Sympathy for the Devil escrita por Lolis


Capítulo 1
Treze de Junho de 2011


Notas iniciais do capítulo

enjoy!E deixem rewiens!Mesmo que não tenham gostado, criticas construtivas ajudam o escritor de fics tanto quanto rewiens fofos ^^



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Treze de Junho é uma data que eu particularmente odeio com todas minhas forças. Por quê? Porque é o dia do meu aniversário.

Eu detesto qualquer tipo de comemoração neste dia. Quero dizer, porque comemorar se a cada treze de junho eu vou chegando mais perto da morte? Não faz o mínimo sentido.

Meus pais sempre respeitaram esta minha ‘opção’ – babaca na opinião deles – mas este ano em especial eles decidiram fazer uma festa de arromba para marcar a chegada dos meus dezoito anos.

Ótimo.

Agora eu me encontro emburrada numa poltrona próxima as bebidas. A movimentação de pessoas não para, e eu tenho que cumprimentar todos que chegam, querendo ou não.

Minha mãe já passou aqui umas três vezes para tentar me divertir dizendo coisas do tipo: ‘Olha, que festa maravilhosa!’ ou ‘Você tem tanta sorte, querida...’ Mas enquanto eu usar este maldito vestido que me aperta o estomago e sapatos dois números menores eu não vou me divertir mamãe .

Tentei pedir a minha mãe que deixa-se eu trocar os sapatos Louboutin por algo mais confortável, como meus all-stars pretos, mas recebi um belo e indignado não.

Cruzei meus braços e fiz minha melhor pose revoltada enquanto ela saia para cumprimentar meus tios de Nova York.

- Quero uma boa dose de rum, cara. – falei para o garçom que passava ao meu lado agora. Ele me olhou alarmado.

- Não posso senhorita Hunter. Seus pais disseram claramente que não era para você beber...

Bufei.

- Tudo bem, deixa que eu me viro – respondi malcriadamente enquanto me dirigia ao mini bar. Eu sabia que meu pai escondia garrafas de vodka e rum em algum lugar ali, eu já havia o visto saindo sorrateiramente de lá abraçado numa garrafa de Rum caribenho.

Abri a porta fazendo o mínimo de barulho possível e acendi a lâmpada colocada precariamente no teto baixo.

Farejei como um cão de caça fareja um coelho atrás de algumas garrafas.

Depois de fazer a maior bagunça achei o que queria: O rum.

Abri a garrafa ansiosa para beber quando um vulto atrás de mim tossiu exageradamente.

Droga.

- Você não pensa em beber tudo isso, pensa?

Me virei e para minha surpresa vi meu tio Jesse com os braços tatuados abertos pronto para um abraço.

- Tio Jessie! – corri ao encontro dele. Meu tio era só a pessoa mais legal do mundo. Ele era um revoltado como eu, apesar de ter mais de quarenta e cinco anos e fios brancos teimando em nascer na cabeça e na barba mal – feita.

- Senti saudades Draffy... – ele me sorriu mostrando um ou dois dentes de ouro – Fez dezoito, hum? Pode se considerar uma adulta já!

- Uma adulta que não pode desfrutar das bebidas da sua própria festa... – resmunguei. Ele riu.

- Sua mãe só quer te proteger Draffy... Ela é assim mesmo.

Fiz uma careta. Ele arqueou a sobrancelha grisalha e sorriu travesso.

- Quer dar uma olhada no presente que eu trouxe, hã? Aposto que deve ser melhor que o terninho que sua mãe lhe presenteou...

- Tio, tudo é melhor que aquilo – ri.

Ele me acompanhou a risada enquanto voltávamos à barulheira que aquela festa estava sendo.

Com aquelas luzes coloridas me cegando quase me perdi do meu tio, mas logo chegamos a garagem de casa, onde algo grande e coberto por um cobertor cinza se encontrava.

- Preparada? – ele perguntou.

- Sim... – respondi curiosa – Posso...?

- Vai em frente, fedelha – ele incentivou.

Corri afoita para o meu presente. Puxei o cobertor ansiosa e deslumbrei uma Harley Davidson 883 vermelha e lustrosa. Quase enfartei.

