dizer nada. Olhei a cena.

- Vamos?

- Claro. – Sorri.

Entramos no carro e fomos para o aeroporto. Ninguém falava nada, o silêncio estava me incomodando. Fredo estava entretido com seu celular, Kenny dirigia, Scooter estava quase dormindo e Justin... Bom, Justin segurava minha mão e não precisávamos dizer muita coisa quando estávamos daquele jeito.

Recebi uma ligação de Norah.

- Alô?

- Ei, gatinha. O que você aprontou dessa vez? – Perguntou ela, rindo.

- Hein? – Não entendi. Todos no carro de alguma forma prestavam atenção em mim.

- Por que a sua agente social está aqui em casa?

- Hein? O que ela está fazendo aí?

- Não sei, ela só apareceu aqui. Está falando com o papai e a mamãe.

- Ela disse alguma coisa? – Apoiei meus cotovelos nos joelhos, passando a mão pelo cabelo.

- Disse só que alguém fez uma ligação, dizendo para vir aqui. – Pude imaginar a confusão no rosto de Norah sem nem ao menos vê-la.

- Certo. Não faço ideia do que pode ter acontecido. Vê o que ela quer e me liga depois! – Pedi. Norah concordou e desligou. Justin me olhava, atento.

Guardei o celular e desfrutei daquele maravilhoso silêncio do carro.

- Espero que esteja animada. – Scooter disse, quando chegamos ao aeroporto. – Isso é para você.

- Scott! – Justin quase gritou. Os seguranças tomaram posição perto da gente, agora que muitas pessoas já olhavam.

Caminhamos pela entrada do aeroporto, sem pressa. Foi aí que ela se juntou a nós.

- Jus! – Selena o abraçou, sorrindo. – Gente, que coincidência!

- Pois é. – Justin falou, fazendo uma cara estranha.

- Tudo bem, não é coincidência. Vou pegar o mesmo voo que vocês. – Ela sorriu, desmentindo o que havia falado.

- Jura? – Justin parecia confuso.

- Sim, bobinho. Meu agente providenciou isso. – Ela riu fraco. Revirei os olhos. – Miranda! Não te vi aí. – Sorriu para mim, apenas sorri de volta.

- Justin! – Scooter estava um pouco mais à nossa frente. – Vamos!

O check-in foi rápido e o embarque mais ainda. O dono daquilo estava mais animado que eu. Só queria saber o que ele estava aprontando. Tentei adivinhar. Eu não havia dito nada sobre lugar nenhum esses últimos dias.

Para onde aquele garoto estava me levando, que tinha que arrastar a equipe toda junto? E ainda uma agregada indesejada. Selena estava me irritando, ficava falando com ele e dando risadinhas.

- Me conta. – Pedi, balançando o braço de Justin, quando ele parou de falar com menina.

- Não.

- Por favor!

- Você é pior que eu. – Ele riu fraco.

- Não sou não!

- É sim!

- Você acha? Pois eu acho que... Não, esquece. – Arrumei uma armadilha. Três, dois, um.

- Acha o quê?

- Nada. – Tentei não sorrir.

- Pode dizer, o que você acha?

- Não é nada, Justin.

- Fala! – Insistiu. Não me aguentei e comecei a rir. – O que foi?

- Eu sou pior que você, não é?

- Hein...? Ah, nossa, que engraçada. – Fechou a cara. Ri alto, vitoriosa.

- Ponto para mim. – Comemorei.

Ele revirou os olhos e colocou os fones de ouvido.

- Sou demais. – Tirei um de seus fones. Ele se afastou rapidamente, bufando. Ri de novo.

- Isso tudo é para eu te dizer onde estamos indo?!

- Depende. Se isso for te fazer falar, sim. Se não, eu só quero te irritar mesmo. – Sorri.

Ele fechou os olhos, respirando fundo. Estou sendo irritante demais? Ops.

Tentei me concentrar em outras coisas como, por exemplo... Deixei minha cabeça cair em seu ombro.

- O que é agora? – Perguntou, levantando as mãos, exasperado.

- Estou com sono. – Respondi, baixinho.

- Ah. Você parece uma criança. Faz bagunça e depois fica cansada. – Ele riu fraco.

- Sou uma criancinha, então. – Fiz um bico.

