Sentado uma cadeira na sacada onde fica a escada de incêndio, Freddie estava absorto em pensamentos sobre a conversa que havia tido com Sam mais cedo a caminho do prédio. Ele a amava o suficiente para fazer a vontade dela. O que importa quem sabe ou quem não sabe, o mais importante é que estavam juntos.

Freddie estava um pouco arrependido. Por que ele havia tocado no assunto? Será que o relacionamento deles era realmente ótimo daquele jeito e só ele não via? Será que ele estava tão desesperado para contar ao mundo que seu coração pertencia a Sam Puckett que pode ter posto em risco seu relacionamento?

E, exatamente como aconteceu no dia em que deram o seu primeiro beijo, Sam chegou batendo na janela anunciando a sua presença e interrompendo os pensamentos do garoto. Freddie ficou olhando para ela, mas não levantou da cadeira e não disse nada, apenas fez um sinal para que se aproxima-se. Sam entrou e ficou de pé ao seu lado.

    - Você disse que se alguém quisesse falar sobre qualquer coisa poderia vir te procurar.

Freddie a encarou calado. A verdade é que ele não sabia o que dizer, mas Sam considerou aquele silêncio como um sinal de que ela deveria continuar falando. Ela fixou o olhar no chão e pronunciou a única palavra que vinha na sua cabeça no momento.

    - Desculpa.

Freddie segurou carinhosamente a mão de Sam.

    - Por que você está me pedindo desculpa? - Ele perguntou.
    - Porque você ficou chateado comigo quando eu tive que falar aquelas coisas lá na escola.
    - Não fiquei chatedo com você.
    - Se não está chateado comigo, por que saiu correndo da casa da Carly e veio para escada de incêndio?
    - Eu já disse que não é com você e nem com o que você disse. Foi o porquê de você ter que falar aquilo que me incomoda.

Freddie puxou Sam para que ela sentasse em seu colo. Quando ela se sentou, ele colocou a mão no rosto da garota e lhe plantou uma beijoca na testa. Ela, em seguida, descançou a cabeça no ombro dele e ficou recebendo carinho do garoto que brincava com seus cachos. Quando Sam estava bem acomodada sobre ele, Freddie voltou a falar parando de mexer com o cabelo dela.

    - A exatamente um mês atrás nós ficamos presos na sua casa e combinamos de namorar escondido por uma semana porque uma garota linda e loira disse que não duraríamos uma semana juntos.
    - Eu ainda acho isso. Não duraríamos uma semana juntos.
    - Aonde você esteve esse mês todo, Puckett?

Sam levanta a cabeça do ombro de Freddie e o encara séria.

    - Você sabe por que ainda estamos juntos? Porque nunca contamos sobre nós pra ninguém. Você acha que se todo mundo soubesse sobre a gente as coisas não poderiam estar diferentes agora?
    - Eu não sei. Nunca pensei nisso.
    - Eu sim. Todo maldito dia.

Sam levanta e se apóia na mureta da sacada, ficando de costas para Freddie.

    - Todo dia eu penso no que pode acontecer se alguém, até mesmo a Carly, acabar descobrindo sobre a gente. - Sam fungou levemente. Ela não estava chorando. Isso não era uma coisa típica dela. Mas a idéia de se separar de Freddie era tão triste que a deixava um pouco emocionada. - De que quando descobrirem sobre nós de algum modo isso vai acabar separando a gente.

Freddie levantou da cadeira em que estava sentado, colocou a mão no ombro de Sam e virou-a para que ele pudesse olhar em seus olhos. Eles estavam parcialmente vermelhos como se ela estivesse lutando para não derramar uma lágrima. Depois de analisá-la por um instante, lentamente levou seus lábios ao encontro dos dela. Os braços de Freddie envolveram a cintura de Sam, pressionando-a contra seu corpo enquanto a beijava, e ela o segurou fortemente pelos ombros.

