Aira Snape - A Comensal escrita por Ma Argilero


Capítulo 28
Princípios


Notas iniciais do capítulo

Capitulo novo. Já tinha parte escrito, então não demorou para completá-lo. Bem, estava bastante ocupada com o curso técnico e tinha pouco tempo para escrever.
Quero agradecer a Enie Emily pela recomendação. É linda. Obrigada.
"Bom, eu não sei se a Hamandha se lembra, mais no meu primeiro comentário meu na Fic eu havia dito que logo ela seria uma escritora. Ela foi muito modesta na resposta. Eu leio muitos livros e acredito que se você realmente quiser, um dia você será um grande escritora."
Claro que lembro. Eu sou modesta com as coisas que sei. Eu amo ler e escrever, mas quando eu acreditava que seria uma boa escritora, pessoas me mostraram que não basta apenas querer escrever uma história, tem de colocar sua alma nela, viver ali dentro cada segundo como se fizesse parte da narração. Há o vinculo escritor/personagem. Cada um tem sua maneira de escrever. Eu não sabia como era escrever uma história até encarar esse desafio. Escrevi Aira Snape em uma tentativa de que alguém lesse. Muitos leram e me deram dicas. Recebi-as com todo o carinho e utilizei. Ainda não estou apta a escrever um livro para publicação, mas almejo esse futuro em minha vida. É um sonho que alimento a tempos e só vem aumentando. Agradeço a todos que acreditam que eu possa ser uma escritora, mas minha sina ainda não chegou.



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Eu fiquei chocada quando Draco disse “Nosso noivado”. Não esperava festa nem qualquer comemoração nessa situação, mas eles aparentemente não estavam se importando com isso agora. Narcissa deveria estar elétrica com os preparativos da festa e principalmente com a notícia de que seu filho está noivo. Em contrapartida existia Lucius que era um homem que me odiava. Antes não sabia o motivo de tanto rancor, mas certamente havia o motivo. Não era somente por eu ser mestiça, mas talvez por que ele temia que Draco se envolvesse comigo – o que acabou acontecendo de qualquer forma.

Draco sentou-se na cama e contou-me que Narcissa perguntara sobre o anel e se havia feito o pedido. Ele contou a verdade. Narcissa achou tudo sem romantismo, mas estava feliz por eu ter aceitado. Eu era a filha que ela nunca teve. Depois disso, ela decidiu fazer uma festa o quanto antes com meus pais e os parentes de Draco. Bem... O que me intrigava era se Voldemort estaria ali, mas provavelmente ficaria trancado, conversando com sua cobra.

Retornei ao banheiro e coloquei o vestido. Ele não ficava marcado – Narcissa ainda tinha seu senso de discrição e gosto –, mas ele tinha um recorte que valorizava bem meu corpo, sem acentuar minhas formas. Eu não me via mais como uma garota em frente ao espelho, mas sim como uma mulher que havia me tornado. Escovei meu cabelo, deixando- o livre de qualquer adorno. O bom de ter cabelo sedoso igual ao meu pai era que ele ficava parado e não me ocupava tempo demais o arrumando.

Quando Draco me viu, tentou esconder não estar surpreso. Eu sorri e andei até a cama, onde me sentei e coloquei os sapatos. Eles ficaram do tamanho exato. Levantei-me para sentir melhor meus pés. Eles doeriam mais tarde, mas naquele momento eu estava bem.

Draco enlaçou minha cintura e me beijou. Eu estranhei ele demorar a fazer isso tão tardiamente e retribui seu beijo. O beijo dele ainda mexia comigo. Mas todos os homens que eu beijara tinham algo que me fazia ser atraída por eles.

Crouch era um homem astuto, mas muito disposto a mudar. Ele encontrou em mim uma nova realidade e aceitou de bom grado a morte, por isso não teria escrito aquela carta, dizendo que me amava. Eu sabia que ele nutria sentimentos por mim, pois já havíamos conversando sobre isso, mas ele nunca havia dito que me amava. Só disse que eu o havia mudado. As lembranças sobre ele devem ficar trancadas somente entre mim e meu pai.

Jean era um bom rapaz, que me fazia querer fazer coisas sem noção. Ele era amigável e bem companheiro, mas comecei a namorá-lo para sair da rotina e encontrar meu eu. Não encontrei meu eu, mas ele foi importante assim como tudo em minha vida. Eu não podia brincar com os sentimentos de ninguém, por isso estava convicta de que era melhor acabar com esse noivado antes que acontecesse algo pior. Não queria machucar ninguém, pois não meço o que poderia fazer futuramente.

Draco sempre foi arrogante com as pessoas que não gosta e mostrava-se altivo diante de todos. Ele foi criado para ser da elite e demonstrar isso de todas as formas. Entretanto ele tinha seu lado mais doce. A prova disso era que ele não medira esforços para me conquistar. Ele havia conquistado meu lado carente, o lado de meu coração mais necessitado. O outro pertencia ao Fred.

