Amor. Um Sentimento Terrível. escrita por camila_guime


Capítulo 16
Conversa Noturna


Notas iniciais do capítulo

Boa noite meninas!
Boa Leitura!



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Cap. 16

Na calada da noite, Draco esperou. Sentia-se estranhamente vigiado, mas não conseguia ver ninguém. A angústia começou a perturbá-lo. Nem queria atender mais nenhum chamado de Neferet, mas se não o fizesse, seria mil vezes pior.

“Estou aqui. Por que não fala logo?” – Disse Draco em outra língua. Ofidioglossia.

“O que você acha?” – Silvou Harry escondido atrás de um pilar e sob a capa da invisibilidade. Só esperava que Draco caísse na sua armadilha.

Draco escutou um tom diferente. Não era Neferet? Seria Nagini? Voldemort não a mandaria... Não assim.

“Se veio falar da missão, está indo de às mil maravilhas!”. Ironizou Draco. Mas algo o dizia que era melhor voltar para cama. “Lamento, mas não troco mais nenhuma palavra, se não for com Neferet...”.

Draco deu meia-volta e refez o trajeto até a ala hospitalar. Frustrado, Harry teve que se esforçar para conseguir a proeza de correr silenciosamente, a tempo de chegar à sua cama antes de Draco.

Foi questão de segundos. Harry ainda ouvia os passos abafados do Malfoy logo atrás. Pulou na sua cama e puxou o lençol para cima, enrolando a capa para debaixo do travesseiro. Draco entrou exatamente depois, ainda com cara de confuso. Não notara que Harry o espiava através de uma brecha no lençol. Assim, Harry viu Draco parar ao pé da cama de Hermione. As cortinas dela fechadas.

Draco parecia fazer menção de pegar a varinha do bolso, e aquilo incomodou Harry, que fingiu tossir como se engasgasse dormindo. Draco tomou um susto, e desistiu de conferir se Hermione estava bem ali. A passos apressados, ele voltou para sua própria cama, onde não pareceu dormir tão cedo.

Na sala do diretor, Hermione realmente desmaiara com o susto. Foi posta cuidadosamente sobre uma poltrona enquanto Dumbledore analisava a penseira onde sua aluna esteve. Era inteligente demais para não perceber do que se tratava sem mesmo precisar ver as memórias ali. Também, duvidava que Hermione pudesse mentir para ele. Assim, esperou certo tempo para que ela se restabelecesse, e só depois procurou um elixir em seu armário, destampando-o e o aproximando do rosto de Hermione, para que despertasse.

— O... O que? – Perguntou atordoada.

— Tranquilize-se, Hermione... – Disse Dumbledore com a voz mais mansa e serena que tinha.

— Professor! – Hermione se assustou. Mas não poderia sentir maior alívio.

Num impulso, fechou os braços em volta de Dumbledore, assustada. Surpreso, o diretor retribuiu brevemente ao abraço da menina, que logo voltou a si e se recompôs.

— Está tudo bem, srtª. Granger. Está tudo bem... – Ele continuou. — Receio que a senhorita tem bons motivos para o que fez, e suspeito não ter feito nada realmente mau. Embora eu também ache que averiguar as memórias dos outros sem permissão não seja um bom hábito. Porém, como sei que a srtª. não faz isso com frequência, então escapou desta acusação também. O que me leva a pensar, portanto, que haja uma razão para ter colhido as lembranças do Sr. Malfoy, além de uma boa circunstância para ter feito isso sem que ele soubesse...

Os olhos de Dumbledore faiscaram com o fogo da lareira, por cima da borda dos óculos. Hermione se endireitou na poltrona, já sabendo que não adiantava inventar história alguma, e que talvez fosse até melhor compartilhar tudo que lembrava com Dumbledore, mas ainda estava por demais confusa para saber por onde começar. Dumbledore, notando isso também, tomou a palavra novamente.

— É compreensível sua confusão, minha querida. Acho que vou preparar um chá... – Comentou serenamente armando uma chaleira sobre o fogo da chaminé. — McGonagall mandou cartas para todos os colégios em que eu e poderia estar, e eu recebi uma nota de cada colégio em que estive. Mas todos atrasados! – Riu-se Dumbledore. — Por sorte, eu já estava no caminho para Hogwarts. Sinceramente encontrar a senhorita na minha sala foi uma surpresa, contudo. Mas salvo com os acontecimentos recentes, não me admiraria que tivesse algo a dizer. A tarefa dos clones era para ser... Estimulante e educativa, mas me parece que foi uma catástrofe!

A voz de Dumbledore deixou transpassar frustração. Ele olhou por cima do ombro enquanto colocava as folhas de cidreira no chá.

— Então o senhor realmente estava a par de tudo que aconteceu? Quer dizer... Participou realmente da programação de tudo isso? – Conseguiu falar Hermione.

— Sim... E não. – Dumbledore foi se sentar na poltrona de frente para Hermione. — Receio não estar a par de tudo, como gostaria, mas sim, participei da formação de todo o programa. Exceto na execução, claro, e estou preocupado em saber que coisas deram errado.

Hermione narrou a ele sobre a competição no cemitério, com os ataques dos dementadores. Contou sobre como no mesmo período, alunos enlouqueceram e perseguiram uns aos outros no grupo de Neville; Harry e Gina tendo que enfrentar dragões quando eles não deveriam estar por ali; e como aquele labirinto na prova de Rony fez alguns alunos, como Luna, praticarem feitiços de mau gosto contra os colegas. Depois, relatou brevemente o quanto eram puxados os exercícios que os faziam treinar e, finalmente, a catastrófica batalha dos clones.

