Sympathy for the Devil escrita por Lolis


Capítulo 7
Candyman, Rodeo Drive e lingeries


Notas iniciais do capítulo

Finalmente Draffy vai fazer compras com a louca da Glister. Boa coisa não vai ser...
Enjoy!
P.S. Leiam as Notas Finais.



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- Senta aí. Eu já volto – Glister recomendou. Afundei na ponta do banco de espera do salão tentando parecer o mais delinqüente e insolente o possível.

Salão Glam&Sparks.

Assim que Glister parou com o seu fusca vermelho na frente daquilo, eu soube na hora que não sairia de lá viva. Ou talvez, parecendo a menina daquele filme, Dirty Dancing, com o cabelo feito permanente e loiro de doer.

Rezei para que, se super – heróis existissem mesmo, que me tirassem dali, ou fizessem um meteoro atingir o salão.

Infelizmente, nada aconteceu.

Fui tirada a base de ameaças do carro (Vou espalhar para todo mundo que você vai fazer ‘Patience!’) e carregada até a porta do lugar.

Assim que Glister empurrou a porta de vidro, eu entrei num mundo novo. Um mundo novo e rodeado de fumaça de produtos alisadores e tóxicos.

Por mais argumentos bons que eu usasse, nenhum amoleceu o coração de plástico da minha dita amiga.

Resultado? Eu, sentada no banco acolchoado verde, recebendo olhares curiosos de mulheres com as cabeças enfiadas numa espécie de secador gigante.

Virei meu rosto incomodada e tentei me distrair puxando uma parte de couro do assento que já descascava. A espuma amarela a vista só aumentava minha sede de puxar mais aquilo.

Suspirei. Onde Glister se metera...

Tão logo pensei isso, que ela apareceu acompanhada de... Deus, o que é aquilo?

A criatura se vestia numa assustadora mistura de Prince, Madonna, Michael Jackson e ABBA.

Senti meus olhos arderem.

- Onde é que a mocinha está? – ele/ela/aquilo perguntou.

- Ali. Diga oi, Draffy...

O Princedonna (dei um apelidinho para ele...) me encarou e deu um gritinho fino e afeminado.

- Santo Prince! – põem a mão no coração e se abana – De onde você tirou isto, amada?

Hey!

- Hey! – protestei – O que você quer dizer com...

- Shipt! – ele pediu histérico – Shipt! Senta lá! AMANDA! BROOKE! MINHA MALETA DE PRONTO SOCORRO! TEMOS UM CASO DE POLICIA AQUI!!!

E saiu saltitando atrás das tais Amanda e Brooke. Simples assim.

- O que foi isso?! – perguntei olhando desesperada para Glister. Ela deu os ombros.

- Isso, foi o Danilo Candyman.

- Ele é...?

- Andrógino, dãh. – ela me olhou confusa, como se fosse impossível eu não notar isso.

Que droga era andrógino? Mas decidi ficar calada, já que o Danilo voltava trazendo uma mega mala, um carrinho cheio de produtos de cabelo e duas assistentes peitudas. Amanda e Brooke.

- Muito bem! – ele bateu palmas enérgico – Vamos dar uma olhadinha neste seu... hum... cabelo...

Ele pegou uma mecha do meu cabelo e cheirou. Depois, esfregou ele e cheirou novamente. Mediu as pontas, analisou o couro cabeludo, os fios rebeldes e as pontas duplas. Tudo isso com uma bela careta de desprezo na face.

- Já usou química?

- Você quer dizer pintar?

- Isso, amore...

- Não.

- Qual foi a ultima vez que cortou ele?

- Semana passada.

Ele me encarou debochado.

- Estou falando sério, amiga.

- E eu também!

- Você mesma o cortou?

- É.

Ele maneou a cabeça negativamente.

- Tenho um caso gravíssimo em mãos. Vou precisar de: Xampus, condicinadores, secadores extras, spray, minha tesoura especial e uma navalha.

Oh-Oh.

- Oh Danilo...

- Madame Candyman, ou Lady...

Suspirei.

- Lady Candyman...

- Hum?

- Vossa senhoria não pensa em cortar meu cabelo, pensa?

- Queridinha, eu não penso. Eu faço. TRAGAM UMA CAPA PARA ELA!!!

Estreitei meus olhos acusadoramente para Glister que fingia ler Seventeen. A ajudante loira (que eu acho ser a tal de Amanda) me cobriu com uma capa florida, e Brooke, a morena, trazia as pressas mais dois secadores extras.

