– Justin

- Scott? – Entrei no quarto, fechando a porta atrás de mim.

- Sim?

- Eu quero pedir um favor. – Entrelacei minhas mãos, inseguro.

- Fale e verei o que podemos fazer. – Largou o celular e me olhou.

- Podemos voltar para Atlanta? Por um final de semana, pelo menos?

- Aconteceu alguma coisa?

- Estou com saudades da minha mãe. – Falei, mentindo.

- Sua mãe esteve aqui há dois dias! – Argumentou. – Fale a verdade, Justin.

Olhei em volta, mas ele ficou lá, me pressionando com aqueles olhinhos pequenos. Cara, é muita pressão, tá legal?

- Miranda sente falta da família. – Soltei de uma vez.

- Sabia que tinha algo a ver com ela. – Sorriu.

- Idiota. – Joguei uma almofada nele.

- Vou ver o que posso fazer. Mas não comente com ela, não é uma promessa. – Pegou o celular. – Já corrigiu a letra da música?

- Ainda não terminei.

- JB, senta aí. – Ele apontou para a poltrona à minha frente. Sentei. – Você está mesmo levando isso a sério?

- Hein?

- Justin... – Ele suspirou, passando a mão pelo cabelo e voltou a me olhar. – Não acha que isso é besteira? Esse negócio da música e do prêmio...

- O Grammy é uma besteira para você?! – Perguntei, horrorizado com o que ele acabou de dizer. Fala sério, o Grammy é o sonho de nossas vidas. Eu quase ganhei esse ano, se não fosse aquela tal de Esperanza Spalding!

- Você não entendeu, J. Estou falando... Eu não acreditava que você fosse levar isso tão adiante. Quero dizer, onde está o gosto pela curiosidade, onde está o gosto pela luta? – Ele parecia suplicar alguma coisa.

- Mas eu estou lutando. Eu fiz uma música, como o cara pediu, isso não é lutar? Eu estou fazendo por onde...

- Mas você está vendendo o que mais? Cadê a honestidade?

- Ela está aqui, a partir do momento em que eu passo a noite em claro por causa dessa letra. – Protestei, levantando-me. – Eu sei o que eu estou fazendo, Scooter. E você estava lá quando eu aceitei. Não me venha com sermão à essa altura do campeonato!

- Certo, JB, você está por conta própria agora. Não me responsabilizo por você sobre isso. – Suspirou, derrotado.

Assenti, nervoso e saí do quarto dele, indo para o meu. O celular vibrou no meu bolso, era Selena.

- Alô?

- Você já entregou a música?

- O Scooter deu uma olhada e me pediu para mudar algumas coisas. – Falei, parando na porta do quarto.

- Ah, droga. Eu gostei tanto.

- Eu sei, mas já estou arrumando, acho que ficará bom. – Sorri para a parede.

- Creio que sim. Jus, por que não apareceu ontem? – Perguntou ela, sua voz estava triste.

- Eu perdi a noção do tempo.

- Estava com a Miranda, não estava? – Sua voz passou de triste e manhosa para dura.

- Também. – Admiti.

- Não achei que você fosse se esquecer de mim, Jus.

- Por favor, não começa. – Implorei, colocando a mão na testa. – Está começando a parecer a Victoria.

Ela não respondeu nada. Também não liguei muito. Selena não pediu nenhuma promessa de que continuaria a vê-la diariamente, então eu nem faria questão.

- Sel, tenho que desligar. O Kenny está chamando para a gente sair. Beijos. – Menti.

- Tchau. – Respondeu, seca.

Bufei e apertei o botão de desligar. Entrei no quarto em silêncio para não acordar Miranda. Tirei uma foto dela dormindo, tão linda e angelical.

- Ei, Justin. – Alguém abriu a porta, batendo em mim.

- Ai! – Passei as mãos nas costas, onde a maçaneta havia pegado com força. – O que é? – Cochichei. Era o Kenny.

- Hoje à noite, teremos um jantar com alguns produtores. Esteja pronto às sete. – Cochichou de volta, sério.

