Guerra das Sombras

Não gostava de lá, não gostava de como o miravam, não gostava do jeito que o tratavam e odiava a tarefa que o tinham dado. Se por acaso encontrasse o demônio que lhe escolheu como líder daquilo jurava que o mataria, não importava como. Diferente do castelo de Manic, que se tornara um lugar familiar e acolhedor, aquele lugar era marcado pela disputa, pelo massacre de outros para se subir. Dairos havia criado um lugar onde a desconfiança era sempre predominante, na verdade talvez não devesse culpar apenas a Dairos, deveria culpar a todos os lobisomens. Desde que nasceram criaram uma competição entre si e não tinham o mesmo companheirismo que as outras raças possuíam entre si. E esse clima o incomodava.

 Como era metade vampiro muitos ali não gostavam de sua presença, era como de sempre estivessem prestes a dar o bote para acabar com sua vida. Teria que se lembrar de mudar aquelas pessoas, colocar pessoas mais confiáveis para gerenciar o lugar, claro que isso traria várias discussões, mas não ficaria com pessoas que não poderia confiar. Entrou em sua sala e finalmente pôde respirar com tranqüilidade. Fechou a porta atrás de si e então caminhou até a cadeira que só estava a sua espera. Não conseguiu evitar um suspiro quando se sentou comodamente na cadeira.

 A porta então se abriu e sorriu ao ver sua parceira parada bem ali na frente. Ela se aproximou de onde estava e se sentou encima da mesa cruzando as pernas e suspirando de maneira cansada.

 - O povo aqui parece te matar com o olhar. Dá até medo. – comentou e tudo o que pôde fazer foi assentir com a cabeça e logo se deixou deitar na mesa fechando os olhos para relaxar. Queria voltar para o castelo de Manic, queria ficar por lá onde todos se tratavam como iguais e não como um inimigo em potencial. Sentiu a mão de Fiona passar por sua cabeça, mas não conseguia levantá-la. – Calma Scrouge, tenho certeza que vai conseguir mudar tudo isso.

- Queria acreditar nisso Fiona. – respondeu e logo ouviu a porta novamente se abrir. Levantou a cabeça vendo como o segundo em comando de Dairos entrava, agora era o seu braço direito. Novamente fez uma nota mental de mudar “todo” o pessoal de lá, só aquele segundo em comando já passava calafrios, dando a idéia que se olhar matasse ele estaria morto bem ali.

 - Mandou me chamar? – questionou o lobisomem e Scrouge assentiu. Seu sangue ferveu ao ver o olhar que ele mandou para Fiona e teve que respirar fundo para não matar aquele miserável. Se por acaso algum desses lobisomens fizessem mal a sua parceira mudanças mais drásticas ainda aconteceriam ali.

 - Sim. Quero que espalhem a noticia de que precisamos de recrutas para lutar na guerra contra Gaia. – falou com firmeza se ajeitando na cadeira e encarando de maneira impaciente – Não vamos obrigar ninguém a participar, quem quiser que venha. Queremos pessoas leais realmente querem entrar nessa guerra e ajudar.

 - E por que temos que nos enfiar nessa disputa que os vampiros inventaram? – perguntou o lobisomem em um to estressado e os dentes de Scrouge trincaram de raiva. Dairos tinha deixado seu legado, tinha feito todos os lobisomens odiarem os vampiros como ele odiava Manic. Não queria compreender o porque, não queria se intrometer com o passado porque o seu próprio não era perfeito.

 - Eles não inventaram essa guerra, idiota! – o lobisomem recuou com o tom penetrante e raivoso de seu novo líder. Soube de imediato que não deveria provocar seu novo líder. Se Dairos era esquentado Scrouge poderia ser bem pior se procurasse os argumentos certos para irritá-lo. – Se não percebeu todos estamos envolvidos e se não fizermos alguma coisa todos morreremos. Você não quer morrer quer? – o lobisomem negou com a cabeça e recuou um passo enquanto Scrouge o mirava de maneira raivosa. – Então faça logo que lhe mandei e não questione mais minhas ordens. Sou diferente de Dairos e de agora em diante as coisas irão mudar por aqui, não me importa o preconceito que tenham contra os vampiros, esses tempos agora vão ser deixados de lado.