Mrs. Candyman, tirava seus anéis enquanto outra ajudante, lavava me cabelo. Assim que ela terminou de tentar queimar meu couro cabeludo com aquela água fervente, me vi diante de um espelho, com o cabelo escorrido até a metade das costas.

- Podemos fazer varias coisas nesse seu hair amorzinho... O que você pensa em fazer?

Resolvi pedir algo que eu vinha maquinando em fazer a muito tempo.

- Quero umas mechas vermelhas ou verdes aqui e repique ele bastante, sabe? Quero dar um ar meio punk das vielas de Londres e...

- Shipt!

Aquele barulho já estava me emputecendo.

- Shipt! – ele repetiu visivelmente irritado – Eu não vou transformar você em uma dessas... dessas... Garotas de cabelo alternativo.

Bufei cruzando meus braços debaixo da capa rosa.

- O que eu faço, é arte! – ele anunciou com o dedo cheio de marcas dos anéis em riste – AH!

Ele aparentemente havia tido uma idéia brilhante.

- Ah! Ah! Choquei agora! SCARLET!!!!

Scarlet, outra ajudante peituda, apareceu não sei de onde com outro carrinho cheio de mais produtos de cabelo, desconhecidos por mim.

- Não se preocupe amada. Hoje, vou te transformar! Ah, como eu estou bandida* hoje!

Fechei meus olhos e franzi a sobrancelha. Pânico. Com certeza é a palavra que define como eu estou me sentindo agora.

A cadeira foi virada com violência de perto do espelho (só tem graça se ver depois!) e fui ameaçada contra olhadelas furtivas.

A minha primeira sensação foi de leveza. Mechas e mais mechas do meu longo e negro cabelo desidratado caindo aos montes no chão. O barulho da tesoura trabalhando e logo depois da navalha desfiando alguns fios.

“Ótimo, talvez a Lady tenha resolvido aceitar a minha sugestão” pensei.

Mas felizmente eu estava enganada.

Depois de quase perder meu couro cabeludo de novo com aquele secador quente, e de ter um ataque de sinusite por conta do spray lançado contra mim, finalmente fui virada para o espelho. E cara, eu estava demais.

Meu cabelo na altura dos ombros dava o ar rebelde que eu anseie por dezoito anos. E ele parecia mais brilhante, mais cuidado.

- Wow... – Glister comentou chegando perto de mim – Wow...

- Você esta uma Afrodite, bi! – Danilo comentou emocionado – Se eu fosse homem, te catava.

Eu tive de rir da piadinha idiota.

- Lady Candy... – comecei – Você é muito diva!

- Eu sei... – ele respondeu cheio de humildade.

- Seu cabelo está... apresentável... – Glister ainda estava em choque.

- Obrigada Glister – retruquei sarcástica. Ela sorriu.

- Vamos? Danizinho, como que fica a conta?

Madame Danilo, apenas enxugou uma lagrima de purpurina teimosa.

- Fica de graça, Barbie! Ai, licença. Eu fico toda emocionada quando eu mudo uma garota assim... Ai... – enxuga outra lagrima – Chorei litros...

Scarlet lhe entregou um lencinho roxo. Ele enxugou os olhos delineados delicadamente e nos encarou.

- Agora... podem ir, florzinhas!

Saímos do salão (não sem antes sermos obrigadas a dar beijinhos á francesa no mister cabelereiro) e entramos no fusca vermelho de Glister.

- Gostou?

- Do cabelo? Sim – sorri – Saiu muito melhor do que eu esperava.

- Maravilha. Agora, adivinhe para onde vamos?

- Sinceramente? Sei lá...

- Rodeo Drive, baby!

E arrancou com o carro.

Em cinco minutos chegamos ao nosso destino. Rodeo Drive. O destino de compras mais badalado de Los Angeles inteira.

Ah, e como eu odiava esse lugar. Tinha o cheiro das minhas tias solteironas e podre de ricas.

- Vamos achar umas calças e camisetas para você. Depois nos ocupamos do essencial.

- E o que seria o essencial? – perguntei temendo a resposta.

- Lingeries.

Saímos com os braços cheios de sacolas da Levis e M.Officer. Se não contarmos com as lojinhas alternativas que eu fiz questão de passar. Delas, eu fiz uma varredura. Camisetas dos Beatles, Rolling Stones, Motörhead, Mettalica, Aerosmith, Ramones e Pink Floyd ocupavam dez das doze sacolas que eu carregava. Glister me questionou por que eu não comprara uma do Guns, mas ela entendeu o motivo só pelo meu olhar homicida.

- Muito bem, compramos sapatos? – ela checava quando nos sentamos num banco.

- Sim, três tênis e duas botas.

