My Sweet Lady escrita por Éle


Capítulo 3
Capítulo 3: A missão é seduzir ou ser seduzido?




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 Meu quarto era maior do que o necessário, mais um pouco e apenas aquele quarto poderia ser uma casa inteira! Sem contar com o banheiro que eu havia ganho que ficava ao lado do quarto.

 Minha tia já havia avisado-me que no dia seguinte iríamos no shopping para que ela me comprasse roupas mais... Femininas. Depois que ela examinou minhas malas quase enfartou com o fato de que era tudo roupas masculinas e nenhuma blusinha, vestido, tomara-que-caia, shortinho, mini saia e os dois piores que assinavam minha sentença de morte: calcinha e sutiã. Pior ainda foi quanto ela quis mexer na parte da minha mala em que estavam minhas cuecas, foi por pouco que ela não as viu.

 Tudo bem que eu esteja fingindo ser uma garota, mas isto não é motivo para usar saia! Eu nunca vou usar saia! O que tem de errado com as minhas roupas que eu trouxe? Só porque não são femininas não significa que eu não possa passar com perfeição por garota.

 -Mãe?

 Alexander adentrou pelo quarto como se eu nem estivesse ali. Quando me viu ele sorriu de modo sedutor e já foi se aproximando, quando vi minha tia sair do closet batendo os pés.

 -Alexander! Você não sabe que não se pode entrar no quarto de uma dama sem permissão? E se Mel estivesse trocando de roupa? Se Mel estivesse escrevendo em seu diário?

 Como é? Eu vou ter de escrever em um diário?

 -...Se Mel estivesse escolhendo uma roupa para seu encontro com sua alma gêmea? Se estivesse procurando seu importante batom de valor sentimental e quando Alexander abre a porta acaba rolando para o corredor e Melody nunca mais o encontra? Se...

 Enquanto minha tia falava sem parar sobre mil e um motivos para Alexander não entrar no meu quarto sem permissão eu voltei-me para meu primo em pavor, implorando silenciosamente para que ele fizesse qualquer coisa. Alexander riu e sussurrou baixinho algo como se eu queria ajuda, eu balancei a cabeça fazendo que sim em desespero. Mais uma vez ele riu.

 -Vem... – ele disse baixinho, estendendo a mão na minha direção.

 Não perdi tempo e logo segurei na mão de Alexander. Por um momento considerei não deixar minha tia falando sozinha, mas ela estava tão empolgada falando e arrumando tudo no quarto com muito rosa que eu acabei não agüentando aquele ambiente feminino e aceitei ser levado para fora do quarto.

 Por mais estranho que possa parecer, eu não gosto destas coisas femininas nem um pouco, nem para mim nem para garotas. Se quer me ver irritado, é só começar a brincar comigo chamando-me de garotinha mesmo sabendo que não sou uma. Ou, se quiser ver-me irritado, é só presenciar o que acontece comigo antes de um encontro, eu realmente não agüento! A garota demora duas horas para se arrumar, atrasa tudo, faz-nos perder a sessão do filme combinado e quando finalmente está pronta ela está com a mesma cara de sempre. É por isso que não tenho namorada.

 Quando me dei por mim já havíamos entrado em um cômodo totalmente desconhecido. Era um quarto. Um quarto gigante, para ser mais específico, apenas aquele quarto sim que poderia ser uma casa inteira. Eu olhei para os lados assustado, procurando por Alexander, quando ouvi o barulho da porta sendo fechada atrás de mim. Apenas olhei sobre o ombro, mas antes que eu pudesse voltar-me para a porta, senti meu corpo sendo empurrado para trás até eu bater na parede.

 -Melody. – senti a voz dele soprando em meu pescoço. Foi inevitável arrepiar-me.

 Meus braços foram erguidos, senti sua mão segurando meus pulsos sobre minha cabeça, batendo-os na parede. Eu sentia sua respiração bater em meu pescoço. Meu coração acelerou. Senti o hálito fresco de Alexander, fazendo-me me arrepiar por completo. Era inútil tentar lutar. Era inútil tentar reagir, mesmo que minha mente dissesse para eu me soltar, meu coração palpitava tão alto que camuflava o som de meus pensamentos, fazendo assim meu corpo não responder.

 Ainda segurando meus pulsos, usando a outra mão, Alexander foi puxando levemente a gola de minha camisa, com seus dedos gélidos batendo em minha pele quente... Estremeci, com meus pensamentos emaranhados e meus olhos nublados... Ergui a cabeça com o queixo para cima quando senti seus lábios úmidos encostando em meu pescoço. Suprimi qualquer som que quisesse sair de meus lábios e tranquei-os na garganta, transformando-os em um pesaroso suspiro...

 -Melody! Melody, cadê você? – a voz de primo mais novo me despertou do transe, em pânico.