 O lobisomem assentiu e logo saiu apressado da sala deixando o misto completamente exausto em seu lugar, suspirando e levando uma mão até a cabeça, procurando voltar a manter a calma. Fiona sorriu e se inclinou mais sobre e mesa pousando seus lábios sobre os deles em um delicado beijo que fez um sorriso aparecer no rosto de seu parceiro.

 - Viu? Você consegue colocar todos esses lobisomens na linha. – disse ela e Scrouge sorriu apesar de ainda não estar certo disso. Tinha observado por vários anos o que Dairos fazia, sabia de certo modo como agir como líder. Mas poderia mesmo mudar os conceitos de todos os lobisomens. Olhou para o teto do lugar e pensou, se os controladores do caos ganhassem essa guerra era bem possível que as raças da noite, finalmente, vivessem em paz entre si...

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 As chamas ainda rodeavam suas mãos, pronta para a luta. Analisava as duas, já tinha lutado contra elas quando de repente trocara de parceiro ajudando Yin, mas exatamente por esse motivo sabia que seria difícil acertar aquelas duas. Por outro lado, se algumas de suas chamas a tocassem a luta estaria ganha, ambas ficariam cansadas e não mais poderiam lutar, tendo ferimentos que se corariam rápido, mas apenas gastariam mais a energia delas. Teria que ser rápida, ágil e mais do que costumava ser. Dessa vez não teria seus amigos para lhe ajudar, teria que lutar sozinha.

 - Dama do Fogo, é hora de começar a luta. – uma das duas desapareceu e por um instante se desesperou, procurando onde ela poderia ter ido parar. Tarde de mais percebeu que estava as suas costas, sorrindo de uma maneira sinistra enquanto erguia uma mão. Um de suas costelas fora atingida por um potente soco, a obrigando cambalear para frente e quase perder o equilíbrio. Viu a pequena saltar sobre sua cabeça, para lhe acertar novamente com um soco, só que dessa vez conseguiu desviar.

 Saltou para o lado, e o punho da vampira acertara no chão, passando a camada fofa que parecia um colchão e chegando finalmente ao chão que rachou ligeiramente. Porém, tudo aquilo era uma distração, não teve tempo de respirar e fora atingida no estomago pela garota que antes tinha permanecido parada no lugar. O sangue invadiu sua boca com o forte choque que percorreu todo seu corpo e então se sentiu cortando o vento, voando para atrás até parar dentro de uma montanha de ursinhos de pelúcia, que por sorte amorteceram sua queda.

Cuspiu um pouco do sangue que manchara o corpo macio dos bonecos a sua volta e estava se preparando para sair daquele amontoado macio quando algo os espalhou. Um vulto penetrou em toda aquela fofura e lhe acertou o rosto, em um soco lateral que a mandara para fora de todo aquele amontoado. Por alguns segundos seu corpo permaneceu no ar até que finalmente se inclinou na direção do chão e saiu arrastando pelo aparente colchão rosa que naquele momento parecia mais duro que pedra. Levou uma mão até o chão e a fincou no mesmo, fazendo seu corpo parar de escorregar para longe, podendo assim se levantar.

 Com o corpo tremulo, tentou se levantar, mas logo que ergueu a cabeça viu outro soco vindo em sua direção. Seu primeiro reflexo foi fazer a mesma coisa, erguer o braço para trás e então o impulsionar para frente em um soco que se encontrara em cheio com o da pequena. O choque de forças fora intenso, apenas a energia produzida naquilo arrebentou o chão debaixo dos pés de Mitsukia, a permitindo ter apoio. Mas como a pequena vampira ainda se encontrava em pleno salto seu corpo fora impulsionado para trás a mandando de volta para onde veio.

 Mitsuki se amaldiçoou por não ter colocado suas chamas em seu punho para fazer aquela garota se enfraquecer com a luz, mas estava feliz por ter conseguido desviar de um dos golpes. Olhou na direção que a pequena foi e percebeu que sua irmã a tinha amparado antes que atingisse alguma coisa. Percebeu enquanto que aquela que acabara de tentar lhe dar um soco era a que via o presente, enquanto a outra via o futuro. Também percebeu, quando conseguiu interceptar o ataque, que as visões, como as de Ramon, não eram constantes. Havia um tempo entre elas e era nesse tempo que poderia atacar, porém não poderia se deixar atingir todas as vezes que ela a atacavam, tinha que arrumar uma maneira de desviar de ambas e assim encontrar a brecha para atacar com suas chamas.

