Aira Snape - A Comensal escrita por Ma Argilero


Capítulo 27
Réves


Notas iniciais do capítulo

Duas semanas sem entrar na internet por falta de sinal de conexão. Aproveitei e escrevi esse capítulo. Espero que gostem. Ele é o intrutório da guerra e de outra fase da Aira.
Obrigada pelos revies no capítulo anterior. Não sabem como me alegro em ver que vocês continuam gostando da história.



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Eu saí da enfermaria segurando qualquer sentimento que eu tinha. Meu peito estava uma bagunça, misturando perda, medo, altivez... Ainda estava neutra aos olhos dos outros. Nenhum deles suspeitava, quando me viam, que eu tinha perdido alguém. Estava agindo como normalmente agia, mas dessa vez eles sabiam que eu era perigosa, pois eu havia ajudado os Comensais.

Os que sabiam minha identidade se afastavam de mim e olhavam-me torto. Alguns até avançavam para insultar, mas minha cabeça não processava aquilo como insulto ou um desafio para enfrentá-los. Apenas segui meu percurso para fora de Hogwarts. Parei em frente ao castelo e avistei a torre de Astronomia, onde Dumbledore havia sido morto e caído. O velho era muito legal e sábio. Mas mesmo se ele não decidisse que meu pai teria de matá-lo, ele acabaria morrendo por causa da horcrux.

Cortei o gramado e andei até o portão. Virei minha cabeça e vi sombras de pessoas me fitando. Puxei minha capa para cobrir meu corpo e mentalizei um lugar para eu partir. Aparatar ainda era estranho, mesmo depois de eu ter treinado com meu pai. – Severo Snape não poderia ser bom em tudo que fazia Tinha de haver algo que ele era péssimo – Ele simplesmente me instruía como se fosse o próprio instrutor do Ministério da Magia.

Aparatei diante dos portões de uma mansão escura e má iluminada – Não é a mesma coisa faltar luz durante a noite e a mansão estar em sua tonalidade escura – Eu não deveria estar ali. Deveria ter voltado pro quarto e ter contado à Geovanna sobre Giulia. Não queria ficar lá e desde o começo não queria continuar em Hogwarts depois de Dumbledore morrer.

Avancei alguns passos e os portões se abriram. Eu era uma convidada regular e não era barrada. Atravessei a pequena trilha e parei diante à porta. Levantei minha mão para bater, mas a deixei cair do lado do meu corpo. Aspirei uma grande quantidade de ar e abri a porta. Eu não podia adivinhar que ela estava aberta, mas era bem melhor que estivesse.

Adentrei e a fechei com cuidado. Ouvia vozes e murmúrios vindos de uma sala. Era a sala onde ocorriam as reuniões e onde estava o trono de Voldemort. Andei até ela. A porta estava aberta e eu podia ver como os Comensais relatavam o ocorrido a ele. Bellatrix Lestrange sorria psicopatamente, enquanto seu sobrinho relatava a morte de Dumbledore. Ele teve de começar pelos planos de assassiná-lo que falharam para chegar ao triunfante. Mas quando Voldemort soube que meu pai que havia matado Dumbledore não se importara, porém eu vi Narcissa se remexer. Ela estava feliz que seu filho foi privado desse fardo tão grande.

Voldemort não elogiou e muito menos demonstrou estar satisfeito. Isso era apenas o começo da nova era que ele queria implantar. Respirei fundo e entrei na sala.

- Começaram a reunião sem mim!? – minhas emoções continuavam neutras para todos, mas eu suspeitava que meu pai conseguisse ler mais de mim, mesmo sem eu demonstrar. Eu estava nervosa pela minha aparição. Mesmo eu sendo impulsiva.

Voldemort olhou-me com aquelas pupilas de cobra. Havia me acostumado a essa imagem dele, mas olhar direto para mim além de parecer que ele estudava todos meus movimentos como um caçador, eu tinha certeza que tentava ler minha mente. Eu usava Oclumência. Eu e mais dois usavam: Draco e Severo. Tínhamos muitas informações das quais não queríamos repassar para ele.

Parei ao lado de Draco e ele olhou-me. Provavelmente perguntando-se do por que de eu estar ali. Mostrei para ele minha mão direita enquanto retirava a capa.