- Bebezinho. – Apertou minha bochecha.

- É... Estou com fome, o que eles servem aqui? – Perguntei, olhando para um lado e para o outro do corredor. Selena estava nos olhando, desviou rapidamente o olhar quando eu olhei em volta.

- Sim? – Uma aeromoça veio até nós, quando chamei.

- Gostaria de comer...

- E o que seria?

- Hm, não faço ideia do que comer. Posso confiar na sua escolha? – Perguntei à moça, que não parava de sorrir.

- Claro. Eu já volto. – Simpática essa mulher.

- O bebê está com fome? Ah, droga, não trouxe seu babador! – Justin fingiu frustração. Dei um tapinha em seu braço, rindo.

- Aqui está. – A aeromoça voltou, com uma bandeja em mãos. Colocou na nossa frente, na mesinha. Primeira classe permite esses mimos.

Peguei um dos petiscos que tinha ali e experimentei. Realmente maravilhoso. Peguei outro e Justin arrancou da minha mão.

- Ei! – Reclamei.

- Você não pode comer esse, tem pimenta. – Ele abocanhou o petisco.

- Sério? Ah, que bonitinho, se preocupando com minha saúde. – Apertei sua bochecha.

Ele deu de ombros e comeu todos os petiscos iguais àquele na bandeja. Comi os outros, que supostamente eram mais seguros.

O tempo de voo foi rápido. Logo chegamos ao nosso destino.

“Bem vindos à Atlanta.” – O comandante falou no rádio. Olhei para Justin, que tinha um sorriso nos lábios. Abracei-o com força, deixando-o sem o ar, eu acho.

- Obrigada, obrigada, obrigada! – Dei vários selinhos nele.

- Uau, se fosse para ser agradecido assim, vou te trazer aqui sempre. – Observou ele, sorrindo. Ri alto dele e dei mais um selinho.

Desembarcamos no aeroporto de Atlanta. Ah, o vento seco e frio, sem aquela umidade da maresia. Respirei fundo, sorrindo. Justin parecia bem satisfeito consigo mesmo.

- Vamos para sua casa primeiro. – Disse Justin, me abraçando de lado enquanto saíamos do aeroporto.

- Nós vamos para o apartamento, Justin. – Scooter falou, jogando a chave da Ranger Rover ao Justin. – Nos vemos depois.

Agora era só eu, Justin... E Selena.

- Vamos fazer assim? – Começou Justin. – Vamos para a casa da Miranda e depois eu te deixo no hotel. – Propôs a Selena.

- Por mim tudo bem. – Ela sorriu. Assenti, de má vontade.

O carro parou na frente da minha casa. Era tão bom estar de volta.

- Vai descer? – Perguntei, sorrindo.

- Vou dar um oi ao seu pai. Ele deve estar com saudades de mim. – Ele riu fraco, tirando o cinto.

- Você ainda vai conseguir um soco na cara. – Ri junto. – Quer vir também? – Virei-me para Selena. Estar em casa me deixou feliz o suficiente para ser educada com ela.

- Claro, por que não? – Respondeu, com um sorriso.

Assenti, sorrindo e saí do carro, correndo para a porta de casa. Apertei a campainha, ansiosa ao máximo. Justin veio logo atrás de mim, com Selena.

- Pois não? – Sam atendeu a porta com uma cara de tédio. Aí ela me viu. – Meu Deus! Querida! Você voltou! – Gritava.

- Que gritaria é essa, Sammy? – Norah apareceu no hall de entrada e me viu. – Você!

Tentei abraça-la, mas o medo de machucar o bebê foi maior. Aliás, a barriga dela estava maior. Olhei sua barriga com um ‘O’ perfeito nos lábios.

- Você está ferrada! – Disse ela. – Ah, oi JB! – Norah deu um beijinho na bochecha dele. – E...? – Referia-se à Selena.

- Selena... Gomez. – Apresentou-se, sorrindo.

- Ah, muito prazer. – Norah foi tão educada com ela.

Entramos em casa. O cheiro, o conforto, a sensação de estar em casa era maravilhosa. Por sorte, chegamos na hora do almoço. Meus pais estavam na sala, conversando com o Albert. Minha mãe quase enfartou.