 Respirou fundo e cuspiu mais um pouco de sangue no chão, endireitando seu corpo para novamente ficar em uma posição de ataque. Aumentar seus sentidos, esse era o plano. As ouviria chegando, e quando fosse encima da hora e elas já não pudesse mais evitar defenderia e aproveitaria para um contra ataque. Talvez conseguisse terminar com isso em apenas uma, mas era melhor não ter muitas esperanças. Esperou, deixaria que elas atacassem, tudo o que faria era se defender.

 As pequenas a olharam. Perceberam que tinham feito um bom estrago e se continuassem assim a controladora seria derrotada. Só tinha um problema, não podiam usar muito seus poderes, não estavam costumadas a tanto e logo se cansariam. Sem falar que tinha o risco daquela ouriça usar suas chamas e as cansarem ainda mais. Estavam em vantagens, mas tinham que levar em consideração contra quem estavam lutando.

 Ao verem que o primeiro ataque seria seus não demoraram a se preparar. A primeira a sair de seu lugar e ir na direção de mi fora a pequena que via o presente, Britney. Ela desapareceu do lugar onde estava anteriormente sendo apoiada por sua irmã e reapareceu perto de Mitsuki, pronta para lhe dar uma rasteira e a derrubar. Mas a ouriça pulou desviando da investida. Por um instante se surpreendeu, porém, um sorriso moldou seu rosto quase que no mesmo instante. Valeria tinha usado seu dom e sua velocidade para aproveitar isso e logo aparecer perto da ouriça.

 Tudo parecia estar se movendo em câmera lenta. Mitsuki olhou para trás, vendo a tentativa de um chute direto em seu rosto e tudo o que pode fazer para se defender foi levar os dois braços para a frente do rosto e assim absorver o chute com o mesmo. Como não tinha apoio seu corpo fora lançado para trás e só parou quando seus pés tocaram o chão e o atrito entre ambos fez sua velocidade diminuir até finalmente ficar nula. O som de algo cortando o ar lhe chamou a atenção e rapidamente retirou os braços doloridos da frente do rosto.

 Outro chute vinha em sua direção, dessa vez feito por Britney que correra em sua direção e quando vira que estava perto o suficiente saltara para lhe dar um chute. Por reflexo levou as mãos a frente, mas seu cérebro reagiu mais rápido e como defesa e ataque segurou o tornozelo da garota e a rodou. Ouvira outra cortada de ar e virou o rosto para encarar e pequena que agora se encontrava a seu lado. Usou a garota que ainda segurava e a jogou contra sua irmã, mas o corpo atingiu o chão em um estrondo, mas a pequena tinha desviado e agora levava um soco na direção de seu rosto.

 Usando seus reflexos naturais empurrou seu próprio corpo para trás fazendo o soco da garota passa a milímetros de distancia. Com a ponta de seu pé que ainda se encontrava no chão afastou seu corpo, o empurrando para trás e saindo do lugar. Fora parar apenas a alguns metros das garotas e dessa vez completamente orgulhosa de si mesma. Percebeu que a garota que via o presente era sempre a que atacava primeiro, para lhe distrair, a do futuro previa para onde ia e rapidamente se colocava no lugar, para assim atacá-la. No inicio tudo fora desorganizado para não compreender, mas agora via tudo. Contara as vezes que a garota do futuro previu para onde ia sabendo agora que eram três visões por vez. Visões rápidas, apenas um leve fleche de para onde ia.

  As pequenas estavam desconcertadas, a esse ponto já era para terem derrotado a inimiga e lá estava ela, ainda me pé e analisando a forma de ambas lutarem. Ela parecia já estar compreendendo o que faziam e agora tinham que pular para outro plano. Se continuassem a não deixá-la usar suas chamas a luta duraria até acharem um ponto fraco naquela garota, e se precisasse sacrificar toda sua energia para isso, assim fariam!

