Terno Negro escrita por Ana Carol M


Capítulo 5
Oliver Cherish




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/163312/chapter/5

Eles se olhavam com revolta um para o outro, como se o culpado fosse a pessoa a sua frente.

- Isso...nunca...aconteceu – implorou Amber.

- Nunca – repetiu Peter desesperado e começou a colocar os sapatos. Com a cabeça a mil por hora. O que estava fazendo? 

Amber trocou o sapato alto por uma sapatilha e a jaqueta por um casaco mais leve em completo silencio. Colocou a mochila nas costas e ficou esperando nervosamente Peter terminar de olhar o mapa que a pouco ele havia montado em uma mesinha de canto. Ela sentia uma forte irritação com seu inconsciente. Ele havia a traido.

Os dois brigavam mentalmente um com o outro. Mas eles precisavam se aturar. Ele por sua obrigação, ela por querer salvar quem ama. Deixaram a casa logo após e tomaram café-da-manhã em uma lancheria ali perto.

Ainda se olhavam com revolta, mas aquilo não havia acontecido. Pelo menos queriam acreditar que não.

- E se eles fizeram alguma coisa com meus pais? – perguntou ela depois de muito tempo em silencio.

- Não sabem nem se você recebeu a mensagem. Acredite eles estão bem, mas quanto mais cedo os acharmos melhor para eles. E para você.

Amber ficou olhando o transito pela janela da lancheria deseja que o que o garoto dizia fosse verdade, e por um lado agradecia que nao estivesse sozinha enfrentando tudo aquilo. Enquanto Peter terminava de comer e lembrava das suas monotonas tardes que observava os humanos. Não fazia muito que havia terminado o colégio e ele ja se sentia um velho lembrando de um passado muito distante. Sentia saudade, mas não ao ponto de querer reviver, ele estava satisfeito com sua tarefa, embora jamais fosse admitir para Amber.

 Eles sairam apressados do lugar e bateram na porta pelo qual haviam saido no outro dia. O céu prosseguia nublado com uma leve rodinha iluminada subindo no horizonte.

 O homem careca abriu a porta curiosamente, estava estampado no rosto dele que fazia algum tempo em que não recebia visitas pela aquela porta.

- Ah, é você – falou o homem desapontado.

- Podemos entrar? – Perguntou Amber gentilmente.

O homem afastou a porta e eles entraram. A sala tinha um intenso cheiro adocicado, do qual não haviam notado na outra noite. Talvez seja para disfarçar o cheiro da carne escondida abaixo,pensou Amber.

- Precisamos de informações. O maximo que você tiver – pediu Peter, seu olhos imploravam. Quanto mais informaçoes tivessem mais facil se tornaria a tarefa.

O homem se demorou para responder, suspirou e encarou pelo menos duas vezes os olhos infantis de Peter. Até que não resistiu a pressão.

- Há um membro da familia Jhonson ainda nessa cidade, ouvi dizer que esta se disfarçando de humano, mas a tal casa tem acesso subterraneo como a minha para Tarath. Foi só o que escutei.

- Os guardas não nos viram? – perguntou Peter mais entusiasmado. Havia uma esperança, não era como procurar um barco perido e sem cordenadas no oceano.

- Foi por pouco ontem, mas eles nãos viram vocês. Tomem cuidado, não conversem nos corredores, todo mundo é suspeito. Não se esqueçam disso. Hoje em dia, são poucas pessoas que merecem confiançã.

Peter acentiu. E Amber guardou bem as palavras do homem.

- Onde podem estar meus pais? – falou Amber subtamente. Achou que podia confiar nele. Parecia que o homem sabia de toda a história.

- Seus pais? – perguntou o homem confuso.

Peter apertou o pulso de Amber para que ela parasse de falar.

- Os pais dela eram servos fieis de meus pais. Certamente estarão com os meus. - Falou Peter, como se o que dizia fosse obvio. E Amber ficou calada, sem entender o que se passava.

O homem pareceu se convencer e deixou que eles saissem pela porta do açougue abaixo. No beco escuro eles trocaram de roupa novamente, e Peter fez de tudo para que o rosto da garota não aparecesse.

- Porque ele não podia saber quem eu sou? – perguntou a garota aos sussurros enquanto caminhavam na rua atulhada de pessoas.

- Ninguem pode saber. Não agora que estamos aqui embaixo. Ele pensa que você é minha companheira ou algo assim. – disse o garoto aos sussurros, mas até no tom mais baixo sua voz suava aspera. A ideia de que Amber fosse a sua companheira o divertiu mentalmente e ele sorriu involuntariamente, mas a garota não viu. 

Amber tomou o cuidado de andar sempre de cabeça baixa o maximo que era permitido e bem perto de Peter. Qualquer sinal de movimentação excessiva eles fugiriam juntos.

   Chegaram em uma aparente livraria antiga, eles adentraram o lugar, quase deserto e seguiram reto, se abaixaram para passar em uma porta feita ao que parecia para anões. Havia varios livros empilhados e nas paredes, mas talvez perdesse para a quantidade de poeira e teias de aranha que havia no lugar.

- Onde é que você esta me levando garoto? – disse Amber rabungenta. Enquanto olhava uma aranha descer pela sua teias peto deles.

- Lohan? Peter Lohan? – soou uma voz aguda e falha. – É você mesmo?

- Oliver Cherish – falou Peter, sua voz nunca esteve tão feliz desde que Amber havia chegado, e ela sabia disso. Estava animado, ironico e seu antigo charme de garoto malvado transparecendo em seu rosto. No fundo Amber achava que de alguma forma só por ter nascido já arruinava a vida de Peter. Ela não sabia o quanto estava enganada. Ou certa.