 O que eu estava prestes a fazer? Como... Como eu pude? Se o objetivo de eu estar fingindo ser uma garota é exatamente para que Alexander não me conquiste e eu fico assim, a mercê da vontade dele!

 Comecei a forçar meus pulsos, um na direção oposta do outro, obrigando-o a me soltar. Quando minhas mãos foram soltas eu o empurrei com meu próprio corpo, puxando a maçaneta e abrindo a porta. Sai correndo, sem nem ao menos saber para onde ir e, apenas alguns passos no corredor fora o suficiente para ir de encontro a Richard, que me segurou, impedindo-me de ir ao chão. Quando recobrei o equilíbrio vi que Alexander estava saindo lentamente de dentro do quarto, inabalado, como se nada tivesse acontecido. Mais uma vez tive raiva de mim mesmo por ceder a encantos de um cara tão repugnante! Agora está claro para mim que Richard realmente estava certo, Alexander lhe roubara as garotas por puro prazer próprio e maldade.

 -Alexander! Você já estava seduzindo Melody?

 Eu sei que será difícil de acreditar, mas eu não sou do tipo falso, mas serei pela primeira vez!

 Richard se assustou quando sentiu que eu estava lhe abraçando forte. Ele é mais alto que eu, então acabou ficando uma cena de menininha inocente mesmo. Eu realmente não queria ter de fazer ceninha, mas meu primo me irritou tanto...

 -Richard... – eu choraminguei baixinho, como se fosse só para ele, mas com a intenção de alcançar os ouvidos de Alexander. –Posso ficar com você? – eu disse com a maior cara de inocente que eu não sabia que possuía.

 Depois de alguns segundos até a ficha de Richard cair, eu senti seus braços envolvendo minha cintura, em um abraço.

 -Claro Melody. Venha, vamos ao meu quarto.

 Não precisei ver para saber que Richard estava sorrindo maldosamente para Alexander e, para ser sincero, eu não to nem aí.

 Separamos-nos e Richard pegou em minha mão, guiando-me para seu quarto, como dissera a Alexander. Passamos pelo corredor e entramos em um dos quartos, com a porta sendo fechada atrás de mim...

 Eu sou um idiota mesmo! Mais uma vez caí no mesmo truque! Mais uma vez estou preso no quarto de um dos meus primos, com a porta fechada! Quando eu já estava crendo que meus primos eram iguais e não passavam de dois safados aconteceu algo diferente de com Alexander, uma risada.

 -Melody, você é incrível! – disse meu primo entre risos, atirando-se de costas em sua cama.

 Olhei para o local a minha volta e até que parecia bem normal... Normal até demais. O meu quarto era enorme, com uma sacada e um grande closet, o quarto de Alexander então... Maior que o meu! Mas o de Richard... Um quarto normal, na verdade, não havia nenhum resquício dele ali. Havia a cama de solteiro (sendo que a minha e de Alexander eram de casal), um guarda-roupa, uma cômoda e um criado-mudo ao lado da cama, com um despertador e um abajur. Uma enorme janela encima da cabeceira da cama e mais algumas coisas espalhadas, inclusive caixas. A decoração também era simples, com a parede da janela vermelha, moveis de madeira na cor imbuia, com alguns objetos em um bege leve.

 -Por que seu quarto é tão menor que o meu e de Alexander?

 Na verdade, o quarto dele não era pequeno, era maior que o meu em minha casa anterior, mas se comparado ao meu de agora aquilo era um cubículo.

 -Ah, isso? Porque meu quarto de verdade agora é seu.

 Gelei por dentro com aquilo e meu coração fora esmagado. Eu não pedi um quarto gigante, na verdade eu já estaria bem com uma cama e um guarda-roupa comum, nem precisava ser do tamanho deste em que estou agora, mas... Eu estava roubando o quarto de meu primo! Eu sou uma péssima pessoa, eu expulsei meu primo de seu próprio quarto! Sou um lixo mesmo!

 -Desculpe. – eu pedi com a voz levemente embriagada.

 -Ah, fala sério, você não vai chorar, não é?

 Eu abaixei o rosto, inclinando-o de leve para o lado, tentando realmente não chorar, trincando os dentes para ver se assim eu fosse mais forte que o choro, mas estava sendo realmente difícil evitá-lo com toda aquela situação.

 -Ah não, não chore! Michel, proíbo você de chorar! Ah Meu Deus, eu não vou consolá-lo por causa de um quarto.

 Respirei tremulamente, sem fitar a meu primo, ouvir sua voz irritada já era mais do que eu podia agüentar. Ainda por cima, sabe qual é a pior parte? Que se fosse para Michel, meu eu de verdade, não seria aquele quarto.

 -Michel eu não estou brabo, nem triste, nem nada do tipo! É claro, era meu quarto, mas você não precisa se preocupar com isso, vale a pena me sacrificar um pouquinho para ter a doce, meiga, inocente e perfeita Melody aqui em casa!

