Bom, aqui estamos nós. Na capital da Inglaterra. Sozinhos. Somente o nosso amor e nossas loucuras.  Loucura essa que pros outros é só uma aventura, e pra nós  as mais sensatas ideias.  Quanto mais contestada ela é, mais dá força e vontade de ser realizada, de provar pra todos que no nosso jeito sem noção, tudo tem verdade, tudo é sincero e sério. 

-A gente nem tem lugar pra morar e estamos aqui que nem uns idiotas em plena chuva, Justin. Vamos ficar resfriados! E me coloca no chão! – eu dizia enquanto ele me pegava no colo e corria no meio da rua.

-Relaxa! Eu conheço um amigo que mora aqui há anos. Ele vai ajudar a gente. E e daí se a gente pegar um resfriado? Eu tenho você aqui pra cuidar de mim mesmo. – ele respondeu.

Eu ri.

-Justin me solta!

E assim foi, durante o resto da tarde. Tomando banho de chuva.

Depois da chuva fez um sol de raxar, o que nos ajudou a nos secar e pegar um táxi para a casa do amigo do Justin. Lá ele nos disse onde haviam apartamentos pra nós dois.

***

-Você roubou. – disse ele, frustrado.

-Não tem como roubar no vídeo game, né Justin! – eu disse, depois ri.

-Mas o meu controle que ta ruim! Vamos jogar de novo.

-Não vamos não. Você perdeu. Você lava a louça hoje! – disse, rindo.

Ele largou o controle e me encarou seriamente.

-Não... Eu conheço esse olhar! Nem pense nisso!

-Corre...

-Ah!! – gritei, me levantando do sofá e correndo até o corredor que dava ao nosso quarto e ao banheiro. Olhei para trás e ele corria até mim dizendo:

-Você não tem pra onde fugir, Morgan!

Eu ri.

Entrei no quarto, fechei a porta e o esperei sentada na cama.

-Eu disse que você não tem pra onde fugir. – disse ele abrindo a porta.

Nós rimos e ele pulou em cima de mim, dando beijinhos por todo o meu pescoço e meu rosto.

***

Tem garota que gosta de esperar o príncipe encantado né?! Vive achando que a vida é um conto de fadas. Que no final tudo vai dar certo e que todos serão felizes para sempre. Sinto dizer… Mas essas histórias que vemos em filmes NÃO EXISTEM. O seu príncipe não vai aparecer num cavalo branco. Muito menos vai correr atrás de você na chuva. Ele vai ser aquele cara bêbado que tá ficando com todas na balada. Vai ser aquele cara que fica com você e não te liga no dia seguinte. Vai ser aquele canalha que odiamos  gostar.

É complicado. Estou feliz porque aconteceu. Me custou uns fios de cabelo em algumas horas em que ele me enlouquecia, me custou umas lágrimas quando eu pensei que fosse perder ele, mas foi bobeira. Gosto de você de um jeito meio distante, de um jeito meio meu. Fico aqui te observando, tão lindo, tão feliz, tão meu. Meu olhar é todo seu. Meus melhores beijos são seus. Meus mais quentes abraços serão pra sempre seus. Minha despedida com você. Que nunca deixarei acontecer.

***

-Então... Por que queria tanto que viéssemos a esse café hoje? – perguntei enquanto a garçonete ia pegar o nosso pedido.

-Não posso mais chamar minha namorada pra sair? – disse ele, sorrindo.

Eu ri.

-Claro que pode! Mas é algum motivo especial? Por acaso é nosso aniversário de namoro e eu me esqueci?

-Não, nada disso. Na verdade, eu venho pensando seriamente numa coisa de uns tempos pra cá... Mas eu não tinha muita coragem, mas aí eu pensei: eu tive coragem de fugir da casa dos meus pais pra vir morar em Londres com você, então não seria má ideia...

-O que não seria má ideia?

Ele tirou uma pequena caixa preta do bolso e meus olhos se arregalaram.

-Olha, você vai ter que dizer sim, por que senão seria um mico e tanto, combinado?

-C-combinado... – disse, boquiaberta.

Ele abriu a caixa e um anel de prata com um pequeno diamante azul e me perguntou:

-Quer se casar comigo?

Quando o amor se mistura ao ódio as coisas se tornam intensas demais. Tinha vontade de te matar e ao mesmo tempo de morrer por você. Queria te falar coisas horríveis e te fazer chorar só para depois poder te pegar no colo e fazer um carinho. A cada briga eu precisava dizer tudo que eu odiava em você. Odiava seu jeito, sua roupa, sua voz, seu cheiro e odiava te amar. Te amar tanto que eu não conseguia te odiar nem por um segundo. Eu precisava dizer todos seus defeitos em voz alta para mais uma vez me fazer a seguinte pergunta: "Porque ele? Logo ele?".

E no fim, eu nunca te disse o que eu sentia mesmo sabendo que eu sentia. Nunca disse o quanto eu queria, mesmo sabendo que eu queria. Muito. Mas acho que nossa relação está acima de qualquer palavra, acima de qualquer gesto. Gostamos de viver em constante guerra. Amor e ódio. É isso que mantêm nossa paixão acesa. Queimando. Incendiando. E vai ser sempre assim, até o dia em que alguém ceder e transbordar sentimentos pela boca. Mas já vou avisando, não espere isso de mim tão cedo, afinal.. Eu te odeio, garoto.

-Sim. - respondi.