Alguns dias atrás

*Flashback*

- Lucy, tenho algo a tratar com você- disse sua mãe.

-Sim? –disse a garota que se sentava no sofá que se encontrava na frente de sua mãe.

- Você já tem dezessete anos, creio que já seja hora para se casar. Por isso, amanhã à tarde iremos à casa de seu noivo para que você possa conhecê-lo.

-Claro.

-Não se esqueça, será às três horas. Se tiver algum compromisso desmarque-o.

-Sim.

*Fim do flashback*

A garota olhava pensativa para fora de seu quarto, nem ela mesma sabia se poderia um dia “voltar a viver”, já que esta seria sua primeira vez que sairia de casa depois de tantos anos que seu pai falecera. Isso era sufocante, não somente o vestido, mas, absolutamente tudo.

Lucy virou-se e encarou o relógio, já era hora de partir. Ela desceu as escadas, que davam para o grande salão, e ficou a espera da carruagem.

O passeio foi longo e silencioso, ao chegarem à casa do noivo de Lucy foram recebidos por mordomos que a ajudaram a descer. A casa era muito bonita, grande como a de Lucy, pertencia ao Duque Jenswell, um moço de seus vinte e cinco anos, não possuía extravagante beleza, era comum como outros, mas, tinha um bom coração e um grande patrimônio.

-Entre, senhoritas. – disse o mordomo que as ajudara a descer.

As duas adentraram a mansão e o mordomo as levou até seu patrão, que as esperava no jardim onde estava servido o café da tarde.

- Sejam bem vindas, senhoritas. – Disse o Duque se levantando e se curvando – É um prazer recebê-las em minha casa, creio que já me conhecem, mas irei me apresentar, Sou o Duque Jenswell.  Friedrich Jenswell.

-Sou Lucy Knighmare. Prazer. – a garota fez uma reverência.

- Camille Knightmare, mãe de Lucy. – a dama também o cumprimentou.

-Vamos, sentem-se, por favor. – disse o Duque.

Eles tomaram o café animados, pelo menos Camille e Friedrich, já Lucy apenas os observava silenciosamente, até que o Duque reparou em seu silêncio.

- Senhorita Lucy? Está passando mal? – disse o cavalheiro preocupado.

-Não. – disse a garota olhando-o um pouco confusa.

-Tem certeza? Não está gostando de estar aqui?

-Não senhor. Estou bem e estou gostando sim. Desculpe-me se aparento estar não gostando. – disse ela um pouco afoita. Sua mãe a olhava com ar de reprovação.

-Não tem problema desde que esteja gostando, minha dama. – disse ele sorrindo e voltando a conversar com Camille.

A brisa passava pelo jardim e trazia uma sensação refrescante junto com o cheiro de gardênias. Lucy na verdade estava triste, triste como sempre. Desde que deixara de “viver” nada mais para ela fazia sentido, nada mais adiantaria. Agora ela era somente uma boneca nas mãos de sua mãe, algo que não se importava nem em sorrir. Uma triste boneca.