- O que houve com você? – a exclamação veio de alguém que eu não esperava: Narcissa. Não que fosse inesperado. Mas naquele momento sim.

Olhei para meu ombro e vi como ele estava pior que antes. Parecia estar apodrecendo, além de que o cheiro não era agradável.

- Apenas um presente daquela batalha. Enquanto eu tentava manter certas pessoas fora, fui atingida por uma estaca com veneno. O que é bem inconveniente, já que todos estavam usando magia e os lobisomens faziam seu serviço – toquei a ferida e não sentia dor ali. O veneno já havia se espalhado pelo meu corpo, mas fora neutralizado, porém eu precisava curar a parte mais afetada.

Comensais não podiam ter medo e nem ter nojo, mas vi uma mulher ali, que torceu a cara para minha ferida. Eu queria atormentá-la e mexer mais, porém eu tinha senso e deixei de lado a implicância.

- Aira Snape desrespeitou uma ordem do Lorde das Trevas... – cantarolava Bellatrix. Ela estava mais para hiena. Eu sabia que Draco não a suportava tanto quanto eu, mas eu não sabia por quanto tempo agüentaria os “gracejos” dela.

- Estou bem ciente disso – disse, examinando-a. – Eu até teria ficado se não estivesse com uma ferida nojenta em meu corpo e nem que Potter quis me matar quando me viu na enfermaria – Passei minha mão com o anel de noivado sobre meu cabelo. Eu tinha a noção de que ele estava desgrenhado e amenizar a situação era inevitável.

Voldemort continuava quieto. O que não era bom. Já me preparava para alguma sentença, mas ele apenas levantou-se e aproximou-se de mim. Meu coração quase pulou para fora do peito. A última vez que ele fizera isso fui torturada e tornei-me Comensal da Morte.

Mas ele apenas me estudou mais. Era muita pressão em tão pouco tempo. Comecei a suar frio e atribui isso ao efeito da ferida – o que poderia, provavelmente, ser – Queria que os outros pensassem o mesmo. Voldemort fez contato olho a olho comigo e percebi que ele entrara em minha mente. Eu tive de ceder abertura quando ele entrou. Selecionei as memórias mais tristes para mim, incluindo a morte de Giulia. Minha mente ficou livre. Eu sabia que meu pai me repreenderia depois por eu não ter tido controle e tê-lo deixado ler minha mente. Mas eu não sabia como ele entrara. O veneno deve ter baixado todas minhas defesas.

Cai de joelhos no chão e olhei para a madeira que revestia o assoalho. Era negro. Toquei minha ferida e a apertei. Senti sangue escorrendo e uma mão me impediu de continuar. Eu provavelmente teria feito, mas não estava fazendo por vontade própria. Voldemort havia me induzido a isso.

Com o impedimento de continuar a ferir-me, voltei minha atenção a quem estava segurando minha mãe. Era Draco, que estava me protegendo como prometera.

- Draco... – Narcissa soava materna, mas mantinha sua voz firme. – Leve-a para um quarto. Um elfo doméstico levará as poções.

Draco abaixou-se e enlaçou sua mão em minha cintura. Deixei-me ser levantada. Ele não me ergueu em seu colo, apenas me ajudou a andar. Saímos da sala. A conversa continuara entre eles.

Nunca mais quero ser induzida a fazer nada. Eu não senti dor profunda se fosse uma ferida qualquer, mas ainda doera, pois eu tinha nervos abaixo do estrago todo. Draco levou-me por uma escadaria e depois por alguns corredores. Não havia percebido quando entramos num quarto. Estava ocupada vendo as acomodações da família Malfoy.

Ele sentou-me em uma cama e abaixou mais minha camisa, abrindo alguns botões. Olhei para ele. Draco estava cuidando de mim. Algo que nunca pedi a ninguém, mas que ele fazia por gostar de mim.

Draco escondia o que sentia, mas se deixara abalar na frente dos outros, como um típico sonserino. Éramos ao mesmo tempo iguais e diferentes. Agora ele estava ali com sua naturalidade, sem esconder nada de mim. Ele realmente estava preocupado comigo.

Afastei a mão dele e a segurei com as minhas duas. Ele observou o anel em meu dedo. Eu não sabia por que aceitara o pedido, mas no momento parecia certo a fazer. Naquela hora eu tinha certeza que ele me amava, mas ali com ele a minha frente, percebi que seus olhos não brilhavam como antes.