 As duas avançaram juntas em sua direção e isso assustara Mitsuki. Pensou que o ataque ia ser o mesmo e esse foi seu erro. As duas faziam um ziguezague organizado, cruzando o caminho uma da outra sem se chocarem, em uma sincronia perfeita. No momento que chegara até Mitsuki, Valeria se colocou agachada bem na frente da ouriça que já inclinava o corpo para trás para escapar de qualquer ofensiva. Mas ao invés de ser Valeria a que atacara Britney saltara por cima dela, surpreendendo a ouriça e lhe acertando com um forte soco no rosto.

  A ouriça prateada pensou que seria lançada para trás novamente, mas Valeria tinha segurado seus tornozelos a fazendo permanecer no lugar enquanto a irmã desaparecia. Poucos segundos depois Mitsuki sentiu uma forte dor nas costas, o sangue novamente invadiu sua boca enquanto algumas costelas se rompiam. Valeria então aproveitou que estava segurando seus tornozelos e retirou seus pés no chão, tacando seu corpo todo para cima. Ainda tonta por causa do ultimo ataque, não conseguiu fazer nada para evitar o que estava acontecendo.

  As duas garotas saltaram, se impulsionando para seguir o corpo da ouriça, ainda mole pelos ataques que tinha recebido. Na mente de Mitsuki tentava de tudo para fazer seu corpo voltar a funcionar, fazia de tudo para que a ordem de seu cérebro fizesse seu corpo obedecer, mas era como se tudo estivesse dormente.

 Novamente uma forte dor nas costas a fez abrir repentinamente os olhos, enquanto de sua boca aberta um pouco de sangue escapava. Mais socos foram dados em sua coluna a fazendo subir cada vez mais rápido e já podia sentir sua coluna e caixa torácica cedendo a tantos golpes que recebia. Foi então que algo seguro novamente seus tornozelos a girou algumas vezes e então lhe impulsionou mais para cima. Tudo se passara em questões de segundos, enquanto seu corpo ia com máxima velocidade até o teto as duas vampiras do tempo voltavam para o chão.

 Seu corpo atingiu o teto com força. O desenho em forma de urso que tinha nele rachou, ficando deformado enquanto pedaços soltavam a seu lado. A gravidade então fez sua ação e sentiu seu corpo sair do teto, levando consigo mais alguns blocos de concreto que o compunham. A distancia era grande e a cada instante tomava velocidade, até finalmente acerta o chão entre dois enormes montes de usos de brinquedos. Uma cratera se formou a sua volta enquanto um pouco do concreto do teto caia encima de uma de suas pernas. Tudo estava dormente, todas as partes de seu corpo e sentia como se todos seus ossos estivessem trincados ou quebrados. Sua cabeça passou a sangra, tanto na parte de trás manchando seus cabelos prateados quanto na frente, escorrendo por seu rosto. Sentia o sangue sair por sua boca em uma hemorragia interna, hematomas se espalhavam por seu corpo junto com arranhões profundos ou leves. Era dolorido respirar, era dolorido mover, era dolorido até mesmo pensar!

 Abriu um pouco os olhos ainda sentindo uma forte vertigem tomar conta de seu corpo. Ainda com a visão embaçada viu uma das garotas se aproximando de si. Ao parecer tinha saltado bem alto e agora caia em uma queda livre até onde estava, com o cotovelo preparado e apontado para seu estomago. Não poderia desviar, não do jeito que seu corpo estava. O cotovelo da vampira atingiu seu estomago com força e todo o ar que um dia estivesse em seus pulmões se foi, um de seus ossos da costela se quebrou e cortou a carne fazendo um profundo corte um pouco abaixo do seio esquerdo. Se não soubesse que sua raça não desmaiava ou dormia nesse instante se julgaria inconsciente.

 A vampira saltou para fora do buraco e então, as duas torres de bichos de pelúcia caíram encima de si. Tudo pareceu ficar escuro de repente e as imagens de sua vida passou por seus olhos. Sorriu ao ver que não tinha vivido muito, mas que mesmo assim conseguira ter várias aventuras com seus amigos. Fechou os olhos e deixou seu corpo relaxar a onde estava. Esse seria seu fim... Só esperava que seus amigos lhe perdoassem por não ter sido tão forte para conseguir vencer...