- Eu tenho mesmo que ir? Eu odeio esses jantares que vocês me enfiam no meio! – Reclamei.

- Tem sim. Você é importante aqui, JB. – Fechou a mão em punho e bateu de leve no meu queixo, sorrindo.

Revirei os olhos e assenti. Ele deu uma olhada no quarto, mas depois pareceu se contentar com algo e saiu.

Sentei na cama, pensando no que Scooter havia dito. Será que ele estava certo? Quero dizer, é errado fazer de tudo para conseguir o que eu quero?! Minha cabeça estava a mil, um turbilhão de pensamentos rodavam por ela. Olhei Miranda, deitada na cama, calma e tranquila.

Quem diria. Eu sou o cara mais sortudo do mundo. O tanto que eu já fiz essa garota chorar, sofrer... E ela sempre me perdoa. Além de sortudo, eu sou muito imbecil. Sou um merda. O que eu estou fazendo?

Deitei ao seu lado, abraçando sua cintura. Não demorou muito e eu peguei no sono também.

XXXX

Selena olhou com raiva para a parede, sentindo o ódio tomar conta; apertava com força o celular que tinha na mão.

O que aquela menina tinha de tão maravilhoso assim? Todos os meninos gostavam dela. Todos, sem exceção. Até mesmo aqueles amiguinhos do Justin, os quais Selena nunca conseguiu fazer amizade, adoravam a menina. Deixou um suspiro de frustração escapar como um silvo de seus lábios.

- Vocês acham que nada pode separar vocês dois? – Selena dizia para ninguém, a voz estava carregada de maldade. – Então vamos ver. Nem que eu tenha que matar essa garota.

O celular vibrou em suas mãos, fazendo com que a garota olhasse para ele automaticamente. Não estava esperando nenhuma ligação... O número era desconhecido. Uma mensagem.

“Estou de olho em você.”. Era só o que a mensagem dizia. Selena sentiu todas suas terminações nervosas entrarem em choque. Quem estava de olho nela?

Deixou um palavrão escapar e jogou o celular na cama. Tinha que haver algo que pudesse fazer para acabar com o romancezinho daqueles dois. Mas o quê?

Ela podia ser mais criativa ou simplesmente ser clichê. Podia trancar a garotinha numa caixa e mandar para o Sudão; como estratégia criativa – e louca. Ou poderia ser normal, o velho truque da traição, encher a cabeça de um dos dois com mentiras e coisa do tipo. Qualquer um serviria.

Mas, levando em conta essa pessoa que agora a observava, era melhor não levantar poeira.

XXXX

Acordei de repente, com a barulheira de fotógrafos na frente do prédio. É curioso como o barulho da rua fica mais evidente quando se está num andar mais alto. Olhei o relógio. Seis e cinquenta.

- Miranda, ei. – Sacudi-a levemente, mas com pressa.

- O que foi?

- Temos um jantar agora, se arrume. – Pedi, delicadamente enquanto ela se sentava. Acendi a luz do abajur, piscando várias vezes para deixar meus olhos se acostumarem com a claridade.

- Certo. – Ela abriu um sorriso e levantou.

Enquanto ela se arrumava no banheiro, troquei-me rapidamente no quarto.

- Será que você pode ir só um pouquinho mais rápido? – Perguntei. Já tinha mais de dez minutos que ela estava lá dentro!

- Não me apressa! – Reclamou.

Olhei para o relógio de novo. Sete horas.

- Pronto, apressadinho. – Ela saiu do banheiro. Peguei a mão dela e a puxei para fora do quarto.

- Os caras já chegaram. – Falei, entrando no elevador. Miranda apenas revirou os olhos.

- Quem são? – Perguntou, arrumando-se no espelho do elevador.

- Alguns produtores da minha gravadora.

- É importante então. – Falou, fazendo um biquinho na frente do espelho. Ri pelo nariz da cara dela.

- Sim.

A porta se abriu. Passamos pelo saguão, indo para o restaurante. Os fotógrafos se espremiam na porta do hotel para tirar fotos. Alguns dos meus seguranças formaram uma parede em volta de nós, de modo que nenhuma foto de Justin Bieber e sua suposta affair seria tirada.

