POV Emily   

Eu não estava entendendo nada. Minha irmã estava desmaiada em meus braços e todos olhavam para nós. Era muito estranho. Eu não sabia o que minha irmã tinha acabado de fazer.

-Finalmente! Elas foram reclamadas! – Quiron disse.

Eu olhei para minha irmã e em cima da cabeça dela tinha um símbolo, branco, em forma de um floco de neve. Eu tentei lembrar o nome da Deusa, mas eu tinha me esquecido. Eu sentia algum símbolo em minha cabeça, não olhei, mas dava para perceber que não era branco e sim preto. Eu estranhei: se Agatha é filha da deusa da neve quer dizer que eu também sou, pois somos irmãs.

Tive coragem e olhei para cima. Tinha um símbolo preto em forma de romã. Quer dizer que nós não somos irmãs?

-Agatha Mytwei – Disse Quiron – Filha de Quione.

Todos olharam para Agatha, que estava desmaiada. E depois voltaram à atenção para mim.

-Emily Mytwei – Disse Quiron – Filha de Perséfone.

Filha de Perséfone? A deusa das estações do ano e mulher de Hades? Ai meus Deuses! Isso não pode estar acontecendo. Quer dizer que Agatha não é minha irmã? Todos olhavam para mim.

POV Nico

Todos olhavam para Emily e Agatha. Elas não eram irmãs. Agatha era filha da deusa da neve, filha única. E Emily filha de Perséfone, mulher de meu pai. Quer dizer que eu e Emily somos meio-irmãos? Isso não pode estar acontecendo...

Eu não sabia se ficava feliz por elas serem reclamadas, ou se ficava triste por Emily ser filha de Perséfone... Por isso que nós tínhamos coisas em comum... Mas essas coisas em comum me fizeram sentir alguma coisa a mais por ela, uma coisa que eu nunca senti antes, uma coisa nova... Eu não sei explicar direito.

Todos foram embora. Eu fiquei olhando Emily e ela me olhava com um olhar de preocupação por sua irmã. Jake percebeu isso e levou Agatha para a enfermaria. Emily continuava me olhando, agora com um olhar de... Duvida? Tristeza? Desespero? Eu sei bem como ela se sente...

-Quer conversar? – eu perguntei.

Ela apenas assentiu.

Começamos a andar. Sentamos em baixo da mesma arvore que ficamos conversando durante horas no outro dia.

-É muita coisa... – ela disse.

-Eu entendo, todos nós passamos por isso.

-Perséfone é minha mãe? A rainha do submundo? Deusa das estações? Mulher de Hades? Se Hades a aprisionou como que ela saiu e teve um caso com meu pai? Como eu nasci? Por que ela me abandonou? Por que Agatha não é minha irmã?

-É muita pergunta. Tudo vai ser esclarecido.

-Quando?

-Quando formos ao submundo...

-Você é filho de Hades, quer dizer que somos irmãos?

-Meio irmãos.

A expressão dela foi de tristeza.

-Não sei se fico feliz ou triste por isso. – ela disse.

-Eu também...

Ela me encarou.

-Não me quer como irmã?

O que eu iria dizer? Eu não a queria como irmã, e sim como minha melhor amiga, ou até algo mais que isso...

-É claro que eu quero, é que é estranho...

-Concordo.

Ficamos em longo e constrangedor silêncio.

-Às vezes – ela disse – eu queria apenas ter alguém para falar tudo, alguém diferente, não Agatha, alguém que me compreenda. Agatha é uma ótima irmã, ou era, mas eu queria ter uma pessoa, um amigo para poder compartilhar tudo, aquele amigo que você pode falar mal da irmã à vontade, que ele vai apenas concordar.

-Pode contar sempre comigo.

-Eu sei que eu te conheci não faz nem um dia. Mas você é uma das únicas pessoas que eu posso ser quem eu realmente sou, que se importou comigo, quis me conhecer...

-Eu passo pelas mesmas coisas, por ser filho de Hades ninguém quer me conhecer, ser meu amigo e você foi à única que fez isso comigo.

Ela sorriu e me abraçou. Só que ela não saiu do abraço, ela ficou lá, abraçada, com a cabeça deitada em meu peito. Tenho certeza, que sendo irmão ou não, sendo algo a mais ou não, eu iria ser esse amigo que ela quer tanto ter.