 Suspirei ainda um pouco choroso, porém sem lágrimas. Ergui o rosto e me aproximei da cama, sentando o mais na beira possível para não irritá-lo. Richard sorriu e sentou-se na cama, aproximando-se de mim com um sorriso malvado no rosto, fazendo-me corar.

 -Vamos, quero que você me conte tudo o que aconteceu entre você e Alexander!

 Meu rosto ficou mais quente ainda, fazendo-me desviar o olhar para o abajur no criado-mudo.

 -Ele m-me prensou na parede, segurou meus braços e... B-beijou meu pescoço. – eu falei tentando gaguejar o mínimo possível.

 A risada, alta e maldosa de Richard preencheu o quarto. Ele se jogou na cama novamente e virou-se de barriga para baixo, afundando o rosto no travesseiro.

 -Ai, ai... Melody, você é simplesmente incrível! O garanhão do Alexander não vai ter a priminha não!

 Sim, Melody é incrível, Michel é um falso! Todos amam Melody, enquanto Michel é um lixo! Eu... Não sou nada como garoto, mas o que posso fazer se não gosto de ser uma garota? Suspirei, por enquanto não a nada a fazer, apenas ser Melody.

 Pegando-me de surpresa, Richard levantou-se da cama, indo na direção da porta do quarto, eu apenas o segui com os olhos.

 -Venha Mel, vamos comer o lanche que a empregada preparou, depois vamos para a piscina para que você possa relaxar! Ah, e quando encontrarmos Alexander na cozinha faça uma cara bem de coitadinha abusada e aproxime-se mais de mim.

 Arregalei os olhos com as intenções de meu primo, congelando por dentro. A parte de me fazer de inocente até ia, pois é para isso que sou Melody, mas a da piscina...

 -Richard! Tem dois problemas que me impedem de ir para uma piscina.

 -Hum... Verdade, o corpo.

 Ele parou com uma mão na maçaneta e a outra no queixo, fitando a parede com uma intensidade de assustar.

 -Qual o tamanho do seu pau?

 Meu rosto queimou, pior ainda foi quando eu percebi que o olhar dele estava direcionado para entre minhas pernas! Cruzei-as e coloquei as mãos, abismado.

 -Pare de olhar!

 -Você não tem problemas com ereções precoces, ‘né? Porque isto seria claramente um problema.

 Ele parecia muito concentrado em seus pensamentos, o que só aumentou meu desespero.

 -Pare de pensar em minhas partes íntimas!

 Piorou, ele voltou seu olhar para mim, tentando ver entre minhas pernas, eu as apertei mais. Não acredito que estou passando por isso! Que vergonha... Ele perguntou qual era o tamanho! Como vou saber qual o tamanho? Ele acha que o que, que eu peguei uma régua e medi? Mas, espera, se ele acha que eu sei o tamanho do meu, deve ser porque ele sabe o tamanho do dele... Será que ele já mediu? Ah Deus, eu não quero pensar nesse tipo de coisa pervertida! Eu não sou assim!

 Interrompendo meus pensamentos desesperados, Richard estalou os dedos, com um sorriso vitorioso formando-se em seu rosto.

 -Já sei! Bermuda, óbvio! Imagina só a desculpa “Melody ainda não tem biquíni...” e o Alexander babando imaginando que você é uma garota vestida com uma roupa minha ou dele...

 Ele mordeu o lábio inferior, com um olhar estranho de dar calafrios, será que ele estava me... Imaginando...?

 -Vamos Melody, ora de fazer carinha inocente e sedutora!

 Ele já foi saindo do quarto, me deixando para trás, fiquei até com vergonha de me levantar depois disso, mas como não conheço a casa e, sem meu primo ficarei completamente perdida o segui, correndo para fora do quarto e pela metade do corredor, até alcançá-lo na escada. Diminui a velocidade e permaneci um pouco mais atrás, com medo e vergonha de que ele inventasse de dar uma “conferida no tamanho”, sabe...

 Chegando à cozinha meu primo mais velho já estava lá, apenas aguardando-nos para começar a comer. Minha tia também estava lá, piorando a situação, afinal, eu houvera dado um fora no estilo inocente em meu primo e deixando minha tia falando sozinha. A situação ia de mal a pior quando senti o olhar dos dois sobre mim.

 Escondi-me atrás de Richard e abaixei o olhar. Não é que eu queria enganar minha tia, mas eu também não quero que Alexander se aproveite de mim, tenho que seguir como o planejado. Mas... Ai, uma atitude para uma pessoa contradiz a da outra! Como vou agir de um modo inocente e usado para Alexander e alegre e feliz para minha tia? Impossível!


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Notas finais do capítulo

Mais um capítulo! Esse já esquentou e no próximo esquenta ainda mais... Devo acrescentar que no próximo conhecerão um lado mais "safadinho" de Michel, adooooooooron !! Muito bom e já está escrito, agora só falta a parte de vocês!



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