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 As escadas as quais subiam eram estranhas. Depois de subirem aqueles degraus para saírem do primeiro andar se encontraram em um intercambio entre as salas, um vasto lugar onde não tinha nada alem das paredes e daqueles degraus estranhos. Eles não eram ligados por partes de concreto como se costumava ser nas construções humanas, eram separados, como se estivessem flutuando, tinham um ligeiro espaço entre eles e brilhavam em um tom ligeiramente arroxeado. As paredes envolta de si era de um negro azulado com detalhes que não conseguiam identificar.

 Ramon era o ultimo de toda a fila que tinha se formado entre eles. Estava concentrado em seguir seus amigos, acompanhando o passo sem que se aproximasse muito e acabasse não se empurrar para fora daquelas escadas. De repente seu corpo parou de correr, não entendia o porque daquilo, mas só então sentiu um forte calafrio percorrer seu corpo e tudo o que lembrou foi de sua companheira que tinha ficado para trás.

- Mi... – os outros dois pararam e o olharam confusos, sem entender porque tinha parado tão de repente. Um enorme pânico tomou conta do corpo do equidna branco e seu primeiro impulso foi de tentar voltar pelas escadas que subia. – Temos que voltar! Mi precisa de ajuda, ela corre perigo!

- Ela é forte Ramon e agora temos que continuar se quisermos pegar as esmeraldas caos. – Racer permanecia sério a frente, já dando as costas a seus amigos e voltando a correr. Yin se perguntou onde seu querido primo tinha ido parar, mas suspirou. Por mais insensível que parecesse sabia que ele tina razão.

 - Não se preocupe. – colocou uma mão no ombro de Ramon e lhe sorriu com carinho. Precisavam continuar. – Mitsuki é a garota mais forte que conheço. Ela vai ficar bem e logo vai estar conosco lá encima.

 Ramon não ficara muito convencido, mas mesmo assim sabia que tinha que continuar. Yin correu atrás de Racer e antes de os seguir novamente deu uma ligeira olhada para trás. Só esperava que os dois estivessem certos e que Mitsuki realmente estivesse bem. Correram pela escada até finalmente enxergarem uma porta de madeira logo a frente. Simples, como qualquer outra porta que já teriam visto em suas vidas, o único porém é que do outro lado estaria lhes esperando mais um dos pilares de Gaia. A pergunta era quem iria lutar contra ele?

 Racer abriu a porta e entrou no mesmo instante. O viu desaparecer dentro do quarto e logo que passou a porta se fechou atrás de si, desaparecendo. O quarto que agora se encontravam era completamente negro, não se via o começo nem o fim dele, parecia um vasto terreno coberto pela escuridão. Em algumas partes conseguia ver algumas coisas brilhantes, um brilho branco opaco e borrado que se destacava naquela penumbra. Custaram a perceber que cada pedaço branco que tinha por ali era uma enorme teia de aranha que se estendia do que parecia ser o teto até o chão. Teias grotescas que grudavam em seu corpo e não lhe deixavam se mover. Agora já tinham uma idéia de quem iriam enfrentar.

 - Hora da diversão. – a voz ecoou por todo lugar e os três controladores se aproximaram um do outro. O escuro quase impenetrável não permitia nem mesmo a visão aguçada que possuíam enxergar além de alguns poucos metros a frente. Estavam indefesos...

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 Seus olhos se abriram, sua mente voltou a funcionar e apesar das dores teve um desejo imenso de se mover. Não poderia terminar ali, não poderia morrer agora. Depois de tudo o que tinham passado quando crianças, depois de tudo o que tinham lutado, que seus pais tinham lutado, não poderia desistir quando a guerra final estava tão próxima. Ainda tinha muito coisa que fazer, ainda tinha muito o que viver, tinha deixado várias coisas pendentes e não podia morrer antes de pagá-las.