- Eu posso cuidar de mim mesma.

Logo que eu disse isso, um elfo adentrou pela porta, carregado uma bandeja com poções. Ele a deixou sobre a mesinha de cabeceira e saiu depois de uma exagerada reverência.

Eu observei bem as poções. Eu sabia o que cada uma fazia e quais suas formulações. Uma das vantagens de meu pai ser Mestre em Poções era essa: ele tinha um laboratório em casa. Ele fazia suas poções necessárias e algumas extras que Madame Pomfrey pedia. Ele não as fazia com certa regularidade, mas eu as via e acabei aprendendo.

Peguei um frasco de cor vermelho fosco e rechonchudo. Abri e deixei o cheiro sair. Havia essência de raspas de limão. Era algo mais para deixar a poção menos forte ao beber. Não era essa que eu precisava. Em um frasco transparente e com a cor do líquido Pink; observei bem como ela era. Não era totalmente homogênea e muito menos cremosa para se passar como uma cataplasma. Meu olhar pairou sobre um frasco gordinho e de gargalho largo. Ele tinha uma mistura verde, que me lembrava lama. Abri-o e senti seu cheiro forte. Imediatamente processei que haveria muitas plantas curativas como aloe vera. Passei-a em meu braço e deixei a poção fazer seu trabalho.

- Você deveria dormir.

Olhei para Draco. Quando vi o que destino de Giulia após ter saído do quarto para saber de Jean, vi que era algo que eu faria sem pensar, apenas para manter pessoas que amo segura. Eu faria isso por Draco, mas não porque o amava, mas sim por ele ser meu amigo.

- Draco...

Eu queria falar que provavelmente não éramos um casal ideal, mas não podia desfazer nada agora. Não com uma guerra e toda essa confusão de sentimentos dentro de mim. Eu precisava me curar física e mentalmente antes de qualquer passo. Já fiz muitas coisas sem pensar antes e que acabaram mudando o rumo de minha vida.

Deitei na cama e ele me cobriu. Não sabia o quanto estava cansada até deitar e adormecer rapidamente, algo que não consiga desde meus dez anos.

Lembro de ter sonhado, mas não sabia com o quê e preferia dessa forma. Sonhos não eram algo que eu gostava. Por muito tempo tive horríveis pesadelos. Dumbledore era o culpado por eu ter tido sonhos tão ruins. Ele queria me fortalecer contra as intervenções de Voldemort. Durante, praticamente minha vida toda fui posta a prova com meus sentimentos.

Minhas cicatrizes no pulso eram testemunhas de minha depressão. Eu ainda tinha resquícios delas, mas mantinha-me ocupada ou sendo – em boa parte do tempo – imprevisível para diminuir essa onda de dor que me fazia querer-me auto mutilar.

Eu ainda estava em algum quarto da mansão Malfoy, quando meu pai adentrou-o. Ele sentou-se ao meu lado cama.

- Uma estaca em uma batalha não é comum.

Eu sabia disso. Eu sabia que tinha sido um comensal que me acertara, pois os outros alunos não queriam me machucar, apenas me parar. Eu não sabia quem fora que a lançou contra mim e queria que eu fosse morta. Ele não contava que eu tivesse força de vontade e que Fred me levasse para a enfermaria.

- Foi um Comensal.

- Sabe a grandiosidade da acusação que está fazendo?

- Certamente que eu sei. Não o vi ele ou ela, mas as pessoas que eu estava impedindo, usava magia e estavam focadas em me tirar dali sem me machucar profundamente. Quando cai, provavelmente eles pensaram que fui acertada por algum feitiço.

Analisando mais a situação. Por que esta pessoa queria me matar? Eu tinha inimigos, mas aquela tática foi pobre de planejamento – incluindo a minha – Era uma estaca com veneno poderoso, atirado às cegas, pois havia muito tumulto ali. Mas por um lance de sorte atingiu-me no ombro. Se eu tivesse centímetros a mais para um lado e virada de frente, teria acertado meu coração.