Fred... O homem que achei que seria meu para sempre. Eu estava enganada em pensar que o poderia ter sem intervenções de quaisquer formas e fontes. Se não eram por pessoas que me odiassem, eram pelo que eu sou. Uma sonserina e um grifinório juntos não se viam. Eram rivais desde as formações da casa. Fred havia me mudado. Eu era mais impulsiva, mais temerosa, sonhadora... Agora com a ajuda dele eu era mais confiante e usava de truques para ninguém descobrir quem eu realmente era. Eu havia me tornado aquilo que mais desprezara em meus pesadelos e medos. Havia me tornado uma assassina. Não queria sentir o prazer em matar ninguém.

Continuei no quarto, enquanto saíra. Eu tentei conversar com ele, mas Narcissa chamou-o e me obrigou a ficar no quarto. E eu, pela primeira vez, faria a vontade de alguém. Draco retornou minutos mais tarde.

Levantei-me e avancei para lhe dizer toda a verdade, mas ele pegou envolveu meu braço e percebi imediatamente que estávamos descendo. Não havia mais tempo de voltar. Na verdade nunca teve. Não desde que eu aceitara o pedido de casamento. Teria de aceitar que estaríamos ligados pelo laço do patrimônio no futuro.

Saímos do quarto e avançamos pelo corredor. Narcissa era rápida. Eu havia dormido quase um dia todo; e ela planejara uma festa de noivado. Do alto da escada vi os Comensais amigos de família e minha mãe e minha irmã. Meu estômago se revirou. Eu não estava fazendo a coisa certa e ainda trouxe minha mãe e Ketlen para o covil do mal.

Quando descemos a escada, não se poderia fazer mais nada a não ser fingir estar feliz pelo noivado. Voldemort havia sumido. Ele não estava em sua sala “real”. Provavelmente foi fazer algo do agrado dele. Mas era inimaginável ele fazer algo a mais que Arte das Trevas.

A festa de noivado era um jantar com nossas famílias. Eu – a maior parte – fiquei conversando com minha mãe e Ketlen acerca do noivado. Quem mais ficou surpresa foi minha mãe e não meu pai. Ela não sabia que meu relacionamento com Draco estava forte para haver um noivado. Meu pai fingia não se importar, mas eu sabia que ele odiava a idéia de eu casar cedo. Felizmente pra ele, não planejava casar cedo.

Draco estava entre sua mãe. Lucius ainda estava preso. Não seria do agrado dele saber que seu filho noivara com uma mestiça. Narcissa com sua neutralidade conversava com o filho e irmã. Não sei como ela aguentava a Bellatrix. Amor de família é algo misterioso. Não sei como é viver com irmão minha vida toda. Só tenho uma a meio ano para descobrir como é um relacionamento desses.

Eu queria que acabasse tudo rapidamente, mas o tempo decorria lento demais. Ainda tinha o jantar. Ele foi calmo e cheio de regalias. Não era exagero dizer que havia comida para alimentar todos dali por uma semana toda. Era natural dos Malfoy mostrar que podem tudo. Comi pouca coisa; não queria correr o risco de botar tudo pra fora. O que me mantinha em pé eram as bebidas. Eu tomava as cervejas e hidromel como se fosse água. Ninguém percebia isso, pois eu usava somente um copo e me reabastecia quando ninguém me via.

Eu sentia o efeito das duas bebidas em meu organismo e a festa estava longe de acabar. Dei um jeito de escapar da festa, subindo para o quarto em que repousara na noite anterior. Adentrei-o e me recostei na parede, tonta. Eu havia prometido ao meu pai nunca me passar por idiota na frente de ninguém. E seria horrível, não somente para mim, mas pra ele também me ver bêbada.

Andei até a janela e senti o ar fresco da noite. Não lembrava a última vez que olhara o céu com curiosidade. Vi as estrelas, que em minha infância, me encantavam. Eu as amava e já tinha tomado a idéia de trabalhar com algo referente a elas. Mas quando estudei Astronomia, percebi o quanto eu era horrível em cálculos.

Senti mãos enlaçarem minha cintura. As segurei e suspirei noite adentro. Ele me apertou e recostou seu queixo em meu ombro.

– Parece triste.

– Apenas bêbada – olhei para baixo. – Não seria uma boa idéia ficar lá embaixo.

Tecnicamente eu não saberia que estaria bêbada se estivesse nesse estado alcoólico, mas estava perto. Achei melhor prevenir alguma gafe futura.

Draco desceu a alça de meu vestido e beijou meu ombro. Eu suspirei. Estávamos sozinhos, mas não conseguia quebrar os sentimentos dele. Eu sempre falava tudo que me vinha à mente, mas não conseguia dizer o que precisava. Algo em mim travava e não deixava. Era como se eu tivesse voltado há ter dez anos, quando tinha medo de tudo. Draco virou-me e me beijou.