 Soterrada debaixo de todos aqueles bichos de pelúcia sentiu seu corpo começar a esquentar. Uma combustão interna que ia apenas aumentando, passando da temperatura do corpo humana, passando da temperatura das chamas de uma fogueira. Enquanto a fúria ia aumentando a temperatura de seu corpo ia junto. Se sentir imponente? Nunca mais! Se sentir fraca, débil? Nem pensar! Era hora de mostrar o que realmente poderia fazer. Era hora de ser necessária, mostra do que os controladores do caos poderiam ser capazes.

 Tudo a sua volta começou a ficar me  chamas. Chamas coloridas tais como os bichinhos que um dia estiveram ali e por mais que sua raça fosse contra o contato com qualquer luz conhecida seu corpo não se feria, na verdade se sentia bem no meio de todo aquele calor e luz. Ainda permanecia deitada, com o corpo dolorido e machucado, observando as chamas acima se contorcendo logo a cima formando redemoinhos assustadores de chamas. Sua respiração tranqüila fazia com que parecesse tudo um sonho, que estava dormindo comodamente.

 Foi então que aconteceu, um dragão se formou das chamas bem a sua frente contorcendo o corpo invertebrado como o de uma cobra de uma lado para o outro, enquanto as patas se encontravam bem próximas ao corpo, dando a impressão que estava em pleno vôo. Ele se aproximou de onde estava, ficou frente a frente consigo, abriu a enorme boca mostrando os dentes pontiagudos e flamejantes e soltou uma baforada de calor em seu rosto, a fazendo fechar os olhos. Um sorriso surgiu em seu rosto ao sentir seu poder mais estável. Finalmente tinha compreendido que, mesmo com todas suas falhas, as chamas não só ferem.

 As duas pequenas vampiras tinha se afastado do buraco cheio dos bichos de pelúcia, e discutiam quem iria morder a vampira para matá-la. Como uma vampira de sangue puro o único jeito de acabar com sua vida era utilizando o veneno de sua própria espécie. Já estavam chegando ao fim da discussão quando de repente a enorme montanha de criaturinhas fofas pegou fogo. Chamas coloridas fizeram uma enorme fogueira que se estendia quase até o teto, se mexendo de uma maneira assustadora e impressionante, cortando o espaço como um animal em fúria.

 As garotas se afastaram, assustadas com a forte luz que as chamas colocaram no quarto. Porém, estranhamente, a luz que emitiam não lhes enfraquecia, não machucava, era como se a luz não fosse verdadeira. Poucos instantes depois dois jatos de chama se separaram da enorme fogueira, movendo-se vivamente pelo ar, contorcendo-se como duas cobras até chegar ao perto do teto e lá tomaram forma. O enorme jato de chamas criou uma cabeça e quatro patas, parecendo dois enormes dragões que se mexiam de um lado para o outro.

 As duas vampiras ficaram imóveis no lugar, sem saber o que fazer, apenas observando aqueles dois enormes repteis de chamas encarando-as como animais famintos. Eles soltaram um alto grasnado e então se lançaram cada um para um lado rodeando as pequenas que não sabiam como reagir. Enquanto formavam um circulo o corpo dos dois dragões voltavam ao que eram antes, altas chamas que diminuíam a área de movimento. Quando finalmente terminaram o circulo as cabeças se choraram e deram uma grande explosão, as chamas fizeram um enorme triangulo deformado para cima e então voltaram a se acomodar como as outras.

 Cascalhos foram ouvidos, como se alguém estivesse subindo uma ladeira terrosa. A enorme fogueira que era um dos lados do circulo abriu uma pequena brecha de sua vastidão e dela um vulto saiu. Caminhava lentamente, com graça e beleza. Os cabelos longos balançavam frenéticos de um lado para o outro de acordo com seu caminhar. O corpo magro e esbelto era coberto pelas sombras produzidas pelas chamas e o leve barulho que suas botas produziam pareciam se misturar com o som trepidante das chamas.

 Os olhos dourados reluziam no meio de tudo aquilo, talvez chegando a ser mais incandescentes do que o fogo que rodeava tudo envolta. Atrás dela as enormes chamas que compunham a fogueira pareceu tomar a forma de um imenso dragão em suas pontas, estendendo as asas para os lados e a cabeça para cima, soltando um alto grasnado que retumbou em todo o lugar. As duas vampiras recuaram, abraçando uma a outra enquanto os corpos tremiam descontroladamente, impressionados diante de todo aquele poder.

