Pov Bella

Quando Edward foi embora fiquei olhando-o ate ele sumir de vista.

Me virei e escalei sem dificuldade a arvore que fica bem em frente a minha janela no segundo andar. Cheguei ao ultimo galho da arvore, que é um pouco mais alto que a parte de cima da janela, me dependurei no galho e comecei a balançar meu corpo pra frente e pra trás para pegar impulso. Me lancei pela janela aberta com facilidade e aterrissei no chão sem nenhum ruído.

Quase caí pra trás de susto por causa das pancadas que começaram a serem dadas de repente na porta.

– Você é surda? Venha já aqui! – gritou a voz taquara rachada de Jane do outro lado da porta. Eu não sou surda, tenho ate os ouvidos mais apurados que esse projeto de gente, mas se eu continuar a ouvir essa voz de merda vou acabar surdinha mesmo. – Abra logo essa porcaria!

Ótimo! Maravilha! Eles nunca me procuram e quando eu saio eles, de repente, precisam de mim? Isso é muita avacalhação pra uma pessoa só. pensei comigo mesma.

– Que merda! – sussurrei me virando, fechei a janela e a tranquei para que a Jane não pensasse que havia fugido. Terminei e fui destrancar a porta do quarto.

Quando destranquei, Jane escancarou a porta dando um chute na mesma. Ela entrou com passos duros e trancou a porta atrás de si mesma rapidamente, impossibilitando minha fuga. Mas meus olhos não saíram nem um momento da sua mão direita onde ela carregava o taco de baseball do Félix.

– Quem você pensa que é? – ela berrou pra mim vindo em minha direção. A cada passo dela pra frente eu dava um pra trás completamente tomada pelo medo.

Cedo demais eu acabei com as costas pressionadas na minha janela fechada. Jane ficou parada a menos de um metro na minha frente. Por que eu fechei a janela? Por quê?

– Vou te ensinar a ouvir quando eu chamar! – ela gritou e me deu um tapa. Virei meu rosto e senti minha bochecha e toda a parte direita do meu rosto queimar.

Tive de me forçar a olha-la e acabei sendo recebida com forte golpe na barriga. Me inclinei pra frente com as mãos no abdome gemendo de dor. Ao me curvar, Jane acertou o taco em minhas costas, caí no chão me contorcendo de dor. Meus gritos foram acompanhados por sua risada constante.

Em um ultimo esforço chutei suas pernas a fazendo cair também. Enquanto ela se recompunha me arrastei o mais rápido que pude para perto da porta, mas não fui rápida o suficiente. 

– Ahhh! Não vai não! Sua vadia imprestável! – ela gritou enquanto se levantava.

Senti uma força aguda em minha perna, gritei toda a dor que senti, como se mil facas tivessem sido enfiadas no mesmo lugar. A dor da perna foi maior que a das costas, senti os ossos se partirem. Recebi um chute no braço antes dela levantar o taco acima da cabeça. Isso foi a gota d’água, não vou aquentar mais um.

Me desculpe Jenk! Desculpe-me por quebrar a regra! Mas isso dói demais!

– Essa casa é minha! As regras são minhas! – ela berrou e com toda sua força ela começou a abaixar o taco.

Me levantei do chão em milésimos, levantei o braço e fechei o punho em volta do taco parando seu curso antes dela me acertar. Eu a fitei e vi o espanto e o medo em sua face, acredito serem por causa dos meus olhos agora azuis e pela minha reação.

– A casa pode ser sua, mas eu não sou! – falei o mais alto que pude, o que não foi muito por causa da dor nas costas e na perna.

Senti que eu comecei a crescer e fiquei um pouco mais alta que ela, senti minha força fluindo mais intensa em cada musculo de meu corpo e um rosnado bestial saiu do funda da minha garganta, mas não me importei com nada disso.

Ela nunca mais vai me bater! Tomei o taco de suas mãos que agora tremiam de medo e com um pequeno movimento do punho destrocei o taco em milhares de pedacinhos.