 Os dois garotos se abraçaram brevemente e riram um pouco ao olhar como haviam mudado em pouco tempo. O garoto de cabelos loiro alaranjado, baixo, com aqueles oculos horriveis, e uma barba bem desenhada ao redor do rosto, lembrava muito um garoto risonho que Amber a varios anos atras atazanava na escola por ele ser amigo de Peter. Foi ao olhar para a garota de capa vermelha que a expressão de Oliver mudou. – Vejo que não foi por minha causa que ganhei esta divina visita – disse ele desapontado e com um sorriso no canto da boca. Ele não evitou olhar a garota da cabeça aos pés, como sempre fazia e fazer cara de nojo para as partes sujas e rasgadas do vestido.

- Eu... bem... queria ter vindo antes – murmurou Peter constrangido.

- Ele só não teve coragem de descer até aqui – grunhiu Amber irritada enquanto se virava para dar uma olhada dos livros.

- Vejo que você não mudou nada, Mackenzie – retroquiu Oliver.

- Vai dizer porque me trouxe aqui Peter? – desafiou a garota.

 O garoto suspirou enraivecidademente – Oliver poderá nos ajudar, Amber – disse ele com amargura e a fuzilando com os olhos.

- Achei que só estava passando para dar um “olá” para o seu cachorrinho de estimação, ou como você mesmo chamava seu melhor amigo – resmungou ela enquanto se apoiava em um balcão atulhado de livros para ler um livro em uma prateleira mais alta.

- Não vou me dar o trabalho de lhe responder – falou peter controlando a sua raiva – Oliver, por favor, você sabe onde mora o membro da familia Jhonson na cidade? Ouvimos falar que ainda há um aqui. E temos que entrar em contato o mais breve possivel.

Oliver sacudiu a cabeça dizendo que não – As coisas não mudaram desde a ultima vez que nos vimos, Peter. Ninguem mais vê os nobres, eles sumiram. Nem ao menos os Mumianos, foram outros que desapareceram.

- Mumianos? – disse Amber surpresa, que estava escutando enquanto olhava maios livros ali perto.

- Sim, foram eles que ajudaram o Conde Brouble a invadir o castelo da sua familia, mas Cedric já havia escapado. E foram eles que botaram lenha na fugueira quando começou essa história de quem tem mais terra é mais poderoso no nosso povo. Sempre procuraram guerra.

- Como reconhecemos um Mumiano? – perguntou a garota sentindo um arrepio subir pela coluna.

- Eles tem alguma parte do corpo como mumias, enfaixadas e em alguns casos podres. – respondeu Peter como se estivesse falando de uma espécie de cachorro.

- Otimo, adorei saber que tem cadaveres com minha familia querendo minha cabeça de decoração em cima da lareira – resmungou ela enraivecida novamente.

Oliver ergueu as sombrancelhas incrédulo com tamanha agressividade em uma só pessoa. Com toda a certeza havia piorado conforme o tempo.

- E você não tem mais nem uma informação que possa ser util? – Peter já estava começando a ficar frustrado mais uma vez.

- Bem... Lembra-se de Jude Jones? – Peter acentiu com a cabeça e Amber não deixou de notar o sorriso entusiasmado no canto da boca do garoto. – Ela veio me visitar a alguns dias e em meio de conversa me contou que viu um homem com um Ankh marcado na mão, mas ele acabou escondendo depressa e ela o seguiu.  Mas não falou o lugar,  depois mudou de assunto. Infelizmente. – Terminou Oliver, era visivel o esforço mental que ele fazia para lembrar de qualquer coisa que pudesse ajudar.

- Você pelo menos sabe onde ela mora? – falou a garota desconfiada com o jeito generoso do garoto.

 Oliver estalou os dedos e de uma bola de fogo saiu um papel com o endereço diretamente na mão de Amber.

- Te devemos uma, foi bom te ver – disse Peter apressado. Arrumou as capas e com um aceno se despediu do velho amigo. E saiu puxando Amber pelo braço que resmungava aos tropeços.

- Porque saimos de lá assim? – Peguntou ela. Logo Peter resolveu sair, ela achava que teria que implorar para ir embora.

- O clima mudou, é melhor nós saimos daqui rapido – disse ele com irritação. Ele havia percebido algo.

Eles apressaram o passo e dobraram a esquerda em uma rua, depois a direita e continuaram, optaram andar pelas sombras. Onde era mais seguro não ser reconhecido.

- Por que voce não sussurou para Oliver sobre o que estavamos fazendo? Alguem poderia ter escutado. - disse Amber com uma cuirosidade a mais do que o momento pedia.

- As paredes daquela sala são protegidas e isso inclui a porta, ou o arco que sobrou dela. Não podiam ter nos escutado.

- Acha prudente nós irmos agora na casa da Jude? – falou Amber fazendo cara de nojo ao pronunciar o nome da garota.

- Vamos logo e não reclame – murmurou ele enquanto olhava vigiando para todos os lados.

Amber continuou andando com relutancia. Odiava ter que se submeter a peter. Mas estava percebendo que seu orgulho havia ficado na casa de Peter, agora ele não salvaria a vida da familia dela, mas o garoto sim.

 Chegaram a uma porta solitária em varios metros de parede. Peter ficou observando com curiosidade por um longo tempo. Tinha que ser ali.

- O que você esta fazendo? – sussurrou a garota preocupada, estava escurecendo rapido e mal havia passado das duas da tarde.

- Shiii – sibilou ele. O estomago de Amber grunhio de fome, mas ela ignorou-o totalmente. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Terno Negro" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.