- Justin Bieber? Me acompanhe. – Disse o maitre, saindo pelo restaurante. – Aqui está sua mesa.

Olhei para aquele monte de gente e sorri, puxando a cadeira para Miranda e depois me sentei. Os pratos foram servidos.

- Prepare-se, isso aqui vai ser muito chato. – Sussurrei para Miranda, que sorriu, olhando o resto da mesa com curiosidade.

Os homens começaram a comer e falar ao mesmo tempo. Por mais que eu tentasse, não entendia nada do que eles falavam. O jeito como falavam era muito rápido, e havia palavras difíceis no meio. Não que eu não estivesse interessado nos que eles falavam, já que o assunto era eu. Era chato porque eu não conseguia acompanhar.

- O jantar foi ótimo. – Falou o cara mais velho dali. Fala sério, eles eram meus parceiros e eu nem sabia o nome deles.

- Foi sim, ainda bem que decidimos coisas tão importantes. – Assentiu Scooter, apertando a mão do homem.

O quê? Já acabou? Nossa. Levantei quando todos se levantaram. Abracei e apertei a mão de cada um deles. Simpatia é o que conta.

- JB, por que não vai dar uma volta? – Perguntou Scooter. Entendi a indireta: ele ia falar coisa de adulto. Fiz uma careta quando me virei, fazendo Miranda rir.

- Ai, Justin, você não existe. – Falou ela.

- Para de ficar dizendo isso. Vou acabar acreditando.

- Claro. Aí você vai achar que pode atravessar paredes também. – Ela riu.

- E eu posso! – Entrei na brincadeira. Paramos no deque que havia perto da área da piscina. – Está calor, não?

- Um pouco. – Um vento fraco bateu em seu rosto e ela fechou os olhos.

- Boa noite para um mergulho. – Falei, olhando a piscina.

- Pois é...

Desci correndo as escadas do deque, puxando-a comigo. Ajoelhei na frente da piscina e coloquei a mão lá dentro.

- A água é aquecida. – Falei, sorrindo.

- O que você...? – Miranda parou de falar quando tirei minha jaqueta e depois a blusa. – Justin?

- Vamos nadar. – Expliquei, sorrindo.

- Não vou lá no quarto colocar roupa...

- Não precisa! – Tirei o cinto.

- Você está falando sério?! – Ela me olhava como se eu fosse um doido. Assenti. – Ah, pode entrar sozinho.

- Vamos lá, baixinha. – Pedi. Eu estava só de boxer.

Ela negou com a cabeça. Dei de ombros e pulei na piscina.

- Vem! – Fiz uma carinha de pidão.

- Não vou entrar de lingerie!

- É tudo a mesma coisa, Miranda! – Argumentei.

- Não é não!

- Ah, o que tem de diferente entre seu biquíni e sua roupa íntima?

- Aí está! É a minha roupa íntima! – Ela ria, nervosa. Apenas a olhei. – Tá. Você venceu.

Ela caminhou até a beira da piscina. Suspirou e tirou o jeans. Ah, cara. Olhei para a água. Um par de pernas apareceu na minha frente. Olhei para cima, ela estava sentada na borda. Tirou o suéter e depois a blusa. Me perdi em seu corpo por um momento, ela era tão linda. Linda não, perfeita. Estendi meus braços para pegá-la pela cintura e a coloquei dentro da água.

- Viu? Morreu? – Provoquei.

- Estou morrendo de vergonha, isso sim. – Ela corou.

- Não sei por que, você é linda. – Sussurrei em seu ouvido. – Todas essas curvas e eu sem freio nenhum... – Depositei um beijinho em seu pescoço.

- Justin! – Ela tentou me bater, mas só levantou água. Colocou as mãos no meu ombro e me afundou, depois saiu nadando pela piscina. Fui atrás dela. – Sai, não quero falar com você! – Ela ria.

- Quer sim! – Joguei o cabelo na minha testa para o lado. – Todas querem.