Ela deu passos desesperados pra trás , seu corpo todo agora apresentava pavor e pânico tremendo violentamente. Avancei nela colocando uma de minhas mãos em seu pescoço, apertei e a ergui do chão.

– Isso é por tudo que você me fez! – minha voz mais parecia um rugido. Senti seu corpo todo tremer enquanto suas mãos tentaram inutilmente tirar o aperto que eu fazia em seu pescoço.

Com a mão livre dei um soco em seu estomago e a lancei com força pra trás. Ela bateu forte contra o espelho que estava na parede, quebrando-o e caiu pro lado, ficando com as costas apoiadas na porta trancada. Ela ficou completamente desacordada e vi com uma certa felicidade, um pedaço grande do espelho cravado em sua perna.

Não consegui pensar com coerência, apenas uma coisa ocupava minha mente naquele momento.

Eu sou a caçadora e ela é a minha presa.

Meus movimentos eram desconhecidos por mim e eu avancei pra cima dela com uma única intensão: matá-la.

Me inclinei sobre seu corpo completamente mole, preparada para dar o golpe final. Mas minha atenção foi completamente desviada para um grande pedaço do espelho que ficou exatamente atrás dela. Fiquei perplexa com a imagem que vi.

No espelho tinha o reflexo de uma criatura muito estranha:

Suas pernas eram longas e musculosas, sua posição lembrava a de um felino prestes a atacar; o corpo tinha claramente as curvas de uma mulher, mas bem musculoso; os braços eram longos e fortes e em suas mãos, unhas maiores combinavam perfeitamente coma posição das mãos: garras; seus cabelos eram compridos, castanhos e ondulados com um leve tom de vermelho, bastante familiares; entre eles pude ver suas orelhas maiores e um pouco pontudas; seus olhos eram de um azul forte, quase neon; a boca e o nariz eram puxados levemente pra frente, numa espécie de focinho; seus lábios estavam recuados sobre os dentes pontudos; seu corpo forte era completamente coberto com pelos curtos e pretos; suas roupas estavam rasgadas, mas escondiam o que deviam; sua blusa antes comprida e azul, agora era um bustiê de alça fina e sua calça comprida jeans era apenas um short.

A criatura era curvada um pouco pra frente e atrás dela eu vi um movimento de algo comprido e preto indo de um lado para o outro: sua calda.

A criatura me fitava e eu a fitava de volta, seus traços eram tão familiares...

Levou um tempo para eu finalmente perceber que aquela estranha criatura... era eu mesma. Parecia que a minha raiva fez minha forma humana se fundir com a minha forma felina. Um ser meio pantera e meio humana.

Fiquei completamente assustada e lagrimas de medo começaram a escorrer pelo meu rosto. Minha raiva deu lugar ao medo de algo desconhecido: eu mesma. Me concentrei em me transformar de volta, mas não consegui virar humana de novo.

O corpo antes desacordado de Jane começou a se mexer levemente, indicando que estava começando a recobrar a consciência.

Mais que droga! pensei. Não que eu não tenha gostado de bater nessa vadia, mas o Jenk vai me matar. Jane viu o que eu sou, ela descobriu o meu segredo. Mas o que aconteceu comigo? No que eu me transformei? Como eu faço pra voltar ao normal?

Fiquei brigando comigo mesma, tentando achar uma solução, mas não achei nenhuma.

Jane resmungou ainda desacordada no chão. Com medo do que ela poderia fazer comigo se me encontrasse assim, agi por instinto.

Me virei e manquei em direção a janela, tentando ser rápida e silenciosa ao mesmo tempo. Custei, mas consegui destrancar a janela e subi em cima do beiral. Usei meu dom concentrando-o em minha perna para que não doesse tanto com os meus movimentos enquanto me dependurei no beiral da janela e soltei. A dor em minha perna quando eu alcancei o chão foi insuportável, me encolhi e tampei minha boca para conter o grito. Gemendo de dor, praticamente me arrastei em direção a segurança da floresta.