 Valeria então viu com seu poder um jato de chamas vindo na direção dela e de sua irmã e o mais rápido que conseguiu se empurrou para trás e levou sua irmã junto, poucos segundos antes das chamas cortarem o ar a sua frente indo de uma ponta a outra o circulo. Logo em seguida viu as chamas virem de cima e com a mesma velocidade de antes empurrou sua irmã para o lado enquanto saltava para o outro, segundos depois um jato de chamas atingiu o chão entre elas. Quase no mesmo instante teve outra visão e novamente saltou para o lado, enquanto mais um jato de chamas passava bem no lugar onde anteriormente estava. Porém, antes que pudesse se quer piscar, sentiu um forte murro em seu estomago a lançando de algum modo para o chão. Seu corpo estremeceu de dor e sentiu como algumas costelas se rompiam junto com vasos sanguíneos.

 Britney então saltou na direção da ouriça prateada para ajudar sua irmão, mas quando seu socos estava a centímetros de atingir a garota ela segurou sua mão, como se não houvesse força nela. Mitsuki então ergueu a garota e a jogou com força encima da irmã, puxou novamente o braço dela e girou sobre si mesma soltando a garota logo que seu corpo descreveu um ângulo de 180°. Ouviu então um movimento a suas costas e no mesmo instante que se virou para ver colocou uma pequena barreira de fogo a sua frente, cobrindo apenas a área que seria atingida pelo soco da garota. Não era um chama colorida como as que as rodeavam, era suas típicas chamas verdes que ao tocarem na pele da vampira fez a energia da mesma se esvair enquanto um alto grito de dor escapou de seus lábios.

 MItsuki aproveitou o momento e segurou o pulso da garota, dando com sua mão livre um soco no maxilar da mesma e o deslocando do lugar. Em seguida dera um soco no estomago da garota, um soco com suas mãos rodeadas de chamas verdes. A blusa da garota se queimou e as chamas atingiram sua pele, tirando as ultimas energias que lhe restava e arrancando um grito de dor de sua garganta.

 A ouriça prateada deixou a garota cair deitada no chão, completamente fora de combate e encarnou a outra que ainda tentava se levantar depois do golpe que dera. Ela finalmente se levantou e foi furiosamente em sua direção, dentando dar-lhe um soco no rosto, mas se esquivou apenas inclinando o corpo ligeiramente para o lado. Sem perder tempo e completamente furiosa a vampira do passado lançara outro soco na direção de seu rosto, dessa vez com a outra mão e novamente desviara da mesma forma. Mais um e se esquivara, outro e acontecera o mesmo, novamente e nada mudara. Quando outro soco vinha em sua direção fez a mesma coisa, ocasionando o choque das duas mãos fechados, porém a energia que utilizara fora tão grande que o braço da garota voltara para trás, de uma maneira tão repentina que ela caiu ao chão ligeiramente atordoada.

 Mitsuki então segurara seu tornozelo e como fizera da ultima vez a lançara para longe só que dessa vez usou sua velocidade sobre-humana para ficar no local para onde o corpo da vampira iria antes dele chagar e assim acertar suas costas com um forte soco que a lançou para outro lugar. Novamente usou sua velocidade para se antecipar e dessa vez lhe acertou com um chute que a mandou para cima, com um salto passou da vampira e lhe deu um murro no estomago a mandando para o chão perto de sua irmã. O corpo dela caiu virado para baixo e completamente exausto, já não conseguia mais se mexer.

 Tinham perdido, não podia acreditar. Haviam falhado na missão que haviam recebido e agora morreriam. Levou uma mão até a de sua irmã e apertou com um pouco de força procurando se sentir segura. Ouviu os paços da ouriça se aproximando logo depois de tocar o solo com leveza. Fechou os olhos com força quando ela parou de andar e esperou.

 - Acabe logo com isso. – pediu, mas os minutos passaram e nada aconteceu. Confusa abriu os olhos e levantou a cabeça se surpreendendo com o que vira. Mitsuki tinha uma mão erguida em sua direção de maneira amigável, oferecendo ajuda enquanto um extenso sorriso aparecia em seu rosto.