- Agora eu sou todo mundo. – Colocou a mão na cintura. Meus olhos desceram para seus seios, mas voltaram rapidamente para seu rosto.

- Eu falei todas e não todo mundo. – Corrigi. Ela riu fraco e deslizou até chegar perto.

- Você é besta. Sabia?

- Você não me deixa esquecer. – Pisquei para ela. Coloquei minhas mãos em sua cintura e selei nossos lábios. Minhas mãos passeavam por suas costas. Desci um pouco mais e ela partiu o beijo jogando água no meu rosto.

- Tarado! – Ela não estava brava, mas se afastou, rindo.

- Ninguém mandou você ser tão atraente. – Falei. Ela riu, suas bochechas estavam vermelhinhas.

- Justin Drew Bieber! – Scooter gritou. Nós dois nos viramos para ele, assustados. – E Miranda! – Agora ele estava espantado.

- Sim? – Sorri, cara de pau.

- As gracinhas podem sair dessa piscina, por favor? Antes que algum ser humano com maldade no coração tire uma foto de vocês aí? – Batia o pé freneticamente. Ele estava bravo.

- Toalhas? – Sorri de novo. Cara, como eu amo provocar.

Ele entrou no hotel e voltou em um segundo, com duas toalhas nas mãos. Jogou na espreguiçadeira mais perto e saiu. Ri da cara dele.

- Justin! – Miranda me repreendeu, saindo da piscina. Meu Deus, o Senhor estava de bom humor quando desenhou essa garota, não foi? Mordi o lábio inferior. – Dá para parar de ficar me olhando? – Pediu, me tirando dos meus devaneios pervertidos.

Não respondi. Apenas saí da piscina também. Peguei as toalhas e joguei uma para ela. Pegamos nossas roupas e entramos no hotel.

- Você é louco. – Observou ela, enquanto eu brincava com meu cabelo no espelho do elevador.

- Sim. – Sorri para ela, fazendo uma cara de sedutor.

- Como você é charmoso. – Debochou, revirando os olhos.

- Eu sei. – Dei um selinho nela, que logo se transformou em um beijo, apaixonado.

Saímos de fininho do elevador e entramos no quarto, aos beijos novamente. As toalhas nem estavam mais nos cobrindo. Uma corrente elétrica passou por todo meu corpo ao tocar sua pele macia – ou foram simplesmente os hormônios. Minha língua percorria toda a sua boca, assim como minhas mãos percorriam suas costas, procurando o fecho do sutiã dela. Quando achei, ela se separou de mim, fechando uma porta em seguida. Quase caí de cara na porta. Banheiro maldito.

Essa garota estava me deixando louco.

Troquei de boxer e coloquei uma calça de moletom, apenas para dormir. Miranda saiu do banheiro, vestida com seu pijama. Bati no espaço ao meu lado, pedindo para ela se deitar.

- Não. – Ela riu fraco e sentou no sofá. – Você vai começar com as brincadeirinhas. – Suas bochechas estavam coradas.

- Não vou. – Sorri, malicioso.

- Não vai, sei. – Ligou a TV, me ignorando. Levantei da cama e a peguei no colo, deitando com ela na cama. – Justin!

- Não está com sono? Nadar me dá um sono... – Bocejei.

- Só para você. – Falou ela. – Eu quero ver TV. Hoje o Taylor Lautner vai estar num programa aí.

Bufei, fazendo Miranda rir baixinho.

- Você também é apaixonada por aquela pilha de músculos? – Olhei-a, sério.

- Que coisa feia, Justin! Ele não é uma pilha de músculos. Ele só é... Lindo. – Miranda soltou um suspiro bobo.

- Vou dormir. – Virei para o outro lado.

- Ah, não precisa ficar com ciúme, seu bobo. – Apoiou seu queixo no meu ombro.

- Não estou com ciúme. Estou com sono, sério. Vai lá ver o Lautner na TV.

Ela riu alto, uma risada gostosa. Deu um beijo no meu ombro e levantou da cama, indo para o sofá. Não é que ela foi mesmo? Argh. Fechei os olhos e tentei dormir.