Havia uma lista de pessoas que me odiava, mas ela diminuira em dois nomes. Giulia e Geovanna saíram, quando me pediram ajuda. Apenas continuavam a Parkinson – provavelmente a Fleur Delacour -, mais algumas garotas... Mas em meio aos Comensais havia Lucius, Bellatrix, Grayback. Lucius não estava lá. Grayback estava se divertindo mordendo as pessoas. Bem, e Bellatrix preferia usar o Cruccio invés de veneno, era mais gratificante pra ela.

Meu pai deixou o assunto morrer. Ele estava apreensivo em quem poderia ter querido me ferir tão abertamente, mas não entraria mais em detalhes. Apenas estudou-me mais um pouco, vasculhando cada coisa que me pudesse fazer mal. Contei a ele sobre tudo que ocorrera em Hogwarts, sobre a Giulia ter sido manipulada e ela ter perdido a vida. Eu me culpava por não ter trancado-a e não ter previsto que algo assim poderia ocorrer.

- Não foi sua culpa, Aira.

Ele tentava me consolar. A única coisa que eu queria era ter um Gira-tempo e voltar ao passado e mudar tudo, mas eles haviam sido destruídos no Ministério. Somente haveria o Tempus Passadus para vê-la novamente. Segurei meu colar. Ele era o único que ficava em meu pescoço. Desfiz-me dos outros, mas esse era importante, pois foi pela primeira vez que vi minha mãe.

Minha mãe. Ketlen. Eu havia deixado-a lá. Sem qualquer indicação de que estava bem. Senti-me mais mal por ela. Era minha irmã, mesmo que de criação, mas mesmo assim, era minha responsabilidade cuidar dela.

- Ketlen está bem?

- Sim. Os alunos a interrogaram, querendo saber se ela também era Comensal, mas McGonagall não deixou que fizessem isso. Ela foi enviada de volta para casa. Está com Hayley agora.

Suspirei aliviada de que não deixaram interrogá-la. Ela não sabia de nada, mas poderiam achar que soubesse por ser minha irmã e estar conectada com os Comensais de alguma forma.

Meu ombro estava melhor e já podia mexê-lo. Eu precisava muito de um banho e foi o que fiz. Demorei no banho, limpando as impurezas de meu corpo, além de certos pensamentos. Eles eram teimosos e sempre voltavam. Não queria pensar em nada a não ser voltar para casa e ficar em meu quarto, lendo.

Houve uma batida na porta do banheiro. Percebi que havia ficado muito tempo alienada e que era hora de sair. Estava enrugada, mas não fazia mal. Enrolei-me em uma toalha e abri a porta. Era Draco. Ele não ficava surpreso com minha audácia de abrir a porta apenas de toalha. Ele me conhecia bem e sabia que eu fazia coisas que normalmente os outros não faziam. E pensar que dois anos antes ele era insuportável. Sermos Comensais e termos nos unidos para completar uma missão, tornou-nos mais próximos e consequentemente namorados. 

Eu sentia o peso da aliança em meu dedo anelar. Já havia pensado em tudo que podia e simplesmente a verdade era: eu ainda amava Fred Weasley. Não queria machucar Draco que me ajudou tanto. Queria dizer a verdade, que não podíamos ficar juntos e que foi um erro eu ter aceitado o pedido de noivado.

Fui até a cama e encontrei um vestido de cetim vermelho e plisado até o meio das coxas. Não havia manga e eu sinceramente acharia estranho haver manga em um vestido de cetim como aquele. Somente havia alças finas que saiam do busto e seguiam em diagonal para as costas, formando um x nas costas. Ele era muito sexy. Se não fosse vermelho seria um vestido comum, mas era vermelho. Vi o salto preto e delicado. Havia um laço de cetim aonde colocava a fivela.

Virei-me para Draco, curiosa em saber quem me arranjara roupas de festa. Ele, como, se lesse meus pensamentos disse:

- Minha mãe disse que roupa você mais gosta de vestir. É meio difícil dizer, já que você vive mudando, mas disse que gostava de coisas diferentes e provocantes – ele parou meio receoso do desenrolar da conversa que teve com sua mãe. – Bem, ela disse que era um gosto bem estranho querer ser provocante, mas que compraria uma roupa especial para hoje.

- Especial para hoje? Que tem de hoje tão especial?

Draco sorriu de mau jeito.

- Nosso noivado


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Notas finais do capítulo

Espero comentários. A história está ficando mais complicada e está em reta final.



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