- Check – ela fazia um ‘V’ numa folhinha.

- Você trouxe uma folha para marcar nossas compras? – abafei um possível riso.

- Trouxe. Não me culpe por ser detalhista...

- Ok, então.

- Continuando... Compramos calças?

- Sete ao todo.

- Check. Camisetas?

- Pfuit...

- Check. Biquíni?

- Um, por insistência da sua parte.

- Check. Saias?

- Duas, uma de couro e outra xadrez...

- Check. Meias – finas?

- Um pacotinho.

- Check. Jaquetas?

- Uhum... a jeans e a de couro...

- Check. Vestidos?

- Você me fez comprar aquele preto, lembra-se?

Ela sorriu malignamente.

- Check. Agora, a melhor parte... Lingeries!

E novamente eu fui arrastada até uma loja de iluminação duvidosa onde numa prateleira negra uma fileira de vibradores dos mais diversos tamanhos eram exibidos orgulhosamente.

- Você me trouxe aqui! – acusei.

- Conheço a gerente. Ela dá desconto.

Revirei meus olhos enquanto Glister tocava o sininho. Logo, uma ruiva usando um espartilho apareceu.

- GLISTER! – ela gritou – Amiga! Quanto tempo!

- Oi MagMag! – Glister saudou.

- Uhm... quem é a amiguinha?

- É a Draffy...

- Oi... – falei desconfiada.

- Oi gata. Veio acompanhar a safada aqui?

Glister riu fininho.

- Não... hoje é pra ela.

MagMag (que mais tarde eu descobri se chamar Magnólia) saiu animada até uma saleta mais iluminada e trouxe uma variedade de lingeries para mim.

- Antes, vamos te medir... hum... busto 87, quadril 90... cintura 60. É, vamos ter bastante variedade para você, lindinha!

- Ótimo – falei irônica.

As duas me empurraram para o provador, de onde eu saia, morrendo de vergonha, com variadas lingeries.

- Não gostei...

- Vermelha demais...

- Menos strass...

Eram os comentários das minhas Stylists. Por fim, fiquei com um conjunto preto, um vermelho e um espartilho que eu achei lindo. Ele parecia ser de um plástico duro, preto com desenhos de chamas.

Foi uma das coisas mais caras que eu já comprei.

- Vou esconder essas lingeries na sua casa... – comentei enquanto saímos do estabelecimento.

- Por quê?

Olhei sugestivamente para ela.

- Os maníacos sexuais com quem eu divido a casa iriam ficar bem animadinhos ao as achar, não acha?

- Acho que você ainda vai precisar delas... – ela me olhou maliciosamente.

- Glister!

- Brincadeirinha. Eu guardo na minha casa... Acha que compramos tudo?

- Sim... Me deixa ver sua lista?

- Toma.

Verifiquei a lista.

- É, tudo comprado. Vamos para a casa? Estou morta de fome...

- Que acha de comer no McDonalds?

A imagem do hambúrguer de lá já me deixou de água na boca.

- Acho uma idéia genial.

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Eu nunca tive muita paciencia para ficar colocando imagens nas minhas fics, mas... eu vi uma foto que é identica a Draffy que eu imagino depois do tratamento de choque do Mister Candyman e não resisti. Se vocês quiserem, posto uma foto da Glister no proximo capitulo, ok?

Bom, lá vai... Espero que tenha saído ú.ù


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Notas finais do capítulo

Ok, vamos lá...
First, o *: Confesso que não resisti e pus o 'eu to bandida' no meio da história. Até uma semana, eu fazia parte das pessoas (que são bem poucas) que não tinham a minima idéia do que diabos poderia significar "Hoje eu tô bandida". Isso, até minha amiga Livia (thanks girl, por sua causa, eu tô muito bandida ultimamente) me ensinar isso. Amigos, o que fariamos sem eles...
Second: Muito tendo o Mister Candyman, não? Me inspirei na minha ultima ida ao hairstylist (vulgo cabelereiro. É que minha tia chama assim. Fazer o quê?) arrastada a força pela minha tia (que ironicamente foi uma inspiração para a Glister). Lá, fiquei aos cuidados do mestre das escovas, Danilo, o cabelereiro gay (sem ofensas). Foi o dia mais tenso da minha vida, principalmente na parte em que ele coloca Sidney Magal (Meu sangue ferve por você!) e Calypso (é assim que se escreve, não é? Whatever...) para tocar no radiozinho dele. Quase perdi metade do meu cabelo nesse dia.
Enfim, espero que tenham gamado no capitulo, se não, mandem rewiens mesmo assim :P rsrsrs.
Bjcas da Lolis P.