Estávamos fora da cidade, entre Houston e Galveston. Nos escondemos no meio de um matagal baixo (tivemos que nos deitar no chão). Estávamos lá, eu, Mary Poppins e Jasper.

"Eu estou passando" disse ele, sentindo seu próprio cheiro. "Ainda sou humano, ele não vai nos ver aqui."

"Temos que ficar em silêncio. Maria não pode nos ver, ou nos ouvir." falei. "O problema é ela sentir nosso cheiro também."

Ficamos quietos, na expectativa. Então, vimos um cavaleiro passando, a trote, quase parando. Era Jasper. Olhei bem para ele. Era lindo, mas ainda tinha traços humanos. Nada comparado ao vampiro Jasper ao meu lado, de olhos dourados, ombros mais largos, pele acetinada e pálida.

Era difícil me concentrar estando tão próxima a ele. Jasper tinha uma aura, por assim dizer, que conquistava, fosse qual fosse a pessoa, se assim o quisesse. Vendo-o observar a si mesmo em sua forma humana, depois de tantos anos, o fez ficar ainda mais bonito, e a onda de carinho me atingiu. Ele estava feliz. E tudo o que eu queria era tocá-lo.

De repente, todo aquele sentimento desapareceu e ficou somente o vácuo.

"Desculpe" disse Jasper num sussurro quase inaudível. "Me excedi."

Olhei para a cena à minha frente. Três mulheres se aproximavam a pé, andando devagar. Jasper parou o cavalo e desceu. Mas ele não disse nada. Só olhava para elas. O vento trouxe para nós a conversa que eu já conhecia.

"Ele está sem voz" disse uma delas, a mais alta. Uma loira, que estava perto dela, inclinou-se para frente e aspirou o cheiro de Jasper. Jasper ao meu lado pareceu estremecer diante da cena.

"Você não pode ir lá" eu falei baixinho, quase sem voz, sabendo que Jasper me escutaria. "Causaria o colapso."

"Se concentre, Nettie" disse a morena pequena, que devia ser Maria. "Ele parece ser certo. Jovem, forte, um oficial... E tem mais uma coisa. Vocês estão sentindo? Ele é coagente."

"Oh, sim" falou Nettie, aspirando seu cheiro novamente.

"Paciência" disse Maria. "Eu quero ficar com esse." Nettie fez uma careta.

"É melhor você tratar disso, Maria. Se ele é importante para você, pois eu mato duas vezes mais do que crio."

"Sim, eu vou. Gosto desse. Vão para longe, tá? Não quero ter que proteger minhas costas enquanto estou tentando me concentrar."

As duas vampiras saíram correndo a uma velocidade acima do normal, e seus vestidos brancos pareciam asas de anjo. Não é à toa que Jasper ficou deslumbrado quando as viu. Eram lindas. Então, ele ficou sozinho com Maria.

"É a minha chance!" disse Jasper, ao meu lado.

"Não faça isso, Jasper!"

"Eu não terei outra oportunidade. E agora, eu como vampiro experiente sou o único que pode parar Maria e salvar a mim mesmo."

"Se você fizer isso, Jasper, você vai morrer. Seu outro eu está ali!"

"Então, é melhor você chamar a atenção de Maria a vir para cá."

"O quê?"

Mas era tarde. Maria percebeu uma agitação incomum nos arbustos longe dela, e ela resolveu averiguar. Estava caminhando em nossa direção, o Jasper humano ficou na estrada. Foi quando o Jasper vampiro saltou em direção a Maria.

Eu não queria ver aquela luta. Ainda mais porque eu sabia onde vai dar.

Era uma luta incrível. Ainda mais porque Jasper tinha o fator surpresa, Maria nunca pensara antes que pudesse estar lutando com Jasper, já transformado em vampiro e totalmente conscio de seus movimentos. Um vampiro letal. Ele aproveitava seu dom, deslumbrando-a, ainda que por pouco tempo, e desferia-lhe golpes para enfraquecê-la.

Foi quando ele fez o que não deveria ter feito.

Arrancou fora a cabeça de Maria.

E desapareceu imediatamente. Saímos de lá sem ele, sem saber o que aconteceria, totalmente preocupados com relação futuro dos livros.

"Agora a coisa ficou muito feia" eu disse, pensando em tudo. Saímos na sala de estar dos Cullen e fomos atingidos por um somatório de memórias.

E fomos parar num futuro desconhecido, alternativo, onde não existe Jasper.