POV Klaus

- Olá! Meu nome é Ísis Ferbig! Pode me ajudar a pegar aquela faca na prateleira alta? Eu não alcanço- ela disse e riu de si mesma, eu retribui e peguei a faca para a menina.

Ísis olhou bem e sorriu:

- É essa mesma! Obrigada... er...

- Klaus. - Eu disse. - É o meu nome!- Eu sorri e a menina também. Ela ia saindo do arsenal quando me apressei e perguntei: - Você é nova aqui no Acampamento Meio-Sangue?

- Bem, cheguei a alguns dias, mas achei que você fosse o novo, nunca te vi aqui. - Ela disse num tom curioso.

- Eu estava em uma missão. - Eu disse e ela sorriu. Porém, reparei que agora seus olhos eram rosa-claro. Eu tive de perguntar: - Seus olhos não eram azuis?

Ela soltou uma gargalhada alta e eu quase caí para trás, pois, quanto mais ela ria, mais claro seu cabelo ficava, até chegar num tom loiro bem claro.

- Sou filha de Íris! Meus cabelos, olhos e unhas mudam de cor com minhas emoções! Elas oscilam entre as cores do arco-íris e as secundarias de vez em quando. Acredite, foi muito fácil descobrir que era semideusa, mas meu pai só me deixou vir quando fiz 16 anos.

- Ah, sim, er... Bem, você estava indo treinar?

- Claro, praticar é sempre bom! - Ela sorriu e seu cabelo retornou ao vermelho.

- Bom, eu vou com você então, mas vê se não muda mais a cor do cabelo! - Eu disse e ela riu bem alto, descolorindo-o novamente. Sabia que demoraria a me acostumar.

POV Ísis

  - Klaus! – Gritei. – Você ta bem?

  Tadinho, eu desferi um golpe no braço dele e começou a sangrar!

  - Seu cabelo ta cinza. – Ele resmungou. – Isso é estranho.

  Me concentrei e meu cabelo mudou de cor de novo.

  - Melhor? – Perguntei dando a mão pra ele e o ajudando a se levantar.

  - Rosa não é minha cor preferida, mas é melhor que ver você com cabelo de gente idosa. –Ele riu.

  - Idosa? – Perguntei perplexa. – Quem é que diz isso?

  Ele fez uma careta enquanto eu ria.

  - O que vamos fazer? – Ele perguntou – Cansei de reinar.

 Sorri inconscientemente.

  - Que tal… Roubar morangos nas plantações do Dioniso? – Eu disse baixinho.

  - Isso é errado… - Ele sorriu maliciosamente.

  - Eu sei… - Sorri de volta. Ao mesmo tempo voamos para as plantações deixando nossas armas no chão. Pegamos quase um quilo de morangos nos braços.

  Pegaríamos mais se os filhos de Dioniso não tivessem aparecido.

  - Voltem aqui! – Começaram a gritar. Nos embrenhamos mais na floresta e despistamos os Mini-Dionisos. Não paramos de rir por um instante.

  Quando estávamos em uma clareira, nós paramos e jogamos os morangos no chão e caímos juntos.

  - Por que fizemos isso? – Perguntei.

  - Eu odeio morango! – Ele disse entre risos. – Fiz isso pra me divertir.

  - Ah, claro, o que é a vida sem riscos? – Ironizei.

  - Exato. – Ele riu mais. – Quanto tempo não faço isso.

  - Rouba morangos da plantação de um deus? – Eu peguei um morango e dei uma mordida.

  - Me divertir sem preocupação.

  - Ah, isso é fácil de se fazer.

 Ele sorriu triste.

  - Seria se eu não fosse neto de Nix nem estivesse em uma missão impossível. – Falou se jogando na grama.

  - Adoro esse filme. – Falei. Ele me olhou confuso. – Missão impossível! – Expliquei.

  - Nossa!

  - Ah, qual é? É um clássico! – Eu o ataquei com um morango.

  - Errado. Classico é Guerra dos Mundos, O Grito…

  - Serio que você classifica O Grito como um clássico? Eu espararia Jogos Mortais!  - Eu falei perplexa. Como alguém pode achar isso?

  - Gosta de terror? – Ele perguntou se sentando.

  - Não do tipo sangrento estilo “O Massacre da Serra Eletrica”. Mas do tipo misterioso…

  - Esses filmes não tem graça, Isis. – Ele disse decidido. – São filmes para humanos normais.

