Eu havia saído cedo naquele dia, para resolver algumas coisas. Quando retornei ao Bushwell Plaza senti um ar estranho logo na portaria. Peguei o elevador e subi sem preocupação. Quando coloquei o pé no apartamento, vi minha mãe sentada no sofá e Carly na cozinha. “Ela não vai demorar muita, senhora Puckett” ela dizia com aquela cara de santa dela. Minha mãe não tinha me visto chegar, pois estava de costas, quase dei meia volta e desci de volta, mas Carly me olhou feio, e eu voltei. Fiz sinal perguntando o que estava acontecendo, e Carly se aproximou de mim.

 - Vocês duas. Conversem. Se acertem, explique tudo á ela. Por favor. – Carly sussurrava

 - Mas, você, dona Carly...

 - Vai. Agora. – Ela ficava mais séria

 - Taaaaa..

Minha mãe agora tinha me ouvido. Se virou em minha direção e da Carly, que “saiu de cena” rapidinho. Me sentei ao lado dela, que me olhou de cima a baixo, como se nunca tivesse me visto.

 - E então... ? – Eu comecei

 - Carly me chamou, disse que queria falar comigo. Vim, porque tenho muita consideração pela sua amiga. – Ela falava séria, mas me soava muito esnobe. Como assim, eu queria falar com ela, eu não disse nada disso não! Qual é, coroa, fala sério, não vem com essa história pra cima de mim não! 

   - Sei.. A Carly... - Eu fixei meu olhar vingativo no vazio – Er.. – Eu voltava pra situação – Mas... Falar sobre exatamente o quê?

 - Não sei, sobre o que acontece com essa sua cabeça, que ao invés de um cérebro deve ter uma azeitona, não sei, você que queria conversar – Ela exclamava e eu a escutava, e fingia estar “querendo mesmo conversar”.

 - Ué, sobre isso, ok. Você já sabe, tem uma criança dentro de mim, Freddie está comigo, e eu quero o Jordan de volta. – Eu ironizei.

 - Você tem certeza sobre tudo isso que acabou de me falar?

 - Claro, Jordan vai voltar, eu vou trazê-lo. O bebê está a caminho, e Freddie e eu seremos bons pais, duas vezes. Com a ajuda de todos.

 - E você... Aceita mais uma avó, eu digo, uma verdadeira avó para esse bebê? – Ela perguntou e me surpreendeu demais.

 - Err... É claro, você é minha mãe, tem todo o direito. – O silêncio pairou por alguns segundos, e minha vontade de rir vinha com tudo. Isso era extremamente estranho. Ela pedindo para ser uma avó, que presta, para minha filha. Parecia uma conversa de estranhos.

 - Uma menina, certo?

 - É.

 - Já escolheu o nome?

 - Bonnie. Escolhemos juntos.

 - Bonnie... Lindo nome... Sabe, Bonnie significa Bonita. – Ok. Ela estava me surpreendendo cada vez mais. Agora ela entendia de nomes.

 - Posso... Senti-la? – Ela perguntou. Estranhei, mais, por algum milagre (e exclusividade), deixei. Ela encostou levemente a mão em minha barriga, e Bonnie, por surpresa, deu um forte chute. Eu podia ver seus olhos mareados por, talvez, nunca ter tido a oportunidade de ter feito isso na primeira vez. Ela me olhou, bem dentro dos meus olhos, e me abraçou.