- Pegaram a Erin? – perguntei.

- Sharon, Rudolph e Jenny estão com ela – Evie me informou ajeitando suas orelhinhas – E aí, como estou?

- Parecendo uma coelhinha – revirei os olhos. Ela sorriu.

- Você também está ótima.

- Ah, obrigada. Ainda acho que não curti essa fantasia...

- Por quê?

- Não sei. Não faz o meu estilo.

Evie fez uma careta.

- Que besteira. Vamos logo. Estão nos esperando.

E saiu me puxando até a cobertura do hotel, onde mesas e cadeiras postas numa decoração impecável estavam sob a luz do luar.

- Evie! Isso é magnífico!

- Ah, não é nada. Você precisa ver como a igreja onde o casamento vai ser, está ficando! Maravilhosa!

- Não duvido – ri – Certo, quando começamos a beber?

- Assim que a maioria chegar. Hey, quem é aquele cara?

- Quem?

- Aquele – ela apontou – De terno.

- BRIAN? – chamei. Ele se virou assustado.

- Oi?

- O que você pensa que está fazendo aqui?

- É... Hum... Filmando?

Rolei os olhos.

- O chá de lingerie...?

- É. Isso.

- Por quê? Faz parte do documentário?

- Bem...

- Ele é um espião – Evie acusou – É um homem Draffy.

- Isso foi preconceituoso! – Brian protestou.

- Que confusão é essa? – Glister chegou já vestida a caráter acompanhada de Anna e Tammy.

- Ele quer nos filmar – Evie disse na lata.

- O que? – Anna se enfureceu – De jeito nenhum!

- Absolutamente. Ninguém pode me ver vestida assim! – Tammy continuou.

- Mas é para o documentário... – comentei.

- Ah! O filme! – Glister se empolgou jogando o cabelo de um lado para o outro – Onde a luz fica melhor? Pareço gorda?

- Ah, francamente... – Anna bufou.

- É claro que você parece gorda. Você está grávida! – Sharon falou chegando com Rudolph – Que muvuca é essa?

- Quem é o gostosão? – Rudolph pergunto, discretíssimo como sempre.

- Ele é um espião – Tammy explicou apontando para um Brian já irritado.

- Não sou um espião!

- Adoro espiões... – Rudolph piscou e Brian me olhou escandalizado.

- Escuta Sharon e Rudolph, vocês não deviam estar ajudando a Jenny com a Erin? – perguntei.

- Ah... – ela pareceu se lembrar – A Olive apareceu e se ofereceu para ajudar. Então me mandei.

Cooperação é isso aí.

- Elas estão demorando... – Tammy comentou.

- Isso nos lembra que devemos nos livrar dele! – Anna falou – Não podemos ter a festa de lingerie da Erin com um dos convidados da despedida de solteiro do Axl!

- Como você sabe que eu estou na lista de convidados da festa do Axl?

- Eu não sabia... – Anna sorriu e arqueou ligeiramente a sobrancelha.

- Mas... – Brian tentou se explicar.

- Brian, depois você nos filma. Vai aproveitar a despedida do Axl. – sugeri.

- Certo então – ele bufou guardando seus equipamentos – Não sei se vou aproveitar. A iluminação de lá é péssima. Filme nenhum, nem com a maior mágica do mundo sai bom em situações como aquela.

- Não custar tentar – o confortei. Ele sorriu e depois encarou o séqüito de madrinhas revoltado.

- Eu ainda vou filmar – avisou antes de sair pelo elevador.

- Eu tenho medo de vocês – ri – Coitado!

- Coitado? Ele iria nos filmar nessa situação degradante – Tammy falou apontando para seu rabinho.

- E é regra. Nada de homens no chá de lingerie – Evie continuou.

- São tantas regras! – reclamei.

- É a vida... – Glister disse pondo a mão no meu ombro – Ah! Olha quem vem ai!

Com uma faixa nos olhos e sendo conduzida por mais duas coelhinhas, vinha Erin, vestida de branco e com um véu no traseiro no lugar do rabinho.

- Ela chegou! – fizemos festa.

- Tira a venda dela! – Anna falou.

