POV Bella

A vida pode mudar num instante, e eu bem o sabia, mas nada me podia ter preparado para o encontro com a minha irmã. Quantas vezes sonhei com isso, e agora ela estava comigo outra vez. Ninguém pode imaginar como eu fiquei depois do seu desaparecimento, eu acordava a chorar e adormecia a chorar, eu pouco comia, e esse pouco era pelo meu pai, eu sabia que ele também estava a sofrer. Ele tinha perdido a esposa, depois a filha mais velha, provavelmente ele não sobreviveria se eu também morresse. Eu muito a esforço, comecei a reagir, e por incrível que pareça, melhorei da minha doença. Foi quando eu comecei a interessar-me por enfermagem, o doutor White foi um grande apoio, ele tinha sido meu médico, e decidiu ajudar-me a tornar enfermeira. E posso dizer que sentia-me realizada cada vez que desempenhava essas funções. Eu via as imagens que chegavam da guerra, e decidi ir ajudar na Europa, essa foi a minha decisão fatal. Mas hoje estava feliz, pois se não tivesse acontecido tudo isso, eu não reencontrava a minha irmã.

Todos tinham sido muito simpáticos. A Esme e o Carlisle já se tinham tornado meus pais, não sei explicar, mas foi quase instantâneo, quando dei por mim estava abraçada à Esme, e tenho de dizer, que foi uma sensação maravilhosa. Eu não conheci a minha mãe, mas eu a imaginava carinhosa e doce como a Esme, talvez por isso a minha cabeça rapidamente o aceitou. O Emmett, meu cunhadinho, parecia ser demais, claro que conseguia me pôr completamente envergonhada, mas também me fazia das as maiores gargalhadas. O Jasper tornou-se rapidamente o meu irmão mais velho, eu sabia que se eu precisasse, podia sempre contar com ele, o mais extraordinário era que isso não tinha sido expresso em palavras, mas eu tinha certeza disso. A sua mulher, a Alice era uma figura, extrovertida, animada e um tanto louca ela cativava qualquer um, e era bem difícil dizer-lhe que não. Mas acho que a Rose tem ciúmes dela. E o Edward… o Edward tinha me feito sentir sensações que eu nunca tinha sentido. Quando as nossas mãos se tocaram, um choque percorreu todo o meu corpo, me fazendo olhar nos seus olhos, e foi como tudo e todos à minha volta tivessem desaparecido, era só eu e ele naquela sala. Mas a realidade era outra, havia mais pessoas, e eu acabei por soltar a mão dele. Como eu queria ter prolongada aquele contacto, mas as coisas não eram como nós queremos.

A noite tinha sido muito agradável, eu ria como já não me lembrava de fazer. Era quase de madrugada quando a Rosi e o Edward sairam para caçar, eu continuei a conversar com todos.

- Bella, vem comigo, eu vou mostar-te a casa. – disse a Esme.

- Ok.

Ela mostrou-me uma a uma todas as divisões da casa, a última era uma sala bastante ampla com um maravilhoso piano de cauda. Os meus olhos deviam estar a brilhar. Eu tinha um certo fascinio por pianos, eu quando era humana, sonhava muitas vezes com alguém tocando para mim. Desde aí eu sempre que via um piano fica deslumbrada.

- O piano é do Edward, mas tenho a certeza que ele te deixa tocar.

- Eu não sei tocar – disse tristemente.

- Pede-lhe para te ensinar, ele não se vai importar.

- Sério? – perguntei incerta.

- Sério.

Pouco depois, a minha irmã e o Edward chegaram, eu não consegui evitar sorrir. Ele era lindo, mas era tão mais que isso, eu sentia-me já tão ligada a ele, e poucas palavras tinhamos trocado. Foi então que me lembrei das aulas de piano. Será que ele ia mesmo aceitar?

- Edward, eu… queria pedir-te uma coisa – disse envergonhada.

- Podes pedir. – disse com um sorriso torto de tirar o fólego.

- A Esme disse que tocas piano… e eu… gostaria de aprender. Podias me ensinar? – porque eu tinha que gaguejar? O que ele vai pensar de mim? Eu devo ser a única vampira que gagueja.

- Claro, será um prazer – disse sorrindo, eu também sorri para ele, só agora tinha percebido o silêncio que se tinha instalado naquela sala. Será que eles estavam a pensar mal de mim? E se eles pensavam que eu me estava a atirar ao Edward? Eu não quero que eles me odeiem.

- Bella, estás bem? – perguntou a minha irmã.

- Sim, porquê? – disse nervosamente.

- Vem comigo. – eu segui-a até ao exterior da casa, ela andou até uma bonita estufa, devia ser da Esme, era a cara dela. Ela sentou-se num banquinho e fez sinal para eu me deitar com a cabeça nas suas pernas, isto fazia-me lembrar de quando eu era pequenina.

- Rosi. – disse nervosamente.

- Calma. Está tudo bem. O que aconteceu? – perguntou, me fazendo festinhas no cabelo.

- Porquê?

- Tu estavas a falar com o Edward, e depois eu notei que tinhas ficado tensa. Eu conheço-te, tu ficavas sempre assim quando essa cabecinha começava a ficar preocupada.

- Achas que eles me vão odiar? – perguntei temerosa.

- Quem te podia odiar?

- Rosi, eu acho que estou… - eu não consegui terminar.

- Eu sei, minha pequenina. E isso não é nenhum crime.

- Mas e se eles pensarem que eu me estou a atirar ao filho deles? E se o Edward pensar que eu sou…

- Nem termines. Tu és um doce, todos te adoram e não vão pensar mal de ti.

- Rosi, eu nunca senti isto. Eu estou tão assustada.

- Meu bebé, ninguém te vai odiar por seguires o teu coração. Para mim é difícil ver que cresceste, que tens a tua própria vida, mas eu não quero nada mais do que a tua felicidade, e se ela for com o Edward eu faço das tripas coração e aturuo.

- Estás a esquecer-te de uma coisa.

- O quê?

- E se ele não me amar?

- Deixa o tempo mandar, se vocês se amarem, o que sentem só vai fortalecer. – disse ela me fazendo dar um breve sorriso.

- Eu tinha tantas saudades destes momentos.

- Eu também. Agora vamos voltar, devem estar todos preocupados.

Fomos as duas abraçadas de volta à casa, todos pareciam de facto preocupados.

- Minha querida, estás bem? – perguntou a Esme.

- Sim. Desculpem vos ter preocupado.

- O que interessa é que estás bem – disse o Carlisle.

- Obrigada a todos por me acolherem, eu já vos amo do fundo do meu coração.

Todos sorriram para mim e correram para abraçar, eu senti-me em casa, aquela era a minha família.