- O que vocês estão fazendo aqui? – Sorria ela, me olhando, depois Justin e por fim Selena. – Justin! – Ela o abraçou. Não sei muito bem por que, mas minha mãe sempre preferiu Justin a Tyler. Talvez fosse o lance de sermos primos, não sei.

- Que bom que apareceu, meu amor. – Meu pai me abraçou, forte. Ele olhava feio para Justin. Um dia ele gostaria de Justin. Fala sério, não é tão difícil assim! – Bieber. – Assentiu.

- Que formalidade, senhor Steph! – Justin abriu os braços e envolveu meu pai neles. De início achei que meu pai fosse surtar, mas não. – Quanto tempo, não?

- Rezei para que ele não acabasse. – Meu pai se desgrudou do menino. Contive uma risada. – Então, quem é a mocinha ali atrás?

- Selena Gomez, muito prazer. – Sorriu.

- O prazer é nosso. Miranda, acho que alguém vai ficar feliz em te ver. Está no escritório do seu pai. – Avisou-me minha mãe. Assenti e saí em direção ao cômodo. – Vão ficar para almoçar, certo? – Ouvi minha mãe dizer aos dois, que ficaram na sala com eles.

Entrei no recinto, sorrindo. Ella estava lá e levou um susto quando me viu. Abracei-a. Sempre adorei Ella, aquela mulher já havia feito muito por mim.

- Achei que você estava viajando! – Me abraçou de volta.

- Estava, e acredite, foi uma surpresa para mim também. – Sorri. – Aconteceu alguma coisa?

- Diz você! Eu só recebi uma ligação. – Deu de ombros, me olhando com curiosidade.

- Ei, é por aqui o banheiro? – Selena apareceu na porta. Olhou para nós duas e nem esperou minha resposta, saiu dali tão rápido quanto apareceu.

- Eu conheço aquela garota. – Refletiu Ella.

- Eu acho que sim. Ela é atriz e cantora. – Falei, sugestivamente.

- É, pode ser isso. Você se envolve com tanta gente famosa, chega dá um nó na minha cabeça. – Reclamou.

Apenas ri. Olhei em volta, sentindo o leve cheiro de canela que dominava o ar do escritório do meu pai.

- Bom, acho que realmente não há nada para fazer aqui. Vou embora. – Disse Ella, pegando sua bolsa.

- Fique para almoçar! – Convidei.

- Não estarei incomodando?

- Faça-me o favor, Ella. – Revirei os olhos.

Saímos do escritório e voltamos para a sala. Justin estava se despedindo dos meus pais e de Norah.

- O que foi? – Acompanhei ele, enquanto se dirigia à porta.

- Selena insistiu que fôssemos embora. Disse que não está passando bem. – Ele coçou a nuca, olhando o carro estacionado lá fora.

- Ok, diga a ela que mandei melhoras. – Sorri fraco e lhe dei um selinho.

- Tchau.

Fechei a porta e voltei para a sala. Meu pai estava lá, de pé, braços cruzados e uma cara nada boa.

- Vocês voltaram? – Perguntou minha mãe, sorrindo.

- Não... Oficialmente. – Falei.

- Não acredito. – Bufou meu pai.

- Vamos almoçar? – Mudei de assunto.

Minha mãe apressou-se em vir para meu lado, me abraçando. Eu preciso agradecer mais ao Justin por me dar esse presente maravilhoso.

Depois do almoço em família, fui ficar um pouco com Norah... E meu sobrinho/afilhado.

- Então, você e o Bieber, hein? – Ela arqueou uma sobrancelha, me olhando.

- O que tem?

- Estão juntinhos de novo? – Ela se segurava para não rir.

- É... Não sei, pode-se dizer que sim...

- Ele ainda não oficializou?

- É. – Olhei para minhas mãos.

~Spoiler~

– Eu acabo de me abrir aqui e você não vai dizer nada? – Perguntei, quase chorando.

Chorar. Que garota nesse mundo me fez chorar alguma vez? Só ela, claro.

- Desculpe, Justin... Eu não... – Não chegou a terminar. Apenas deu meia volta e entrou no carro, sem olhar para mim.

Olhei o carro sumir de vista. Ótimo, eu a trouxe aqui para acabar com tudo que eu havia conquistado.