- Gente? Para onde vocês me trouxeram? – Erin questionou.

- Tira a venda e você descobre... – falei.

Ela desamarrou o pano dos olhos e nos encarou.

- Ah não. Não mesmo. Não acredito que fizeram um chá de lingerie para mim!

- E aí? Gostou? – perguntei.

- Se eu gostei? EU AMEI! Vocês são as melhores!

- Ah, já sabemos disso! – Sharon sorriu, zero modéstia – Vamos começar a festa?

...

...

Minha situação se resumia a um adjetivo: Bêbada. Demais.

Erin havia liberado geral. Vodka, Jack Daniels, champangne para as mais recatadas, vinho e cerveja.

A única que não bebeu – mas isso não significa que ela não esteja numa situação pior que a minha – foi Glister, que ao invés de se afundar no álcool, se afundou nos energéticos. E bem, açúcar e Glister não são uma combinação muito boa...

- E então eu disse para ele: Ah, acha que eu vou transar assim com você? Ai ele disse: Bem, essa é a intenção. Ai eu disse: Era nada. Ai ele disse: Era sim. Quer apostar? Ai eu disse: Sempre perco em apostar, mas tudo bem. Ai ele disse: Aposto uma transa que você vai transar assim comigo. Ai eu disse: Apostado. Hey, cara, aquilo é um casaco de pele? E...

Essa é Glister, depois de sete latinhas de energéticos. Ainda bem que a ouvinte dela, Tammy, já estava no estágio sete da bebedeira. O sono.

Eu ainda estava na fase da bêbada corajosa.

- E então Draffy? Me diz, você sempre falou que não era groupie e tals, mas já pegou vários, não? – Sharon me perguntou.

Bebi mais um gole da minha vodka.

- Não sou groupie. Transo por necessidade, não por interesse.

Ela rio. E eu gargalhei.

- Você transaria com qual deles? – perguntei com a voz arrastada.

- Sinceramente? Com o Izzy. E o Duff – ela respondeu dando os ombros – Vou pegar mais cerveja. Vai querer?

- Não. Eu vou buscar vodka para mim.

- Tanto faz... – ela saiu cambaleante da mesa.

Cocei meu olhos fazendo a maquiagem borrar e bebi o ultimo gole da minha bebida.

Me levantei e fui até a mesa, onde uma tina cheia de vodka estava exposta.

Peguei um copo e mergulhei pegando o maximo daquilo para mim.

- Hey... – alguém se apoiou em mim e me entregou um copo – Pode?

- É. Eu pego – enchi o copo.

- Valeu... – Anna entornou sua bebida e resmungou – Cara, está faltando alguma coisa nessa festa...

- Mais bebida? Drogas? – tentei.

- Não! – ela fez uma careta e gesticulou exageradamente – Digo, já fizemos brincadeiras idiotas com a noiva...

- Que desmaiou na mesa – indiquei uma Erin jogada na mesa de salgadinhos com a cabeça.

- Isso. Já bebemos, fofocamos... Sabe o que faltou?

- O quê?

- Sexo!

- Ok, trigresa! – ri bebendo da minha vodka – Temos uma festa só de homens rolando aqui do lado. Se você quiser...

Ela me olhou sugestiva.

- Mas, não. Não devemos ir lá.

- Se você não quiser – ela falou solenemente – Mas eu vou.

- Espera! Não. Definitivamente não. Eu sou a dama de honra e encarregada de vocês. Não posso deixar fazerem isso.

- Então vem comigo – ela fez bico – Preciso de companhia...

Mordi meu lábio.

- Tudo bem. Vamos!

- Assim que se fala!

Rimos e saímos o mais discretamente possível – se é que algum dia, um bêbado conseguiu essa façanha – pelo salão.

- Aonde vocês vão? – Evie nos surpreendeu.

- Conseguir sexo grátis – Anna deu um sorriso iluminado.

- Parece divertido! – Evie se empolgou – Posso ir também? Por favor?

- Bem... – fui cautelosa – Você tem certeza e...

- Claro que pode! – Anna pirou.

- EBA! – a outra vibrou – Vou chamar o Rudolph e a Sharon!

- HEY! ESPERA!