Deslizei meus braços para o pescoço dele e retornei a caricia dele. Quando menos esperava, ele estava sobre mim, na cama, passando sua mão em minha perna. Ele beijava meu pescoço e eu estava me sentindo culpada por deitar com ele.

Eu não sabia por que esses pensamentos vinham à tona agora. Eu deitei com ele outras vezes e me entreguei sem me importar com nada. Agora era diferente. Eu o via como amigo e não amante ideal.

Virei meu rosto e corri pro banheiro. Eu sabia que estava próxima de ficar bêbada. Coloquei pra fora todas as bebidas e alguns pedaços do que comi. Draco me olhava da porta. Qualquer um ficaria enojado, mas ele estava neutro. Lavei minha boca e olhei-me no espelho. Afastei meu cabelo de meu pescoço e minha franja.

– Quem eu quero enganar?

– Hã?

Passei por Draco e retirei os sapatos, jogando-os ao pé do sofá. Abri o vestido e deixei-o cair. Estava somente com minha calcinha. Abracei-me e fiquei parada no meio do quarto, pensando na besteira que eu faria casando-me com quem não queria. Eu vi Giulia e Jean sacrificarem tudo para ficarem juntos. Eles pagaram um preço alto. E eu estava ali com um homem perfeito. Mas que era tão perfeito pra mim que não o merecia.

Virei-me e olhei para Draco. Passei por momentos bons e ruins com ele, mas nunca foi mais do que atração física. Eu me sentei na cama.

– O que você quis dizer com “Quem eu quero enganar?”

– Por que você entrou na minha vida?

Ele sentou-se ao meu lado.

– O certo a dizer, seria Por que você entrou em minha vida, Aira? Desde aquele dia no vagão, em que nos vimos pela primeira vez, sabia que você seria diferente. Que se tornaria uma mulher completa.

Ele beijou minha testa e levantou-se.

– Meu padrinho queria que eu fosse seu amigo. Eu fui além – olhei boquiaberta. Não podia acreditar que meu pai pedira para ele ficar comigo. – Mas não porque ele queria, mas porque eu queria você. Fui ganancioso e usei de todas as armas que pude. Porém você nunca pertencerá a mim.

Draco olhou-me de soslaio e sorriu. Não tinha reação. Só queria digerir tudo isso.

– Não fui que te beijei como um homem de verdade, nem que fez amor com você de uma maneira “mágica”. Estamos juntos por conveniência desde o começo – ele suspirou e olhou-me. – Eu, Draco Lucius Malfoy fui um perfeito cortes em relação a você, mas meus sentimentos pertencem à outra.

Eu estava surpresa, fora de foco, angustiada. Mas depois disso meu mundo desabou. Draco havia feito de tudo para sermos um casal... Porque me pedir em casamento?

– E o casamento?

– Eu inicialmente pensava em casar com você. Mas depois de ficarmos juntos, eu comecei a gostar de uma pessoa. Ela me fez querer desistir de tudo, mas não podíamos nos separar. Não ainda – ele passou a mão pelo cabelo – Se ficarmos separados, seremos atingidos facilmente.

Eu sabia do que ele falava. Ele ainda queria me proteger de sua tia psicótica. Agradecia isso, mas não precisava de ajuda extrema como essa. Agora eu estava certa em me separar dele.

– Eu queria te dizer que não dá... Não dá para continuarmos juntos... Quero dizer...

– Precisamos ficar juntos.

Ele disse com tanta ênfase que reagi, surpresa. Ele estava muito convicto disso.

– Mas se você ama outra e eu outro. Não podemos.

– Aira – ele aproximou-se de mim e segurou meus ombros. – Se fosse somente amor envolvido... Somos Comensais. Seremos apedrejados e discriminados – ele respirou e olhou-me mais profundamente. Afastou um pouco de cabelo de meu rosto. – Duas famílias unidas são mais fortes. Sua mãe e sua irmã podem pagar sem estar envolvida por tudo isso. Elas viram os Comensais e provavelmente deduzirão algo. Para proteger quem amamos nos sacrificamos.

Ele me abraçou. Levantei meus braços, hesitante e o abracei.

– Não quero me separar de você agora. Não nesse momento em que estamos sozinhos.

Eu me sentia péssima antes, agora estava dividida entre tentar entendê-lo e seguir meus princípios. Era um dilema. Mas Draco tinha razão: se nos separarmos ficaríamos sozinhos; não teríamos ajuda um do outro para enfrentar as dificuldades.

– Eu entendo.

Ele olhou-me.

– Não precisa me beijar. Apenas demonstrar em público que estamos bem e que somos noivos.

Eu concordei e afundei minha cabeça no peitoral dele. Eu estava cada dia afundando em coisas que não poderia sair sem fazer escolhas minuciosas.



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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo. Aqui a resposta de alguns reviews que recebi. Não me matem, please!
Eu tenho uma fic original. Ela é comédia e está pegando teias de aranha. Gostaria que dessem uma olhada pelo menos: http://fanfiction.com.br/historia/246787/Perdidos_Em_New_York/



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