- Princesa Luka! Levante, estamos atrasados! - gritavam em coro os gêmeos Rin e Len.

- Já vou! - resmungou a princesa, afundando seu rosto no travesseiro.

Logo ela levantara e via os dois irmãos fazendo bagunça em seu quarto como sempre. Rin era a mais animada, também a mais briguenta, vivia fazendo bagunça no castelo e dava muito trabalho para todos, adorava colocar um laço no cabelo. Len era mais comportadinho, se fazia de "menino malvado" mas de malvado não tinha nada, sempre fora físicamente parecido com a irmã, mas nunca em questão de personalidade.

- Princesa Luka, o que vamos fazer hoje? - perguntou Rin, com um sorriso de orelha à orelha.

- Sair do meu quarto. - Luka disse séria, empurrando os dois para fora do local - Vão brincar um pouco no jardim, preciso me arrumar para receber os guerreiros sobreviventes da última batalha que vão chegar hoje.

- Ma-Mas... - os dois gaguejavam em coro.

- Sem mas. Até depois. - ela nem sequer abrira um sorriso e já fechara a porta com força, trancando-a.

Após isso, ela solta um suspiro e vai pentear seus longuíssimos cabelos cor-de-rosa. Era uma linda garota, muitos a admiravam por sua perfeição e por ser do tipo de "garota difícil". Por fora, agia e parecia ser uma garota rígida, grosseira, briguenta, mimada, além disso, ninguém nunca havia visto ela sorrir... Mas por dentro ela realmente era sentimental, um doce de pessoa, carinhosa e doce. Ela sempre quis amar alguém de verdade, se apaixonar, viver a vida como a de uma pessoa normal, e não a de uma princesa que é obrigada a se casar com um príncipe presunçoso e mimado.

Após vestir um exuberante e maravilhoso vestido preto, longo, com diversos detalhes, enfim, arrumar-se por completo, ela desceu as numerosas escadas do castelo até o enorme salão principal, onde ficava o trono do rei, o pai de Luka.

- Bom dia, pai.

- Bom dia minha filha, está linda hoje.

- Você sempre diz isso, pai.

- Você sabe que dia é hoje, não sabe, Luka?

- Hum... - ela fica pensativa por alguns segundos - Não.

- Hoje é o dia que os seus pretendentes irão se apresentar à você.

Ela fica pasma.

- Hoje?? Mas, se eu soubesse, teria me arrumado mais! Pai, por que você não me avisou antes?? - ela grita, desesperada, respirando ofegantemente.

- Eu avisei à você a semana inteira. Acalme-se, você não precisa se arrumar tanto, a beleza natural é a mais rica de todas. Luka, todos a admiram, é só você saber aceitar isso.

Ela resmunga e vira o rosto para o lado.

- E os guerreiros? Hoje eles virão né?

- Sim, eles já estão à caminho.

- Eles derrotaram o inimigo, pai?

- Sim, mas parece que não temos muitos sobreviventes agora.

- Como assim? Era um exército de mais de 7.000 guerreiros, quantos sobreviveram?

Os imensos portões começam a se abrir e cerca de meia dúzia de guerreiros marchavam até um pouco à frente do trono do rei, depois, eles se curvaram diante do rei, sentado no trono, e da princesa, que estava de pé, ao lado do pai.

Eles usavam uma armadura pesada e metálica, que fazia um barulho nítido a cada pequeno passo que eles davam.

- Desculpe-nos, vossa alteza, - um deles começou com o falatório - eu e meus guerreiros lutamos bravamente, ganhamos a guerra, mas perdemos milhares de homens. Os únicos sobreviventes são estes. Peço desculpas novamente. Mas, se não fosse um destes bravos guerreiros, teríamos perdido a batalha, e o inimigo teria invadido o reino e assassinado o senhor, alteza.

- E quem foi este bravo guerreiro? - perguntou o rei.

- Eu. - diz um deles, tirando o capacete/elmo e revelando uma figura incomum: um homem de uns 20 e poucos anos, com longo cabelo roxo, meio preso meio solto, tinha pele pálida e rosto fino, olhos profundos da mesma cor de seu cabelo, era alto e muito, muito magro, não parecia um guerreiro como todos os outros.

Luka ficou chocada, o rei levantou-se e sorriu, encarando o guerreiro.

- Eu fico excepcionalmente agradecido por sua bravura, se tiver algo que eu possa fazer por você, jovem guerreiro... - declarou o rei.

O homem dos cabelos roxos ficou pensativo, até que ele finalmente disse:

- Peço um tempo para descansar, depois de tantas batalhas, nesse tempo, o vento do destino me guiará e eu poderei descansar tranquilamente, repousar, enquanto não haver guerra nenhuma.

- Está bem, como quiser, sir...

- Gakupo.

- Sir Gakupo.

Gakupo deu meia volta e seguiu em direção ao reino para ter um descanso temporário na vila.

À essa altura, a mente de Luka só repetia a mesma cena: a de quando o bravo guerreiro revelou seu rosto.

- Filha, o que houve? Parece perturbada... -disse o pai.

- Ah, não foi nada, ainda estou com sono, preciso descansar para receber os pretendentes, sabe? - ela diz, fingindo bocejar, saindo correndo escadas acima em direção ao seu quarto.

- Essa Luka... Desde que sua mãe se fora, ela anda escondendo muitos segredos.

Em outro reino, um belo e esnobe príncipe se preparava para viajar.

- Vamos logo, vossa alteza! A princesa não pode esperar seu pretendente! -reclamava um criado.

- Calma, estressadinho, já estou pronto. - o príncipe afirma impaciente.

- Alteza... tenho um recado a anunciar para você...

- Fala logo Pietro, não tenho o dia todo!

- Príncipe Kaito, a rainha mandou-me avisar-te que você está com o horário bem apertado hoje...

- Novidade.

- Você vai ser pretendente de outra princesa também.

Kaito vira-se para seu criado, olha bem para ele com uma cara de assustado.

- Como isso?? - perguntou o príncipe confuso - E se as duas gostarem de mim?

- Não seja tolo, nenhuma princesa gostou de você até hoje.

- Pietro, não se preocupe, tenho minhas técnicas infalíveis, você sabe.

- Sei... -o criado revirava os olhos.

- Meus pais não irão se arrepender desta vez, pode ter certeza disso, darei o melhor de mim! Vou casar-me com a princesa perfeita! Todos irão parar de duvidar de mim.