Steiner e Meminger escrita por Mrs Jones


Capítulo 14
Capítulo Especial - POV Morte


Notas iniciais do capítulo

Dessa vez vocês não podem reclamar. Dois capítulos no mesmo dia. Como prometido, fiz um capítulo especial. Não achei certo deixar a Morte fora dessa. Logo ela que foi tão simpática conosco ao nos apresentar a Menina Que Roubava Livros. Ela decididamente precisava de um capítulo exclusivo. Estou pensando em mais uns dois capítulos adicionais, por isso aguardem mais uma coisinha. Espero que gostem!



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O amor... o amor é daquelas coisas que causam grande sofrimento. Pessoas morrem por amor, pessoas sofrem por amor, pessoas vivem por amor... O ser humano é mesmo um ser que ama o amor.

• ALGO QUE NÃO LHES FOI DITO: •

Conheço o amor, embora

não seja capaz de amar.

Liesel Meminger foi mesmo uma garota de sorte. Primeiro porque conseguiu me evitar mais do que quatro vezes. Segundo porque conheceu o amor verdadeiro. Não gosto de amores assim. Colhidos em noites de luar e misturados a açúcar. Tornam-se melosos demais. No entanto, A Menina Que Roubava Livros foi hábil na arte de amar. Isso me lembra que o Destino interferiu. Eu poderia tê-la levado comigo. Poderia ser apenas mais uma alma em meio a tantas outras. Mas ela foi uma sobrevivente.


• OUTRA COISA QUE NÃO FOI MENCIONADA •

Rudy Steiner esteve na fila da morte,

no entanto, também ele conseguiu me evitar.


É sempre assim. As pessoas gostam de imaginar o que teria acontecido se houvesse sido de outra maneira. Rudy Steiner não era diferente. Desde o dia em que soubera do bombardeio da rua Himmel, sempre parava para pensar o que poderia ter lhe acontecido se não houvesse sido levado pelos homens de sobretudo. Bem, a resposta é simples. Ele teria morrido. Assim como seus irmãos, seus pais, os Hubermann, Tommy Müller... Mas ele acabou por escapar. Escorregou por entre meus dedos.

Andou salvando umas vidas também. No entanto, não o odeio, como disse a Vida. Ele estava sendo solidário. Estava salvando vidas inocentes, como gostaria de ter salvado sua família.


• A VERDADE É: •

Rudy Steiner se sentia culpado.

Não fizera nada para salvar a família,

mas como poderia?


Ele se martirizou por muito tempo. Que poderia fazer? Nada! O que está feito, está feito. O sentimento de culpa foi diminuindo gradualmente com o passar do tempo. O reencontro com Liesel Meminger fez Rudy perceber que aquilo não poderia ser mudado. Era a Vida, o Destino. Então, que tal investir no amor?

Ah sim, voltamos a falar dele. Nunca gostei muito de romances, mas preciso admitir que este seja um romance que chama a atenção da gente. É um amor movido à amizade. Se é que você me entende. Foi marcado por palavras como Saumensch e Saukerl, por brigas e um sentimento bobo. É um Arschloch esse ciúmes... Você deve saber disso. Não deveriam dar importância alguma a ele, mas claro, o ser humano sempre é vencido por coisas absurdamente pequenas. Liesel e Rudy foram vítimas dele. Até se darem conta de que o amor que nutriam um pelo outro, era maior do que qualquer coisa. Maior até do que eu.

E mais uma vez Rudy Steiner escapou. Daquela vez poderia ter sido morto num avião. Mas algo sussurrou em seu ouvido e ele decidiu me ludibriar. Cara de sorte esse Rudolf Steiner. Acho que ele teve muita sorte na vida. Eu quero dizer, para um menino com cabelos da cor de limão, ele era até que muito especial. Acabou por tornar-se um homem maduro. Um tanto pervertido, mas maduro.


Ainda guardo aquele livro. O primeiro que a menina escreveu. Me pego lendo o de vez em quando, nas horas de folga. Ela pode tê-lo perdido uma vez, mas se viu reescrevendo a história. Dizem que grandes histórias nunca morrem. A dela será para sempre lembrada, isso eu posso afirmar. Aqui devo mencionar a pequena Barbara Steiner. Foi concebida num momento de tanta felicidade que acabou herdando o dom de ambos os pais. A escrita e a solidariedade. Ambos andaram de mãos dadas no decorrer da jovem Steiner. Ainda a encontro de vez em quando, num dos quartos do hospital. Está sempre semeando as palavras aos doentes. E fico realmente triste por não conhecer tanta gente como Barbara.


• ALGO QUE DEVE INTRIGAR VOCÊ •

Como foi que Liesel e Rudolf morreram?


Bem, como era de se esperar, morreram juntos. De mãos dadas.


• O CENÁRIO DA DESPEDIDA •

Havia um quarto bem arrumado.

Dois velhotes repousavam numa

cama de casal.

Pareciam tristes, mas aliviados.

Havia uma nesga de luz a entrar pela janela.

Caía sobre os dois corpos sobre a cama.

Iluminava o sorriso que se formara no rosto de ambos

E depois. Não havia mais nada.

Apenas dois corpos frios.


O amor deles era tão surpreendente que acabaram por morrer juntos. De velhice. Haviam chegado até uma idade avançada. E um dia não desejaram mais nada. Apenas puseram-se a me esperar. Entrei pela janela e levei suas almas. Na cama, dois corpos enregelados. Dois cadáveres de mãos dadas. Romântico, eu tenho de admitir. Fúnebre, mas romântico. Ainda tivemos tempo de trocar algumas palavras. Caminhávamos de mãos dadas.


• ALGUMAS PALAVRAS •

– Nos encontramos novamente – disse Liesel.

– Estávamos esperando que viesse nos buscar – falou Rudy.

Eu nada disse.

– Sempre quis perguntar-lhe – Liesel tornou a dizer – na noite em

que tentei me matar, pensei ter a encontrado. Quis que me levasse

a um lugar bom. Você não chegou a tempo, não é?

Não tive tempo de lhe responder...

Na noite em que Liesel Meminger tentara se matar, eu fora a seu encontro. No entanto, sua alma ainda estava presa a seu corpo quando a encontrei. Tentei arrastá-la. Por um momento achei que tivesse dado certo, mas Rudy Steiner apareceu e a arrastou de volta à vida. Salvou-a. Não tive tempo de dizer isso a ela, mas decerto ela já sabia a resposta. Eu teria levado-a comigo. Não foi possível. Só agora é que tive a oportunidade.

Os quatro filhos da Menina Que Roubava Livros viveram por muito tempo. Tal como os pais, tiveram a habilidade de me evitar. Mas tivemos alguns encontros ocasionais.

Antes que eu me esqueça de um certo judeu, necessito mencionar que Max Vandenburg também teve uma vida feliz. Morreu de velhice. No entanto, não teve a mesma sorte de seus amigos. Encontrou-me antes do que pudesse querer. Deixou uma mulher viúva. Mas pareceu conformado. Teve uma vida difícil, mas feliz.

Não quero que se torne uma despedida melosa. Mas um dia ainda iremos nos encontrar. Talvez você também consiga me evitar várias vezes. Mas quando nos virmos, o que de alguma maneira irá acontecer, apenas peço que me dê a mão. A Morte chega para todos. Por que não chegaria para você? E quando acontecer, você não terá outro remédio a não ser vir comigo. Mas eu lhe garanto, posso ser muito simpática...



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Notas finais do capítulo

Bem, não ficou exatamente como Markus Zusak teria escrito, mas tentei fazer como ele teria feito. Comentem e não deixem de ler o próximo Especial.