Evie já havia ido até uma das mesas e vinha puxando um Rudolph altinho e uma Sharon.

- Ai que emoção. Vamos invadir a festa dos gostosões! – Rudolph falou se abanando.

- Arrasamos! – Sharon concordou.

- Onde estão as outras meninas? – perguntei.

- Bem, Tammy e sua irmã estão em coma alcoólico, Olive está vomitando, Nancy desmaiou, e Glister alugou Jenny para fofocar sobre famosos – Evie disse.

- Puxa...

- Onde é a party? – Rudolph dava pulinhos.

- Logo ali – indiquei – Aquela porta com os... seguranças?

- Seguranças? Que tipo de problemático pões seguranças numa despedida de solteiro? – Sharon se indignou.

- Você mesma contratou dois para a nossa festa. Mas eles não compareceram – Anna revirou os olhos.

- Por que... São esse daí! Eles nos passaram a perna! – Sharon abriu a boca num ‘O’.

- Eu mato o idiota que fez isso! – cerrei os punhos – Venham, uns seguranças não vão nos impedir a passagem.

Eles deram os ombros e me seguiram.

Paramos em frente aos caras.

- Dêem licença, sim?

- Tem credencial?

- Tenho – falei fingindo que tirava algo do bolso e mostrando o dedo do meio para eles – Está no meio do meu c*, com a sua mãe.

Provocações, sou ótima nisso.

- Como disse? – ele se aproximou ameaçadoramente de mim.

- Não se aproxime dela, gato! – Rudolph se meteu.

- O que disse, senhor? – o outro segurança nos cercou.

E então Rudolph entrou em ação.

- AH! SOCORRO! ESSES BRUTAMONTES QUEREM ME ESTRUPAR! SOCORRO! BICHA EM APUROS!

- O que? Não! Não vamos te estrupar! – o segurança 01 disse nervoso.

- Mas confessa que querem... – Rudolph sorriu.

- Não! – o segurança 02 arregalou os olhos.

Rudolph continuou seu showzinho dignamente.

- NÃO ME TOQUE! TE PROCESSO, VIU?! HELP ME! POLICIA! BOMBEIRO! CIA! SO-CO-RRO!

Nisso ele piscou para mim e sussurrou:

- Entra primeiro, logo eu vou.

Sorri e enquanto ele berrava, chamando a atenção inclusive dos hospedes, puxei as meninas para dentro.

- Abençoado seja o Rudolph! – Evie comentou – Conseguimos!

- Aqui é melhor que nossa festa... – Anna reconheceu.

- Muito melhor... – Sharon concordou.

- Tem até um mini-bar! – indiquei.

- Que absurdo – ela falaram em uníssono.

- Bichas! Consgui! – Rudolph se materializou atrás de nós.

- Credo! Que susto! – Sharon pos a mão no coração.

- Que rápido! Conseguiu? – Evie perguntou.

- Não consegui só entrar, como consegui a prisão daqueles brutos – ele disse frescamente.

- Oh meu Deus. Rudolph, você é um gênio! – Anna bateu palmas.

- Obrigada, obrigada... Agora vamos a caçada?

- Com certeza! – Anna disse se escafedendo na multidão.

- Evie, que tal tentarmos contato visual com aqueles gatos naquela mesa ali? – Sharon sugeriu.

- Você que dizer Izzy Stradlin e Duff MacKagan? – perguntei olhando aquelas duas criaturas bêbadas e risonhas na mesa – O Duff é comprometido, sabem, certo?

As duas se olharam como leoas e depois miraram o alvo.

- A primeira que chegar come o Izzy! – Evie anunciou saindo em disparada.

- Hey! Trapaceira! – Sharon saiu atrás.

Balancei a cabeça negativamente.

- Pelo menos ainda tenho o Rudolph para me fazer companhia, certo Ruph?

Silencio.

- Rudolph? – olhei para os lados e o achei a pelo menos vinte metros de mim, dando em cima de um barman.

- Ótimo. Sozinha de novo e...

Fui surpreendida por alguém me cutucando.

- Draffy?

- O que foi e...

Me virei e não pude acreditar em quem era.

- Ke...Keith?