- OH MEU DEUS! – berrei – Uma Davidson! Tio! Valeu! – pulei em cima dele.

- Hehe. Por nada, querida. Quer tentar dar uma voltinha?

- Está brincando? É claro que eu quero dar uma voltinha! Uma Davidson... Uau...

Meu tio sorriu orgulhoso. Ele era o único que me entendia realmente. Foi ele quem me ensinou a gostar de Guns n´Roses, AC/DC e outras milhares de bandas. É culpa dele, eu colecionar botons desde os oito anos. E seria culpa dele se eu entrasse para uma gangue de motoqueiros com aquela belezinha...

- Devíamos batiza-la, sabe... – ele passou a mão no guidão dela – Um nome feminino ou masculino?

- Masculino, é claro. Nome feminino só se dá para guitarras.

- O que acha de Larry?

- Não... bobo demais.

- Ruby?

- Hum – Hum. Parece nome de cachorro.

- Já sei. – ele exclamou como se tivesse tido uma idéia fascinante – Slash.

- Slash... – murmurei o nome do guitarrista dos Guns n´Roses – Slash... SLASH!

Sorri triunfante. Aquela moto iria ser a mais veloz, com certeza.

Meu tio me avisou.

- Quero que me escute com atenção Draffy: Não quero que você corra demais com o Slash, ok? Não quero ligar o noticiário pela manhã e ter como primeira noticia o corpo ensangüentado e em pedaços da minha sobrinha.

- Sim capitão – bati continência – Agora...

Minha frase foi abafada pelo grito agudo da minha mãe, nos chamando para cortar o bolo.

- Acho melhor subirmos – meu tio ponderou.

- É... acho o mesmo. Escute tio Jessie, a mamãe sabe do Slash?

Meu tio, que assoviava ‘Highway to Hell’ me olhou com um ar conspirador.

- Vou contar assim que achar a oportunidade.

Sorri. Minha mãe surtaria quando descobrisse a moto na garagem.

- Quero que aceite, amorzinho – minha avó insistia já fechando minha mão envolta do colar.

- Não posso. A senhora bem sabe que ele não duraria uma semana nas minhas mãos...

Ela fez um gesto de desprezo com as mãos.

- Bobagem, Dafne. Sei que você vai cuidar dele.

Olhei a correntinha de ouro com um crucifixo cheio de pequenos diamantes. Suspirei.

- Tudo bem... Eu aceito.

A sala explodiu em palmas enquanto eu arrumava meu mais novo presente no pescoço.

- Viva! – me avô berrou bêbado do sofá onde se encontrava.

Sorri constrangida já saindo de perto deles quando minha avó me segurou pelo braço.

- Não vai perguntar por que o colar é especial?

 Eu não mereço.

Respirei fundo antes de perguntar o mais docemente possível:
- Por que ele é especial, vovó?

Augusta (o nome da vovó) se sentou pomposa num pufe dourado e limpou a garganta.

- Esse colar é mágico.

Resisti ao impulso de perguntar se ela estava louca.

- Mágico? – repeti – Impossível.

Ela me olhou carrancuda e continuou.

- Mágico.

Ri baixinho.

- Vovó, não tem como o colar ser mágico. Essas coisas não existem... – falei como se explicasse algo a uma criança pequena.

- Mas ele é – teimou – Ele realiza desejos.

‘Ah, e eu sou John Lennon’ pensei.

- Realiza sim, Dafne – minha mãe chegou por de trás muito séria – Ele realizou o meu.

- E qual foi seu desejo? – perguntei cheia de ironia – Pufes mais brilhantes?

Ela riu debochada.

- Claro que não. Eu pedi seu pai... – e olhou apaixonadamente para meu pai que conversava com os executivos chatos de sempre.

- Ótima pedida mamãe. – resmunguei.

Ele sorriu de leve.

- Você é muito jovem para entender isso ainda. Venha mãe, quero lhe apresentar a uma amiga minha que apreciou seu trabalho com bordado.

Minha avó se levantou do pufe e caminhou com minha mãe, não antes de me lançar um olhar penetrante.

- Cuidado com o que deseja, Dafne...


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Continuo ou não?