Aquele deve ter sido o beijo mais apaixonado que os dois compartilharam. Freddie estava disposto a prová-la seu amor e varrer aqueles pensamentos terríveis da sua mente. E ele havia alcançado seu objetivo. Enquanto Sam estava o beijando, ela não conseguia pensar em nada além daquele beijo. Por mais que tivesse a vontade de ficar grudado nos lábios dela para sempre, Freddie separou o beijo e apoiou sua testa na testa dela, de modo que os seus narizes se encostavam.

    - Você não vai conseguir se livrar de mim assim tão fácil, loirinha.

Freddie deu um selinho nela e eles sentaram novamente na cadeira. E exatamente como antes, Sam sentou no colo de Freddie e recostou sua cabeça no ombro dele.

    - Acha que devemos contar pelo menos para Carly e pro Spencer?
    - Acho. Hoje não foi nada legal ter que aguentar as perguntas da Carly, sobre como suas notas estavam ótimas e como você estava se comportando bem, e eu lá sem poder dizer que era seu namorado e que te obrigava estudar. Mas só vamos contar se você quiser.
    - Carly é nossa  melhor amiga. Não me sinto bem escondendo isso dela. Ela mais do que qualquer pessoa nesse mundo precisa saber e eu quero contar, só não sei se tenho coragem. Só consegui contar para ela que nos beijamos quando o dentista me deu aquele gás do riso. Eu devia ter aceitado a oferta da Carly de me levar ao dentista de novo.
    - O que? Quando ela se ofereceu para te levar ao dentista? - Freddie perguntou passando a mão nos cachos da garota.
    - Hoje, quando eu estava saindo da sala do diretor Franklin e indo para detenção.
    - Aposto que ela queria te levar só para descobrir seu segredo quando o dentista te desse aquele gás de novo.
    - É eu sei. Acho que vou falar para ela que reconsiderei a oferta e aceitar ir com ela no dentista. Vai ser bem mais fácil contar assim.
    - Nada de dentista. Eu vou estar do seu lado e nós dois vamos contar para ela. Juntos.
    - Tá. - Sam deu um beijo no pescoço de Freddie. - Ah! Lembrei de uma coisinha agora. Só uma observação bem pequenininha no que você falou antes. Você não me obriga a estudar.
    - Não te obrigo? - Freddie perguntou a abraçando forte e mordendo a orelha dela.
    - Não. Ninguém manda em mim.
    - Então, por que você só tira notas boas agora?
    - Porque isso te deixa feliz. - Sam disse levantando a cabeça do ombro de Freddie. - Eu adoro te ver feliz.

Freddie sorriu e Sam acariciou o cabelo dele.

    - Vamos? - Sam perguntou.
    - Aonde?
    - Contar para Carly.
    - Agora?
    - É.
    - Não podemos ficar mais 10 minutinhos para fazer isso?

Freddie segurou a nuca de Sam, se aproximou dos lábios dela e a beijou apaixonadamente.

    - Claro que podemos! - Sam respondeu ainda ofegante do beijo.
    - É melhor entrarmos antes. Vai que alguém vê a gente aqui.
    - Não precisa, Freddie. - O empurrando para que ele encostasse na cadeira. - Aqui tá ótimo.

Dessa vez foi Sam que o beijou. Sua mão esquerda segurando o pescoço dele enquanto a outra puxava a gola da camisa.

    - Que foi? - Freddie perguntou confuso quando Sam parou de beijá-lo.
    - Que tal mais 15 minutos?
    - Melhor ainda. - Freddie respondeu com um sorriso torto.

E eles continuaram a se beijar. Freddie estava certo. Alguém poderia os ver ali. E havia. Parada na janela que dava acesso à escada de incêndio, havia uma Carly completamente chocada com o que acabara de ver e ouvir. Com uma vitamina na mão e olhos arregalados, ela saiu deixando seus dois amigos sozinhos e foi para seu apartamento.