Até que se Tornem Lembranças escrita por Aki Nara


Capítulo 21
Capítulo 21 - A Lembrança




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O tempo passou para eles numa fração de segundos, sem que percebessem que havia um tempo para tudo, um dia para encontros e outros para desencontros, um dia para chegadas e outro para despedidas, por mais felizes ou por mais tristes, a vida continuava seu curso.

 

Três anos haviam passado desde que ela havia chegado naquela casa, muita coisa havia mudado, seu pai havia se recuperado e agora vivia na fazenda ajudando outros alcoólatras a superarem seu vício.

 

Agatha engravidou e não terminou os estudos, casando-se no segundo ano, como seu marido era da marinha, ela seguia-o para onde era transferido e hoje, era mãe dedicada em tempo integral.

 

Sabrina passou em primeiro lugar na Universidade Federal de outro estado em Advocacia, conseguiu um emprego de estagiária por causa de suas boas notas e vivia com um colega, que jurava ser somente um “amigo” para dividir as despesas do apartamento.

 

Marta desistiu dos estudos no terceiro ano para se dedicar à padaria do pai que não ia bem, e prosperou, pois recentemente a família dela havia aberto uma lanchonete, das amigas de seu colegial poderia dizer que era com ela e Lúcia que ainda mantinha algum contato.

 

Luiz e Bárbara haviam decidido cursar uma faculdade longe de casa, no exterior, em Miami, enquanto ela iniciava o segundo ano, terminado o convênio, logo seria a vez de Lúcia partir, todas as pessoas próximas seguiam suas vidas e Laura se sentia deixada para trás.

 

- Marco, você está bem? Você está pálido!

 

- É verdade, não estou me sentindo bem.

 

- Então, porque não fica e descansa? – Laura colocou a mão na tez de Marco para verificar se estava com febre.

 

- É a inauguração da Ala Paulo Ricardo Vieira para crianças com Leucemia, você acha que perderia essa cerimônia?

 

- Eu sei que não! A mamãe trabalhou muito para conseguir a ONG e montar essa parceria com o Hospital Santa Madalena e sei o quanto isso significa para você, mas... Você me diz se não estiver bem? Sou sua motorista particular, hoje.

 

- Considerando que você tirou a carteira outro dia destes, posso me considerar um homem de sorte em tê-la como motorista?

 

- Completamente! Ahhh! Não faz chacota, Marco. Juro que vou devagar.

 

- Esse é meu medo! Não vamos chegar a tempo – disse sorrindo.

 

- Seu chato! Vamos logo, antes que eu perca a coragem – riu.

 

Eles chegaram ao hospital indo diretamente para a Ala que seria inaugurada. Laura estava feliz por sua mãe e por Marco, mas sentia-se só e perdida, sem saber o que fazer de sua vida, e, seu tempo voltou para as lembranças daquele dia, do dia que parara seu tempo.

 

- Procurei você por toda parte! – Luiz havia se aproximado sorrateiramente.

 

- Você estava se divertindo e não quis me misturar aos seus amigos loucos.

 

- É a minha festa de despedida por que você não está se divertindo também?

 

- Despedida do quê? Você só vai ficar um tempo fora, mas vai voltar... – olhou para o rosto sério dele, franziu a testa e pôs a mão involuntariamente em seu coração – ou não?

 

- Não! Vai levar um longo tempo pra voltar pra casa. Dependendo dos semestres, talvez quatro anos de faculdade, mais um de mestrado e doutorado, fora os cursos complementares, estágios que vou querer fazer.

 

- E você precisa ir pra tão longe de casa para fazer tudo isso?

 

- Fiz uma aposta com o Marco e perdi.

 

- E qual foi à aposta?

 

- Que se ele voltasse para a escola pelo menos para terminar o colegial eu me afastaria de você – ele acariciava seu rosto enquanto observava cada detalhe dele.

 

- E você aceitou? – as lágrimas se formaram no canto dos olhos.

 

- Foi melhor assim...  – disse com seu olhar penetrante.

 

- Você decidiu tudo isso sozinho! – disse magoada.

 

- Sim... Você faria diferente?

 

- O que importa agora? Você nunca vai saber– as lágrimas corriam soltas pela dor e se levantou para sair do ambiente sufocante quando se sentiu presa pelo pulso.

 

- Ao menos diga que sente o mesmo – ele se levantou encostando-a na parede enquanto levantava-lhe o queixo – ou diga que me odeia, Laura. – Os lábios se tocaram num beijo doce e terno – ou então me peça para ficar... Ou não diga nada...

 

Laura não pode responder porque a porta entreaberta se abriu, Marco estava pálido e havia saído em disparada na cadeira de rodas, enquanto uma Bárbara furiosa a estapeara no rosto.

 

- Por que você teve que entrar em nossas vidas? Eu te odeio! E você, Luiz... é um traidor – ela saiu jogando as palavras no ar.

 

Os aplausos a fizeram voltar a si, ela precisava esquecer e deixar a vida correr, sorriu para mãe, mas ao ver sua expressão de horror voltou seu olhar na direção de Marco, que sem consciência deslizava da cadeira de rodas.


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Notas finais do capítulo

Talvez vocês me odeiem pelo próximo capítulo ou talvez não. Por favor, não me odeiem. Juro que é para uma boa causa. (snif snif)



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