  - Então ta. Se você acredita nisso. Mas, me conta sobre sua família.

  - Bem… - Ele apoiou o cotovelo no chão. – Moro com meu pai, que é filho de Nix e uma filha de Apolo irritante que é minha prima. Minha mãe é Demeter, como você já sabe e eu tinha uma tia que foi morta por alguma coisa dias depois do nascimento da minha priminha. Desde então a coisinha mora comigo. Mas eu a amo demais, só que não conta essa parte pra ela.

  - E por que não? É muito fofo garotos gostarem de suas irmãs, porque ela é como uma irmã, né? Tipo, vive desde que nasceu com você.

  - Eu entendi. – Ele me cortou sorrindo.-  Mas e você?

  - Moro com meu pai, em Miami, perto da praia. Sofro de distúrbio bipolar e sou extremamente apaixonada por musicas, filmes de comédia e Ian Somerhalder. Fim.

  Ele riu. E como riu.

  - O vampiro? – Perguntou.

  - Sim. Aquela coisa divina que faz o vampiro mais gato da TV. – Eu disse brava.

  - Sei… E o distúrbio é verdadeiro?

  - O que quer dizer com isso? – Perguntei sobressaltada e ofendida.

  - Sim. O distúrbio é verdadeiro. – Ele se sentou e jogou um morango em uma arvore.

  - O que você espera de uma garota que muda a cor do cabelo?

  - Nada menos que isso. – Ele riu. – Da pra fazer um de cada cor?

  Eu percebi que ele realmente estava intrigado.

  - Acho que sim. – Sorri.

  Me concentrei um pouco e olhei para minhas unhas. Elas começaram a ficar azul escuro. Depois me concentrei no cabelo e finalmente os olhos. Este ultimo, era o que mais me dava trabalho. Não sei porque!

  - Isso é tão… - Klaus tentou dizer.

  - Estranho. – Completei.

  - Eu ia dizer fantástico. Seus olhos… Estão lindos.

  - Obrigada. – Sorri sem graça. – Mas eu não posso vê-los. Que cor estão?

  - Violeta. – Respondeu olhando meus olhos.

  - Adoro violeta. – Meu sorriso se alargou.

  Eu e Klaus nos encaramos por um longo tempo até sacudir a cabeça.

  - Vamos sair daqui? Já esta começando  a ficar de noite. – Eu disse receosa.

  - É. – Ele disse no mesmo tom que eu. – Sabe tocar algum instrumento? – Perguntou se levantando.

  Fiz o mesmo.

  - Um pouco de violão. Por quê?

  - Topa cantar na Fogueira. Eu tinha planejado tocar com a minha prima, mas ela vai sair com o namorado. – Ele fez uma careta.

  - Hahaha. Topo sim. E quem é o namorado dela? – Perguntei extremamente curiosa.

  - Nico.

  - Nico?

  - É. Nico.

  - Nico di Angelo?

  - É Nico di Angelo.

  - Nico di Angelo, Filho de Hades?

  - É.

  - Ele é um gato, ne?

  - Quer mesmo que eu responda?

  - Como Apolo deixou uma coisa dessas?

  - Eu não te contei que foi dele que a Rose puxou a falta de parafusos?

  Na mesma hora um raio cortou o ceu, mas Klaus apenas sorriu. Depois fomos andando lentamente até a Area dos Chalés. Klaus me levou até o meu.

  - Obrigada. – Agradeci.

  - Por?

   - Pela nossa tarde. Foi bom conhecer um amigo como você.

  - Tambem gostei de conhecer você, baixinha.

  - Argh, eu não sou baixa. – Revidei.

  - Ah não… “Pode pegar aquela faca ali, eu não consigo alcançar” – Ele fez uma peça imitação da minha voz.

  - É. Mas eles colocaram ela no alto. O que queria que eu fizesse?

  - Nada. Pelo menos pediu ajuda pra mim, acredite, você me tirou de uma tarde depressiva. – Ele sorriu triste.

  - Que bom! Vou dormir melhor sabendo que fiz uma boa ação.

  - Eu acho que eu também vou dormir um pouco melhor hoje. Até a fogueira. Tchau Baixinha.

 Eu bufei.

  - Tchau Caos.

  - É Klaus.

  - É Isis.

  Nós demos um sorrisinho e viramos as costas um ao outro. Adorei aquela tarde.