Dumbledore a ouvia sem intromissão. Quando Hermione terminou, ainda sentiu que não tinha contado tudo.

— Vou ter uma reunião com os professores amanhã. Vou averiguar pessoalmente o caso dos clones. Peço atrasadas desculpas pelo erro ocorrido. Mas felizmente, não perdemos nenhum aluno! – Dumbledore apoiou a testa na mão.

— Hm... Professor?

— Pois não?

— Esse Torneio Protector... – Começou ela, estranhando a si mesma por chamar o “acampamento ridículo” pelo nome original. — Qual a real finalidade? Sinceramente. – Pediu com os olhos brilhando contra o fogo da lareira.

— Como o próprio nome diz... Proteger Hogwarts, querida! – Disse Dumbledore facilmente.

— Somente proteger Hogwarts?

— E o que mais seria?

— Sei lá... Manter certos alunos a salvo...

— Hogwarts segura, alunos seguros. E devo elucidar que Hogwarts não tem arma maior do que vocês, meus jovens...

— Então realmente Você-Sabe-Quem está próximo de agir.

— Ouvi bem mais que rumores lá fora, Hermione... – Confessou Dumbledore baixando o tom e voltando a fitá-la por cima dos óculos. — E há bem mais que pistas de que isso é real, e está cada vez mais próximo.

— Mas então... Não deveríamos avisar a todos?

— E provocar uma bagunça descomunal? Deixar todos em pânico não facilitaria para ninguém a não ser ao próprio Voldemort. Aliás, o que me lembra de que preciso de uma franca e urgente conversa com Harry.

— Ele não está correndo um perigo iminente, está?

— O perigo é perpétuo na vida de Harry, Hermione, mas se a senhorita se refere a algo que possa acontecer amanhã ou depois... Não. Harry está sob a melhor segurança que Hogwarts e eu podemos proporcionar (e claro, contando com o Sr. Weasley e a senhorita). – Dumbledore deu um sutil sorriso. — Aliás! Devo parabeniá-la por tê-lo salvado. A Harry, eu digo. Um dia vou querer saber que recursos você usou para tamanha proeza bem-sucedida!

Hermione momentaneamente se sentiu inflar de gosto por ter surpreendido e agradado ao bruxo que mais admirava. Mas depois, lembrando-se do que aconteceu dentro da penseira, novo abatimento a afetou. Dumbledore pôde perceber isso mais claramente que qualquer outro.

— Não se aflija com o que viu ali dentro Hermione... – Aconselhou. — O passado deve ficar para trás, só assim conseguimos pensar no presente e edificar o futuro! Agora creio ser mais que hora de a senhorita voltar para... Todos ainda estão na ala hospitalar?

— Sim. Mas eu ainda tenho tantas dúvidas...

— Repito que deixe de lado o que viu...

— O senhor já teve acesso a essas informações antes?

— Não de Draco. E talvez não as mesmas informações, mas com que eu sei, pode ter certeza que não tem com o que se preocupar por um longo tempo, Srtª.

— E o que o senhor sabe não ergue suspeitas a respeito de Jacques Malfoy? – Hermione arriscou.

— Acredito que não. – Limitou-se a responder.

— Então talvez devamos pensar no assunto! Não tem como ignorar o que aconteceu naquela família. E a parte sobre um Instrumento que pode devolver a alma do Amaldiçoado? Isso não lhe sugere nada?

— Ah, sim! – Concordou Dumbledore. — Mas pode ter certeza que este Instrumento não estará acessível às trevas, minha querida. Fique sossegada.

— E por acaso Aquele que virá desencadear o poder de alguém? – Hermione insistiu. — O senhor tem certeza de que não possui nenhum vínculo com as trevas?

— Absolutamente!

— Então o senhor já sabe quem é!

— Eu tenho minhas suposições, mas a verdade só quem pode trazer à tona é o futuro. Por isso não quero e nem posso lhe confirmar nada, Hermione... – Dumbledore de repente foi interrompido pelo assobio da chaleira. — Oh, Merlin... Esqueci do chá! Devo estar ficando velho... – A frase ribombou na mente de Hermione curiosamente. — Se ainda quiser ficar para tomá-lo, não será problema!

— Desculpe a falta, mas como disse: já passou da hora de eu voltar... – Admitiu Hermione sabendo que, se ficasse, não seria mais agradável, pois ela insistiria naquilo que Dumbledore já determinou não contar.

— Sendo assim... – Disse o diretor, indo até a penseira e colhendo as memórias de Draco com uma concha. — Creio que seja melhor, darmos um fim nisso...

Hermione segurou o ar, apreensiva, e assistiu de mãos atadas Dumbledore virar o líquido na lareira, que evaporou com uma fumaça prateada e transparente. Hermione sentiu algo dentro dela se esvair, aliviada por um lado, por não correr o risco de passar por aquela experiência horrível de novo, mas angustiada por outro, por não poder nunca mais ter acesso àquela premonição. Fez uma nota mental para lembrar todos os dias das palavras daquela vidente, de algumas de Lúcio, Draco e Voldemort também.

— Boa noite, srtª. Granger! – Desejou Dumbledor.

— Boa noite diretor!

Hermione retrocedeu até a ala hospitalar. Quando chegou, soturna, fez o possível para não despertar ninguém, e foi se escorando pela parede às sombras até sua cama. Draco marcou mentalmente a hora que vislumbrou Hermione voltando, tendo então a confirmação de suas suspeitas: ela não estava ali antes.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Deixem suas opiniões queridas!
Obrigada pela leitura!
Logo estarei de volta!
Mila.